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segunda-feira, 10 de março de 2008

O alienigena


Havia um ser preto e esférico num planeta amarelo. Vivia sozinho entre muitos doutras cores e formatos. Tinha o seu feitio, era preto, mesmo quando estava com azuis. Continuava esférico mesmo quando junto a outros formatos. Vivia dum lado para o outro não se adaptando a nenhum lugar, uma vez que rolava, e nem sequer se afeiçoava a ninguém uma vez que não mudava de cor. Falava com todos, e contava-lhes os seus feitos, rebolava de cor em cor, circulava de formato em formato. Quando subia descia, quando ia ao fundo flutuava. Fartava-se de estar com todos os outros. Decidiu partir. Encontrou um Planeta branco com seres pretos e esféricos. Saltitava de contentamento, não tinha de argumentar, nem tão-pouco de provar nada a ninguém era aceite por si só. Rebolava com eles de cima para baixo, da esquerda para a direita. O dialogo não era necessário, a aceitação um facto consumado. Passou-se um século neste éden. Continuava a fazer o mesmo de sempre. Até ao dia em que não era capaz de comunicar, em que já não rolava, em que já nada via, em que o dia era sempre o mesmo. Ganhou outras cores, perdeu a forma e definhou.

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