Martinho vivia na Graça. Assava castanhas e como acólito tinhao Chico, um miudo que as levava a casa. Em part-time trabalhava no bar dos bombeiros voluntarios de sapadores. Tirava lucros da castanha e vendia estupefacientes aos moradores da penha de frança. A vida corria-lhe bem, disfarçado de pescador em peniche, fazia o desembarque através das berlengas. Abriu uma loja de take-away. Ia de vento em popa. As castanhas embrulhadas em pacotes, saiam que nem sardinhas. Quentes e boas. Os clientes aumentavam, assim como a carteira de negócios.Criou uma sociedade com a São, amiga de infancia ,que tinha uma volkswagen pão de forma, , e companheira de carteira na primária, que transportava o produto desde peniche para a capital. A São Martinho Lda expandiu o negocio para a margem sul. Uma pequena embarcação fazia a rota xabregas- Seixal. Começou uma nova era. O seu guarda livros lavava o dinheiro através do bar dos bombeiros, O fisco apertava mas nada tinha por onde pegar A Asae descobriu irregularidades nos embrulhos, as páginas amarelas eram reutilizadas, recicladas e reciclaveis, contudo eram desactualizadas. Fizeram-lhe uma espera. A carrinha esperava-o estacionada, dois paisanas, na esquina oposta simulavam apanhar o autocarro da rede da madrugada. Era noite cerrada, um frio seco, ja de madrugada cai uma névoa plumbea, pelo lusco-fusco, Martinho sai do bar, dá por encerrada a jorna. Suspeita de algo, reentra. Estanca, senta-se na sua secretária e puxa dum cigarro. Queima o produto na salamandra da associação. Empresta a sua capa ao Chico que fazia os biscates, empresta-lhe a sua capa, e manda-o de bicicleta pela Sé abaixo, Mordem o isco. ouvem-se sirenes em perseguição. Martinho apaga o cigarro e as luzes. Fecha a porta atrás de si, olha o céu que se torna azul. Nasce o dia, Martinho sorri e afasta-se desaparecendo na esquina e entre os primeiros raios de sol.
Moral da história: Quem tem capa...
Moral da história: Quem tem capa...
1 comentário:
Uma historia que adorei!
E quem tem capa sempre escapa!
bjo
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