Acorda, levanta-se e anda erraticamente. As cidades as ruas o céu e as gentes como decalques. O tempo e os dias, repetições, reposições, passados em esconsos esperando os outros, o futuro. Não conhece a cor dos trapos que usa. Os odores esquecidos. Os barulhos e sons ignorados. Os estímulos e sensações há muito perdidos. Desconhecendo há muito o sabor do salgado, do doce, do acre. Comia o que achava. Desaprendeu a falar. A comunicação era só num sentido, sinais e expressões que recebia. Muitos de desaprovação outros de nojo e ainda de ignorância. Questionava-se quando é que o mundo deixou de se preocupar, de ver as cores, de observar os padrões e formas. A diferença era indiferente. O repúdio uma constante. Ninguém raciocinava. Através duma observação única, avaliavam, mediam e julgavam.Os métodos eram simples, baseados em conceitos duma moral antiga, ancestral, anacrónica. O Sol andava à volta da Terra e esta era plana e quadrada. Uma nova Idade média. Ninguém perguntava nada a ninguém, havia o medo de os olhares se cruzarem, a desconfiança no próximo doentia. O Pensamento e a filosofia lendas e mitos da antiguidade. As preocupações mais comuns eram a acumulação de riqueza na forma pecuniária, o desejo esmorecia, a vontade definhava, o livre arbítrio extinto. Os olhos vazios, os rostos frios, a mente volátil e estéril, os corpos mecanizados com a função instintiva gasta. A vida uma rotina destinada a viver como a formiga, Binária e dum gânglio nervoso, acumulando inconscientemente, acumulando sem objectivo, acumulando sem saber o que é, não chegando a viver para ver o sol nascer. Sai da civilização, rumo ao seu destino, sem mais questões, avança até ao fim do mundo, um enorme precipício com uma gigantesca cascata. Salta e segue o rio,descendo ao sabor da maré, sem forçar a corrente. Jazendo morto nas lamas, num caldo primordial, desfazendo-se em pó, pó de estrelas. Sorri.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
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