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terça-feira, 8 de junho de 2010

terça-feira, 1 de junho de 2010

O Massacre de Junho


A Madrugada começa. Aparentemente tudo está calmo. Na cidade tudo era alegre e luminoso, e num segundo tudo se transforma, numa espécie de paz encapotada, um subtil terror que se esconde, num horror prestes a explodir...Não nas ruas que continuam pacatas, nem vindo dos subterrâneos onde se instalam umas singelas criaturas tais como as baratas e as ratazanas. Não paira sequer no ar na forma de morcegos, nem se esconde em cada esquina qual violador. É antes um temor e um medo antigo e secular que acompanha a humanidade desde os primordios dos tempos, que se prepara para atormentar qualquer ser vivo, que espera poder sugar com um só sopro toda a réstia de vida em qualquer ser, seja ele vegetal ou animal. Que aguarda milénios por estender o seu poder não só á cidade como a todo o Mundo e mais além, acabando por carbonizar os planetas e extinguir o Sol.

Na casa de Nany, abate-se o silêncio enquanto que a própria luz é absorvida por um estranho elemento, tornando todas as divisões mais escuras que o céu sem estrelas, mais negro que o carvão. Naquela casa o odor a podridão invado-nos provocando um vómito quase instantaneo e umas dores lancinantes no corpo e na alma, que é impossível qualquer ser ali sobreviver. Só um ente preenche aquelas parede estéreis absorvendo todo o ar puro, tranformando-o em enxofre, retirando a luz, sem esquecer um único raio luminoso, destruídos por aquela estranha criatura amorfa. Uma respiração estranha ouve-se por toda a cidade, um estranho torpor entranha-se na atmosfera na forma dum denso nevoeiro de cheiro acre.
Na casa de Nany, uma mutação acontece subitamente, um corpo antropomorfo dá lugar a uma massa disforme e contudo viva. Viva talvez não seja a palavra certa para a descrever pois tresanda a morte e a podridão. Uns olhos negros abrem-se comendo o que sobra das réstias de luz em volta. Tudo silência enfim, as estrelas apagam-se, as folhas das árvores em pleno Junho caiem num único dia, como se se passasse um outono e um inverno mortal, gélido e terminal por elas, secam também as proprias árvores, as corujas e morcegos notivagos definham e debatem-se no chão com a morte a envolve-los e sem saberer porquê, o coração dos humanos pára, passando-lhes um calafrio pela espinha e um frémito gelado e gritante pela alma, sacando-lhes a energia.Toda e qualquer brisa pára, e todo o calor armazenado pela Terra do Sol em solstício de verão é consumido, chegando a todo o lado uma bruma negra e ártica que tudo mata e extingue.

Novamente na casa de Nany, as portadas das Varandas abrem-se, um vulto ergue-se e plana no ar, dirige-se para a Rua da Junqueira, com um único móbil, a Extinção de qualquer vida, o arrasar de qualquer sorriso, o exterminio de todo contentamento, a destruição de toda a alegria, um apocalipse que está prestes a chegar....e tudo a arrasar...