Acordava da hibernação artificial passadas décadas talvez. Zonzo, confuso, fraco e desorientado. Ninguém à sua volta. Garganta seca e sabor quimico na boca. Retirou as agulhas que o alimentavam e controlavam intravenosamente, descolou os sensores do peito e das temporas. Saiu da maca, levantou-se a custo, nenhum ruído, nenhum cheiro, ninguém. saiu da sala branca. O corredor estendia-se por quase meio quilometro. Custava-lhe a caminhar, encontrou uma cadeira de rodas e sentou-se. Funcionava! Alavanca para frente e avançava, para trás parava e recuava, e para os lados andava aos circulos, achou divertido. Um objectivo imediato: encontrar água. Dirigiu-se para o wc. as torneiras sem o liquido precioso. Olhou em volta, ao fundo uma balde preto com um liquido, cheirou-o observou-lhe a cor e textura. Seria água? arriscou. pegou nele provou, acto continuo e emborcou sofregamente tudo até à ultima gota. Nada lhe soube, apenas aquele sabor acre continuava no goto. Saciado procurou a saída...Ups...Pela janela olhou para baixo..estava alto...Elevadores? não funcionavam. Humm... escadas...Larga a cadeira e a custo desce agarrado ao corrimão. Chega ao átrio, o silêncio continua, o vazio permanece. Sai para a rua. Tudo lhe era desconhecido, onde estaria? Senta-se ao fundo da escadaria olhando os prédios e as ruas desertas. Ouve sirenes, aproxima-se um pequeno veiculo aereo parecido com uma torradeira com asas.Paraliza-o instantaneamente. Pergunta-lhe quem é, que faz ali, donde veio e porque está fora da zona humana. Bloqueia não sabe que dizer. Chega mais um veículo a uma velocidade alucinante que paira sobre ele. Sente-se puxado como que por um gigantesco iman para o seu interior. Uma pancada seca sem ninguém lhe tocar. Adormece. Um choque electrico e acorda numa sala espelhada. vê-se repetidamente. Pergunta onde está. Está ilegal ali, não tem identificação, não está registado, está numa zona proibida. Interrogam-no, mas sem vozes, recebe informação e questões directamente na cabeça.
"Há apenas dois homens e 30 mulheres por zona humana espalhados por 50 centros no mundo. Os homens têm a função de dar a semente, as mulheres de a fertilizar. Os produtos resultantes são encubados até aos 2 anos. E até aos 15 são alimentados e tratados num centro de regeneração da espécie. Depois disso tornam-se reprodutores até à sua extinção. 2 deles são seleccionados e enviados para as estrelas com o intuito de colonizar a galaxia. Quando uma zona humana atinge mais dos 100 individuos são exterminados. São substituidos pelos recém nascidos que ali habitam até se tornarem suficientemente autonomos para serem colocados numa zona humana de colonização sideral. Os inaptos são retirados para experiencias de resistencia e durabilidade humana. São postos em areas de teste de mortalidade. Exercicios com fogo, adaptação a condições de calor e frio extremo, camaras de vácuo, condições de gravidade zero e aceleração e desacelaração critica. Os que resistem, transportam-se para laboratórios e analisam-se os resultados. Esses dados são remetidos para as areas de regeneraçao da especie. E o processo é repetido e ciclico. Todos os humanos são substituidos passada uma geração. Exterminados num prazo de 5 anos até terminarem a sua função. Nenhum ser pode passar dos 25. Altura em que são considerados inuteis ao ecossistema."
Ele pergunta: " e eu que faço aqui?"
" Um erro, um esquecimento, um calculo indeterminado, uma incognita"
Questiona: " e que pretendem de mim?"
" Absolutamente nada, ser inviável, o mundo não precisa de mais ninguém. O mundo está diferente..."
terça-feira, 11 de setembro de 2007
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