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terça-feira, 30 de junho de 2009

Tédio animal II ( inversão)

Por vezes dá-me vontade de nada fazer, então escrevo linhas, quem sabe para fazer um novelo e tricotar um pouco. Um comportamento humano. É aquela sensação que talvez se tenha quando se dá milho aos pombos. Vê-los correr pelos ares e a debicar aqui e ali. É um passatempo sui generis. Noutro dia vi um homem que o fazia, parecia empenhado!Como se a tarefa fosse honrosa e honrada. E é decerto, são conceitos. Há quem dê aos patos nos lagos do parque, ou até ao peixes no rio. Mas estes gostam de se amontoar junto a pequenos riachos de esgoto e ali deglutir pequenos manjares, falo das tainhas que também observei no domingo. Divertiam-se imenso e estavam a atarefadas a galgar-se mutuamente e de quando em vez giravam em torno de si mesmas e dava pra ver o brilho prata do fundo escuro da água. Um efeito bonito. são dias assim de national geographic ao vivo e em directo. Até os cães participam nisso! Quando andam juntos a cheirar os cantos e esquinas obscuras com cheiros nauseabundos, outros mesmo imperceptiveis para nós, mas decerto que levam ou trazem com eles notícias doutros lados. Os actos sociais caninos são interessantes para quem se encontra aborrecido, correm atrás dos gatos, cheiram o rabo uns aos outros, rosnam-se, ladram às gentes, levantam a pata na roda do carro, dormem ao sol,e roem o osso gigante dum fémur de bovideo, que deve ser o correspondente canino ao nosso sudoku. Os pardais são caricatos, quando o sol se põe juntam-se todos na mesma árvore e fazem uma barrulheira descomunal, são tantos que se confundem com as folhas, esvoaçam, e marcam lugar e presença, ocupam um galho para adormeçer mas logo em seguida são incomodados pelo vizinho e dão mais uma voltinha pela copa. De todas as direcções chegam mais, e é dificil imaginar como cabem todos ali naquele espaço. é a teoria do caos em aplicação natural. Uma comunidade alada similar aos peregrinos em meca que rodam e rodam! Engraçados os bichos. Os bichanos(gatos) também, com os seus bizarros afazeres, entre dormidas, perseguem osgas e lagartixas, fazem esperas a passaros incautos e divertem-se arrancando patas a gafanhotos. Crueldade? nahh...Natureza. Será o equivalente ao nosso tricot. Pensando bem o nosso ócio é bem mais futil, conversas infinitas à mesa de café, regadas a alcool e/ou cafeína, visitas a centros comerciais, tardes em que se desdenha o resto do povo mas acabamos sempre por nos juntar todos. Natural também, somos gregários, vive-se assim então.cada macaco no seu galho, o Pombo com o seu grão, a tainha com o seu pedaço personalizado de esterco, o cão espoja-se, o pato pavoneia-se, o gato embeleza-se. os pardalitos poisam por cá, e nós, aqueles que falam, invejam-nos. E passa-se o dia.

Cisma, parte III

O Homem tem um problema, pergunta-se sobre o absurdo da existência, telefona para a linha de apoio, atende a voz mecânica, digita um para outras opções. Desliga. Liga-se à rede, pesquisa e perde-se. Os olhos vazios, a mente cheia e perturbada. É canalizado e desloca-se ao centro de atendimento. Fazem uma triagem. É questionado. Interrogado e catalogado. É reconduzido. É induzido. Chega a sua vez, é levado para o interior do edificio alvo, imaculado, com tectos altos preenchidos por luzes neon continuas.O centro de apoio e indução aos humanos que duvidam do sistema(CISMA). Chega a uma grande porta metálica reluzente, abrem-na. É empurrado lá para dentro, colocado num tapete rolante. Encarneirado.Ouve-se um bip. Fecham-na. Um fila enorme de gente. À primeira pessoa fazem um tratamento, com um eficácia e acuidade precisa, um laser corta-lhe a pele craniana, com a mesma precisão, retiram o cérebro, que é religiosa e sistematicamente colocado numa pequena caixa de metal opaca e azulada. É inserido nas gavetas numeradas de alto a baixo da parede. O corpo é quimicamente tratado e reciclado. É a sua vez, assusta-se, uma luz diz-lhe para a olhar fixamente até ouvir o sinal, uma seringa injecta-lhe sem se aperceber um quimico relaxante, sorri e deixa de reagir a estímulos, de seguida o processo é o mesmo. Já não sente nada, caminha maquinalmente, nem sequer existe. Na manhã o despertador, a cápsula, a barba, veste-se, apanha o eléctrico automático, pica o ponto. Senta-se na secretária 1068 e produz! O mundo é belo novamente!

vim ver


viver tempo em que ninguém é esquecimento Trocar dor por um amor nascer mundo onde se é dono do momento despontar dum enorme torpor ficar feliz apenas por haver contentamento crescer envolto no calor ser livre até ao pensamento vencer na alma e no ente Encontrar toda e qualquer gente cumprimentar na rua no passeio sem palavras e apenas presente dizer tudo no meio do silêncio e escutar tudo atentamente ser são de corpo e mente para além e eternamente






sexta-feira, 26 de junho de 2009

vade metro



estorinhas infantis imberbes para mentecaptos inaptos( retiradas da cartilha de Manel Candeias, 1801)

#1
perdeu-se por uma coxa em alfama
belos momentos de televisivos
e romances de quem esquece tudo quando ama
quase parecia o fátima lopes

a televisionável... não a outra
padecia de várias maleitas
e sonhava ser sardinha




passou-lhe com o tempo,
passou das marcas
e saiu da linha

pela radiação solar,
e uma mutação ao deitar

transmutou-se em fataça.
bem boa...

escamada e tudo,
acamada mais tarde

incapaz de respiração á tona

breves momentos de felicidade

é certo...
contudo, fugaz e intenso
mas enfim tudo passa

o que é certo é que está na Graça,
perto de sapadores,
onde tem um mini-mercado
vende minis aos trabalhadores.

#2

Era uma Vez o Kahmoud

um jovem na altura,
subia aos zigurates
buscando as estrelas
era curioso e fazia uns disparates

foi atirado
sobreviveu

mas tolhido

julgava-se Ciro o grande

cavalgava um carrinho de mão,
envergando uma foice,
dizimando quem passava
morreu como um infiel, o cão.


mas isso é outra estória...

#3

por acaso lembrou-se da Sonia Albacete


moçoila que derivava de terra em terra,
qual nómada com sangue nas mãos
e sangue na guelra,

da parte do pai

andava na apanha de bagas e frutos com os seus comparsas

isto na altura do estio e quase parecia o Dubai
encontrou uma portentosa cerejeira

o sol ia alto e prostrou-se à sombra
o breu caiu de rompante
criando um halo pardacento à sua volta

(à volta dela bem entendido)

no meio de tal denso e pustulento nevoeiro

surgiu um corvo mensageiro

tendo dissertado sobre o taoismo
e as leis da criação
assoberbada com tal experiencia
abraçou a coisa de corpo inteiro



dedicou a vida a arrecadar ideais

ideologias e até uma nova religião
foi para o céu
sem antes ter multiplicado o pão

terça-feira, 23 de junho de 2009

Incongruências (ainda relativamente aos dois posts anteriores)



castração


O dia aparece mais uma vez e até à eternidade. Todos o veem mas ninguém distingue os pormenores. Apontam as cores mas esquecem as formas que elas escondem. As fabricas acordam despejando os idéiais dos homens. As crianças nascem e sao formatadas para a nova ordem mundial. As feiras distraiem o povo. Assim como a tv que esconde a razao. Todos refilam e nao ha revoluçao. Todos opinam sem haver lugar à evoluçao. Ficamo-nos pelo consumo e a ilusao. A culpa? Culpa-se a restante multidao...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

estorinha bucólica( versão2.1)


No monte e nas oliveiras encontravam-se rebanhos tresmalhados. Perguntavam-se sobre questões filosóficas e existêncialistas. Na planície e sobre o calor tórrido a vida não era fácil. Principalmente nos periodos de extrema seca. Manuel Jesus, pastor da zona e por opção, deambulava na recta que cruzava o horizonte. Tinha sempre questões a colocar aos seus animais, sobre o sentido da vida e o objectivo de se organizarem em grupo. Não sabia porque o faziam nem tão-pouco porque lhe obedeciam tão prontamente. Sentia a natureza a invadir-lhe o espaço. Apesar de muitas vezes o seu estado etilico tresandar para lá dos limites do seu mundo conhecido, era capaz de divagações extremamente complexas sobre o seu Universo, onde cada chaparro era um amigo, e um encosto, cada riacho um momento refrescante, onde se mergulhava e renovava os votos de um novo e bom dia.A vida solitária e campestre que fazia provocava a inveja a todos os que ao longe o vislumbravam de relance ao passarem no Ip8. Mas ele, impávido e sereno, invejava apenas a tenra e verde erva que ruminavam seus animais. Trajado com um grande capote e de alforje à tira-colo sempre procurou ser mais. Chegar a um estado de evolução diferente, quiçá até primevo. Apesar de não balir esforçava-se por melhorar a comunicação com o nicho ecológico que se rodeava. Um dia despojou-se de tudo, largou o capote e restante indumentária, desfez-se do alforje, e deixou-se adormecer aquecido junto a lã fertil de seus companheiros. Na madrugada seguinte e com o raiar do sol, pastou. Passou dificuldades nas primeiras semana de digestão, com fortes cólicas e adaptação à celulose. complementava a alimentação com pequenas bagas e frustos silvestres. O discurso oral deixou de ter sentido, as frases e demais pensamentos racionais também. Limitava-se a seguir instintos primários, foi aceite pelos demais, deixando para trás a posição eréctil, e o polegar oponível. Esqueceu-se do seu eu, e da verbalização. Mantinha no grupo uma posiçao subserviente ao macho alfa do seu novo grupo. Cresceu como ser, e evoluiu como ente de um sistema antigo de organização de espécies. Era igual a tantos outros, numa sociedade sem classes, com uma hierarquia primária e uma sabedoria secular. O rebanho ganhou um membro, a humanidade perdeu um elemento. Os primeiros não se importaram, os segundos nem se aperceberam...

domingo, 21 de junho de 2009

Criação


não sabia onde estava e mesmo assim saltou. Não caiu, simplesmente se evaporou, não se eclipsou porém, juntou-se aos milhares de milhões de estrelas que compõem o conhecido, girou até ao infinito, limitado no espaço, mas ilimitado pela imaginação, viajou pelo vácuo, conheceu mundos, as cores, emoções, odores, outras sensações. adaptou-se às novas tendências e voltou a ser deus. SEm nada saber, nem perceber, implodiu para renascer.

sábado, 20 de junho de 2009

Girando à volta da Estrela

O breu dá lugar à aurora pardacenta. Os dias negros, as noites em branco. A espera.Os sonhos definham ao ver o sol nascer. As idéias queiman-se quando os primeiros raios incidem. A brisa agita as folhas no fundo azul. Mergulha-se no silencio e o vento empurra-me. Mudam-me a direcçao, estagnam a criaçao. Embrulham-me num papel de futilidade.retiram-me o arbitrio a expressao e incutem nova impressao na face e na mente. Reciclam-me e atiram-me de novo ao mundo. Conformado ponho a mascara bolorenta. Junto-me à restante multidao. Olhando o vazio. A escuridao. O sorriso maquinal e digo que vivo.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Would Test Photo














limbo



sentia-se siderado e seguia sobre um sentido sem saida. levava a libido e lentamente livrava-se do limbo. Virou voltou-se e verificou que vacilava. Tratou de transformar e traçar o trajecto todo em transversal. Perdeu peso percorrendo pelo percurso perpendicular. Achou na altura actuar antes da ausência de avaria. Cortou caminho e correu como calculado contando o carreiro e cronometrando-o. Falou-se que fazia, falta um fulano assim e fugiu pela fronteira. Materializou-se e memorizou a meta e em ziguezague zombou do Zé.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

e à banda...(visão imparcial)


O rio brilha e queima as ruinas. O sol põe-se entre os ninhos. Os passaros inundam as praias. as searas crescem até ao zenite, os bichos invadem. A floresta faz a fotossintese. a sintese precede a tese, a foto a grafia, a carvão em forno a lenha, vão a casa e fazem por encomenda, a Humanidade esquece-se, num momento kodak recorda-se. revela-se a natureza a preto e branco, tudo cai em cinza e num pranto.
Serve-se frio com batatas a murro

E a banda toca

O rio corre e inunda a areia das praias. O sol cresce até ao zenite, queimando as searas. Os passaros invadem os nichos com os seus ninhos. A floresta avança sobre as ruinas. A natureza em equilibrio e cuidando das mazelas infligidas. Entretanto A humanidade recorda-se de si. E enquanto Um homem luta para sobreviver outro barafusta por viver.

terça-feira, 16 de junho de 2009

UM conto negro II - reposição actualizada

Pela noite, arrastava os seus males como correntes que a agarravam à sua ruindade, o peso era tanto que marcava o chão profundamente, faiscando à medida que prosseguia caminho. Dedicava-se a arrecadar dor, como quem amealha as suas poupanças, a cada dia que passava, era maior o seu espólio. Possuía a avidez necessária para não deixar escapar nenhuma emoção maléfica. Reunia em si todo o egoísmo, a soma de toda a gula, de toda a indecência, o conjunto de toda a inveja universal. Absorvia a luz e energia que brotavam de qualquer ser vivo, retirando-lhes os sucos vitais, e secando-os, não ficando mais que um ente mumificado, sem vida, petrificado, jazendo estático no chão,sem qualquer essência.
Ao olhar uma criança que sorria, transferia para si toda a sua vitalidade, a criança tornava-se num vegetal, sem brilho nos olhos, incapaz de comunicar com o exterior, autista. Os restantes seres humanos catatónicos em decomposição.Os animais caiam como pedras de granizo, e partiam-se em mil pedaços como se fossem constituídos de vidro. As Plantas ao serem tocadas desfaziam-se em pó. No seu lar, tudo jazia, um cheiro acre a morte. O chão de cinzas, as paredes negras, o tecto de madeira fossilizada, sem cor, sem vida, ao seu redor a putrefacção. Procurava o riso, a alegria, a paixão e o amor na vizinhança, e apenas por pensamento, transmutava esses sentimentos em pesar, lamentos, ódio e dor. A cidade onde vivia, era das mais produtivas, e com a sua chegada, passou a ser habitada por fantasmas, espectros que se arrastavam e urravam em agonia, a industria estagnou, o comércio definhou, escritórios em falência, edifícios em total abandono, a economia em recessão. Já nada lhe restava para absorver, os seus tentáculos esticavam-se agora para os arredores suburbanos, tendo o mesmo fim que o restante, Não satisfeita com isto, estendeu o seu poder a toda a nação, transformando tudo em pó e cinzas, os edifícios desfaziam-se e tudo desabava, nenhuma estrutura de pé, uma paisagem desoladora de destruição e escombros, como num holocausto nuclear, nem um ser vivo, e o próprio ar era irrespirável, isento de oxigénio, um cheiro a enxofre exalava de todo o lado, o sol tapado por uma neblina contínua onde já não se distinguia o dia da noite. Qualquer tentativa que a natureza fazia para despontar era desfeita logo ao início.
Este Monstro enfim descansava, depois duma vida a alimentar-se de emoções e sentimentos. Conseguiu terminar com a vida, com o movimento, com a energia. Hibernava no seu longo Inverno nuclear, sorrindo e contando as almas armazenadas. Definhou num mar de inquilinos, que a rasgavam em cada divisão, tomando para eles, parte da carcaça emoldurada para exposição na Galeria Verney, e recordar às gerações futuras que existia tal ~soberba e infecta bestialidade.
Vivia em Paço de arcos.
Chamava-se Silvina e foi a nossa senhoria.

Ora pro Nodi

O olhar pardacento demonstrava falta de paciência, A voz monocórdica isenta de consciência, terá resmungado algo para fora da janela: " Viva Macau!".
Os transeuntes, perdidos no meio da calçada, olharam sem dar muita importância ao caso.
Os dias passaram, os transeuntes também, e nas ruas desertas sentia-se um trepidar constante vindo dos abismos mais profundos da terra, a calçada rachava e abria-se, a estrada partia-se, das entranhas jorravam pequenos fetos humanos, que ao chegarem ao chão, levantavam-se gritando e suplicando pelo leite materno.
No Episcopado regojizavam-se por estas acções, tomadas por divinas, e em resposta ao aumento da interrupção voluntária da gravidez.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Pós-antónio

o castelo empatado com alfama, o mar de gente aclama, as ruas sem fama, o povo em chama.
a marcha continua em direcção ao Tejo, deságua e transmutada em falua, que vem de belém. passada e assada, sem ver bem, embriagada e embargada num pranto fotográfico e uma ida com volta num comboio eléctrico, com final anunciado, ardido e queimado.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

apontamentes

ATÉ À CHEGADA DO NASCER DO SOL, NÃO VOU ACREDITAR QUE ANOITEÇA.

ATÉ ACORDAR NÃO ME DEIXO DORMIR.

ATÉ MORRER VOU TER ANTES DE CRESCER.

A LUZ CHEGA PARA VER O QUE SE PASSA À MINHA FRENTE?

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Telegrama a peso

Tradução e breve explicação do porquê do Tratado( ver blog a baixo)


Ao passar, sem molhar a meia. faz uma cruz.
ao ficar, deixa a porta aberta.
acende a luz, e marca presença, desafia. pica, estica,
e se possivel há que moer, e desgastar, v~e o alcance, salta parta lá da folha, ou do plano, ou l´que seja, não me interessa, tem o interesse uma acção, não a falta dela atenção! olha! Expressa uma sensação ou aponta um senão, uma moção! ou noção de algo, uma tua visão, com cor, movimento, drama, boa trama, e reacção. Ou provocação...deliberada, por vocação, ou espontânea por interacção.

Direito de resposta, reposta a verdade por linhas tortas, curvo até. Com corvos, bosques, estorinhas infantis, ou apenas ardis, versejei mas a rima forcei. ahh...hum. foi-me inato? Provocado? ou procura duma pseudo-estilistica sintaxica.? existe? os conceitos? a preceito. bem perfeito, até perfido, com perfilhação. afiliado, aficionado, com dois cc? sem cilindrada, força motriz, animal, carnal, ena um pecado mortal, e guardado está o bocado, recheado, assado, a sardinha e o bailado, o santo, o antónio e o pessoal esperado. Expectativa guardada. Da bica para alfama, vice-versa, santo estevão, santa luzia, santa paciencia.
Na praia hoje vi uma solha, morta. A maré vazava, eu enchia, de ar, de fé, nadava já sem pé e andava pra lá e para cá. O ascenção, as escadas, a mudança. a edp. o gás, e mais esperança, uma tal andança que se perde a pujança, outras vez uma ritmica impressa, numa qualquer emoção expressa, ah uma desgraça! debito para debater, por apenas falar, e apetecer. Sendo assim reflicte, vê, digere, compõe, discorda a vulso e sem receio, mete o bedelho. por que razão? sem ela, actua. faz um papel, eu desembrulho, uma festa, fiz anos, que foi num aniversario. e passou-se assim quase uma reflexão. irreflectida

interludio do interludio

CAVACO!
CAVACO!
CAVACO!

sábado, 6 de junho de 2009

sexta-feira, 5 de junho de 2009

QQ47

Os pais atarefados arrumavam os ultimos tarecos no porta-bagagens, os miudos irrequietos olhavam-nos do banco de trás, o cão ladrava em sinal de excitação pelo começo da viagem, é o ultimo a entrar e partem!
É o equinócio da primavera, a estrada alonga-se pela planicie como uma extensa serpente negra pelo verde das pastagens, o sol laranja do final de tarde aquece-lhes as faces, o céu em tons de azul e esmeralda.
Aproximam-se da chegada, um mar de gente já se encontra reunida e os carros estacionados naquela remota praia de areia dourada.
Todos se aprontam, olham o céu com um misto de excitação e nervosismo. Uma estrela destaca-se no céu, todos a apontam e sorriem!
Aumenta de tamanho e de brilho, na improvisada audiência gritos e pulos de espanto, rasga a atmosfera, a mais de 100 vezes a velocidade do som, parte-se em mil pedaços brilhantes, ecoando como um gigantesco trovão, a luminosidade é enorme, em 2 segundos atinge o solo, provocando palmas entre os espectadores atónitos, Um silêncio surdo, seguido de um embate violento no azul do oceano, uma onda de choque aproxima-se, enquanto um cogumelo cinza e laranja sobe aos céus queimando tudo à sua passagem, o silêncio dá lugar a um turbilhão de energia térmica, cremando os corpos instantaneamente, segue-se outra onda de choque que os quebra e arrasta com uma força sem limites! O 2003 QQ47 tinha chegado à hora prevista, e em familia foi mais um dia bem passado.

telegrama

a sequela

#669º!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Tratado pseudo-sociológico( edição actualizada)


Sou filho de Abril, nascido antes do PREC, criado no após. Não passei pela ditadura, era demasiado imberbe, não a vivi e não posso expor factos na primeira pessoa apenas considerações póstumas com epilogo duma estado de coisas. Considero-me um subproduto duma sociedade em evolução, com as suas devidas limitações(A sociedade bem entendido! E eu também obviamente...) e as suas dificuldades. Sou alguém que padece também de ausência de ideais, e ideologias, num mundo que hoje em dia nada trás de novo a quem viveu, intensamente e em consciência, os ´80 e ´90. Tenho formação em Ciências exactas, e algumas sociais, embora com estudos académicos, não tenho o epiteto de DR. ou ENG., além de ficar mal, soa a heráldica ou a titulo nobiliárquico, e prepotência. Sou de esquerda, embora não me reveja em nenhum partido do vasto leque à disposição, descrente da religião, por deformação académica, entre o ateu e o agnóstico, embora catalogar algo como isto seja redutor, e quiçá remeta também para a prepotência que referi atrás. Sou Impulsivo e emocional, numa incredibilidade constante do sistema, sou também pessimista, realista e existencialista q.b. com as minhas incongruências, incoerências e vitima deste mesmo sistema e acima de tudo de mim e das minhas convicções sejam elas, endógenas e/ou exógenas. vivo devorando os dias, as vezes sem esperar o amanhã, Vibro com o nascer do sol, comovo-me com o abandono de animais que criei desde a infância, com a fruta que comi das árvores, com a vindima de setembro/outubro, com as férias grandes passadas entre miudos da mesma idade e de outras classes, renasço com um mergulho no mar, e contento-me com as poucas ambições que tenho. Sou uma pessoa difícil, talvez mimada pela revolução, sem ter nunca de passar privações e nunca sofrer na pele a ausência de algo inerente ao crescimento ou desenvolvimento, com acesso total às diversões próprias duma criança, e também à cultura, fazendo da minha adolescência um passeio no parque.


Hoje fala-se muito da tal ausência de ideais, em que esta geração está meio perdida no mundo, sem qualquer motivação, por ter tudo ao dispor, ou pelos menos ter acesso à informação e estar consciente dela, embora muitas vezes não esteja informada nem esclarecida.


No "antigamente" dentro do meu referencial, havia senhas de racionamento durante a guerra, as crianças andavam descalças, o único doce era o açúcar, e as brincadeiras eram caseiras, assim como os brinquedos. Falo da população em geral, nomeadamente a maioria, uma população rural, sem rendimentos pecuniários, que vivia de e para a terra, excluindo daqui uma população urbana, uma elite, latifundiários, gente brasonada, herdeiros e gentes com posses. Uma minoria, quer se queira quer não. Basta comparar os censos, de 1970 com os de 2001...Para não recuar até 1900...


Como dizia, a população, maioritariamente analfabeta, vivia sem acesso à educação, saúde e à cultura, desta última tinha apenas, a popular, não de desprezar por ser a nossa raiz etnográfica e antropológica e o que torna um pais numa nação, o que nos define como povo, e que nos distingue dos demais.
Fala-se(alguns) do Salazar como um heroi, , e as gentes instruidas do litoral, os que o relembram, ou padecem de saudosismo, esquecem-se desta imensa "minoria", em que, o lapis azul, não chegava às aldeias nem às pessoas de classe elevada, não tendo por isso influencia na vida do dia-à-dia das pesssoas, por um lado, pela vida estar reduzida a uma cultura de subsistência quase autonoma e muito longe do poder politico, por outro, por uma posição privilegiada com os centros de poder e decisão, onde a politica andava de mãos dadas com estes ultimos( coisa que não mudou muito nos ultimos anos, mas isso é outra estória). Naturalmente também o crime era muito menor, de dois tipos principalmente, passional e territorial, morria-se e matava-se de cacadeira, por causa da traição dentro do casal, ou pela couve plantada no lado errado do terreno. (Como tudo mudou!....)


A informação e a vivência que nos chega hoje em dia, é deveras diferente e bem mais enriquecedora, a população evoluiu, embora ainda haja focos de pobreza de espirito, paises como Brasil e França(p.eg), o emigrante ainda é visto e conotado como um pacóvio, um bimbo, um ignorante. Com a "Maria" e o "Manel", ambos de bigode e vivendo no bairro de lata.


A Intolerância em vez de se diluir e dissipar, aumenta pelo maior contacto ou "contagio" interracial. Sinal da cada vez maior interacção entre povos, da movimentação e migração das pessoas pelo mundo, pela maior eficácia e eficiência das transportadoras mundiais e o seu mais fácil acesso.
Neste País culpa-se os governos pela crise, os imigrantes pelo desemprego, a ineficacia de instituições ou serviços pela inepcia dos seus funcionários, e desculpam-se as frustrações pessoais delegando nos outros a culpa, sem a atribuirem a si proprios.


Neste Pais está tudo mal segundo os empresários e gestores de pequenas médias e grandes empresas. Contudo são os primeiros a fugir aos impostos como e quando podem, a guardar as suas poupanças em off-shores e a investir em negócios duma economia paralela e extremamente poderosa neste pais à beira-mar plantado.


Neste País, os brasileiros, cabo-verdianos, ucranianos e seus derivados são acusados de roubar os empregos, mas nos centros de emprego continuam à disposição lugares que ninguém quer ocupar, como se o português fosse bom demais para isso e como se ainda vivessemos sobre a Alçada de D.Fernando que tinha uma relação privilegiada com os senhores feudais, descurando o povo...


Interesses que se adivinham obscuros, e estamos predestinados a uma vivência no meio duma corja que só cuida de si mesmo, sem preocupações sociais, como entidades empregadoras que são e como força motriz de desenvolvimento.


As negociatas na coincineração, nas empresas de esgotos e águas, nas obras publicas combinadas pelo bloco central para retirar dividendos, nos futebois, nos jobs for the boys, nos lucros milionários dos gestores de todos os quadrantes, nos prédios devolutos em especulação imobiliária, nos "patos bravos", nas empresas fantasma, etc etc.

Lá atrás quando referi a predestinação, não falo dum destino como o diz a tarologa Maya ou o mestre Mamadu, mas sim de um plano preconcebido para assegurar o futuro duns(poucos) em desprimor dos outros(muitos). O simplex implementado pelos dirigentes de topo, que não sabem se as bases, que é quem de facto efectiva e assegura o seu funcionamento, têm capacidades para o seu desempenho, tornando-o bastante complex... Desmotivando e desmoralizando-os.


Fala-se ainda da descolonização com amargura e mágoa. De quem deixou tudo para trás. Só tenho pena de quem foi forçado a guerrear numa terra estranha e por motivos que desconhecia. Os que lá viviam e que possuiam latifundios, apregoam que até tratavam bem os "Pretos", pois claro, mas é uma questão relativa e se recuarmos algumas gerações, os mesmos pretos andavam agrilhoados, e eram mercadoria...Lembra-me na história de D. Manuel( Ou D. JOão V??) que trouxe duas Bestas( Elefante e Rinoceronte) para o terreiro do paço e divertia-se o povo e a nobreza com apostas de quem matava quem. Era uma novidade...não existia o wrestling... Nem mundo virtual, era tudo bem real...


Em suma, a culpa do mal do país, da intolerância, do atraso, do dito sub-desenvolvimento, que é aparente, pois a crise só chegou aos "outros",e tem unica e exclusivamente motivos nos comportamentos desviantes duma classe que olha para o umbigo, e a unica coisa que deveria fazer era culpabilizar-se pela ignorância, ou indiferença, e atribuir os defeitos a si mesma, fazendo uma introspecção, pois a revolução é já passado, foi feita há 30 anos. A evolução; a das mentalidades está em curso, mas infelizmente é marginal, tendo como consequência os problemas que se debatem e as assimetrias que todos conhecem e ninguém quer ver, fecham os olhos, Mas abrem-se de repente, pelo fascinio do marketing, pois saiu o novo Nokia 10225X e o BMW 7ZB e o guito não dá para tudo. Que miséria de facto...





Nota1: Não quis dar razões nem soluções, opinei, é legitimo não?


Nota2: para ser lido também pelos miúdos do sexto ano.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Memoria

Os corpos pintados à volta da fogueira, as conversas sobre mais uma caçada,as bagas e frutos colhidos na eira, os dialogos em hieraquia, o fumo inalado e passado de mão em mão, um colmo na cabana arranjado, as peles esticadas e polidas, as adagas e lanças aguçadas, enquanto o dia sobre a tundra caia. Um dia esquecido, dum Homem extinto, agora fossilizado, mais que estudado, lido, usado e dissecado. A aprendizagem no museu em forma digital, e a sabedoria antiga apagada, apenas um decalque em papel vegetal.

terça-feira, 2 de junho de 2009

O dia

os cães espumavam, libertos das amarras, de rompante atacaram o mundo e mais alguém.
Os corvos pairando, esperavam pelos cadáveres que dançavam radiantes.
A noite caia sobre a gente moribunda.
O sol definhava definitivamente, enquanto o céu, desaparecia debaixo dum negro manto de sirenes estridentes.
O mar evaporava-se e escorria entre as brechas da terra.
A fauna juntava-se em genocidio na unica savana, a flora reduzia-se a semente.
Fossilizavam as almas, sumia-se o conjunto da vida,
A terra caia para o centro da espiral, onde se reunia com os restantes planetas,
Começavam as festividades, e mais um dia da criança, cada um com o seu doce algodão, e ouviam-se os estalidos dos foguetes à distância.
Havia cerveja fresca.