estou tão calmo...e tanto que por momentos entre os instantes sente-se uma serenidade apaziguante redundante que se deseja ad eternum e a mente extende-se como num deserto plano e de horizonte infinito. Os sentidos apurados falam-me e compõem-me e criam uma imagem:
viajo com um sol de verão de nascente a poente subindo ao zénite e descendo a pique e vejo o leque de todas as cores oiço o silêncio de uma madrugada quente e salgada com um sabor neutro e num olfacto que esteja apurado,sente-se a terra neutra misturada com o sabor, a azul do céu, trazido pelo vento sul.
Esta criação é toldada pela presença humana que vem dos 4 cantos do mundo e ocupa os 5 sentidos, de repente inundados por inumeras sensações. Espectros perturbam agora o ser, e que ensombram a luz e me cega; os ouvidos perturbados com aquela sensação que precede um terremoto; o sabor a azul sai, é inundado pelo acre acutilante da sempre presente realidade; entra o cheiro pestilento da nossa falta de humanidade, um odor sem senso que penetra pelas narinas; sinto na pele dos dedos, espinhos, como que se nas mãos agarrasse um outro universo pleno de caos.
Uma inversão na sensação. tocando-se os extremos. a mente dilui, concentra, mistura, confunde e funde duas díspares realidades: das loucuras insanas às perfeitas harmonias num segundo.
Um vácuo negro e escuro, das entranhas da terra, brota e entram por mim as almas de dezenas ou centenas de corpos moribundos que vagueiam desde que a humanidade foi criada, e enche-me com todas as sensações de dor, mágoa, angustia, rancor, doença e horror.E no Negrume e no bréu, perco-me, porém numa inspiração mais cuidada sente-se o Mundo inteiro, perfeito,sem caos e sem desordem, talvez até sem ordem, mas puro, perfeito e original. Pausa... talvez sonhasse... mas fico como que atravessado com um lado ou uma faceta obscura do mundo e fica connosco essa dor, as vezes finda... e é só um torpor, uma caimbra. Mesmo acordado permanece uma dor e quase que não há recordações,apenas nos faz pensar, em nada, e esquece-se.Por uns segundos só me apetece sorrir e lembrar de não esquecer o momento. talvez não exista. Um pesadelo! éisso! e penso no futuro e que traga uma nova crença, ou algum tipo de fé, que apague aquela visão, esse lado nefasto, essa sensação tão avassaladora que quase rebento, com o excedente de informação e o excesso de emoção! Mas talvez ja seja tarde para esquecer, e fique na memória guardado para sempre. Resta recordar o acordar, e trazer de volta a serenidade, e o breu se apague. nasce o sol...