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sexta-feira, 2 de março de 2012

Existências....


Ando na praia à noite em busca do silêncio, e este não me deixa e acompanha-me, tal como o som das ondas do mar que apagam as minhas pegadas e o caminho que percorri. Não deixo rasto, nem vestigio, nem sequer um grão de areia está desalinhado e que demonstre a minha passagem, tudo apagado. E olho para trás e nada vejo, nem sequer um som, um ruído ou uma palavra do passado. E assim avanço, com os olhos postos num horizonte que não vejo, tapado pela escuridão, e constantemente pela maré alterado.Sento-me a contemplar o mar, tentando, em vão, ser uno com o mundo, fazendo parte dum todo e em harmonia. Observo uma concha que chega com uma vaga: Em tempos,e dentro dela,habitava um ser que vibrava de energia e vida tendo como aconhego o imenso oceano. Apesar de minúscula e no meio de milhares, vivia para se alimentar e tinha como fim ultimo perpetuar a sua espécie. E assim foi; Milhares de outros bivalves a substituiram e continuam o seu percurso. Ali perto de mim, só a carcaça do que foi, e contudo ainda é algo, pois é pertença da maré, faz parte do conjunto de milhares de conchas que se tornaram em areia e formarão uma nova praia, nasceu, viveu e morreu com o fito de somente ser e afinal prolongou-se e extendeu-se para ser a própria Praia.

Olho-a com inveja, de estar aqui em simbiose com o mundo. É afinal o seu mundo e o mundo é ela. Não se questionou durante o nascimento com o "para quê", nem durante a vida do "por quê", e na altura da morte certamente não se questionou do "quê". Apenas foi e é. Tão simples. A simplicidade de um ser de formas e cores tão complexas. Porém, não precisou de saber quem era nem o quê, bastou-lhe viver espontaneamente, sem moral e ética pelo meio e sem princípios ou fins. Uma mera existência inata; pura e simples...