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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

um ano novo

Introdução:
o ano de 2010 entra. Na Era de Aquário o Ano do Tigre, o tempo do virus!
sou um virus. transportando em mim todo e qualquer conhecimento humano, endogeno ou exogeno, aprendido ou apreendido, genético ou memético. binário

Fervilho, num frémito de expectativa, num torpor de receio pelo salto no desconhecido mas previsivelmente peculiar mas vulgar e banal. Cheio de tempestade. Não climatérica, antes social, e até emocional. Não há tempo para amar, esclarecer, informar e iluminar., só para obedecer
ao sistema maquinal. sintético. Ódio, intolerância e preconceito, num conceito mais cómodo e mais facil porque carece de razão. Oco e vazio.

Sentado no futuro,num banco de jardim, a noite a crescer, com a chuva a cair;

Tudo tão calmo...

uma serenidade apaziguante

vejo um deserto estender-se pela civilização, extenso e plano
sem horizonte,bonito..este futuro.
Paradoxal
Um deserto virtual de ideias, de ideais, de ideologias e outros que tais.
isento de emoções, sensações, sentimentos, só os 5 sentidos, muito breves e resumidos. Chegam em cápsulas sintéticas, uma toma diária. Geração do drive-in, fast-food, google e facebook e informação na wikipédia. Anorética e estética.


os sentidos apurados de repente! Brrr que susto! Suicídios, assassínios, psicopatas, prozac e xanax, ginásio com esteroides e anabolizantes. Corpo são em mentes adormecidas.
Mas e o que são os sentidos?... Como são?
A que sabe?
como sentir?
E que devir?

Ouvido.
a audição numa calma tranquila e como fundo sonoro, o silêncio. Que tem de ser preenchido pelo electro, retro, tecno. Ninguém escuta apenas ouve. Para acalmar sai-se da praia e fecha-se em casa com o som do cd de golfinhos entretanto extintos.

Paladar.
um sabor neutro mas aveludado, não como o paladar do vinho mas como se se sentisse o toque suave dum céu sem nuvens e sabendo quase a azul eléctrico.

Tacto.
Sem toque, com luvas, antiseptico, pele macia, e fraldas dodot, Gillete não irritante, pensos confortáveis com abas, e abram alas, não se toca, digite-se na ausência de atrito.. e sentindo aquele deserto plano, deslizante e distante, quase ausente, muito ténue. Mas sempre presente e insistente em quem não sente.

Olfacto.
Apurado, e preparado para qualquer cheiro, com máscara. Odores artificiais no carro, cheire o Serengueti na Kawasaki.
sim.. e o cheiro é sempre algo..familiar, o que vai sendo raro.

Entra o ar pelas narinas e sinto o universo a entrar, aquele vácuo negro e escuro, mas sem morbidez para já.

Ao refinar a aspiração, inspiro-me, e agora quase se confundindo com um branco límpido, uma inspiração mais cuidada e quase se sente que se cheira o Mundo inteiro, sem caos nem desordem, e também sem qualquer ordem, mas puro, perfeito e original. um cheiro que não traz recordações que apenas nos faz pensar, em nada, em sorrir e lembrar de não esquecer o momento passado, e/ou que traga uma nova, um boa nova...Talvez futuro que à medida que nos aproximamos dele seja alternativo, real. Pouco provavel se não impossível.
Parentesis:
Divagação#1

E ao cheirá-lo, ao pressentir o futuro, através do passado, alargam-se as narinas, sentindo as entranhas da terra, entrando por mim as almas de dezenas de milhares de milhões de corpos moribundos.Que vagueiam desde que a humanidade foi criada. Transforma-se este odor em almas etéras, e em vez de serem sintetizadas pelo pulmão, vão ao cerne da razão para lá serem assimiladas e reinterpretadas. converte-se os sentimentos numa mescla de caos e confusão. Englobando num único corpo todas as vozes interiores do Mundo: sai um grito seguido duma explosão.

Emoções negras nas recordações que me entram nos pulmões e irradiam toda a dor, mágoa, angustia, rancor, doença e horror, sensação tão avassaladora que rebenta com o excedente de informação:

o excesso de emoção.

#2

e bang, bah...puf. transformação da mitocondria em cloroplasto e vegeto. Mas dentro da moda vigente vegeta-se em compostos de silicio. Troca-se o "fish and chips" pelos micro-chips



a terrível noção ou sensação de ter toda a dor da humanidade, desde que primeira pintura foi gravada na gruta, até ao último passo da Diáspora humana... e para além.

adiante então pois ia somente no olfacto. fechando parêntesis.

Visão:
mais à frente os olhos nada vislumbram, pois os anteriores sentidos já preenchem o vazio até demais, com sensações exacerbadas e exponenciadas. não dando lugar a mais nada. O que há para ver grava-se em Mp4, para mais tarde recordar, olha-se em slowmotion sente-se em fastforward. Pensa-se em pause.
Uma Conclusão:

Sou um virus, é o meu tempo, estou na moda, sou fashion, Freak-chic. Designações, descrições e concepções a metro e por encomenda. Em grande escala. Mega, Giga. Pague dois leve 3, que à dúzia já não é mais barato. daí que prefira não ver, já chega. Olho para o lado, depois de abrir os olhos, e desaparece o banco de jardim, viajava no comboio e a próxima estação é a terminal, sem correspondência qualquer lugar. Entretanto está-se em rede mas não se pesca nada e contudo faz-se um download do antivirus. Extingue-se. Extermina-se tudo.

Até já.

1 comentário:

as velas ardem ate ao fim disse...

Faz como eu...toma um victam para viveres tdos os dias.

um bjo