Quem me dera ser dia.
Sábado ou Domingo.
Um só Dia. Um Verão.
Às sete da manhã por exemplo.
Um dia eterno e porque não?
Acordar dum longo sono e desfrutar. Gozar o calor, o Sol, os horizontes abertos, o espaço infinito num tempo ilimitado.
Sonhar.
Poder ter horas sem horários.
Poder ter caminhos sem indicações.
Partir sem destinos.
Andar fora dos trilhos.
Sair do curso, da rota, sem norte.
Observar tudo e o Todo ver.
Entregue à minha sorte.
Ser um ser diferente a cada instante, moldar-me a cada momento, adaptar-me instantaneamente.
Encontrar-me a cada esquina do mundo.
Descobrir-me numa qualquer praia que banha a Terra.
E talvez chegar lá atravessando o campo de flores amarelas e vermelhas, às centenas.
Deitar-me na areia branca; olhando o céu azul, contemplar-me no mar esmeralda, encandear-me com o sol, percorrer o arco-íris com a mente, esvaziar o corpo, e estar pleno.
Focar o mar, ver as ondas, rebentar de alegria e explodir de êxtase com elas.
Levantar-me com o sol a erguer-se, e com a aurora esquecer a eterna noite, e correr.
Saltar e voar até mergulhar e lá permanecer.
Sem nada escutar. Apenas sentir o oceano a envolver-me, fazer parte dele. Ficar por ali, apenas envolto no fluido e fluir com ele.
Ir ao sabor da maré qual cliché.
Perder o pé.
Nadar, nadar, andar até perder.me de vista.
Perder-me. Achar-me e fazê-lo novamente.
Sozinho entre a terra e o mar.
Acompanhado por tudo o que me é sagrado.
Esquecer os tons pardacentos, pintalgar tudo de verde e prateado.
Retocar os cinzentos e apagar o breu.
Iluminar o negro e brilhar.
Novamente o mar
e tocar da chão o céu
Secar ao sol para outra vez molhar
Criar essa outra rotina até me fartar.
Depois?
Sair da praia e entrar na floresta de cheiro a pinho.
Ver e ser como um pássaro, sem voar nem ter ninho mas desfrutar.
Caminhar pelo mato, os silvados, atravessa-los através dos espinhos
Sim. rasgam-me a pele, já nem sente ardor.
Nada rasga a alma com este recente torpor.
Nada é frio, nada nem ninguém está vazio.
E sim. Está calor e recomeçar, quiçá estar sempre em viagem, sem avião, sem malas, sem culturas e arquitecturas.
Viajar não para ir mas somente estar.
Não parar.
Um sábado que se inicia, um dia que não acaba, um sol que não se põe, uma vida que recomeça sem nunca acabar.
Sem nada findar, tudo está por iniciar.
E quem me dera ser...
1 comentário:
Oh... Pássaro sonhador. Ensinas-me a voar e a sonhar assim?
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