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terça-feira, 30 de outubro de 2007

Joaninha ( Poesia Naif)


Uma Joaninha voa
Uma flor na alma brota
e uma sirene cá dentro soa
um força imensa me tenta

um festival de emoções
uma acaso e muita sorte
Um corropio de sensações
Ai que nunca mais chego ao norte

Oh tempo passa rápido!
oh espaço encurta!
não aguento mais
ja tenho a mala pronta

Os caminhos que nos separam
mas estradas que nos juntam
e nos trilhos que se preparam
as viagens que me encantam

Segundos de prazer
Instantes distantes a sofrer
Minutos de amor
e momentos sempre a manter

a distancia causa a saudade
e tanto desejo a arder
aumenta ansiedade
de tanto mas tanto que fica por dizer!

Um fim de linha e uma estação terminal

(Principio da situação)
Num breu branco e no buraco daquele barranco, Bruno alvo e calvo decide descer a pique pela picada, cai do cavalo, mas ergue-se do céu. Distancia-se de poente enquanto passa pela ponte, larga o lastro e embarca no embaraço do novelo de lã das ovelhas tresmalhadas e trituradas pelo tractor a motor, sem dó mas com piedade, e no pico distante cresce, não em tamanho nem em valor acrescentado, quase evita a Iva, que parecida com a Eva, evade-se, partindo a melhor parte e partilhando a dor e distribuindo a cor, avança pelo corredor estreito no Magalhães, e alonga-se pela longitude dilatando-se na latitude e na quietude da manhã, queda-se por ali, encanta-se maravilhado pelas 7 do mundo e por um quarto com vista para o meio da cidade, que num terço do tempo, reza, e preza por dias melhores. No mesmo instante em que pensa, perde-se no espaço e cobre o tempo, numa velocidade estonteante, rodeia o planeta e órbita em volta das paisagens mentais, e passagens para peões que dum xeque ao rei, depositam sem cobertura, nem sequer com rede artesanal ou de um qualquer artesão com problemas sentimentais, recorrendo a tratamento social e procurando um ideal de dimensão irreal. Enquanto vagueia pelo campo virtual pouco vulgar e nada normal fica transtornado com tanta mensagem subliminar, e deformado com a distorção particular da razão pura, sem corantes, nem conservas em lata, e soldadinhos de chumbo que o cercam, a pouca altura e em qualquer momento. Explode sem rebentar, foge sem pagar o preço da sua condição.Uma má conduta decerto e um bom passageiro por perto, contudo ao longe, vê o horizonte à boleia e põe-se como um ovo a poente, cacarejando numa constante irritação da pele. E pelo pouco passeio em balão num domingo onde adormece, sem eira nem beira alta, que lhe causa uma vertigem vergonhosa, para quem de elevada estatura se reduz ao vácuo e preenche de luz, tendo a visão da cruz como bússola e um compasso de espera, desespera na solidão da ira da multidão que o morde mais que o simples mortal, salta com uma pirueta invertida, donde sai com pontos luminosos e excelente pontuação. Fechando para balanço e saltando dum baloiço.
( fim de citação)

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

momentos


há dias em que sou atingido por um raio fulminante de lucidez
o mundo foge como areia entre os dedos.
sinto que sou o único aqui
um estrangeiro numa terra desolada
entro em corrosão pela tristeza
em que nada tem sentido
em que o acto de levantar é absurdo
as pessoas são espectros
os sítios desconhecidos
a direcção a tomar confunde-me
o caminho é infinito
e caminhar queima-me os pés
falar cansa-me a alma
e olhar fatiga-me o cérebro
sou castigado por existir
Fustigado com informação banal
sofro com todas as maleitas
assoberbado por conteúdos fúteis
todos os acasos se concentram em mim
sou esmagado pela pequenez
e reduzido a ser quem fui

Reparticão ( Semelhanças com a ficção é pura ficção...)

Manuel entra na repartição, a porta automática encontra-se fora de serviço e lê-se na mesma: "Utilize a entrada pelo 4 B CV- Dir do edificio ao lado". Desloca-se até lá.
Um portão de madeira de pinho com uma tranca de metal ferrugenta. "Para abrir toque no 1º Esq". Procura a campainha desejada, encontra-se avariada. Bate no portão, 5 minutos depois abre-se o postigo:
"Bons dias. Que deseja?"
"Procuro a repartição.."
"Já tirou senha?"
"Não..."
"Tem então de se dirigir ao nº6, no segundo andar"
"Mas não a tiro aqui?"
"Claro que não, é preciso fazer uma triagem dos utentes, sabe-se lá se é para aqui! Pode ser no terceiro andar!"
"Mas onde me posso informar sobre a senha a tirar?"
"Deveria ter pensado nisso não é?! Tem de ir ao fundo da rua, ao edificio que se encontra em obras, e pergunta pelo Senhor Costa da Repartição"
Fecha-se o postigo. Manuel desce a rua e entra no prédio. Encontra-se um homem a colocar cimento nas paredes, e outros dois a instalar a canalização.
" Bom dia, sabem-me dizer onde se encontra o Senhor Costa por favor?"
" Não está, saiu em serviço"
" Mas disseram-me que o encontrava aqui..."
" Vem por causa do alvará?"
" Não! é para a repartição!"
" Isso é ao cimo da rua no nº4!"
" Mas onde se tira a senha?"
" Ah! O senhor Costa da repartição?!"
" Sim..."
" Podia ter dito pah! é aqui no prédio ao lado!"
" Obrigado"
Sai e anda até à rua, vendo que há outro prédio igual. Entra. Lá dentro, na escuridão, ouve um rádio tocar, vai em direcção ao som. Noutra porta vê uma luz pergunta por alguém, não há resposta. Avança e no fundo de um corredor em tijolo, vê uma secretária iluminada por uma vela, com um homem afundado numa cadeira, fumando um cigarro e colocando carimbos, em papéis.
" Senhor Costa da repartição?"
" Sim que deseja?"
" Uma senha para a repartição..."
" Muito bem! Aproxime-se homem! Para que dia pretende?"
" Para hoje certamente"
" Humm..já não há, sabe que isto às segundas e sextas tem muita saída. Pode ser para um outro dia?"
" Não! Não pode! preciso de ir à repartição já!"
" Caramba homem, não se irrite! Tem urgência é?"
" Pois com certeza"
" Senhas de urgência tem de vir de manhazinha...Essas ainda é pior!"
" Não posso acreditar! quero o livro de reclamações!"
" Bom, aqui não tenho, e com isto em obras...Mas pode-me dizer a mim que eu depois transmito!"
" Isto é inadmissivel"
" Ora agora é que falou bem! Vê-se que é um tipo porreiro, olhe tome lá uma senha d`hoje mas diga que a arranjou ante-ontem!"
Depois de carimbada, sai. E entra no nº6. a senha tem o nº20-D. Num quadro a giz, está desenhado o seu nº...dirige-se ao balcão com 3 funcionários cujas cabeças tocam o tecto. Apesar do seu metro e oitenta quase não chega ao guichet.
" Sou eu" diz suspirando.
" é o quê?"
" sou o nº20-D"
" A senha de informações portanto"
" Sim! não me vai atender?"
" Não! terá de aguardar a sua vez, tem várias pessoas à sua frente"
" Mas eu tenho a senha 20-D"
" Todas possuem o mesmo nº! 20-D. a senha de informações"
" Não posso acreditar! Desejo o livro de reclamações se faz favor!"
" Muito bem dirija-se ao guichet #2 e aguarde a sua vez."
" Mas há gente à espera?"
" Não, mas o senhor tem a senha 20-D terá de aguardar a sua vez e para a próxima venha mais cedo pois já não é atendido hoje, venha segunda-feira e retire a senha"
" a 20-D?"
" Claro que não! Segunda será a 05-F! Antes de voltar faça mas é o favor de ler as instruções antes"
" Quais instruções?"
" Não vai para a secção?"
" Não! venho para a repartição!"
" Ah! Já podia ter dito! A repartição fechou, as novas instalações são no centro da cidade! Isto aqui andava uma confusão e mudaram-na! Agora é tudo muito melhor!"

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

O que verão de São Martinho

São Martinho saiu de madrugada, tinha de chegar cedo ao mercado. O metro ainda não tinha aberto, apanhou o eléctrico até ao Cais do Sodré. Antes tinha de ir ao Multibanco, toma o pequeno almoço junto ao tejo, um chá de tília e meia torrada, andava nervoso com os negócios, a competição cada vez mais feroz, e os preços nada apetecíveis. Antes de entrar no mercado da ribeira, fuma um cigarro e toma uma bica com um bagaço no largo de São Paulo, conversa um pouco, os tempos estão mudados é certo, e já nada era como dantes. Despede-se e agradece a companhia. Os comerciantes já andam num rebuliço, dirige-se à banca do Sr. Manel, " Seja bem aparecido" diz este, " há que tempos que não o via! Não se preocupe que para o Sr. há sempre! tenho aqui guardado! oh pra isto!? maravilha não! vai o mesmo de sempre? Ora aqui tem, até pro ano!". "E traga o verão, ha ha ha!" graceja. Martinho sai carregado, pensa em ir a pé pela rua do alecrim, mas desiste da ideia, tem que se despachar, entra na Gare do metro, já é hora de ponta, um mar de gente para entrar com ele, apressa-se a ir para as portas da dianteira para guardar lugar. chega ao Rossio e saí, o seu carrito já se encontra junto à fonte. Traz consigo as acendalhas e as brasas. Ateia o fogo, o fumo com cheiro a carvão sai pela pequena chaminé. Apregoa por elas " Quentes e boas!É a 3, uma dúzia!" A praça cheia de gente que passa, ignoram o chamamento. Debaixo da capa tira o garrafão, enche a caneca e bebe tudo dum gole. O vasilhame cheio arrefece, come-as sincopadamente, saca da caneca novamente, a visão fica turva, a voz rouca e trémula. Apregoa novamente, aparece um primeiro cliente, leva 2 duzias, chega outro e outro! O saco esvazia-se. O garrafão quase. Enche-se com um sorriso. Já tem o dia feito, coloca a ultima fornada, que rápidamente entrega a outro freguês. Por hoje já chega, conta os trocados e dirige-se à caixa, com as notas no bolso, senta-se no Nicola e pede outra bica e mais um bagaço. Acende um cigarro. Aproxima-se dele alguém que pede esmola e tem frio. Martinho torce o nariz mas é incapaz de dizer que não. Abre a carteira e dá-lhe uma nota de 50. Levanta-se, rasga a sua capa e divide-a com o pedinte. Despede-se e entra no 12. Chega à meia-laranja pelo meio-dia, orienta-se de duas quartas e dilui-se na multidão. Amanhã há mais.

O dia

Pardais voaram espantados e avisando-me em surdina que o dia tinha começado.a um palmo do chão, salto cá para fora e o azul abarca-me a visão. O cão que ladra à caravana conversa com as árvores do território, conta-lhes as novidades do sol que nasce lá atrás. As folhas caem na minha direcção, evito-as correndo para cima e para os lados, os ramos que crescem até ao caos, vão-se ordenando na natureza que se estende e alarga, tentando agarrar o mundo inteiro. Descanso no ninho à sombra, sou conduzido pela toca da raposa que sábia, prepara-se para o Inverno. Sigo em direcção à luz reluzente dos brilhos de mar, envolvem-me e arrefecem-me. A superficie flutua e leva-me à foz. A água esconde-se na gruta, aquecida pela fogueira dum ancião contador de histórias antigas. O bardo transporta-me pela aldeia, avisando ao mundo que cheguei, um arauto da existência, que distribui e espalha a mensagem. Conta como a vida chegou, começou e conquista tudo e todos! Conta o frenesim das moléculas que se formam, a agitação dos átomos que se juntam, a alegria das células que se multiplicam, a felicidade dos genes que se transmitem, o contentamento da amiba que aparece, e a explosão de energia vibrante da criação! O dia começou! E com ele vem os sons, as imagens, as cores, as emoções, e a harmonia do Ser!

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Dois funcionários numa fabrica de inventos. Um igual, outro diferente. O Igual trabalhava de forma diferente, o diferente de forma igual. Quando era necessário fazer algo diferente ninguém fazia igual. Quando todos faziam de forma diferente, ninguém trabalhava igual. Chegava uma nova remessa de matéria prima, o diferente diferenciava, o igual fazia como o nome indicava. O diferente não sabia como começar, mas sabia como acabar. O igual começava e terminava da mesma maneira. O diferente inventava formas e géneros, pensava conteúdos, imaginava séries, falava em fazer, elaborava mentalmente. O igual fez. O diferente olhou. Um deu em louco, outro ficou indiferente. A fábrica já não inventava, os inventos já não saiam. Não fechou as portas, mudou de ramo, e tornou-se uma feira de variedades e de atrocidades. Mas diferente claro está.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Outro Cartaz!?!?!?

Lá vêem os radicais novamente com mariquices: " os assassinos, os violadores e os pedófilos cá fora e nós os nazis lá dentro"

Até tem piada.... E lembra-me umaa musica dos Delfins numa versão masterizada e remisturada com melodia do calimero praí....

Qualquer coisa como isto:

"Ai!Soltem os prisioneiros!
que matarão os paneleiros!
OH Pah! Libertem os skins
coitadinhos!
é boa gente, é de cascais e muito In...
Desamarrem o lider
que a gente só mata pela surra e quem puder.

Se dá na coca,
não é drogado
está é cansado de estar na toca.

Se esteve no Brasil emigrado,
foi por querer saber o que era ser explorado.

Se nos 80`s andava no Bairro com tacos de baseball
é porque não teve chances neste pais de singrar no paintball

Se mataram gente do Psr
pois não dava jeito fazê-lo aos Gnr

Refrão:

liberdade pro companheiro
O gajo nem é paneleiro
soltem o Fulano
o gajo é um bacano
Morte a quem não nos grama
e a ver se prá proxima ninguém nos trama!"


Aqui fica a minha homenagem a gente tão nobre gentil e justa!

Obrigado por existirem e preencherem o nosso vazio xenófobo!

Allekum Sallam & Shalom pra todos vós

E um rezem uma Avé Maria que amanhã é o 13 de outubro!

Palhacitos...

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Demolição

Faz a malas, retira os quadros, guarda as fotografias, acondiciona os armários e transporta tudo para a rua. Entra para ver as paredes vazias, o esqueleto da estrutura. O silêncio absurdo, a falta de movimento. A ausência de vida. Não só o lugar se extingue, mas também são os momentos, os instantes fotograficos, as emoções impregnadas em cada fresta, os cheiros instalados em cada canto, as sensações vividas em cada divisão. Tudo implode. Será cremado. Esmagado. Desfragmentado. Recriado para outro alguém. Uma imitação, um ser apóstata. Acabou. Terminou tudo. Há que continuar. Sim começa uma nova vida, sempre lá esteve, mas este vazio permanece. Paira no ar. Persegue-o. Vira costas e segue o seu novo caminho. Escuro, incognito, estranho, bizarro, kafkiano... O horizonte não se mostra, as expectativas crescem, o desconhecido aproxima-se. Olha mais uma vez para trás, recorda e memoriza. Sorri e manda tudo às urtigas. Despe-se, põe um máscara e corre sem direcção mas com um destino.

Mais uma volta!

Vamos seguir! Apita a sirene! Gente a sair! Povo a entrar! Sempre a Rodar! Troca o dinheiro por fichas, armas, mulheres e crianças! Saldos de ocasião! liquidação total! Segregação social! A economia global! Desemprego aqui, riqueza por aí. Compra e vende! A bolsa a descer! A toalha estende. O sol a crescer. O mundo a girar! Uns a comer, outros a definhar! Um foguete a caminho da Lua, outros na rua a dormir! A invenção dum novo engenho, a Criação duma tecnologia no Ocidente, a propagação duma epidemia a Oriente. O equilibrio! A ajuda humanitária. A crise identitária. A anorexia. a ausencia de profilaxia. O desiquilibrio! Mais uma volta! Dietas para a linha! A fome e a morte como moda. A Guerra de outono/inverno a Sul. uma nova consciencia. A paz a Norte. As promessas eleitorais, o fraco raciocinio. As farsas socias. Um novo exterminio! Opulência Mundial, pobreza espiritual! e Mais uma volta! A farra Universal e o mundo gira! Mais uma volta!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Visão II


Encontrava-me em Fátima. A nossa senhora sinalizava as barraquinhas de "comes-e-bebes", pedi um coirato e uma mini. Serviu-me com profissionalismo e com uma aura mística que não sei explicar. Parecia que caminhava pairando sobre o chão, com uma pequena nuvem a cobrir-lhe os pés e um manto dourado que parecia divino, um canto celestial saia-lhe por detrás, pela frente, por todo o lado como se omnipresente. Paguei e agradeci. Nada disse. 3 pastorinhos observavam a cena, embasbacados, descrentes, ou melhor crentes noutra coisa que não esta. Ao passar por eles, pedi-lhes lume, ajoelharam-se pouco depois. Segredavam-me. Revelavam-me um quarto...desconfiei. parti de cigarro apagado. Entrei no carro estacionado. Deixei-me dormir. Um arrumador bate no vidro, e acorda-me em sobressalto, dou às chaves, sigo. Já não sei onde estou. O nevoeiro em tons celestiais adensava-se. Ao longe ouvia-se o sibilar do comboio. Uma multidão na estrada impedia-me de largar este lugar. Segui por um caminho de cabras. Os faróis de pouco serviam. Havia luz que parecia brotar do chão. Atravessa-se um cavalo branco na minha frente. Um grito de comando à minha frente. Salta um rapaz de armadura reluzente, de espada na bainha com outro grito e um relincho. Páro e abro o vidro. Pergunto onde vai dar o caminho.
Aponta-me o Mar. O céu abre e a paisagem muda. Afasta-se rápidamente a galope. A areia impede-me agora de prosseguir. Continuo a pé em direcção à costa. O calor aumenta. Um Arbusto em chamas tenta-me. Uma visão de sereias impele-me a correr para lá. Um labirinto e umas asas de cera. Vôo pra cima, livre! Em direcção ao Sol, nada oiço, apenas flutuo e caio. Alto! Tombo rápido. Desisto. Acordo. É hora de arrancar. Dou às chaves e continuo a Auto-estrada.

A sala

Sentavam-se esperando que alguém começasse o diálogo. Alguém gritou um bom dia! Mexeram-se nas cadeiras, em silêncio com movimentos frenéticos. Alguns levantaram-se e mudaram de lugar. A mesa estremecia, os papéis arrumados, voavam pelo ar. Ninguém se olhava, apenas corriam em redor, evitando o contacto. cada um no seu canto, todos em rebuliço, uns gemiam de pavor, outros tremiam de horror, tocavam-se por vezes causando arrepios e gritos que mais pareciam uivos. Um barulho ensurdecedor. O torpor aumentava a cada momento, a correria tornava-se compulsiva, o medo instalava-se. Atiravam as cadeiras às paredes. Rosnavam-se. O caos reinava. Só a mesa continuava de pé. Penduravam-se nos candeeiros, arrancavam as estantes e puxavam os armários, pegavam fogo aos livros. O Presidente da assembleia sentou-se. os outros seguiram-no. Encerrava-se a reunião. Os objectivos atingidos, o consenso alcançado. Abraçavam-se e riam-se em êxtase. Aplausos. De pé. As luzes apagam-se. Corre o pano.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Outono

Partem em bando as aves, voando alto e para longe. No seu conjunto fazem descer as nuvens negras sedentas de se abaterem no solo. Quebram-se as folhas das árvores desnudas, e esvaiem-se as cores dos céus. Os animais em terra escondem-se, fogem da escuridão que se apodera das flores, os cheiros tornam-se rudes e agrestes. O mar revolta-se e cresce para as margens, a água inunda e conquista novos espaços. A luz esconde-se. As gentes carregam o semblante. Já é certo e definitivo, o outono chegou.

Corpo são em mente vazia

O individuo encontrava-se ciente aquando da sua entrada no bar. Os clientes olhavam-no curiosos. Sentou-se. Pediu uma cerveja e amendoins. O empregado negou-se a servi-lo. Apresentava sinais notórios de consciência, de lucidez e de percepção clara da realidade. Sem mais demoras a gerência chama a policia mental. O Cliente debate-se e discute com quem o prende. É levado à esquadra. Amarrado a uma cadeira, com uma venda nos olhos, e de boca tapada. Fazem-se os preparativos, o material esterilzado, o psicóloo a postos, os visores em espera. Entubado, electrocutado e perturbado. Era este o seu estado. As mensagens subliminares, as emoções controladas, os estados de consciência induzidos por imagens e sons. Estava pronto. Calmo. De olhar vazio, sem expressão... Pronto para sair para o Mundo. Iniciar uma nova vida. Um homem novo. Não mais criticaria. Nunca mais poria em causa o sistema, jamais veria as injustiças e crueldades. Incapacitado de ter qualquer ética ou moral que não a imposta. Um homem novo! E o mundo continuaria seguro.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Dúvida

* cumé? tás fixe?
* ah...aborrecido!
* Xiii! e que vais fazer?
* não sei
* Mas tens ideia?
* tá fraco isto...
* e agora?
* tou ca neura
* inova pah!
* Hmm. aborrece-me
* Quem? eu?
* Não
* atão?
* Já viste?
* onde?
* o poço é fundo
* ya..
* vais-te atirar?
* não sei. tu vais?
* se tu fores eu vou..
* é alto...
* oh!
* vens?
* vou, mas vai tu primeiro
* ok, ciao
* eh! também vieste?!
* Pois...não queria ficar sozinho
* curtiste?
* nem por isso
* vou bazar..
* atão?
* só vim pq tu vinhas,
* pfff!
* e tu?
* Eu vou atirar-me outra vez
* para quê?
* para ver como é
* outra vez?!
* oh! a primeira foi por imitação...
* tá bem.
* e tu?
* eu fico
* gostas disto?
* Não, mas é diferente

A emissão segue dentro de momentos

Grato ao fantástico por criar novas situações
ao fabuloso por inventar novas personagens
e ao surreal por trazerem a novidade ao Mundo
Obrigado pela oportunidade de viver com muita mágica
e alguma fantasia que me vai ofertando
Felicitações pela imaginação prodigiosa
pelo Sonho visionado diariamente
Agradecimentos aos demais rituais que servem de suporte e me fazem levantar!

Paixão

Ali fui eu a caminho de Viseu. tu e eu. nós, castanhas e avelãs! Rotundas cortadas, tracejadas a tinto ou branco. Açorda, marisco, e picada, um pitéu. Flores e cores. Já cheira a lareira, com a serra por perto. Um sono relaxado, um prazer demasiado, um deleite, um torpor tremendo. Uma vontade de parar o tempo, uma ansia de criar mais espaço, uma esperança do reencontro ser imediato. Expludo por dentro, grito por fora, agarro o ar e chamo por ti!