o Quim e o Manel tinham uma carrinha com um bar montado e corriam o País para ganhar dinheiro e conhecer pessoas,cruzavam-no de lés-a-lés com o intuito não de vender mas de se embriagar com o produto da venda. O Quim encarregava-se da produção enquanto Manel se dedicava à venda. Duas distintas personagens o Quim mais reservado, percebia-se que ja tinha feito das suas, contudo e apesar de experiente era receoso com medo de não alcançar os objectivos produtivos. Manel era diferente, mais exuberante, excelente vendedor , contudo reconhecia que por vezes perdesse clientes. No fundo eram duas pessoas iguais, embora tivessem um modo de ser muito parecido, o modo de estar era divergente por vezes.
O negócio parecia de vento em popa. Havia mais procura que oferta e não havia mãos a medir. Manel por vezes tinha dias que conversava mais com os clientes do que escoava os produtos, pondo Quim numa posição incómoda, desconhecendo qual o ratio da produção que havia de implementar. Outra vezes, Manel, vendia tudo a uma velocidade alucinante, ficando Quim a braços com escassez produtiva. Pareciam por vezes dois perfeitos desconhecidos e muitas vezes, no fecho das contas ao final do dia, as discussões prolongavam-se noite dentro. Quim gostava da produção, empenhava-se nisso, dava-lhe gozo o facto de estar sozinho e de ter tempo para si. Manel preferia as longas noites cálidas de conversa, junto à multidão, as recordações da vida boémia, exerecitava-lhe a mente inventar novas estórias, conseguindo a atenção dos clientes, apenas para vender mais.
Por vezes o espaço entre o local de venda e a produção tornavam-se longinquos. Provocando longos periodos de afastamento entre os dois. Era notório quando o produto produzido não correspondia à necessidade da venda. Trabalhavam como duas entidades diferentes. Uma não tendo noção do que a outra necessitava ou pretendia. Era nessas alturas que retiravam a carrinha do seu lugar e iam apenas vender gelados junto à praia. única altura de concordia pois eram os dois a produzir e a vender.
Quim começava a ficar cansado de produzir sempre a mesma coisa. E Manel parecia aborrecido na venda. Decidiram trocar de função. Nos primeiros dias tudo correra bem, mas passado algumas semanas pareceu-lhes que algo estava errado. Como se não pertencessem ali. Decidiram tirar umas férias. Cada um paar seu lado. Passados dias surgia-lhes a sensação de vazio novamente, se por um lado a produção e venda, os aborrecia, a separação era insuportável pelos longos anos habituados aquela rotina. Porém, os dois na carrinha pareciam não funcionar a 100%. Quim precisava dos seus periodos de reclusão e Manel das suas conversas intermináveis e imaginativas com o desconhecido. Teriam de conceber uma solução. Verificaram então que com o lucro acumulado até agora poderiam perfeitamente comprar outra carrinha. E aí cada um teria a dupla função não havendo especialização e até fariam entre eles uma concorrência saudável, e até havendo entreajuda nos periodos de maior aperto.
Parecendo que não, os lucros aumentaram. Tinha dado frutos esta nova divisão de tarefas. No final do dia os relatórios de contas eram terminados no meio de sorrisos e brindes a uma nova visão comercial! Em breve tinham uma 3ª e uma 4ª carrinha, e os clientes fidelizados. E a partir daqui o objectivo era uma cadeia, era o Mundo!
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
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1 comentário:
Fico feliz por o Quim e o Manel terem conseguido arranjar um meio-termo, que tenham conseguido dissipar o vazio... e venha o Mundo ao seu encontro :)
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