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sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

João, de olhar frio e coração gelado

João emigrou para a capital, esperava ser artista, esperava escrever um romance, atingir a fama, e no céu ver o seu nome. Entrou no centro de emprego tirou a senha, saiu, levantou a gola e procurou um café.
A neve caia sobre o País. Gelo criava-se sobre a cidade, os niveis friaticos congelaram, entre os calcários, as margas e as argilas, formava-se estalagtites e estalagmites, a Crosta terreste atingiu temperaturas negativas, deslizava agora sobre o manto. A placa tectónica movia a cidade, esta deslizava para Oeste, invadia o mar e sobre este flutuava, ia ao sabor das correntes do golfo. O mar solidificou, a temperatura desceu, os edificios estalavam com o vento, a neve ao cair, fragmentava as ruas, o cimento rachava, as estruturas partiam-se, as pessoas quebravam, tudo se espalhava como cristal pelo chão alvo, o horizonte branco alargava-se, as nuvens não se formavam caindo sobre a superficie em forma de granizo.
João acabou de beber, saia do bar, não conseguia andar, os pulmões a ongelar, não gritou, partiu-se em pedaços, bocados no mar e outros pelo ar. Morreu firme e hirto, padeceu a sonhar.

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