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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Naquele dia de inverno



Acorda como todos os dias com o nascer do sol. Um dia de trabalho pela frente. Olha-se de relance ao espelho e muda o seu rumo. Engole o pequeno-almoço. Prepara-se para o dia de trabalho com a neura e o eterno drama da Segunda-Feira. Sai, dá duas voltas à chave vira-se para o mundo e pára.Não! Não. Hoje não vai trabalhar, decide tirar o dia para ele. desacelera o passo e o coração volta a um lento compasso. Vê toda a gente na rua a correr para os transportes,outros no café, tomando-o de pé, o cigarro fumado à pressa, dentro do carro desesperam com o transito, apertam-se no autocarro, passeiam o cão empurrando-o e arrastando-o pela trela olhando para o relógio. Gritam. Buzinam. Não pensam. Não vivem e sobrevivem numa correria louca enfim.

Agora sente que não pertence aquela gente, está livre por um dia! Rejubila!

E nesse dia, o mar estava apetitoso, apesar da manhã fria mas soalheira de Inverno. Descalça-se, quando os pés entram em contacto com a areia fria e humida, sorri e avança para o mar. À sua frente só azul. E um horizonte em tons de azul. Mergulha na água esmeralda e um calafrio sobe-lhe a espinha enquanto entra naquele tom, sem destino, rumo à escuridão. O choque térmico fá-lo despertar, e finalmente vê tudo claro agora! Sente um apelo e nada para o fundo, desce penetrando cada vez mais, passando do azul ao negro. Está sem folego mas continua cheio de energia como se o Mar lhe trouxesse ânimo e vontade de continuar a descer. A perder-se no bréu. Ou talvez a encontrar-se!...

Parece um sonho. Sozinho ali, sem som, sem gravidade, sem peso, abraçado pelo Oceano, reconfortado. E olha para cima. Uma luz lá em cima que se apaga enquanto desce e se afunda, agora sente que a vida tem um sentido e o unico objectivo é tocar no fundo do mar que o cerca, puxa e empurra num embalo dormente que lhe agrada como um baloiço. Fecha os olhos. Ri-se! Solta uma gragalhada e as bolhas de ar que lhe saiem pela boca que parecem as bolhinhas de sabao que fazia enquanto criança. É Feliz! A luz apaga-se e mantém essa recordaçao enquanto a memoria se esvai e nenhuma outra lembrança fica. As emoçoes partem para a superficie as sensaçoes abandonam-no, o coração pára, na boca um sorriso, um brilho mantem-se nos olhos enquanto o corpo cai, sem vida na areia. Naquele belo dia de Inverno.
(continua...)

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