O Adão e Eva, uma maçã, uma serpente, uma árvore ou, a tentação e o conhecimento, e o pecado original (respectivamente desordenados.)
O Deus (seja ele o do Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, eu estava com a ideia de só haver um!) deve ter pensado:"Com estes Gajos( O Par original) é que isto vai andar para a frente!"
Veio a crise de valores do Baby BOOM e da era atómica, década de 40/50, e o Deus(nosso e o dos outros) deve ter apanhado um choque. Daí que provavelmente, nunca mais houve milagres e há agora tanto misticismo brejeiro e taberneiro, daí que, presumo eu, tenha dado de foguete e saído do nosso sistema Solar,e como muitos de nós, emigrou para parte incerta.
Hoje em dia e ao princípio não era o Verbo, seria os números Binários e compostos de silício, e o Adão e Eva entrariam em vias de extinção, e Caim já não mataria Abel, entraria por uma escola com uma M4 de mira-telecospica ou dispararia com uma AK47 ao acaso para um centro comercial...
As lendas e fábulas do antigo e novo Testamento, foram substituidas pelos contos do Hans Christian Andersen e pela Disney, primeiro em formato Tecnicolor e Cinemascope, agora em formato HD, 3D, dolby-suround.
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Da aldeia primitiva e da sociedade neolitica, passou-se à sociedade da informação na aldeia Global.
Depois: O Bug do século XXI, a moda das redes sociais, e a falta de contacto de proximidade. Fazendo da Torre de Babel algo cada vez mais actual não só na incompreensão linguística como também na falta de entendimento entre povos, nações, ideologias e religiões. Uma espécie de Babel Universal, quase cosmogónica, donde surgimos, dum passado das Luzes para um Futuro Negro.Entretanto o mundo ficou pequeno, a humanidade por causa do excesso populacional, ficou naturalmente mais proxima fisicamente mas mais longe do seu semelhante, vivendo no seu mundo virtual, criando novos vicios. Poder-se-á dizer que agora vivemos na corda bamba, qual artista de circo, mas temos por baixo o amparo da "rede".
A solidão não é evitada, mas contornada e os sentimentos como o amor, a saúde, a paixão etc, vem pela forma dum sms, de valor acrescentado, que nos diz quem é a pessoa compatível, o nosso destino, o horoscopo, o tempo para amanhã, e até a chave do totoloto com a musica do Pequenito Saul como oferta de toque para o telemóvel, por apenas 4 €/mês.
Do Teocentrismo passou-se para os automatismos e deste derivou-se para o egocentrismo digital. O real passou a virtual e este a surreal. Simplificou-se a linguagem, aumentaram as conversas, mas os diálogos passaram a monólogos.
Passando à actualidade. A recessão potencia a agressão. Verbal ou não.E exponencia a depressão.
Vivemos numa sociedade do contra .Do negativismo, dum pessimismo acentuado e exacerbado,duma personalidade colectiva negra e azeda.
Aqui, no nosso cantinho, somos auto-depreciativos, acontece-nos tudo mas culpamos os outros e não olhamos para o que podemos mudar nem o que eventualmente parte de nós.
Metemos a cabeça na areia, julgamo-nos e condenamo-nos .
Desde o Gil Vicente, passando ao melodrama de Camoes e seus velhos do restelo( e aos dos outros), à solidão de Mário de Sá Carneiro, até à mensagem melancolica do Pessoa, temos e vemos na nossa cultura um exemplo de bréu e bruma que nos envolve.
Não só na literatura mas também noutras areas transparece este fenómeno. O Fado, musica muito nossa é na sua grande maioria doentia e triste, e se a esta unirmos o sentimento da Saudade, remete-nos para um povo nostálgico, triste e abandonado. O Cinema que na altura de Salazar nos fazia rir, apesar da conjuntura, é agora pouco característico e pobre em argumentos não tendo expressão, salvo raras excepções, e rejeitado pelo publico na sua grande maioria.Os que enchem salas, tem como chamariz a nudez da Soraia Chaves...
- O país, desde que nasceu, é retratado e considerado como um nado-morto. Tudo é apontado e criticado.
- Moribundo desnorteado e um fracasso. Desde a conquista de lisboa, à restauraçao da independencia.
- Do 25 de abril à entrada na UE. Tudo é visto como um falhanço, actos inconsequentes, factos olhados com repulsa e desdém.
- Critica-se a forma dos governos fazerem, questiona-se a propria existencia da identidade nacional.
- Lê-se nos jornais sobre a crise e sobre o que está mal, ve-se na TV debates de gente entendida, de ex-politicos, comentadores, curiosos, espalha-brasas. Todos dissertam, manifestam, comentam, aconselham e dizem como fazer. Todos apresentam soluções, muitos têm a resolução dos problemas.Mas e afinal quem faz? Quem resolve? Espera-se o D. Sebastião???
Mas que temos de bom então?? Pelos vistos nada.
BOM...Uma vez que o nosso Pais entra várias vezes no Guiness...Sugiro um suicidio colectivo. Deixam de haver problemas e somos mais uma vez imbatíveis em mais um recorde absurdo...
Saudinha e sorte, espero que ao fazer desta se encontrem bem...
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