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domingo, 25 de dezembro de 2011

Especulação sobre relações


O homem nasce por defeito bondoso, ternurento, e com uma capacidade ilimitada de partilhar, caraterística essa que nos é comum a alguns primatas, e apesar de genéticamente sermos mais parecidos com os chimpazés, há experiências que se fizeram com estes e com os bonobos( espécie de chimpazé, também denominada de chimpanzé pigmeu) que mostrou os primeiros a não partilharem com os seus congéneres, mas os segundos sim! A experiencia consistia em ter dois simios separados por uma porta, onde dum lado, estava um com uma malga de comida e a uma alacanca para abrir a porta e dar acesso ao outro. Ora os chimpanzés comiam tudo, nem sequer abrindo a porta no fim da refeição, e os bonobos( antes de comerem) abriam a porta deixando o outro comer com ele.
Isto mostra como nós evoluímos, e daí termos passado do paleolítico e chegado aos tempo de hoje e no topo da cadeia alimentar!- Por sermos capazes de partilhar e tratar uns dos outros, inclusivamente não deixar para trás os deficientes, alimentando-os e defendendos de predadores ou de outras situações em que certamente morreriam por serem incapazes, mais: Ao que consta somos das poucas espécies de primatas que trata dos bebés dos outros, ou seja, criaram-se as primeiras amas, desde tempo imemoriais, isto demonstra a nossa capacidade de partilha e de especialização, e de aproveitamento dos meios, onde uma unica mãe tratava dos filhos dos outras para poder libertar, as mãse para outras actividades e assim maximização da mão de obra disponível.
Desde esses tempos( que comparados com a Idade da Terra, foi "ontem"), o homem por ser gregário e não ostracizar nenhum dos seus, tem como caraterística a capacidade de partilha, de bondade, de justiça e de defender o que é seu e o dos outros da sua tribo.
Isto traz-me aos dias de hoje, e a uma Era em que já não precisamos dos outros para quase nada, e embora gregários, pois vivemos em cidades, e cada vez maiores, vivemos numa era do individualismo, onde cada vez mais nos fechamos mais, vivendo na nossa pequena bolha, e aí qde quem entre nela sem a nossa autorização! Duma relação de mutualismo e simbiose, passámos a uma relação parasitária( conceito exagerado talvez, mas não está muito longe da verdade!) As nossas relações baseam-se quase em interesses, e não procuramos o outro simplesmente por gostarmos dele. Nas relações amorosas acontece um outro fenómeno. A pessoa tem de possuir uma série de caracteristicas à priori, e muitas vezes influenciada não só pelo que nós achamos, mas também pelo que a sociedade acha aceitável( seja lá o que isso for), pois muitas vezes ao ivés de irmos directamente a essa pessoa e dizer-lhe o que sentimos, procuramos a opinião duma terceira pessoa em busca do seu aval.
Quando nos atraímos por alguém procuramos nela algo que nos una: pontos em comum, gostos similares, ideologias identicas, além de nos atraímos por alguém que seja o nosso estereótipo de beleza, e até acho que esse ponto é o que nos faz olhar uma segunda vez para essa pessoa e nos faz aproximar. Um erro recorrente é dar-mos a conhecer o nosso lado positivo e tentar esconder as nossas fraquezas, paranoias, tiques etc.
Um casal nunca chega a conhecer-se até haver situações extremas. Ao haver uma crise onde venha ao de cima, o nosso Eu real. Esse "Eu Real" aparece numa situação extrema,onde mostramos o nosso lado da mente(emocional, sentimental, social etc) que sai do nosso controle. Pois é fácil dissimular um carácter, ou encarnar uma personagem, contudo quando em stress, ou sobre pressão, caí a máscara, e vem à tona o lado racional( ou irracional).
Temos uma capacidade de nos adaptar excepcional, porém mais tarde ou mais cedo, a nossa natureza humana, e aquilo que nos torna humanos, os instintos, aparecem e mostra o que de há mais morbido, perfido e onde somos capazes da mais requintada malvadez - Um lado negro - Lado esse que nada tem de negro pois são caracteristicas que fazem parte de nós. Não somos seres perfeitos, pois é um conceito utópico, e por cada boa acção há sempre o seu contraponto. As Leis da física passada para a natureza humana: Uma espécie de 3ª lei de Newton( par acção-reacção).
AS relações normalmente terminam por incompreensão e não aceitação de certas atitudes tomadas por um membro do casal. Tudo é belo quando se está na fase da paixão, em que a entrega é total no que concerne ao carinho, amor estima e partilha. Quando a fase da corte acaba, começam os atritos, o que era considerado um ponto a favor, e que serviu para o outro atrair-se, fosse a sua forma de estar que era diferente, e ser um motivo de interesse por que era algo único e singular nessa pessoa, torna-se rotineiro e já é deja vu.
Em suma, exige-se demais do outro pois espera-se sempre a novidade, para a relação não estagnar, aguarda-se que o outro nos supreenda diariamente, mas com o passar do tempo, a surpresa passa a enfado.
Não se deverá pura e simplesmente tratar o outro, e além de amante e parceiro, como amigo, companheiro, confidente, e viver uma parceiria, em que não se espere novidade e surpresa, mas espere-se sim que se tenha um conhecimento total do seu par?
Não será isso mais profícuo? E viver uma relação em que se tenha total confiança no outro e que seja também o nosso parceiro na vida e que seja um complemento às partes da que nos falta? que seja o outro lado da moeda? A parte do puzzle que nos falta?
Não é preferivel isso a ter alguém que se por um lado traga a novidade e a surpresa diária, faça com que um dia nos traga uma surpresa desagradável?
POis o que para mim é aliciante numa relação é conhecer o outro e em momentos dificeis saber e ter a capacidade de estar lá para colmatar essa dificuldade?
Não será melhor uma tão intensa interacção mental que quando o outro esteja infeliz sejamos capazes de estarmos presentes e de dizer o que o outro precisa de ouvir, ou apenas com um gesto consigamo-o confortar?
Não é óptimo estar com o nosso par, horas a fio em silêncio, e em que o silêncio não seja um constrangimento mas sim um sinal de harmonia e sintonia emocional e sentimental, e em que esse silêncio, como acontece em muitos casos e casais, nunca seja compremetedor?
Será necessário que o amor seja vivido com um guião? E que haja necessidade de compará-lo com o dos amigos, ou de vivê-lo como uma agenda predefinida? Que é feito da improvisação e espontaneadade? Mais importante viver da razão não será melhor viver com os instintos, que é aquilo que verdadeiramente nos torna humanos?...

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