João Cruz Oeiras de Portugal adesão a portal.membros@spautores.pt

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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

os opostos

estou tão calmo...e tanto que por momentos entre os instantes sente-se uma serenidade apaziguante redundante que se deseja ad eternum e a mente extende-se como num deserto plano e de horizonte infinito. Os sentidos apurados falam-me e compõem-me e criam uma imagem:

viajo com um sol de verão de nascente a poente subindo ao zénite e descendo a pique e vejo o leque de todas as cores oiço o silêncio de uma madrugada quente e salgada com um sabor neutro e num olfacto que esteja apurado,sente-se a terra neutra misturada com o sabor, a azul do céu, trazido pelo vento sul.

Esta criação é toldada pela presença humana que vem dos 4 cantos do mundo e ocupa os 5 sentidos, de repente inundados por inumeras sensações. Espectros perturbam agora o ser, e que ensombram a luz e me cega; os ouvidos perturbados com aquela sensação que precede um terremoto; o sabor a azul sai, é inundado pelo acre acutilante da sempre presente realidade; entra o cheiro pestilento da nossa falta de humanidade, um odor sem senso que penetra pelas narinas; sinto na pele dos dedos, espinhos, como que se nas mãos agarrasse um outro universo pleno de caos.

Uma inversão na sensação. tocando-se os extremos. a mente dilui, concentra, mistura, confunde e funde duas díspares realidades: das loucuras insanas às perfeitas harmonias num segundo.

Um vácuo negro e escuro, das entranhas da terra, brota e entram por mim as almas de dezenas ou centenas de corpos moribundos que vagueiam desde que a humanidade foi criada, e enche-me com todas as sensações de dor, mágoa, angustia, rancor, doença e horror.E no Negrume e no bréu, perco-me, porém numa inspiração mais cuidada sente-se o Mundo inteiro, perfeito,sem caos e sem desordem, talvez até sem ordem, mas puro, perfeito e original. Pausa... talvez sonhasse... mas fico como que atravessado com um lado ou uma faceta obscura do mundo e fica connosco essa dor, as vezes finda... e é só um torpor, uma caimbra. Mesmo acordado permanece uma dor e quase que não há recordações,apenas nos faz pensar, em nada, e esquece-se.Por uns segundos só me apetece sorrir e lembrar de não esquecer o momento. talvez não exista. Um pesadelo! éisso! e penso no futuro e que traga uma nova crença, ou algum tipo de fé, que apague aquela visão, esse lado nefasto, essa sensação tão avassaladora que quase rebento, com o excedente de informação e o excesso de emoção! Mas talvez ja seja tarde para esquecer, e fique na memória guardado para sempre. Resta recordar o acordar, e trazer de volta a serenidade, e o breu se apague. nasce o sol...





quarta-feira, 21 de outubro de 2009

paradoxo

Um unico ponto, e na visão turva do nevoeiro cerrado que entrava nos poros. O ar acumulava-se nos pulmões fazendo-o flutuar ao nivel da troposfera, os ventos empurravam-no para as nuvens, as goticulas de água juntavam-se formando numa bolha que o envolvia, a energia era tremenda, soltava-se num relampago embatendo nas particulas de poeira atmosféricas subdividindo-o e espalhando-o por toda o espaço saindo da orbita. Esticando-se ao limite o corpo perde uma dimensão e ganha a totalidade do plano, estende-se numa unica linha recta de comprimento infinito,e a alma outra linha espiralada no eixo da primeira, formando uma helicoidal sem principio nem fim, agora omnipresente e omnisciente. Num instante qualquer e por uma acaso circunstancial, cria a vida, não lhe agrada e extermina-a, O universo é agora silencioso, calmo e tranquilo, no seu caos encontra a paz, é feliz, vira-se na cama, olha pela janela, e continua a chover.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Acorda!

Era um dia como os outros, com uma grande diferença, chovia a cantaros. Ninguém andava nas ruas, estava tudo desaparecido, no local onde havia a cidade, havia agora um grande planalto verdejante. O homem desaparecera e dera lugar a um rebanho. Sem numero de identificação bancária, sem o prazo para o pagamento da electricidade, sem horário, sem indumentária, sem cenário, sem mascaras, sem dramas, tramas, ardis e enredos complexos. A vida corria fácil, o sol erguia-se no meio do mundo, os ruidos mais estridentes são resultado dos berros dos cordeirinhos. A água corre livre sem barragens, os animais circulam sem redes e cercas electricas, a relva cresce em qualquer lado e a par com os silvados, as árvores morrem de pé. Eis que surge um zunido irritante que persiste, que não pertence a este mundo, um barrulho mecânico e monocórdico, algo de artificial que afasta este mundo. Abro os olhos e o despertador toca.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Filosofia barata

A constituição de 1976 traz com ela os principios básicos do que nos compõe como sociedade, das máximas que nos guiam e nos marcam e que contribuem para a nossa evolução como povo, o que nos diferencia ou aproxima das outras sociedades e aquilo que nos transformou politica, cultural e socialmente. Com o 25 de abril, veio a liberdade, e com isso os nossos direitos mais básicos, como o acesso livre à eduçação, à saúde, à habitação, à cultura e à liberdade de expressão, de associação, de manifestação, de contestação até. O Século XX, trouxe ao nosso País, conceitos que já eram conhecidos desde tempos muito anterirores. A revolução francesa e a independencia dos estados unidos da américa abriram portas a uma revolução mais profunda da humanidade e a uma evolução de mentalidades, a uma foram de pensar individual e colocando a humanidade à frente, deitando por terra o teocentrismo na maioria dos casos. Mas dizer-nos completamente livres é demasiado. Vivemos num plano de realidade que nos faz interagir com os demais, e embora sejamos senhores do nosso destino, dependemos sempre de terceiros. Estamos conscientes de que somos livres, e disfrutamo-la, mas é um conceito abstracto e é transcendente, quando esta é divergente para todos e toma uma forma diferente em cada instante, no seu todo é unica embora interpretada de diferente maneira.Fazendo com que a nossa liberdade se adapte e molde ao proximo, tornando-nos escravos de multiplicidades de trilhos que nos intersectam. Assim, nunca somos verdadeiramente livres uma vez que habitamos no mesmo plano com uma infinitude de opiniões, e para se seguir o nosso caminho teremos de inevitávelmente de pisar o trilho do outro, convergem e divergem, andam em paralelo ou concorrentes ao nosso, e assim sendo a liberdade é uma prisão da nossa opção e uma verdadeira servidão humana.
Estamos no fundo como o ratinho que corre na sua rodinha, sem nunca sair do mesmo sitio.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009