Acaba um ciclo laboral, recomeça um reduzido periódo de lazer. Curto é certo, mas como o Universo, limitado mas infinito. Infímo também, mas grande, ou enorme, e mesmo gigante é a vontade de partir, sair, ir e descobrir. Parar, olhar, ver o mar, mergulhar, procurar o fundo e achá-lo e na areia molhada deitar.
O mundo continua a rodar, e para nós vai por momentos rodopiar, girar, para nos embriagar, entontecer e fazer vibrar.
Fora de nós e na rua, as gentes, as pessoas, o povo(como queiram) continua na sua vida, e entretanto, só para nós, o pano sobe numa nova representação, de improviso, com muito riso se possível e dos outros, apenas um sorriso quiçá improvável. No meio da nossa peça e na plateia mundial, o publico incógnito, algum atónito, outro apático e mesmo robótico, bate palmas, levanta-se das cadeiras e num sonho de uma madrugada quente, e somente para aquele que sente, nessa observação dum sol crescente, começa uma ovação de pé interminável e num desejo que seja determinante para que todo o mundo, pelo menos só num instante seja e esteja contente! As palmas quase que sangram, escorregam no suor, a linfa escorre e discorre nas veias libertando as endomorfinas e outras substâncias que podem ser vitaminas,que deliciam meninos e meninas, frase esta para versejar e alegrar. Vamos alegar que tudo é feliz e vamos num pequeno exercício hipotético e inédito, fazer com que os sorrisos se rasguem novamente, com o sol a gargalhar, outro Sol num esgar, que entra pela Terra adentro e no aguardar doutra madrugada e por essa noite dentro nos faça crescer, brilhar e com tudo e todos partilhar todos os instantes de suave, terno e doce estar... como o pensamento límpido e puro duma criança, claro como água, belo como a primavera.
E o pano desce, com as pancadas do senhorio, as de Molière, as nas costas também(
pancadinhas, isto é).
Num momento onirico, ainda dentro da cabeça da criança que nada sente e apenas dança ao ritmo da vida que passa e que por enquanto não a farta nem cansa, o universo conhecido salta à corda, anda à roda, dão as mãos e cantam e encantam e venham mais Cinco! Cinco dedos de conversa para a alcoviteira, meia duzia de felicidade para dar mais gozo, um quarto com vista para todos, um terço para o religioso, um segundo de nada para um nihilista rigoroso e um pouco de desdém para o invejoso...Que cantem, dancem, enrolem-se e rebolem, olhem o arco-íris, o arco e flecha disparado, os joelhos feridos, a cabana na mata, o Tomás, os médicos e as enfermeiras, a fisga, a lagartixa, os policias e os ladrões, o macaquinho chinês, as histórias do avô, as lendas, os mitos, os fantasmas na casa abandonada, a Dona Rosa e a velhinha que todos tinham medo, a inocência, o algodão doce, o carrossel e no final de tudo um bem-haja para aqueles que se esquecem de recordar da saudade das memórias de infãncia.
Entretanto parto bem acompanhado para lá do Tejo, do Sado e mais longe que qualquer lado!
Para os outros e para quem nos lê desejos da côr preferida.