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sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Fábula

Os animais reuniram-se na floresta mais uma vez. As vozes cruzavam-se com os grunhidos, roncos, zumbidos, mugidos e rugidos. Uma cacofonia generalizada. O mocho do alto dum carvalho, chamou a atenção, todos se calaram olhando para cima: " Meus amigos calma! Peço-vos calma, não vejo razão para tanto alarido! Já vivemos situações piores que esta! Lembrem-se da seca aquando da migração das aves, e das cheias na altura das penultimas folhas caídas das árvores! É certo que nunca o ursos tinha sido roubados em sua casa, nem os porquinhos tinham perdido as suas casas, nem havia ninguém a gritar lobo às ovelhas! Amigos temos de nos juntar e fazer valer os nossos direitos! Esta situação não pode continuar! Isto é a exploração do nosso habitat, é a utilização dos nossos recursos, é o uso e abuso da nossa imagem, temos de dizer não à continuação desta farsa! Digam não à utilização dos animais nos seus dramas! Condenem o nosso aparecimento nas fábulas! Está na hora do homem contar às criancinhas histórias sem carochinhas, lobos maus, porquinhos, e etc e tal! Viajemos companheiros, partamos para longe, afastemo-nos dos humanos! Os pinóquios do mundo que ocupem os nossos lugares, os soldadinhos de chumbo, as brancas de neve, e outros que tais!" Terminado este diálogo todos os animais aplaudiram, uma tremenda ovação se ouviu pela floresta, barulhos e ruídos audíveis até nas cidades dos homens. A partir daí nunca mais se ouviu falar neles em contos, fábulas, ou histórias de embalar. Tinham desaparecido do imaginário do homem, viviam livres para serem o que eram: Animais! Séculos mais tarde, o Homem vivia triste e só, nas suas imensas cidades cheias de cinzento e negra poeira. E de vez em quando, precisava de sonhar, e ai recordava-se de ter havido na sua mente, uns seres selvagens, outros amistosos,alguns coloridos e outros amados. Traziam a côr e a alegria às suas vidas pardacentas, algo precisava de mudar. Fizeram-se abaixo-assinados, manifestações, greves, revoluções e minutos de silêncio! Nada parecia resultar, era excusado...Houve um dia em que o sol nascia, e começou a ouvir-se um chilreiar nos ramos e nos beirais, barulhos estranhos em cada esquina, sons que se sobrepunham aos ruídos citadinos que se esbatiam, os carros desapareciam, as casas desmoronavam-se, as raizes das àrvores cresciam à medida que os troncos subiam aos céus. Pequenos animais saiam dos seus esconderijos, os grandes pastavam nas ruas e nas praças. Nas estradas a erva aumentava, sumia-se o alcatrão sob o cheiro da fotossintese, até ao dia em que o próprio homem se extinguiu, a cidade deu lugar à selva e os animais reinariam para sempre...

3 comentários:

Anónimo disse...

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Cruztáceo disse...

muito agradecido. vá aparecendo. Um abraço

Anónimo disse...

Por mim, não tenho dúvidas quanto à extinção da raça humana... a maior dúvida, é se o chilrriar dos pássaros sobriverá... e como lamento se tal acontecer!
Bjs