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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Veho do Restelo do séc XXI



Quando pensamos que já vimos e passámos por tudo a vida ensina-nos uma lição e demonstra-nos que as possibilidades de ainda ficarmos surpreendidos é ilimitada.
Curioso como é fantástica a capacidade do homem de nos embasbacar e de fazer pensar que somos um bicho mórbido, pérfido e que temos uma capacidade invulgar e requintada de malvadez.
Neste contexto, e pessoas desta mesma geração ou com este tipo de mentalidade e que aqui há uns anos(poucos- o tempo de uma geração atrás) eram consideradas estranhas ou "freaks" são agora apelidadas de normais quando confrontadas com certos actos e determinadas situações que se tornam corriqueiras e cada vez mais frequentes.
Por outras palavras; quem já cá está há um certo tempo e portanto já passou por "n" ocasiões,momentos e instantes, e em principio já viu quase tudo,fica atónita com esta nossa capacidade para fazer ou provocar situações que não lembram ao diabo.
Não falo do tão afamado "porco a andar de bicicleta" mas sim de coisas mais terra-a-terra, como decepções, desilusões e traições que vemos brotar do próximo, e não é um pessoa externa ao nosso círculo ou bolha social mas sim um vizinho, amigo ou conhecido.
Talvez não sigam o meu raciocinio, pois estou quase a passar da mente para o PC e a medida que escrevo os torpores, frémitos e emoções que sinto e não estou a descrever uma situação mas sim uma sensação.
Adiante:Quiçá se não sou eu que estou velho, mas cada vez mais sinto-me um outsider depois de ver tais actos ou deparar-me com diálogos e procedimentos duma mesquinhez atroz, dum egoismo exacerbado, dum sectarismo impressionante e duma auto-ostracização chocante, pois cada vez mais há gente que se sente o suprasumo e exclui os outros por não se dar ao trabalho de as tentar entender, e se insere num grupo ou numa elite que em nada tem de especial e em que a unica diferença que os separa é serem incapazes de dissecar o outro para o compreender e integrar, sendo mais fácil a segregação pois não obriga a um pensamento cognitivo ou a um diálogo com o outro, que é visto sempre com desconfiança, aumentando os níveis de intolerancia e xenofobia. Não falo aqui de racismo! A segregação é entre pessoas do mesmo credo e ideologia e por uma questão de comodismo preguiçoso. A indiferença também é um apanágio deste novo "Homem". Mas há pior! Bem pior! E espero conseguir expressar-me sobre isso lá mais para à frente.
Distingue-se o Homem dos demais animais pelo cognitivo. Gaba-se o Homem como um ser capaz de criar arte, vida, sentir inumeras emoções, capaz de imaginar e sonhar, inventivo, engenhoso, até maravilhoso! Se colocarmos o avanço do homem num gráfico (X,Y), chegámos a um ponto da curva do gráfico em que tende para o infinito e essa curva é quase uma linha que toca o eixo, ou mesmo está paralela, mostrando que estamos num auge civilizacional, tecnologico, cultural, ideológico e eteceteras.
Porém, ou contudo e voltando ao objectivo deste desabafo, a nossa mente, e por estarmos nesse culminar e zénite ou como lhe queiram chamar, leva-nos a um vazio emocional e ideológico, por estar tudo feito e pensado, imaginado e sonhado, e esse vazio é preenchido com coisas bizarras e invulgares onde a nossa capacidade de imaginação é hedionda, pois há quem por nada haver para fazer que se entretem a experimentar o "inexperimentavel" e a tocar o intocável e que a roça o horror e mesmo o transcende. Torna-nos seres frios, em que já vemos certas imagens ou acções que são terriveis pelos moldes que nós proprios criámos a nível ético ou moral, mas que passam a ser normais. Daí que fique chocado com certas atitudes e determinadas acções das pessoas que nos rodeiam que nunca nos passaria pela cabeça que isso fosse possível.
É triste pensar que daqui em diante, e para dar um exemplo concreto, as imagens que na TV( agora na net)passavam com a indicação que poderiam ser consideradas horriveis, serão passadas em horário nobre e até servem como marketing, e para aumentar o "share" de determinado canal, ou de certo site.
Termino afirmando que não invejo quem nasce agora, ou quem tem agora 20 anos, pois vivemos tempos de alteração dos principios, e adulteração dos conceitos, quebrando com uma ética e uma moral intemporal, que são aqueles principios básicos em que o Homem se deve basear para viver em sociedade, e os comportamentos serão cada vez mais invulgares, bizarros e anormais.
Não quero parecer um "velho do restelo", mas de facto sinto que estamos no final dum ciclo. E o iniciar deste "novo ciclo" não me agrada de todo! Antes pelo contrário, preocupa-me...

1 comentário:

Marilia Marques disse...

Beijinho grande pra ti.....
conclusão: já somos dois velhos inconformados...

Marília Marques