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segunda-feira, 12 de maio de 2008

O real, o virtual e o surreal


Um austríaco viola incessantemente a filha.
Um Iraquiano mata barbaramente a filha.
Na Birmânia centenas de milhar morrem.
Um abalo telúrico de 7.5 Richter abate um sem numero de chineses.
Em 2004 um Tsunami mata 1/4 de milhão.
Em 1945 em Hiroshima uma centena de milhar é incinerada.
Na Idade média a Peste dizima populações.
Um regime extermina 6 milhões.
O Mundo insurge-se. Condena. Repudia.
Chamam-nos de monstros, criminosos sem perdão e tiranos genocidas. Qual das acções a pior? Serão uns inimputáveis por serem considerados loucos? Terão alguns um motivo ideológico ou religioso para actuar de tal forma? Serão os outros culpabilizados por negligência?
Haverá quem coloque um crime acima do outro? Poderá haver uma lista ou um top ten das piores atrocidades mundiais? Poder-se-á catalogar as terríveis acções que se assistem e se praticam diariamente neste nosso Mundo? Com que moralidade se chama a um de monstro e a outro de doente? Um de genocida outro de homicida? Uma chacina ou massacre em oposição com um desastre natural ou um cataclismo? Não serão tudo mortes horrendas? Não será tudo gente que perde a vida injustamente? Familias inteiras destroçadas, gente que só possui a roupa do corpo... Não gostarão os Média de noticiar a desgraça alheia? Não vivemos nós alimentando-nos de notícias macabras e mórbidas? Deixou a morte de ser tabu e sagrada para passar a ser um produto de consumo imediato e servido a frio no jornal da noite enquanto os outros, os vivos, do outro lado do mundo, saboreiam o seu jantar com os olhos postos no Ecran? Serão estas imagens consideradas chocantes? ou serão uma produção cinematográfica real, natural e sem efeitos especiais que ombreiam e até ultrapassam as melhores fitas de Hollywood?( com pipocas à mistura!)
Quando deixámos de nos importar? Quando deixaremos de parar na estrada para ver quem está morto no acidente na faixa contrária à nossa? Será que o prazer se confunde com a dor? Estaremos nós insensíveis? Seremos imunes à desgraça alheia? Será que a nossa sensação de impotência em relação a um evento que se passa a milhares de quilómetros, torna a coisa mentalmente distante? Será que as reacções estão proximamente ligadas com os laços que temos às pessoas? Porque será que já não nos identificamos com nada? Porque gracejamos com a guerra do Iraque e a banalidade das imagens? Quando nos tornámos frios e calculistas e ao mesmo tempo Juízes e carrascos de gente longínqua?

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