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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

E ao enésimo dia descansou para sempre...


e Ana viviam num mundo idílico. Tinham tudo à disposição. Um cenário fabuloso, com montanhas cobertas de neve a norte, um planície verdejante onde habitavam, o mar calmo e azul a sul, a poente um pequeno deserto em forma de tundra, a nascente um rio que desaguava juntamente com uma floresta secular. Uma quinta com animazitos que cuidavam, sobreviviam da caça/pesca de recolecção de bagas e frutos. Cresciam assim, qual casal modelo num mundo fabricado para eles. E um deus em cima num ceu doirado e esmeralda, conforme a hora do dia. ia à pesca, Ana alimentava os animais e sentava-se ao final da tarde, preparando uma fogueira com o seu companheiro para assar um peixito fresquinho. Os dias passaram, e não envelheciam. Eram felizes, viam o nascer e o pôr do sol, as marés, o degelo, os ventos a dobrar as copas das árvores...Mas aborreceram-se. Não havia uma cobra nem tão pouco uma maçã. O tédio apoderou-se deles. Chamaram o deus, que apareceu com toda a pompa e circunstancia, com direito a trovões e tudo, numa cena digna duma pintura duma capela Cistina. perguntou-lhes que mais queriam, eles retorquíram: "Nada!". Nada??? - repetiu o deus, escurecendo os céus e tolhendo-lhes a visão, criando um cenário oposto ao primeiro e até Dantesco. "Sim nada!"- repetiram. Ana apagou o cigarro, levantou-se tirou a manta das pernas, pediu uma flecha a , pegando em seguida no arco, e arremessando-a certeira a deus, matando-o de súbito.
A maré continuava a descer, o sol acabava de por-se, as montanhas imóveis como sempre e cobertas com neves eternas e uma brisa vinha do deserto. Fizeram o check out. Arrumaram as malas no carro, deram à chave, entraram na via rápida, e deram por findas mais umas férias de verão.
Pro Ano haverá mais, lembrou Ana que não voltariam aqui, o serviço era péssimo.