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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O tempo e espaço






Num dia soalheiro e embrenhado nos seus pensamentos, divagava pela cidade sem pressa. Estava folgado e livre de obrigações e responsabilidades por hoje. Tinha o resto do dia à sua frente. Sem restrições, barreiras físicas e obstáculos temporais ou de agenda. Contemplava cada momento, aproveitava cada instante e observava tudo como distracção e cada nova imagem, cheiro ou som, absorvidos como passatempos. Absorto nos seus sentidos caminhava nas ruas da cidade quando se deu o episódio; Uma escuridão repentina privou-o de comunicar com o exterior, e era como que ficasse fechado na concha que era o seu corpo. Sentia o espaço mas a mente estava isolada do exterior. Sabia que se encontrava em qualquer lado pois sentia os pés num qualquer tipo de chão que nunca pisara. Era portanto a sua unica sensação, providenciada pela lei da gravidade. Todos os outros sentidos estavam bloqueados. Estado bizarro aquele! Colocado num aquário sem fundo, cheiro, sabor ou limites - Boiava num limbo. Parecia acordar dum desmaio, ou dum estado catatónico - retomava a visão aos poucos, tudo era claro, demasiada claridade, tanta que nada via nem um horizonte, um tecto, um plano ou chão. Não sentia a tridimensionalidade do espaço e parecia parado no tempo. Um silêncio profundo fazia-o escutar a sua propria respiração e a batida do coração E nada era palpável em seu redor: nenhuma linha, traço ou contorno. Como retido e colado a uma folha branca de papel. Estava possuído por várias emoções contraditórias, uma curiosidade quase mística pelo acontecimento e um enorme temor pelo desconhecido. O medo caia com pingas grossas para o infinito. A respiração descontrolada. Tentou gritar, mas o berro não se ouvia, como se não houvesse ar para as ondas se propagarem. Começou por sentir-se preso naquele estado físico onde continuava sem qualquer controlo sobre o seu corpo e sentia-se claustrofóbico naquela vastidão em que era o único ponto num plano tridimensional infinito. Deslocava-se com dificuldade através daquela matéria ou fluido estranho e único, parecia nadar num mar sem atrito, em que cada esbraçejar ou espernear não o levavam a lado nenhum. O silêncio deu lugar a sons familiares, como que se passasse a grande velocidade pela sua vida passada: Imagens e cheiros que associava à sua meninice e que revivia como reais, tanto que a sua mente absorvia essas sensações como verdadeiras. Passou por vários estados de emoção; da alegria à tristeza, da monotonia à diversão, do deleite ao desespero em poucos segundos. Contorcia-se em panico e de súbito tudo parou e viu-se elevado no espaço e puxado por um vácuo e agora acompanhasse a sua vida fora do seu corpo e se visse , lá ao fundo( não sabe se em baixo ou à frente), a andar nas ruas da cidade, sendo apenas um espectador de si proprio. Não percebendo como nem por quê, ultrapassou-se em si, e as sensações surgiam no seu corpo- atravessava-no e o transportavam para a frente. Porém não andava para à frente no espaço mas sim no tempo. Transpunha-se a si proprio num paradoxo indescritivel. Parou por instantes e reparou numa uma porta, tendo percebido que a penetrando, era o futuro que contemplava. A axpectativa de olhar mais à frente era enorme. Queria sair daquele estado, daquele limbo e prosseguir a sua vida mas não conseguia, era guiado caoticamente e sem hipoteses de refrear aquele impeto e aquela velocidade dos acontecimentos que o transcendiam. Ultrapassa a porta finalmente. Vê uma luz mais forte, e por fim acorda, suspira de alívio...E num dia soalheiro e embrenhado nos seus pensamentos, divagava pela cidade sem pressa, estava folgado e livre de obrigações e responsabilidades por hoje e tinha o resto do dia à sua frente. Sem restrições, barreiras físicas e obstáculos temporais se bem que(...tinha uma estranha sensação de deja vu...)...E de repente uma escuridão repentina priv(................................................................)




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