João Cruz Oeiras de Portugal adesão a portal.membros@spautores.pt

Nome

Email *

Mensagem *

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Atirem uma segunda pedra


LXXXVII - Atirem uma segunda pedra


Faz hoje uns meses que quase perdi a vida num estupido acidente de viação.
Por incúria e excesso de confiança. Dizem que nos passa toda a vida à nossa frente nesses segundos. Nada mais longe da verdade. Agarrei-me de unhas e dentes a ela apenas. Mas a única coisa a que me prendi foi a um cinto e ao alcatrão que me consomia.
Um desalento tremendo para a minha famila, incapaz de crer num tamanho disparate. Uma preocupação para todos. Uma dor de vermos aí quem nos tem amor, quem nos quer bem. E nos observa com reservas. Talvez sem fé. Saber que falhámos, com todos. Familia, amigos , namorada e com nós próprios. Uma desilusão no fundo.
Nos dias seguintes sim, passei em revista a minha existência. Conclusões?
Nenhumas. Continuo igual a mim proprio. A fugir da realidade. A evitar os conselhos amigos e alheios. A combater a razão.
Que aprendi? Nada. Os meus hábitos são os mesmos. As vivências iguais. A realidade não aceite. Preferivél escapar. Escalar a uma montanha que sei que escorregar. Atravessar um rio demasiado caudaloso. Esticar-me para alcançar as estrelas que sempre me fugirão. Tão mais fácil. Viver a nossa criação. Deturpada e distorcida. Inviável e impraticável.
Quem disse que escolho o caminho fácil? Apenas o meu. Caminho sui generis este. Helicoidal. Nada profundo. Plano. Branco. Neutro. Absurdo, e sem saída.
É-me difícil o outro. O Normal. Mas o normal não é o vulgar. É o certo. É o das Gentes. Movo-me com dificuldade. Cheio de fantasmas. Um temor de assumir. Um medo constante de falhar. DE fracassar nele. Daí que vá falhando no meu. É bem provável que prestarei contas mais tarde.E de certeza queo razoável e o sensato vai-me alcançar. Tarde demais.

3 comentários:

Unknown disse...

E perceber que muitas batalhas perdidas são, no final de contas ganhas, quando vistas da perspectiva que que tem o que tem e a mais não é obrigado a não ser quando se obriga? a insatisfação é tão naturalmente humana como fisiologicamente inescapável! No fim maior, no fim final, no fim do fim, enfim, apenas a continuação. Feliz? Só quando "me venho"...

Elfa disse...

"(...) Continuo igual a mim proprio. A fugir da realidade. A evitar os conselhos amigos e alheios. A combater a razão.

Que aprendi? Nada. Os meus hábitos são os mesmos. As vivências iguais. A realidade não aceite. Preferivél escapar (...) Tão mais fácil. Viver a nossa criação. Deturpada e distorcida. Inviável e impraticável. (...) É-me difícil o outro. (...) Movo-me com dificuldade. Cheio de fantasmas. Um temor de assumir. Um medo constante de falhar. DE fracassar nele. Daí que vá falhando no meu (...);

6 anos depois... por já ter sido e sentido o mesmo, achei que podia mostrar-te o meu novo Mundo... e falhei, como falhei!...

Cruztáceo disse...

Falhaste? quem? falaste sim e ouvi...falta eu "vir-me" e seguir e atalhar caminho( nas palavras do Simon)