João Cruz Oeiras de Portugal adesão a portal.membros@spautores.pt

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quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Curta lenga longa

No principio era o Verbo, um fotão num mundo deserto. Um átomo e pouco depois uma molecula. Num ápice e sem qualquer ordem, a gazela foge e a chita corre. O abutre aproveita-se. O elefante invade o charco. O crocodilo espera. Os búfalos desesperam pelas pastagens que não chegam. Os répteis aguardam. Os insectos reagem a impulsos binários da sobrevivência e propagando-se de súbito.
No ar viajam partículas que servirão de nicho ecológico. No solo espalham-se as espécies que havemos de extinguir. No mar floresce a vida que haverá de estar na base da cadeia alimentar. Um instante após, chega o pensamento e a consciência de existir. Reclama-se o espaço todo, até o próprio universo de seguida. alguém configura. outro reconstroi e adapta. aquele transforma e divide. alguns reinam e idealizam. Chega à Terra quem sente. Arrepende-se porém e repete o erro antigo. Domina mas é ultrapassado por Gaia, que está um passo à frente da decisão e do protocolo. Predisposta a reformular o formulável. Configurando o ideal, ultrapassado no momento em que surge. Num momento extingue quem lhe aprouver. Sem contemplações. Sem dó nem piedade. Sem misericórdia no vocabulário. A destruição de quem chega. A criação doutra coisa inimaginável. Sem dono, nem denominação. Pertença dela própria Um fim e um inicio. faz um balanço e de repente o equilíbrio. Vira-se a página. e faz-se luz pela primeira vez.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Noticia alarmante

Num relatório recente, elaborado por uma equipa de Investigadores Privados Europeus, concluiu-se não haver noticias de Jesus Cristo. No momennto do alegado desaparecimento e aparição em Fátima. Tal facto tem sido escondido da opinião pública, sendo apenas conhecido das empresas de Comunicação que asseguram a boa imagem pública da religião...Com efeito, tendo ficado demonstrado nos processo de investigação que José não é o seu pai biológico, existem fortes indícios de que as amostras de ADN não sejam de qualquer criança, mas apenas de sua mãe.Tal situação explica, segundo os investigadores, a correspondencia do sangue encontrado no Monte das oliveiras, alugado 21 dias depois do forjado "desaparecimento", com o da pretensa "mãe" de Jesus.Por outro lado, e segundo revela o relatório, não há qualquer indício de que o casal tenha entrado em Jerusálem com a criança, nem foi até agora descoberto qualquer registo de nascimento de alguma criança com o nome de Jesus, filho do casal.Esta convicção dos investigadores assenta ainda em informações prestadas por amigos pessoais que saudando o Papa quando este circulava a pé, junto do público que semanalmente enche a referida Praça quando das audiências publicas.As autoridades policiais estão a analisar com a máxima descrição este relatório, procurando encontrar conexões entre os doadores dos fundos com redes internacionais ligadas ao tráfico de armas e de estupefacientes e bem assim, a investidores imobiliários de Israel e do Sul da Babilónia

Bloqueio

Um belo bloqueio deixou boquiabertos todos os que caiam no barranco. O batelão bateu na boca. Estava na berlinda e debandou ao ver a bronca que criou. Bastas vezes tentou sair em vão. No vão de escada caiam as vigas, as traves vigorosas murchavam. A Planta viçosa estava rancorosa. Rasgos de ternura atentavam a fotossintese. A luz murchava criando um breu brilhante. Cloroplastos incineravam a atmosfera composta de ácido carbónico. Uma primitiva terra avançava ao sabor de um antigo saber. Criações espontaneas de existencias inatas surgiam num cosmos caotico que acabava de começar. As plantas erguem-se, os barrancos formam-se, o batelão esfuma-se e a espuma do mar cria-se num ambiente do bar, pelo meio de escoamento liminar e turbulento que se formava no tecto bolorento e saia da boca de alguém que fantasiava a imaginação como se debutasse, de branco trajado e de fato fardado com o sapato encardido.
E assim foi que saiu pelo caminho, caiu e esmagou-se, afundando-se na argila margosa e desaparecendo....

Entidade espectral


Estando no final dos tempos somos assoberbados pela grandeza medíocre da nossa tecnologia enfadonha! O hamburguer pré-concebido, o bebé geneticamente alterado, a comunicação instantânea em qualquer lugar. O credito por telefone, os sms, o mail em cadeia, a cadeia alimentar adulterada, a extinção diária e a extensão da humanidade na aldeia global.
O Quim que qual quimera questiona-se pelo sentido da vida. Avança na vida sem qualquer objectivo senão a sobrevivência mesquinha juntamente com os milhares que não se questionam e que absorvem a informação mediática tele visionada, cheia de contradições, contra-informação, e contraproducente. Vive com o Gps, localizando-se mas não sabendo onde se situa social e culturalmente. Sabe as horas pelo relógio digital mas ignora o tempo que tem. Sabe a previsão do tempo, com temperaturas, pressão atmosférica, direcção e intensidade do vento, grau de humidade relativa, altitude. longitude e latitude mas nunca sabe onde está nem para onde vai.
Vida preenchida por noticias de calamidades à distância e mortes em directo. Brinda a mais um dia com mais um bagaço e pastel de bacalhau. E entretanto...
Confunde-se, Ilude-se, concretiza-se, subjectiva, abstraciona, sonha, idealiza, sente, pressente, fantasia, realiza, virtualiza, materializa, constroi, acrescenta, projecta, destroi, transcende, pensa, paraliza, sintetiza, desfragmenta-se, funde-se, consome-se e decompõe-se...Contudo não existe nem é!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Bah!


O homem tem um problema, pergunta-se sobre o absurdo da existência, desloca-se ao centro de atendimento. Fazem uma triagem. É questionado. Interrogado e catalogado. É reconduzido. Chega a sua vez, é levado pelo interior do edificio alvo, imaculado, com tectos altos preenchidos por luzes neon continuas. Chega a uma grande porta, abrem-na. É empurrado lá para dentro. Fecham-na. Lá dentro uma fila enorme de gente onde ocupa agora o ultimo lugar. Da primeira pessoa retiram o cérebro, que religiosa e sistematicamente é colocado numa pequena caixa de metal reluzente e azulada. É inserido na parede, cheia de gavetas numeradas de alto a baixo. O corpo é quimicamente tratado e reciclado. Novamente a sua vez, o processo é o mesmo. Já não sente nada, nem existe. Contudo na manhã seguinte acorda com o despertador, faz a barba, veste-se, apanha o eléctrico, pica o ponto e produz! O mundo é belo novamente!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

O passeio pela vida


Corpos transpirados dentro dum escritório urbano. Os prédios em volta cresciam, inundavam-nos de pó que entorpecia os movimentos. Obrigavam-se a trabalhar maquinalmente. O objectivo cumprido. Os números batiam certo. A alegria contagiante de mais um dia de imensa produtividade ineficaz e insuficiente.
À saída todos se dirigiam para os sinais indicadores. Atropelando-se. Conduziam-nos aos destinos diversos. Sempre fugazes. As plataformas cresciam de gente. Amontoavam-se os percursos. Aumentava a velocidade da partida. Enquanto outros havia que procuravam a chegada, Movimentos constantes e freneticamente desconjuntados. Os tais percursos conhecidos feitos de aglomerados desconhecidos. Gente adormecida circula pelas ruas. Outros acordam e gritam, falam da chegada do absurdo da vontade própria. Em vão. São esquecidos. passa-se por eles e o semáforo muda para verde, as portas abrem e os carris seguem o seu caminho pelo tubo negro e vazio de sentimento. Pára mais uma vez e sobem as escadas. A multidão expectante observa os painéis. O tempo continua e o comboio arranca-os do espaço. Para longe. Num lar por instantes. Saiem novamente esperando pela buzina. Trocam olhares a medo. Estranha-se o lugar vagamente conhecido. seguem em frente. As pálpebras fecham-se. Os carris em linha recta, comunicações em todos os sentidos e diálogos por todos os lados. Pensamentos cruzados. Inúmeras vidas juntas pulsam com a energia eléctrica que os alimenta e consome. Vivem viciados na rotina do amanhã que chega hoje. Mentes pesadas transportam a carruagem, nas paragens à frente sente-se a dor e o riso. Misturam-se numa mescla explosiva de demência prestes a acontecer. Rasgos de sanidade entremeados por loucura calculada e à distância de um banco ou de mais um lugar vago. E uma mente vazia. Passou-se o dia. O indicador luminoso aponta e a sirene assinala.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

#4

Para se estar sempre em maioria basta ser um

#3

O primeiro passo para a queda é levantar o pé

#2

Tudo é simples quando numa discussão só há uma pessoa...

#1

Para criar um conflito basta disparar uma bala para o ar

terça-feira, 6 de novembro de 2007

tédio animal

Por vezes dá-me vontade de nada fazer, então escrevo linhas, quem sabe para fazer um novelo e tricotar um pouco. Um comportamento humano. É aquela sensação que talvez se tenha quando se dá milho aos pombos. Vê-los correr pelos ares e a debicar aqui e ali. É um passatempo sui generis. Noutro dia vi um homem que o fazia, parecia empenhado!Como se a tarefa fosse honrosa e honrada. E é decerto, são conceitos. Há quem dê aos patos nos lagos do parque, ou até ao peixes no rio. Mas estes gostam de se amontoar junto a pequenos riachos de esgoto e ali deglutir pequenos manjares, falo das tainhas que também observei no domingo. Divertiam-se imenso e estavam a atarefadas a galgar-se mutuamente e de quando em vez giravam em torno de si mesmas e dava pra ver o brilho prata do fundo escuro da água. Um efeito bonito. são dias assim de national geographic ao vivo e em directo. Até os cães participam nisso! Quando andam juntos a cheirar os cantos e esquinas obscuras com cheiros nauseabundos, outros mesmo imperceptiveis para nós, mas decerto que levam ou trazem com eles notícias doutros lados. Os actos sociais caninos são interessantes para quem se encontra aborrecido, correm atrás dos gatos, cheiram o rabo uns aos outros, rosnam-se, ladram às gentes, levantam a pata na roda do carro, dormem ao sol,e roem o osso gigante dum fémur de bovideo, que deve ser o correspondente canino ao nosso sudoku. Os pardais são caricatos, quando o sol se põe juntam-se todos na mesma árvore e fazem uma barrulheira descomunal, são tantos que se confundem com as folhas, esvoaçam, e marcam lugar e presença, ocupam um galho para adormeçer mas logo em seguida são incomodados pelo vizinho e dão mais uma voltinha pela copa. De todas as direcções chegam mais, e é dificil imaginar como cabem todos ali naquele espaço. é a teoria do caos em aplicação natural. Uma comunidade alada similar aos peregrinos em meca que rodam e rodam! Engraçados os bichos. Os bichanos(gatos) também, com os seus bizarros afazeres, entre dormidas, perseguem osgas e lagartixas, fazem esperas a passaros incautos e divertem-se arrancando patas a gafanhotos. Crueldade? nahh...Natureza. Será o equivalente ao nosso tricot. Pensando bem o nosso ócio é bem mais futil, conversas infinitas à mesa de café, regadas a alcool e/ou cafeína, visitas a centros comerciais, tardes em que se desdenha o resto do povo mas acabamos sempre por nos juntar todos. Natural também, somos gregários, vive-se assim então.
cada macaco no seu galho, o Pombo com o seu grão, a tainha com o seu pedaço personalizado de esterco, o cão espoja-se, o pato pavoneia-se, o gato embeleza-se. os pardalitos poisam por cá, e nós, aqueles que falam, invejam-nos. E passa-se o dia.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Percepção galactica

o ceú encontrava-se nublado assim como a mente, tentava-se a aterragem, os sensores não respondiam. as informações sobre as condicões exteriores não chegavam ao painel de controlo, navegava-se às cegas, as respostas externas eram ignoradas. Era como uma concha, sectarizado e ostracizado em si. só se via para dentro, a luz era enorme e queria escapar-se mas não conseguia. Nenhum comando dado era cumprido, nenhuma informação coerente, o solo aproximava-se vertiginosamente a aterragem forçada e a queda abrubta, a força era gigantesca devido à aceleração da massa. Chocara na superficie, respirava apesar de tudo e finalmente sentia a gravidade. só isso era capaz de sentir. Abrira os olhos levantara-se.
Saia pelas ruas ignorando toda a gente, não era autismo, não era falta de compreensão apenas alienação. Continuava assim até ao final do horizonte e adiante.
Um ser bizarro numa civilização incompreensível. A adaptação era impossível, a comunicação fragilizada, o seu estado além de sólido encontrava-se sobre pressão. Uma sociedade de dificil acesso, uma ideologia de imperceptivel moral. Liga-se à base e transmite: "conseguimos contacto, no entanto os sentidos encontram-se avariados. As emoções sem bateria. os sentimentos queimaram-se aquando da reentrada na atmosfera. Possuímos apenas os comportamentos inatos, a razão básica e o senso comum"