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terça-feira, 13 de maio de 2008

Metamorfose


Era um sábado húmido e frio de final de inverno. Lá fora estava tudo adormecido, não se ouvia nem o piar dum pássaro. Nem sequer os rugidos dos motores dos veículos. Acordei assustado. Transpirado. Com uma forte dor na vista. O corpo entorpecido e dormente. Incapaz de me mover. Abri os olhos, não via. Levantei a mão a custo e levei-a à pálpebra, uma matéria viscosa e gelatinosa cobria-me a cara. Uma espécie de geleia viscosa cobria-me o corpo. Entrei em pânico, deixei cair o braço e assim fiquei. Tinha dificuldades em respirar e não era capaz de falar. Aquela matéria tapava-me a boca e colava-me os lábios. Como se fosse transformar a minha cara numa bola de carne. Tentei gritar. Ninguém me acudia. Perdi a força muscular, estava preso, incapaz de me levantar, por fraqueza voltei a adormecer. Passaram-se horas, ou dias, talvez semanas até. Sentia-me fraco. Não sentia os olhos, não ouvia, não mexia nenhuma parte do corpo. Os meus sentidos tolhiam-se assim como o cérebro, deixei de ter medo. Em breve o meu corpo ficou envolto num casulo, deixei de pensar...Passado um tempo que não sei determinar, vi luz, consegui sair, libertei-me do casulo que me prendia e voei. Nasci!

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