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quarta-feira, 12 de março de 2008

Bang


sentia cores que não tinham sabor e imagens sem som, vivia no espaço sem a tridimensionalidade. caminhava nas ruas sem tocar a estrada. Vivia à margem contudo andava no centro. Ouvia sensacões sem tocar no ruido. Deslocou-se. Enlouqueceu? Ninguém sabe. Só ele via o que era perceptível. Contudo ao olhar, desfocava-se o horizonte, verticalizava os planos. Numa geometria esquizofrénica mexia-se como ninguém. Observavam-no do além e classificavam-no como género e espécie. Negava e reflectia as cores, sem porém ver mais do que lia. Pensava momentos impossíveis e davam-lhe instantes fotográficos. Revelava filmes a preto e branco ao invés de lhes sentir a coloração. Num dia iluminado escondia-se a escuridão, numa praça ruidosa guardava o silêncio. Cerrados os olhos vinham as tonturas. Aberta a consciência chegavam-lhe as loucuras. Tudo branco mas pouco claro. Tudo fácil mas de consciência inconstante. As leis da física contornáveis, as leis da óptica ridículas, as leis da vida insuportáveis.
Bang!

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