João Cruz Oeiras de Portugal adesão a portal.membros@spautores.pt

Nome

Email *

Mensagem *

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Fuligem da memória futura



Sai da Hibernação.


Num tempo indeterminado.


Um local qualquer


e numa memória infinita


Tinha dentro dele as sensações de todos os seres.


Arauto do pensamento universal.


Era transmissor da história da vida, dum catálogo de tudo o que foi e aconteceu, fosse na terra nos mares ou nos céus, desde o primeiro estromatólito ao último primata.
Abriu a porta estanque, mas antes...Inspirou derradeiramente o ar primevo.
saiu.

A rua deserta.


A praça consumida.


A cidade perdida.
As arvores queimadas.


Os montes infectos.
A planície estagnada
A fauna e flora carbonizada.
Caminhava pela estrada de alcatrão derretido, colava-se aos pés em cada passada. A borracha da sola confundia-se com o crude. Descalço pela matéria em ebulição, prosseguia vagarosamente, os ossos pesavam-lhe, a carne cremada junto à pele.
O sol tudo infectava, a intempérie a tudo chegava, o frio gélido tudo assolava. Congela.
Sentou-se fumando o cachimbo de cana entupido com ópio.


Tolhava-se-lhe a visão.


O cinzento da paisagem confundia-se com o acimentar da ilusão.


As alucinações vinham em sequencia e repetidas eternamente.


Voava por cima de tudo, mesmo acima do zénite.
transportava nele os sentimentos e emoções do Mundo.
trazia com ele as recordações dos sorrisos e das cores dos desenhos infantis.

Era o último.


Era único.


A lembrança do passado era vaga e apagada pelo horizonte em decomposição.
Abrandou a velocidade.
Aterrou.
Combustão espontânea.
Apagou-se.
Tudo terminava
.


O vazio.

2 comentários:

Sónia disse...

"tudo terminava"...morreu? não! renasce, sai da hibernação. Enquanto o coração bate no peito estamos sempre a nascer ...

Bj

Cruztáceo disse...

é uma visão, alucinada, enegrecida quiçá, mas divagava, ao longe, perdido aqui, mas achado em mim. Momentos ilusórios, devaneios irrisórios. Paisagens mentais que aparecem, fotográfo e descrevo apenas.