era pacata e trabalhadeira
mas ficou stressada demente e caótica
e enredou-se numa teia...
Enrolada ficou - sofreu uma mutação
Passou a ser Ovelha
devido a extrema radiação
Enviada por estranha e bizarra parelha
Essa assim denominada
Era só "alguém"
Era conhecida de muitos
E muito mais que ninguém...
A estória não acaba aqui
Se não debatia apenas pronomes e semântica
mas para lhe contar a si
Acrescenta-se muito mais sintaxe e gramática
Então por que se transformou?
Será isso que vou contar
E o que a transtornou
Aqui minha opinião vou deixar:
De seu nome Ovelha toni
Em tempos perdeu a fé
e no Mar de gente ficou sem pé
a alguém lhe deu a mão
tendo perdido a razão, a visão
e qualquer bom senso e emoção
Em perspectiva e analisando a frio
e nesse "momento" que esticou a mão
foi um instante infinito de extrema perdição
e assoberbada tristeza e confusão
que nesta retrospectiva alargada como um rio se vai contar
De fio a pavio
Muitas vezes a frio
Outras a quente, tal é a torrente de informação e contada em primeira mão espero não vos maçar com esta portentosa inundação...
E Então?
Como Ovelha que é
E seu nome indica
pulou a cerca, Por quê?
Não sabe...quiçá por ser como a outra: choné
Pulou a cerca
Nao literal
e isso é axiomático
No campo romântico
nada mais será dito sobre isso
apenas friso para introspecção
não é algo que sempre faça
nem doença crónica
ou sintomático
foi um impulso bárbaro
num momento de paixão
E até caso insólito
Achava-se ronhosa
e até Ovelha Negra
mas tinha mais se ranhosa
isso sabe de certeza
Pois não passa de cabra velha
contudo é imberbe
quando está com a telha
além da cerca, salta a sebe
Contudo e por ter esta sede
e por vezes não ter espinal medula
faz o que não deve
Entra em espiral e não regula
como todo o gado
é pertença do rebanho
é espécie gregária
Mas teima e torna-se sectária
O feitiço vira-se contra o feiticeiro
e mesmo cabra ou cordeiro
é votada ao ostracismo
e so depois chora o dia inteiro
Chorar sobre leite derramado?
não carece pois é passado!
e nem no melhor pano
terá a nódoa caído?...
Ora se ao lavar o pano
não limpa a alma
e fica insano
ostracizado, sem ver vivalma
a vida não termina
e há quem a conduza
tem um bom pastor
Que bastas vezes usa e abusa
Desse Pastor há tanta coisa pra dizer
não é contudo nesta forma
de estrofes e quadras
que o vai conseguir fazer
Vai assim tentar
Em prosa ou a poesia
soneto ou antologia
Tudo o que tem a Desabafar
Se isso arde, magoa e ferve
Não saberá já dizer
Contudo e por ora serve
Pois não se pode conter
Assim e para começar
a ovelha terá de se contentar
em ser modesta abelha
e terá coisas que arrebanhar
não gado, nem mel
De início largar o fel
De permeio destilar estima e carinho
voar baixinho
e encontrar de novo seu ninho
O Pastor será então apicultor
e é decerto o seu amor
e vive esta dor
recriando a teia e um grande torpor:
fulgor por possuir
ardor por ter fugido
amor por querer pertencer
a quem nunca deveria se ter apartado
Mas agora faz parte sim
Do maior mundo
Este que enfim
É hediondo e imundo
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