A explosão.
Os céus incandescentes, o mar reduzido à areia fundida como vidro. A terra uma massa disforme como lava fossilizada.
Ficou cego e surdo momentaneamente. Caíram os muros das cidades e estas desapareceram em escombros. Imagens de sangue nas colinas e na bruma.
Perderam-se as emoções e os sentidos.
À volta reinava o nada.
As mães e filhos fotografados pela luz destruidora e imensa, num ultimo abraço carbonizado e nos seus rostos a expressão do desespero, marcado naquele instante e para sempre.
O vento empurrava as cinzas e as formas, como a agua do mar apaga as pegadas do areal.
Era o ultimo a contemplar aquele apocalipse. A cabeça furada donde lhe fugiam as ideias e vontades. Ficava-lhe a memoria da cor azul do céu e do mar. A recordação do verde da floresta. O sentimento de amar alguém.
Tudo perdido, apagado,cauterizado. Restava-lhe o chão para se aninhar em posição fetal e esperar que a fome e o ar tóxico terminassem aquela sua existência. Nos labirintos da mente e na imaginação destruida esqueceu-se momentaneamente de tudo o que o envolvia, e sonhava com um nascer do sol, escondido no nevoeiro eterno e pardacento, dum destino terminal.
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