quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Demolição
Faz a malas, retira os quadros, guarda as fotografias, acondiciona os armários e transporta tudo para a rua. Entra para ver as paredes vazias, o esqueleto da estrutura. O silêncio absurdo, a falta de movimento. A ausência de vida. Não só o lugar se extingue, mas também são os momentos, os instantes fotograficos, as emoções impregnadas em cada fresta, os cheiros instalados em cada canto, as sensações vividas em cada divisão. Tudo implode. Será cremado. Esmagado. Desfragmentado. Recriado para outro alguém. Uma imitação, um ser apóstata. Acabou. Terminou tudo. Há que continuar. Sim começa uma nova vida, sempre lá esteve, mas este vazio permanece. Paira no ar. Persegue-o. Vira costas e segue o seu novo caminho. Escuro, incognito, estranho, bizarro, kafkiano... O horizonte não se mostra, as expectativas crescem, o desconhecido aproxima-se. Olha mais uma vez para trás, recorda e memoriza. Sorri e manda tudo às urtigas. Despe-se, põe um máscara e corre sem direcção mas com um destino.
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