João Cruz Oeiras de Portugal adesão a portal.membros@spautores.pt

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terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Divagar ao longe

Um pranto de ausencia
um riso de presença
um torpor na alegria
um frémito na harmonia
um esgar de agonia
um sentir no advento da sintonia
um breve ferimento
um despertar em contentamento
um desejo de reencontro
numa realidade sem qualquer tormento
um sonho belo
e um permanente sentimento

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Espirito Natalicio



Há gente que vê sempre o mundo de cor cinzenta. Para esses, os outros são: gentalha, que se deve rotular e que é inferior.Que veste mal, que não tem a sua moral, que nem se comporta em conformidade.
Para essa gente(os cinzentos) o mundo é igual, envolto em nevoeiro, sem ideais, sem propósito, e que cá caminham com o único objectivo de julgar o próximo com aquela atitude cristã, que mais se aproxima dum juízo final do que o amor ao próximo ou ao seu semelhante. Mostrar a essa gente que o mundo é extraordinário, colorido, e que ao virar de cada esquina é surpreendente, demonstra ser uma tarefa hercúlea. daí que as vezes é fácil baixar os braços ou desistir. Não digo isto para ninguém em particular, nem para a humanidade em geral, apenas o faço pois sinto necessidade de o expressar hoje. É uma segunda-feira como outra qualquer, e o frio entorpece-me os movimentos, mas felizmente não me tolhe a mente. Contudo ao passar pelas gentes na rua, apenas vejo figuras apóstatas, e rostos lívidos. Se tiver de os catalogar num sentimento, vejo indiferença e talvez desprezo pelo seu semelhante. Calha esta crónica ser no Natal, talvez ainda mais indicativo seja, ver a solidariedade a pairar, a distanciar-se, sentir o amor a fugir em extinção. O Natal é mais um dia, assim como é o dia do animal. E não é por isso que as gentes os acolhem em seus braços e os afagam...

domingo, 16 de dezembro de 2007

divagações

passos trocados em Palavras incertas cheias de Jogos de azar numa Personalidade bifida com linguagem incompreensivel sem Maneiras de ser no estar. aponta-se pela sexta, não se acerta uma. parte-se a segunda, deitam-se fora pedaços de história. Uma semana vegetal um fim de semana anormal. Que se não tem? Que é esta força que falta? que Energia se dissipa? Que bruxedo atormenta? Porque demora a passagem? Porque se força a paisagem? Quem conta o segredo? quem diz o ditado? quem aponta o norte? quem espera pela hibernação? Quem nos adormece? Quem me conta uma história? e me encanta? e me recorda? lembras-me? Memorizaste?...

#5


Acaba a estrada;
o trilho dissipa-se
e um penhasco abruto em seu lugar.
A Nuvem negra cai
como uma asa tremenda dum corvo negro.
Assola a escuridão.
Cai o pano.
O silêncio
sem aplauso nem vida
Um deserto
uma morte.
Canta o cisne.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Um breve contentamento( Historinha infantil)

O esquilo guardava nozes para o Inverno. Tinha uma caverna só para ele. Totalmente equipada com tudo do bom e do melhor que se arranjava naquela floresta e nas restantes! Andava sempre atarefado com a organização das nozes por tamanho, forma e data de apanha, cumprindo as normas internacionais. à noite saia com os amigos e desciam à baixa, maravilhavam-se com uma árvore a que chamavam de natal. Faziam bicha para vê-la. Juntavam-se ali todos os animaizinhos da floresta. Havia animações, momentos de tertúlia, espaços dedicados à literatura e mesmo pequenos teatrinhos de marionetes. Quando o sol nascia de novo era altura de se passearem à beira-rio enquanto os raios de sol ainda aqueciam as suas peles. Os banhos eram uma grande diversão, quase todos participavam, fazendo até concursos de natação. Faziam piqueniques e assavam pequenas delicias encontradas na terra ou nos ramos ainda verdes. Uma alegria sentia-se naquele mato! Quase 5000 anos de vivência conjunta. DE equilibrio. De verdadeira ecologia! Houve um dia porém que o deserto invadiu aquele lugar, a solidão abraçou aquela gente, e a tristeza apoderou-se de todos. Foi o dia em que inventaram o centro comercial.

Bom ano novo!

Viva! Uma guerra acabou! O terrorismo já tem nome. O eixo do mal é reconhecido. As armas de destruição maciça nas mãos dos bons e as injustiças combatem-se no papel, em pequenos desenhos A4 nas mãos de um qualquer miudo da primária.Vendo bem as coisas, parece que nada se vislumbra.Analisando as equações da sociedade, não se encontra solução.Compondo métodos para realização de estruturas na civilização, há uma luz ao fundo do túnel. Se bem que tem tendência para apagar-se. De candeia em punho o homem saí das trevas, entra porém na escuridão. Não será bem de um negro profundo ,talvez mais algo baço, translucido e não transparente. Os Finais do Mundo passam e permaneçemos, tal como mais um final de ano. Sempre aquela esperança anunciada contudo futil e fatalmente morta à partida. Mas é de esperanças que vive o povo, como de pão para a boca. fazem-se Tratados e ninguém vê melhorias. Há Cimeiras e no entanto poucos avanços. Vai-se dando rebuçados e estendem a mão. O mundo esse continua a girar, indiferente a reuniões e decisões futeís. O sol nascerá na mesma, depois do último de nós perecer. Bom ano novo!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Visão distorcida ligeiramente utópica demasiadamente poética

eu hoje acordei e saí, vi a minha gata espreguiçar
olhei para o ar
vi céu de branco a azul passar
Entrei no comboio e vi
o rio correr para o mar
Vi o verde e o cinzento a correr
desci o tunel e num metro via escuridão aparecer
subi as escadas a correr
a luz a aparecer
e cá fora o sol a brilhar
voltei para casa
e antes de adormecer hei-de ainda ver as estrelas nascer
e a noite reaparecer.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Desconto de Natal - Versão 2.1


No monte e nas oliveiras encontravam-se rebanhos tresmalhados. Perguntavam-se sobre questões filosóficas e existêncialistas. Na planície e sobre o calor tórrido a vida não era fácil. Principalmente nos periodos de extrema seca. Manuel Jesus, pastor da zona e por opção, deambulava na recta que cruzava o horizonte. Tinha sempre questões a colocar aos seus animais, sobre o sentido da vida e o objectivo de se organizarem em grupo. Não sabia porque o faziam nem tão-pouco porque lhe obedeciam tão prontamente. Sentia a natureza a invadir-lhe o espaço. Apesar de muitas vezes o seu estado etilico tresandar para lá dos limites do seu mundo conhecido, era capaz de divagações extremamente complexas sobre o seu Universo, onde cada chaparro era um amigo, e um encosto, cada riacho um momento refrescante, onde se mergulhava e renovava os votos de um novo e bom dia.
A vida solitária e campestre que fazia provocava a inveja a todos os que ao longe o vislumbravam de relance ao passarem no Ip8. Mas ele, impávido e sereno, invejava apenas a tenra e verde erva que ruminavam seus animais. Trajado com um grande capote e de alforje à tira-colo sempre procurou ser mais. Chegar a um estado de evolução diferente, quiçá até primevo. Apesar de não balir esforçava-se por melhorar a comunicação com o nicho ecológico que se rodeava. Um dia despojou-se de tudo, largou o capote e restante indumentária, desfez-se do alforje, e deixou-se adormecer aquecido junto a lã fertil de seus companheiros. Na madrugada seguinte e com o raiar do sol, pastou. Passou dificuldades nas primeiras semana de digestão, com fortes cólicas e adaptação à celulose. complementava a alimentação com pequenas bagas e frustos silvestres. O discurso oral deixou de ter sentido, as frases e demais pensamentos racionais também. Limitava-se a seguir instintos primários, foi aceite pelos demais, deixando para trás a posição eréctil, e o polegar oponível. Esqueceu-se do seu eu, e da verbalização. Mantinha no grupo uma posiçao subserviente ao macho alfa do seu novo grupo. Cresceu como ser, e evoluiu como ente de um sistema antigo de organização de espécies. Era igual a tantos outros, numa sociedade sem classes, com uma hierarquia primária e uma sabedoria secular. O rebanho ganhou um membro, a humanidade perdeu um elemento. Os primeiros não se importaram, os segundos nem se aperceberam...

Desconto de Natal

os coelhinhos de chocolate roiam os fios electricos, ávidos do curto circuito na árvore. As renas lançam-se pelos penhascos dos fiordes descontentes com a desclimatizazão global. Estrelas rodeiam as lareiras e gentes vê a 3D. Os palhaços ingerem o Lsd enquanto os leões mastigam pequeninas passas de grandes potes na sala de estar. A lareira crepita falando aos mais novos do tempo em que o aquecimento era nuclear. Soldadinhos de chumbo afogavam-se na calda de açucar. Cerejas afundam-se no caldeirão a ferver. A ebulição engole a batalha naval. Os jogos derretem-se junto à radiação. A família à ceia, fossiliza e mantêm o espírito natalicio por mais de dois séculos. O comboio de brincar apita, todos entram. A sala vazia e a glória aleluia.

Causas

desmorona-se o edifício mental
emaranha-se o fio condutor
constroi-se um novo ideal
cria-se um outro torpor

As janelas interiores escancaradas
AS portas da liberdade abertas
os olhos semicerram
os sonhos encerram

A aurora renasce
a esperança cresce
o fulgor reaparece
enquanto o fio do tempo a aranha tece