Martinho vivia pacatamente na sua cidade. Era pouco exigente, vivia com o que tinha, não ambicionava nada por ai além, gostava de saber coisas e de estar informado sobre o mundo. Embora este mundo não lhe agradasse, vivia à margem, as pessoas causavam-lhe ódio, talvez não, talvez não seja a expressão certa, era mais repulsa, não se identificava com elas. Com os seus sorrisos falsos, os seus elogios uns para os outros que tresandavam a desdém e cobertos de inveja, com as suas conversas fúteis, ricas em matérias desinteressantes, aqui e ali polvilhadas com a necessidade de afirmação, em que cada um dos intervenientes tinha sempre uma ultima palavra a dizer e um facto extra que o enaltecia e servia somente para regar o ego, gente essa que tinham objectivos grandiosos, que julgavam o proximo com uma facilidade incrível apenas pelo gozo de o fazer, por viverem numa sociedade competitiva em que são ensinados a serem melhores que os outros todos, contudo nunca o chegarão a ser, daí os julgamentos, os preconceitos, a intolerância, sempre sem conhecimento de causa, porque apesar de serem doutores a educação não passava da académica, pois nos actos reflectiam a sua mesquinhez e egoismo, e mesmo a académica era defeituosa, tinham a informação mas não a sabiam utilizar, tiornando-se inaptos ou mesmo incompetentes, não olhando a meios para atingir os seus fins que não eram mais do que arrecadar dinheiro para mostrar aos amigos: o veiculo topo d egama, ou então o trelemóvel de ultima geração, quase com ligação aos neurónios, o que daria jeito, pois seria a lei das compensações, já que carecem destes últimos, e ao menos que possuam muitos gigas num instrumento que lhes servia basicamente de ostentação. A vida era um palco, e nada do que se via, nada do que se fazia, nada do que se dizia, era real, tudo uma fantasia, e cada novo dia correspondia a uma nova máscara. Assim vivia Martinho no meio das gentes, rodeados do que ele achava, uma corja, falsa e sem escrúpulos. E no fundo invejava-os gostava quie a sua vida pudesse ser simples, mesmo que artificial, porém não tinha estofo, e padecia de baixa auto-estima, isolava-se e fugia para a montanha. Vivia de forma utópica, e sonhadora, muitas vezes seguia trilhos que não o levavam a lado nenhum, mas enquanto os trilhava tinha momentos de sobriedade, escondia-se por detrás dos arbustos, enfrentava o mundo assim. Prejudicava-se a si e a quem o acompanhava, não sabia porque havia de trilhar tão sombrios caminhos, que o sossegavam, faziam-no sair por momentos da tremendamente estupida realidade que tão ardentemente queria evitar, acabava por perder-se, andava em círculos, era momentaneamente feliz dentro da sua solidão, não se identeficando com nada nem ninguém, deixou de acreditar em si e não via alternativas aos seus morbidos atalhos, começava a tomá-los como a sua realidade, e o que mais odiava nos outros começou a apoderar-se de si, a existência tornava-se banal, o que era o seu escapismo abosrveu-o de tal forma que tranformou-se naquilo que mais repudiava, teve um fim trágico acabando por ficar preso ao trilho, definhando na sua dor e numa mágoa que nunca mais o deixaria
quarta-feira, 22 de abril de 2009
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3 comentários:
Gostei.
;)
Martinho tinha mais virtude que os demais... era importante que Martinho não se tivesse deixado enganar pelas aparências... e percebido que muito mais próximo da verdade e da felicidade estava ele do que todos aqueles que riam e diziam coisas da boca para fora... o seu único erro foi deixar-se enganar... erro fatal, por sinal... mas também não precisava ser fatal... mesmo um dia caindo na superficialidade, existe a hipótese de voltar, assim ele se apercebesse, assim ele decidisse voltar, assim ele fizesse brotar dele mesmo a força e a coragem que é preciso para se ser autêntico...
É fácil não nos identificarmos com "as pessoas"... elas não têm identidade, como haverá Martinho ou alguém de se identificar com elas?? Sobretudo se ele tiver identidade??
Ou se andar em busca dela...
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