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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Versão do Burlesco que descartei mas que publico para uns leitores mais exigentes e que apreciem criticar versões adulteradas e /ou desprezadas

Um porco agrilhoado pairava no matadouro.

Fugiu, escondeu-se, desceu o rio Douro.

Mascarou-se passou a Javali.

Disfarçado entre a multidão.
Misturou-se com as gentes daqui e dali.
Sentou-se num café,

pediu uma cerveja
Não estava bem sentado e pôs-se de pé.
Não era uma imagem que sempre se veja.
Um Suino bebendo ao balcão.

Desconfiaram e saiu misturando-se com a multidão

Escapuliu-se entre as vielas,

transformou-se

e ergueu-se.

tentou voar, em vão.

Pegou numa bicicleta

Em todo-o-terreno veio a lisboa

Estava a ser seguido e estavam-no a espiar

Ziguezagueou e bazou para Dakar,

estava safo, eentre a bruma, perdeu-se.

Longe de alcácer quibir

sem o rei parecer

Num corso foi cair

a todos fez rir

envergonhado fugiu Pros lados de alcácer do sal.

Estava já longe e perto do Sado.

Arriscou e foi a nado,

passa a fronteira do real.

não Paga a portagem,

Está ilegal.

negam-lhe a passagem.

ronca de raiva

Pára para à beira-mar vendo a paisagem

adormece e queima-se com o sol.
Acorda tarde. É reconhecido!

Fica quieto que nem um rato.
Mas é regado com azeite e sal
e no restaurante é servido como coirato.....

"Burlesco pós Carnalavesco"

um porco agrilhoado pairava no matadouro. Fugiu, escondeu-se, desceu o rio. Mascarou-se passou a Javali, disfarçado entre a multidão sentou-se num café, pediu uma cerveja, desconfiaram. Escapuliu-se entre as vielas, transformou-se e ergueu-se. tentou voar em vão. Pegou na bicicleta fez todo-o-terreno de lisboa a Dakar, estava safo, entre a bruma, perdeu-se. Não em alcácer quibir, mas em alcácer do sal.Longe da civilização e perto do Sado. arriscou e foi a nado, passa a fronteira do real. Paga a portagem, negam-lhe a passagem. Está ilegal. Pensa e reflecte o sol. Queima-se, cheira a coirato, é servido com batatinhas. O estabelecimento fecha, a empregada limpa a cozinha. Ninguém sabe que se passa. Joga-se às cartas na praça. Pede-se mais um copo. Acaba-se o tinto.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Naquele dia de inverno Parte II



Um bizarro peixe abissal olha para aquela estranha criatura, sentindo que a mesma não pertence àquele meio e empurra-a das profundezas até dar à beira-mar.


Acorda, sem saber quanto tempo passou desde aquele mergulho, sente-se estranho, diferente. Volta para casa. adormece e descansa uns dias. Talvez não passasse tudo dum sonho... Levanta-se e sai. Anda erraticamente. A cidades e as ruas, o céu e as gentes como que o desaprovam, rejeitam-no, olhavam-no com um misto de desconfiança e desdém. Estará a ser preconceituoso?


O tempo e os dias pareciam repetições e reposições. Não conhece já nada nem ninguém. Sente-se um proscrito, regressado dum espaço e dum tempo há muito apagados. Não comunicava com ninguém mas recebia sinais visuais de todas as direcções:de desaprovação, outros de nojo e ainda de ignorância.O repúdio uma constante. Sentia-se perseguido e complexado . Estranhou tudo. E nada entendia.


Questionava-se sobre quando e como é que deixaram de ver as cores, de observar as formas de analisar os conteúdos. E todos o avaliavam, mediam,julgavam e condenavam. Juizos de valor estes sem fundamento, baseados em conceitos duma moral antiga e rudimentar. Ninguém falava com o outro, ninguém se tocava, havia o medo de os olhares se cruzarem, e uma desconfiança no próximo primária. Os objectivos individuais baseados no interesse, no egoismo, no engano e na mentira enquanto todos trabalhavam para um colectivo que desconheciam, impessoal e abstracto.


As sensações mais básicas e primárias desapareceram.Como o amor que era inexistente, o desejo que esmorecia, a vontade que definhava, as liberdades individuais e o livre arbítrio que se extinguiam. Olhos vazios, os rostos frios e fechados, a mente estéril e formatada,em corpos mecanizados.


Saiu dali, daquela sociedade, desta nova civilização, e foi ao encontro do Mar. Entra nele e segue ao sabor da maré, sem forçar a corrente e afunda-se novamente. Definitavamente.

Naquele dia de inverno



Acorda como todos os dias com o nascer do sol. Um dia de trabalho pela frente. Olha-se de relance ao espelho e muda o seu rumo. Engole o pequeno-almoço. Prepara-se para o dia de trabalho com a neura e o eterno drama da Segunda-Feira. Sai, dá duas voltas à chave vira-se para o mundo e pára.Não! Não. Hoje não vai trabalhar, decide tirar o dia para ele. desacelera o passo e o coração volta a um lento compasso. Vê toda a gente na rua a correr para os transportes,outros no café, tomando-o de pé, o cigarro fumado à pressa, dentro do carro desesperam com o transito, apertam-se no autocarro, passeiam o cão empurrando-o e arrastando-o pela trela olhando para o relógio. Gritam. Buzinam. Não pensam. Não vivem e sobrevivem numa correria louca enfim.

Agora sente que não pertence aquela gente, está livre por um dia! Rejubila!

E nesse dia, o mar estava apetitoso, apesar da manhã fria mas soalheira de Inverno. Descalça-se, quando os pés entram em contacto com a areia fria e humida, sorri e avança para o mar. À sua frente só azul. E um horizonte em tons de azul. Mergulha na água esmeralda e um calafrio sobe-lhe a espinha enquanto entra naquele tom, sem destino, rumo à escuridão. O choque térmico fá-lo despertar, e finalmente vê tudo claro agora! Sente um apelo e nada para o fundo, desce penetrando cada vez mais, passando do azul ao negro. Está sem folego mas continua cheio de energia como se o Mar lhe trouxesse ânimo e vontade de continuar a descer. A perder-se no bréu. Ou talvez a encontrar-se!...

Parece um sonho. Sozinho ali, sem som, sem gravidade, sem peso, abraçado pelo Oceano, reconfortado. E olha para cima. Uma luz lá em cima que se apaga enquanto desce e se afunda, agora sente que a vida tem um sentido e o unico objectivo é tocar no fundo do mar que o cerca, puxa e empurra num embalo dormente que lhe agrada como um baloiço. Fecha os olhos. Ri-se! Solta uma gragalhada e as bolhas de ar que lhe saiem pela boca que parecem as bolhinhas de sabao que fazia enquanto criança. É Feliz! A luz apaga-se e mantém essa recordaçao enquanto a memoria se esvai e nenhuma outra lembrança fica. As emoçoes partem para a superficie as sensaçoes abandonam-no, o coração pára, na boca um sorriso, um brilho mantem-se nos olhos enquanto o corpo cai, sem vida na areia. Naquele belo dia de Inverno.
(continua...)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Uma (R)evolução precisa-se Urgentemente!!!



Vivemos numa crise. Num mundo que já não reconhecemos, que depois de tanto viajarmos nele, perdemo-nos, pelo menos assim o sinto. Dão-se nomes às coisas, desligámo-nos da terra e já nem olhamos as Estrelas, e nem sequer tempo há para nos observarmos ao espelho. Mas catalogamos tudo e até criamos novas Eras e novos tempos. Vivemos também na era dos Ismos; Positivismo, determinismo,socialismo realismo, iluminismo, entre outros, mas de iluminação, só mesmo ao fundo do túnel. Agora é mais o pessimismo e egoísmo que parecem vingar...

Entretanto entrámos numa nova crise, mais outra. Vivemos no meio da crise. Uma crise económica e financeira, ou como lhe queiram chamar pois até ver, há liberdade de expressão, e temos nas mãos, na opinião de muitos, uma crise maior; de valores, de princípios, de ideais, e de falsos moralismos.


No texto que publiquei anteriormente, Antero, Eça, entre tantos outros, já no séc XIX, e na apelidada "Geração de 70" apontavam os males deste país e as soluções para os mesmos.
Preocupados que estavam os nossos estadistas com o desenvolvimento económico e material, esqueceram-se do social e emocional, apesar de tantas revoluções e tantos "ismos", entre elas, as liberais, sexuais, culturais e outras que tais. Naquele tempo e depois das invasões francesas, houve revoluções para todos os gostos, a liberal, a setembrista, a de costa Cabral, a de Fontes Pereira de Melo, e a da Maria da Fonte. E os tais ismos a vulso e por catálogo.

Perdidos no meio de tanta ideologia, a nobreza continuava intocável, e a burguesia dava os primeiros passos para tomar de assalto os cargos políticos, mas para tratar de se governarem a si mesmos, pois o povinho que sempre foi o sustento de todos, que se entendesse, e que se governasse com o que tinha e com as migalhas que sobravam.
Com o "Grito do Ipiranga" no Brasil, e abertura dos seus portos aos mercados internacionais, ja não havia já ouro que nos valesse, e a nossa autonomia e independencia estava em risco, com Ingleses a sacarem o que restava, deste canto à beira-mar, com uma industria que estagnava e já a dívida externa aumentava.

Passaram os anos,e pouco mudou.

Veio a republica e finalmente a autocracia (ou ditadura) de Salazar, que muitos saudosistas continuam a venerar, qual bezerro de Oiro.Onde já não é o povo quem mais ordena, nem nunca chegou a ordenar, e nesta altura do campeonato, com o lapis azul e o ditador soft que dispunhamos, mas que chegava para nós, já este nobre povo se acomodava à sua triste sorte, a uma sina miserável, a uma vida mesquinha e também ao Fado,a nossa montra da cultura no exterior, que demonstra a nossa maneira de ser, uns coitadinhos, uns desgraçados, que ficaram para trás no tempo, anacronicamente na altura em que eram grandes e dominavam os 7 mares e os 4 cantos do mundo.
Porém esta nossa gente muito protesta( eu incluído), mas nunca faz ou nem fez nada, e continua a deixar que os outros os governem e nos entrementes se governem.

interludio

Hoje no comboio em vez do habitual número de carruagens, chegou com menos três .Um Utente todo inchado e inflamado de raiva, pelo estado do país e pelo estado traumático que lhe provocou esta enorme inconveniência: de não ir no seu lugar da sua carruagem, do seu comboio das 9: 25 que rotineiramente apanha, reclamou com o revisor, que isto era uma vergonha, e que não podiam fazer isto, etc etc, por azar sentou-se ao meu lado e tal qual senhor feliz e senhor contente dizia à gente como vai este pais. Incomodado fiquei eu também com tal superavit de informação que debitava, pedi licença para me mudar, pois apesar de estar quietinho a ler o Destak e de auscultadores, estava farto daquela palestra cliché que declamava. Perguntou-me se estava a incomodar ao que eu respondi que sim, e ao qual retorquiu que não deveria ter votado "neles"(Neles quem?), e eu discordei, não votei neles, e o senhor respondeu que também não tinha neles votado e eu então finalmente disse-lhe para não votar também nos outros. Ficámos por aqui. Mudei de lugar e aumentei o som, ficando certamente o senhor a falar para uma plateia de utentes da Cp que certamente o aplaudiam. Quem não tinha culpa disto, era certamente o Revisor que decerto que não acordava de madrugada para atrelar as carruagens da composição antes de começar a picar os bilhetes.

Fim do interludio

Ora, isto demonstra que o Zé( o povinho) protesta fora dos locais próprios para o efeito, canaliza mal o seu descontentamento, (basta verificar, que quando estamos em bicha num semáforo 2 segundos antes de passar para verde já estão a apitar desde o segundo lugar da fila até ao ultimo!...) e aponta sempre o dedo aos mais pequeninos. O Estado a que chegámos, e se estamos desempregados, é sempre culpa do preto, do cigano, do brasileiro, do moldavo, etc, se formos funcionários privados a culpa é do governo e dos funcionários públicos, se formos funcionários públicos a culpa é de todos os outros acima indicados e assim em diante. E ao fim ao cabo, a culpa é também dos subsídio-dependentes, categoria em que se inserem os desempregados, ciganos, toxicodependentes e qualquer classe que se reprove ou que naquela altura se aponte como marginal e proscrita.
Acontece é que estes comentadores politicos, ou esta nova burguesia, ou estes pé-descalços com laivos de novo-riquismo, ou gente brasonada, que como está reformada ou nada de melhor tem que fazer, são também os principais culpados do estado da nação e a principal implicada na crise.
Os pequenos e médios empresários(pme´s), que compõem o grosso do tecido empresarial português, e grande parte dos empregadores nacionais, são extremamente dependentes do Estado. Em algo que precisem de ajuda pecuniária, e antes de pedirem aos bancos, vão pedir ao estado. Têm medo de arriscar, e quando é preciso contratar novos empregados ou desenvolver novos projectos, ou inovar recorrem ao Estado! Custa-lhes arriscar. Custa-lhes tirar dinheiro do seu bolso para aplicar em gente ou em meios! É sempre preferível terem a mão do Estado por baixo! " e se o projecto falhar? " "- Deixa estar que é o estado que suporta os custos!" A Empresa vai falir! deixa estar que o Estado ajuda e injecta dinheiro!
E Assim o empreendorismo e a inovação não passam do papel na maioria dos casos, e quem se lixa? É o mexilhão!

Não quero com isto transparecer que defendo o Estado, pois é uma máquina pesada, Kafkiana, e tem culpas no cartório, pois é composta por pequeno-burgueses que ascendem à nobreza que começaram por ser subsidio-dependentes também! Pois os exemplos chegam detrás. Após a Expansão( os afamados descobrimentos), não se adaptou aos novos tempos, nem ás novas exigências do mercado, a revolução industrial passou ao lado, e por cima do Zé, e a população maioritariamente rural, com a chegada das Estradas e dos Carris às suas terras, apanhou o comboio para as Capitais, deixaram de ser competitivos e com os produtos que chegavam do resto da Europa, ou das Colónias, a um preço muito mais baixo! As gentes acumulavam-se às portas da cidade em busca de novos empregos, e a burguesia, os pme´s subiam , e enriqueciam meteoricamente e eram muitas vezes parte integrante do estado.

Posto isto, tenho a dizer que quem como eu é duma nova geração, nascida próxima do 25 de abril, que já experimentou todas as formas de governo possíveis ao longo destes anos que vivemos em democracia, se deve juntar numa nova Geração de 70, e que já é minimamente informada e esclarecida, não deveria se acomodar como as anteriores gerações, nem se esconder por detrás dos valores que aqueles advogam e ainda promovem, pois mudam-se os tempos e mudam-se as vontades, e esta geração, não pode nem deve, sempre que chove ou há um cataclismo, culpar o Governo, deverá em primeiro lugar culpar-se a si por deixar andar, e fazer por exercer os seus direitos(poucos) que ainda tem!
Em vez de baixar os braços, ergam o punho, não querendo aqui apelar à luta armada, nem aos motins generalizados, mas sim a uma revolução e evolução da consciência, pois se está provado que não é pelo voto que consegue algo talvez seja pela falta dele que vá algum lado! Não se muda nada andando em cuecas no Metro! É giro sim senhor e depois??? Vamos é fazer com que algo se altere! Não votem então! Não metam gasolina, não paguem os parquimetros, atravessem todos de borla as portagens, passem cheques carecas, não usem o multibanco, não comprem as couves e plantem-nas nos jardins publicos. Inventem, inovem e baralhem!
Se não os podem vencer, confunde-os!
Que ninguém vote! 100 % de abstenção!
Os partidos estão caducos e incoerentes ideologicamente. Inadaptados aos tempos que correm! Está na altura de mudar!
Está na altura de rever os nossos principios, de reciclar a moral e os bons costumes!
Está na altura de inovar os ideais!
Está na altura de promover e incentivar uma nova ideologia e uma nova forma de encarar o mundo!
Não nos deixemos estagnar, nem deixar repetir a história, nem que pensem por nós, nem que a geração anterior diga que vivemos ou perdemos os valores, pois nada se perde e tudo se transforma!
Ao contrário dos nossos pensadores do séc XIX não apresento soluções, apenas sei que temos que mudar!
Seguir em frente de uma maneira ou doutra!
Infelizmente não tenho uma forma nem um método, mas aceitam-se sugestões!

Basta!

Já Chega!


foto: Condução de Rebanhos, Silva Porto

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Texto com mais de 130 anos e duma actualidade assustadora



"Ninguém desconhece que se está dando em volta de nós uma transformação política, e todos pressentem que se agita, mais forte que nunca, a questão de saber como deve regenerar-se a organização social.

Sob cada um dos partidos que lutam na Europa, como em cada um dos grupos que constituem a sociedade de hoje, há uma ideia e um interesse que são a causa e o porquê dos movimentos.

Pareceu que cumpria, enquanto os povos lutam nas revoluções, e antes que nós mesmos tomemos nelas o nosso lugar, estudar serenamente significação dessas ideias e a legitimidade desses interesses; investigar como a sociedade é, e como ela deve ser; como as nações têm sido, e como as pode fazer hoje a liberdade; e, por serem elas as formadoras do homem, estudar todas as ideias e todas as correntes do século.

Não pode viver e desenvolver-se um povo, isolado das grandes preocupações intelectuais do seu tempo: o que todos os dias a Humanidade vai trabalhando deve também ser o assunto das nossas constantes meditações.

Abrir uma tribuna, onde tenham voz as ideias e os trabalhos que caracterizam este momento do século, preocupando-nos sobretudo com a transformação social moral e politica dos povos;

Ligar Portugal com o movimento moderno, fazendo-o assim nutrir-se dos elementos vitais de que vive a Humanidade civilizada;

Procurar adquirir a consciência dos factos que nos rodeiam , na Europa;

Agitar na opinião publica as grandes questões da filosofia e da ciência moderna;

Estudar as condições da transformação politica e económica e religiosa da sociedade portuguesa:
Tal é o fim das conferências democráticas(...)"

Conferências do Casino

(Publicado no Jornal Arevolução de Setembro de 18 de Maio de 1871)

foto: Composição de Vieira da Silva