Nova viagem com um destino já com sabor a antigo ou como regresso a casa. Em cada uma sempre uma descoberta, um avanço no espaço e uma paragem no tempo. Um entrada num mundo novo, uma conquista, uma rua recordada e da próxima vez reinventada. Uma Ida com a sina da volta. Partida de Santa Apolónia e chegada a Campanhã. Mas antes, e à saída, a procura do lugar, a monotonia do balançar, sempre a aproximar-me porém. Largo Lisboa e o estuário do Tejo, entra-se na Lezíria, e o rio estreita-se, a paisagem alarga-se e estende-se, assim como eu numa tentativa de chegar rapidamente. O cinzento e castanho dá lugar ao azul e verde. Os cavalos na planicie vistos de relance, o cheiro a terra lavrada, o sentir das gentes que ficam agora para trás. Os carris afastam-se no Entroncamento, e eu vou-me aproximando. Em seguida Coimbra, o Mondego, o Penedo e a Saudade, tudo fica enquanto o comboio avança... Um cigarro cá dentro às escondidas, enquanto lá fora o Mar vai engolindo o Sol.
Pára a composição em Aveiro, mas não o coração que acelera. Estica-se as pernas, estendo-me para ti, mas não chego. Passa-se Espinho, e é como se estivesse cravado em mim, o tumulto da chegada. O torpor da aproximação. Pega-se na mala, anda-se para trás e adiante. Ouve-se: "...Gaia" pelo altifalante, que convulsão no corpo, um nome familiar, que ressoa em mim . O rio cruzado, a
visão cansada de tanto horizonte, eu maravilhado de mais uma e outra ponte. Um rio por baixo que nos lava a alma, que nos faz sorrir de estar tão perto...de nunca mais querer partir... De repente tudo pára, de súbito a calma. A um metro da trindade, de mão dadas, mais um passeio nos aliados, e olhares trocados. Contigo e com Ferrugem, e já bem oleado, dou-te uma flor nos Congregados, um regresso anunciado, mais uma
encontro marcado com um abraço há muito sonhado...