Quero um mundo sem lentes a cores e escutar a Terra!
Quero furar os olhos para poder ver
Quero perfurar os tímpanos e ouvir
Quero arrancar o nariz e tudo cheirar
Quero rasgar a boca e enfim gritar
quero esventrar o meu corpo os ossos esmagar e finalmente viver.
quero ser pó e cinzas e nunca ter de nascer
quero primeiro perecer, para num segundo crescer
quero ter o tempo para saber do espaço
quero ser uma linha para ter um formato
quero ter nada e o tudo parecer
e queria imaginar-me para sonhar e ser
Quero furar os olhos para poder ver
Quero perfurar os tímpanos e ouvir
Quero arrancar o nariz e tudo cheirar
Quero rasgar a boca e enfim gritar
quero esventrar o meu corpo os ossos esmagar e finalmente viver.
quero ser pó e cinzas e nunca ter de nascer
quero primeiro perecer, para num segundo crescer
quero ter o tempo para saber do espaço
quero ser uma linha para ter um formato
quero ter nada e o tudo parecer
e queria imaginar-me para sonhar e ser
e aí:
Queria voar com a andorinha e correr atrás da lebre, à frente da chita, por baixo do condor,
voar tão alto para ver o Sol de perto e nele orbitar e sentir aquele enorme torpor
despontar na Primavera e secar no Verão.
tons vermelhos, amarelos e castanhos, cair como a folha de um Carvalho ou até dum Pessegueiro,
ser uma Ilha cercado pelo Mar,
Palmeira dum oásis junto ao deserto e na areia rebolar,
hibernar no inverno, na gruta Urso, num casulo um Bicho, e numa toca acordar
mergulhar com o mergulhão,
rir de ou com a Hiena e descansar junto ao Leão,
viver tanto como uma sequoia
e morrer também como uma amiba,
escavar como a toupeira,
e construir alta termiteira,
fugir do frio com os patos em direcção ao Sul,
nadar longe com o cachalote para Norte,
piar como a coruja, e roncar como um javali,
alimentar-me do Sol, como o girassol
rodar tanto e de tal forma girar até entontecer,
sugar o suco ébrio da crosta terrestre
brotar tudo cá dentro como um vulcão,
ser leve como um colibri
apesar de tudo o que não escrevi
terminar sendo despedaçado por um tubarão
posto isto
mudar de posição,
deixar o teclado
amanhã manter-me acordado
e apagar o despertador de antemão.
voar tão alto para ver o Sol de perto e nele orbitar e sentir aquele enorme torpor
despontar na Primavera e secar no Verão.
tons vermelhos, amarelos e castanhos, cair como a folha de um Carvalho ou até dum Pessegueiro,
ser uma Ilha cercado pelo Mar,
Palmeira dum oásis junto ao deserto e na areia rebolar,
hibernar no inverno, na gruta Urso, num casulo um Bicho, e numa toca acordar
mergulhar com o mergulhão,
rir de ou com a Hiena e descansar junto ao Leão,
viver tanto como uma sequoia
e morrer também como uma amiba,
escavar como a toupeira,
e construir alta termiteira,
fugir do frio com os patos em direcção ao Sul,
nadar longe com o cachalote para Norte,
piar como a coruja, e roncar como um javali,
alimentar-me do Sol, como o girassol
rodar tanto e de tal forma girar até entontecer,
sugar o suco ébrio da crosta terrestre
brotar tudo cá dentro como um vulcão,
ser leve como um colibri
apesar de tudo o que não escrevi
terminar sendo despedaçado por um tubarão
depois disto
ou melhor:
ou melhor:
posto isto
mudar de posição,
deixar o teclado
amanhã manter-me acordado
e apagar o despertador de antemão.
3 comentários:
Até fiquei com os olhos trocados das cores que puseste no post!
:)
Irra! I Think I've gone blind... I can´t see a thing... :-P
Ahahah!! :-D
:-)) Poderás ter de te agredir a ti mesmo, de facto, para te libertares do corpo em que nos encerram quando vimos a este mundo... toda a nossa visão do mundo está necessariamente e inevitavelmente condicionada por isso mesmo, é uma injustiça... :-P
Mas como tomar consciência se fossemos donos da consciência suprema? Precisamos de uma base que nos limite; só podemos tomar consciência se não formos conscientes...
Nunca ter de nascer é bom... implica nunca morrer!! Mas não será aborrecido ser sempre pó e cinzas??
Perecer e crescer em seguida fazemo-lo todos os dias, não?? Ou quase...
Eu queria ter o tempo para saber do próprio tempo... (não compreendo a forma como eu mesma desprezo o espaço... será por ser "mais material" que o tempo? e será que é mesmo assim como eu acho que é?)
Se tiveres nada, o tudo parecerás...
Sonha e imagina e serás...
Se desejas a verdade para além dos sentidos, fundir-te com a Natureza é um bom caminho!!
Muda de posição... deixa o teclado... ou não... :-))
Poderoso.
Queres diluir-te na Terra e ser Terra e Natureza e apenas isso que já é TUDO e mais alguma coisa e ser a totalidade omnipresente que ecoa e escuta os ecos e pura e simplesmente existe e sabe sem questionar seja o que for porque nem sabe o que é questionar...
A consciência sim, mas sem ter consciência dela...
Somos pó aglomerado e constituído corpo por isso trazemos as sombras da totalidade nas esquinas da nossa pele e da nossa memória.
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