sábado, 18 de abril de 2009
Borboleta
adormece, e cai. o poço sem fim sem luz ao fundo, sem paredes, sem cinto, sem rede. cem braços esperavam no final, agarravam-no, separavam-no em pedaços, trituravam-me, dividia-me e multiplicavam-me, saio do esgoto, vejo as trevas nascerem, o dia a pôr-se finalmente, desaguo na foz, quedo-me pela ribeira, a salvação espera-me mais à frente, uma borboleta poisa-me no ombro, dá-me a mão e leva-me, trata-m, cuida-me, retira o lodo, sobe, as estrelas à luz, conduz-me pelos trilhos, faz o meu caminho, desbasta o mato, muda-me as lentes, vejo difuso, custa-me a olhar, talvez nunca tenha visto, observo-me e olho para trás, ainda muita raiz que se prende ao corpo, à medida que me transporta tudo se vai desprendendo, sai a mágoa, foge o rancor, extingue-se o medo, esvai-se o ódio, o trajecto está a meio, mas não passa do princípio, assim guiado, levanto a cabeça para a frente, larga-me e deslizo, deslizo agora só, e contudo acompanhado, pelos ares. O azul, brilha, e reflecte-se em mim, ainda não é o suficiente, o albedo aumenta,peço mais um pouco, e espero. O tempo infinito o espaço ilimitado. Revivo. estou-lhe grato.
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6 comentários:
Lindissimo.
Abraço te no azul.
um bjo
Muito bem.
;)
O tempo é finito e o espaço ilimitado... sem referencial, são relativos, eles também, ainda que vistos daqui pareçam tão absolutos e tão maiores que nós...
Debater-nos com as trevas, no fundo do poço, é tantas vezes o preço pela maravilhosa sensação de se ser salvo... ou ser-se salvo é a maravilhosa recompensa depois de nos debatermos com as trevas...
Mas depois das trevas vem sempre a luz... depois do desamparo, vem sempre a mão que nos segura... se assim não fosse, que sentido teria tudo isto? Esta aparente loucura?
Opá, poça... o tempo é INfinito, era o que eu queria dizer... ando mesmo dââ... :-S
Cada início de um dia é um desafio, uma novidade se assim o quisermos. Às vezes temos a sorte de ter quem nos cuide, quem nos trate e quem nos guia. Aproveita essa oportunidade :)
O inicio do dia foi o principio duma vida. O Sol nasceu e vi-o no seu esplendor, talvez pela primeira vez. Experimento vê-lo mais vezes e senti-lo sempre. Embora não crente nem pagão misturo uma espécie de prece para que saiba aproveitar, no meio da minha confusão.
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