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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Além



O mar batia nas falésias onde as gaivotas em circulos voavam sobre a espuma. O sol afundava-se corando o céu e aquele pedaço de terra onde um pequeno casébre era único sinal da presença humana da Ilha. As luzes apagadas e a chaminé sem fumegar, iludiam quem passasse no mar alto, quanto à possibilidade de se encontrar aqui vida.
Um relógio dava as horas na sala cheia de recordações, nos intervalos do toque quase se ouviam os ecos residuais das vozes de antepassados, talvez imaginados. José , acordava dum transe: levantando-se do cadeirão e dirigindo-se à Janela. Continuava absorto, de olhar vazio trespassando a janela, e o horizonte, onde agora o mar se fundia com o céu.
Era o único habitante .Antes dele, não houvera ninguém. Reflectia sobre a sua herança pesada. Posou o cachimbo e dirigiu-se uma vez mais para uma estrutura tão antiga como a própria existência-
Encontrava-a num anexo ao casebre, numa caverna feita de granito. Lá dentro, o enorme e pesado instrumento, apoiado numa gigantesca caixa de madeira já fossilizada, aguardava-o.
Jose fez um compasso de espera, pela hora de saída para o seu objectivo na Ilha, e sua função primordial, além de faroleiro: Era o guardador da ampulheta Cósmica, o fazedor do TEMPO.

José cumpriu a sua missão, virou a gigante ampulheta mais uma vez. Olhou pelo seu óculo adimensional: E o Universo continuava a existir.

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