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terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Odes duma existência sideral ( remake dum poema no Espaço)


Gaia cria a vida ao simplesmente girar.
Também a destroi se espirrar.
Um volta mais rápida e está tudo no ar.
Uma paragem repentina e vai tudo voar.
Divaga com o sol e entre as outras estrelas,
desloca-se na galáxia e afasta-se do centro do Universo,
mas sem nunca o deixar.
Fazemos cálculos para tentar compreender,
esquemas para nos enquadrar,
tabelas para a saber ler,
e quadros para o demonstrar.

Apesar da ciência, apesar da técnica, sabemos pouco e nem sabemos quem nos vá ensinar. Apenas podemos agarrar-nos firmes e sorrir, estarmos presentes e testemunhar,
e apesar da nossa ganância não podemos ignorar, que em qualquer instante, em qualquer momento, com ou sem a nossa aquiescência, podemos expirar.
Assim é o Big Bang, assim se faz a criação, como num mecanismo automático que não requer a nossa compreensão, perante a nossa existência o tornamos axiomático, mas também, como num pequeno soluço, presenciamos a destruição.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

A Ilha


Viviam na Ilha. Uma população imensa de gente nobre e educada. Com todos os bens primordiais à civilização. A paz, com pão, em saúde, educação e habitação. Trabalhava-se para o bem comum, sem atritos, nem choques ideológicos. Nada faltava naquela sociedade perfeita. Passavam os dias, os anos, as décadas, e prosperavam. Sem aviso, o nivel das águas começou a subir. Fizeram-se diques, construiram-se canais, organizaram as construções em altura. Houve o dia em que o espaço não chegava, as gentes acotovelavam-se, os bens escasseavam, a estrutura desabava. Chegou a altura de se reunirem e tomarem decisões. Numa grande assembleia juntaram-se os representantes das várias ordens, para deliberar quem deveria abandonar a Ilha, e quem merecia ficar:
" Meus amigos!Em representação da ordem militar proponho que sejamos nós a ficar uma vez que a paz deve ser mantida, e que é só assim seremos felizes."
"Perdão meu caro senhor, eu como representante da ordem do advogados, devo avisar que sem Leis haverá o caos, e a Ilha não terá a razão!"
" Lamento afirmar senhores mas sem os engenheiros a manter as edificações tudo se irá desmoronar"
" Perdoaí-lhes Senhor! Sem a Ordem dos bispos, os fieis ficarão sem pastor, andarão tresmalhados e entraremos em perdição"
" Queiram desculpar, porém sem os médicos, a saúde piorará e todos padecerão de várias maleitas"
" Nós como agricultores queremos protestar, sem as terras para lavrar que iremos comer?"
A discussão prolongou-se ad eternum, até que o mar desceu, as terras secaram, as leis prescreveram, a fé perdeu-se, a doença avançou, a sociedade estagnou. Desaprendeu-se a fala.
Ficaram apenas os filhos das cinzas, e às cavernas se recolheram, fogueiras faziam, saiam para a caça e recolecção entre as ruinas da cidade e num vasto território por explorar. Uma unica tribo sem leis nem ordem. Sem rei nem roque. Felizes para sempre na sua desordem.

E Porque não?


"Porque não,
sentir apenas o acordar
Sentir o cheiro autêntico de uma laranja
Ouvir o autêntico cantar de uma gaivota..."

e porque não?
Porque não estender o braço e tocar as estrelas?
Porque não esticar o pescoço e brincar com as nuvens?
Porque não elevar o nariz e sentir toda a maresia do Oceano?
Porque não olhar para além da curvatura da Terra e seguirmos em frente?
Porque não abrir os braços e abraçar toda a Humanidade?
Porque não sorrir duma ponta a outra do Mundo?
Porque não correr pela praia e sentir a vida a fluir?
Porque não mergulhar, tocar o fundo e saber flutuar?
Porque não sentir o vento frio, abrir as narinas, respirar e a montanha aquecer?
Porque não ficar a ouvir o pássaro, as folhas e o insecto a voar?
Porque não ouvir as pessoas a passar?
Porque não deixar ser e estar?
Porque não?

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

para Ti!


If you are my true friend
Then you'll listen
You see, I've been dreaming again
Looking for something
That's been lost
And these eyes have been a camera
They hold memories clear and fine
I'm turning away And I remember
The way it was to live
Inside a small girl
To cast no shadow on the ground
But there is someone here with me
And he is tying
A red, red ribbon to a tree
Oh my mother
My good friend
I knew you so little then
And my sister
And my two brothers
We can still talk to each other In the dark
So if today Is such a long, lonely time away
Then I'll remember
The sound of snow
And I'll remember
The forest
And I'll remember
The Mountain

Heidi Berry - The mountain

Vitamina C


Num campo havia um poço, e perto deste crescia uma alta e viçosa laranjeira. Nesta havia pendurado um baloiço e nele um menino. O menino viva numa quinta longe dali, e todos os dias vinha brincar perto do poço. Baloiçava enquanto se banqueteava a comer laranjas, cor-de-laranja grandes e sumarentas. Um dia caiu lá dentro e por lá ficou. Tinha saudades do baloiço. Das laranjas não. Caiam frequentemente lá dentro. E assim cresceu e tornou-se homem. A laranjeira nunca parou de dar fruto e alimentava-se dela. Um dia fartou-se e saiu. A laranjeira estava gigante e rasgou as cordas do baloiço que se encontrava gasto no chão pelo uso doutros meninos. O tamanho da laranjeira impressionou-o e subiu até ao mais alto dos ramos. Pelo menos aquele que lhe sustentava o peso. Por lá ficou. Os pardais incautos habituaram-se a ele, e o homem alimentava-se deles. A laranjeira crescia, o homem envelhecia. A laranjeira ficou.O poço também, e o homem morreu.

Sonho


Estando firme aqui neste penhasco, peço que não me acordem deste lindo pesadelo! Agarro-me às palavras com medo que as tirem. O vento circula à minha volta e arrefece-me a face, as folhas voam em circulos, assim como as frases que me aconchegavam, deixam de ser minhas e puxam-nas. As vozes longinquas falam mais de perto, aproximam-se de mim, e falam. Dizem lindas coisas. Contam belas intrigas, circundam e apertam-me. Brasas que se reacendem e me acertam no peito, rasgando-me a carne. As belas conversas rodopiam e elevam-me. Apontam-me e dizem que fui eu. Contam que sou eu. Falam que fiz eu. e Subo, subo mais, chegando aos céus. Condenado e julgado, e o corpo atirado ao circo é brevemente devorado, rapidamente desaparecido. E dizem que fui eu. E Apontam-me dividem os despojos, todos juntos à fogueira. Cantam e dançam.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

transcendencias

na noite, saiam as estrelas ao nosso encontro, a fuga impossível, uma velocidade que nos transcende! fugiamos pelas ruas escuras do bairro escuro, iluminado pelos archotes apagados, saíamos de casa com os cães cheios de raiva, a dentada poderosa num manto de alguém embriagado, gritavamos com medo, sufocavamos no nosso vómito! A maré puxava para o levante, a mente enviava-nos avante! sem sentido e com direcção perdemo-nos no deserto, levados pelo berbére que nos falava que era perto. a saida estava longe, a entrada era aqui. onde? não sabemos. a areia entrava pelos poros e afogava todos os esforços. Navegavamos em esforço e o troço sem rota, sempre em frente, adiante...

blah


Virgin mary was tired
So tired Tired of listening to gossip
Gossip and complaints
They came from next door
And a bewildered stream of chatter
From all sorts ofAll sorts of
Untidy whores
Came from next door
Came from next door
But some men are chosen from the rest
But their disappointment runs with their guests
Never would be invited to the funeral rosegarden
But their choice dont seem to matter
They got swollen breasts and lips that putter
And their choice of matter and their scream of chatter
Is just a little parasitic scream of whores
Screaming whores
In the rosegarden funeral of sores
Virgin mary was tired
So tired of listening to gossip
Gossip and complaints
In the

In the Rosegarden
Rosegarden funeral of sores


Rosegarden Funeral of Sores - Bauhaus "Press the eject and give me the tape"82

livre


livre! Livre para descer no buraco como alice
descer no país das maravilhas! tocar na sarjeta e subir alto
cavalgar nas estepes num cavalo turco e voar!
Aspirar o pó das pampas, ter como heroína uma das amazonas, carregar-me de tetra-hidro-canabinol e beber o a poção mágica que me inspira!
Livre para carregar a sela com Ketamina e partir!
Livre para em cada selo lamber uma carta!
Livre para selar o destino com lsd como remetente e rir!
Partir e dividir-me em Md
chegar e não parar de consumir-me em etanol
o cérebro em colapso o corpo em explosão sem nunca o sentir!
livre!

palavras

do alto do zigurate todos observam
do alto da torre todos vêem
de cima do observatório comentam
mas alguém interpreta?
será que ninguém descodifica?
haverá outrém que descomplica?
a linguagem um virus que se espalha
a mensagem uma cadeia que encalha
Todos a leem
mas quem é capaz de a sentir?
todos a vêem
será alguém capaz de a resumir?
Será que um dia descerão da torre de babel?
será que algum dia vão crer?
haverá alguém capaz de conseguir?
pelo menos de querer?...

Não ser


Fecho-me e impeço a luz de chegar, esqueço as cores e as imagens que me trespassam a memória apagando de vez todos os instantes e momentos vividos. Tapo os tímpanos e deixo de ouvir, rasgo as notas, os sons, as vozes e os tons constantes da recordação. Ponho as mãos sobre o corpo, inclino-me para trás, deixo de sentir, sentimentos queimados, emoções trituradas, sensações esmagadas. Pára a corrente sanguínea. A respiração inconstante, sem oxigénio. Aguardo a escuridão cardíaca. Deixo de ser. Os pensamentos não surgem, as vontades dissipam-se. Uma vertigem súbita, uma tontura tremenda, atiro-me. Fui.

Ser #2

Nunca saber com estar com alguém. Fabricação de gestos, invenção de estado, actuar por reacções pré-concebidas. Não saber amar ninguém. Realizar desejos, conviver de alma ausente, sentir de corpo inexistente. Socializar com uma máscara de acordo a ocasião, um sorriso trazido e ensaiado, uma catálogo de emoções idealizadas.
Um catavento, um papagaio, um girassol. Estar apenas para ser. Ser somente o que se exige. Passar subrepticiamente, correr o tempo, esperar por nada. Acordar para viver a fábula criada anteriormente, viver a encenação do egoísmo reeinterpretado. Sem objectivos nem tão-pouco almejar nada.Alimentarmo-nos porque surge a fome, agasalharmo-nos para tirar o frio, darmo-nos quando vem o cio. Nada saber, a mente vazia, qual insecto a bater na vidraça, não há mais caminho, secar e definhar no parapeito.

Ser


Como conviver com alguém? As aproximações sempre falsas, meias-verdades, máscaras e sorrisos encobertos com sarcasmo. Nunca ter uma verdadeira relação, antes actuações fora de palco, ensaios em branco, encarnar personagens. Nunca viver realmente, antes seguir o guião, funcionar por imitação, proceeri como a maioria. Nunca sentir realmente, apenas estar presente, reagir de modo pré-condicionado. Não amar realmente, aproximar-me e observar que estimulos são pedidos, funcionar como uma máquina reveladora de desejos.
No fundo uma mal-formação, um defeito de fabrico. Um catavento, um girassol, um papagaio.
Ter principalmente as funções vitais, ter fome e ir à procura de alimento, ter o cio e seguir o chamamento, ter frio e procurar abrigo. Não ter alma e coração artificial. Viver à espera de adormecer. Acordar para poder olhar algo diferente, que nunca vem, nem nunca aparecerá, não estar aqui, fugir, não pertencer, conseguir contornar os obstáculos, as questões, as dúvidas, viver superficialmente, esquivar, contornar, e chegar ao fim sem nada, apenas a mente vazia, sem problemas, nem ideias, nem objectivos. Desejar não ser, e à passagem do tempo, não estar a desejar. Seguir pela linha subrepticiamente, reparam mas não nos vêem, ouvem mas não escutam, e assim passar...A morte à espreita. Não levar nada nem ninguém atrás. Quem fomos? Não interessa...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

noite branca

Saímos entre a noite
de encontro às estrelas pelo caminho.
Bebemos para além da exaustão
nem é hoje que chego ao ninho
e cansamo-nos do turbilhão
falamos com alguém
sentimos os deja vu e os clichés
alteramos a sensação
dá uma dormência nos pés
vivemos a emoção
gastamo-nos como se fosse a perdição
uma ansia de ir à frente
estoiramos com a nação
com um impeto tremendo
criamos uma canção
estoiramos o acontecimento
parimos um cão
estagna-se a mente
andas pelo barril
a cabeça dormente
mas estás baril
rebenta a bolha
continuas na moda
tiras a máscara
já ninguém olha
sei que o mundo anda à volta do sol mas não faço ideia para onde vai...
conversa que não interessa a ninguém
e este atrofio também

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

para que não restem dúvidas.

"Não existe diferença significativa entre os vocábulos “estória” e “história”, que partilham a mesma etimologia (do grego ‘historía’).
Contudo, “estória” é a grafia antiga de “história” que, entretanto, caiu em desuso no português falado em Portugal.
Por conseguinte, este vocábulo não aparece registado nos mais recentes dicionários de língua portuguesa editados em português de Portugal.
Porém, ainda o podemos encontrar no Michaelis. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, editado em São Paulo (em 2002), com um significado diferente de “história”.
Estória (segundo Michaelis):
1) Narrativa de lendas, contos tradicionais de ficção.
*estória em quadradinhos = série de desenhos, em uma série de quadros, que representam uma estória, com legendas ou sem elas.
**estória da carochinha = conto da carochinha
*** estória do arco da velha = coisas inverosímeis, inacreditáveis.
**** estória para boi dormir = conversa enfadonha, com intuito de enganar.
***** deixar-se de estórias = evitar rodeios, indo logo ao ponto principal.
No que se refere aos dicionários mais recentes editados em Portugal, todas as acepções supra-referidas são parte integrante da entrada “história”.
História
1) Narração ordenada, escrita dos acontecimentos e actividades humanas ocorridas no passado.
2) Ramo da ciência que se ocupa de registar cronologicamente, apreciar e explicar os factos do passado da humanidade em geral, e das diversas nações, países e localidades em particular.
3) O futuro, considerado como juiz das acções humanas (ex: A história o julgará.)
4) Biografia de uma personagem célebre.
5) Exposição de factos, sucessos e particularidades relativas a determinado objecto digno de atenção pública.
6) Narração de uma aventura particular. "

In prontuário ortográfico da língua portuguesa

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Aborigenes

Foi comovente ver o pedido de desculpas de John Howard. O facto das desculpas terem sido aceites não invalida os actos anteriores, porém é um passo e uma atitude honrada e corajosa. Tomara que os paises colonizadores, fizessem o mesmo; Os Espanhois com os Maias, Incas e Astecas, Nós com os africanos e os ingleses e americanos com o Mundo. Infelizmente em nome da guerra ao terror e em nome da liberdade continuam a invadir paises como fossem os grandes portadores do estandarte da razão e da paz...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Atmosphere - Joy Division( só mais esta juro!)


Walk in silence,
Dont walk away, in silence.
See the danger,Always danger,
Endless talking,Life rebuilding,
Dont walk away.
Walk in silence,Dont turn away, in silence.
Your confusion,
My illusion,
Worn like a mask of self-hate,
Confronts and then dies.
Dont walk away.
People like you find it easy,
Naked to see,
Walking on air.
Hunting by the rivers,Through the streets,Every corner abandoned too soon,
Set down with due care.
Dont walk away in silence,Dont walk away.

o video está em www.myspace.com/joaocruz30 assim como anterior. Bem-vindos!

O superman - Laurie Anderson (sempre actual)


O Superman. O judge.
O Mom and Dad.
Mom and Dad.
O Superman. O judge.
O Mom and Dad. Mom and Dad.
Hi. I'm not home right now. But if you want to leave a message, just start talking at the sound of the tone.
Hello? This is your Mother. Are you there? Are you coming home?
Hello? Is anybody home?
Well, you don't know me,but I know you.And I've got a message to give to you.
Here come the planes.
So you better get ready. Ready to go. You can come as you are, but pay as you go.
Pay as you go.
And I said: OK. Who is this really?

And the voice said:
This is the hand, the hand that takes.
This is the hand, the hand that takes.
This is the hand, the hand that takes.
Here come the planes.
They're American planes. Made in America.Smoking or non-smoking?
And the voice said:
Neither snow nor rain nor gloom of night shall stay these couriers from the swift completion of their appointed rounds.
'Cause when love is gone, there's always justice.

And when justive is gone, there's always force.
And when force is gone, there's always Mom.
Hi Mom!
So hold me, Mom, in your long arms.

So hold me,Mom, in your long arms.
In your automatic arms.
Your electronic arms.In your arms.
So hold me, Mom, in your long arms.
Your petrochemical arms.
Your military arms.
In your electronic arms.


Este post tem fins educacionais e medicinais

www.youtube.com/watch?v=CvyIvBW3L9k

Mensagem


Abrigo, dd/mm/aa desconhecido

Espero que por aí esteja tudo bem, nós cá vamos tentando sobreviver.
o tempo tem estado cinzento, as particulas e a radiação continuam a afectar a atmosfera e o solo.
Ontem saímos para tentar arranjar alguns viveres e água, pois já não há qualquer tipo de alimentação. A saída à noite traz muitos perigos e a visão é quase nula.A tempestade continuava e tinhamos de nos deslocar rápido. Não levávamos protecção para o sol e dos sete só dois tinham armas. Mesmo assim não correu mal, conseguímos voltar quatro e recuperamos um corpo. As ruas continuam cheias de escombros e não é possivel a deslocação por veículo de rodados ou lococomoção por tracção automotora. Além disso escasseia o combustivel. Tentamos deixar o minimo de vestigios da nossa presença. Estamos a usar gordura orgânica extraida dos corpos. Não avistamos ninguém, porém conseguiram matar dois dos nossos, quanto ao terceiro foi vitima da radiação, expôs-se demasiado tempo. O cansaço já é demasiado e as forças já são poucas. Temos de ser mais rápidos. Quanto ao que conseguimos, só meia duzia de ratos e dois cães, nem chegarão para esta noite. Resta-nos esperar que a cinza desapareça e que consigamos fabricar fatos mais eficazes. Estamos a tentar fabricar armas de longo alcance, pois não sei como eles continuam a apanhar-nos e nós a cair que nem tordos nas suas armadilhas. É dificil ver lá fora, e o barulho ensurdecedor impede-nos a comunicação. Temos de nos manter unidos e presos por cordas uns aos outros. Em caso de fuga desprendemo-nos e é cada um por si. Hoje tive sorte. Já se assam os animais e o ultimo corpo humano que encontramos, os outros já estavam em decomposição, sempre servem para combustível. Tenho de ir agora, espero que nesse paralelo as coisas estejam melhores. Aqui as condições estão longe de melhorarem, a água é reciclada da urina e do suor, já não temos iluminação, só a que vem das fogueiras para aquecimento, cada vez somos menos, as doenças atacam em cada momento e instante que passa, sem olhar a quem, já não há medicação, estamos reduzidos a 10%, tanto melhor, sempre há mais alimento. Ainda não descobriram o nosso esconderijo quando assim for seremos dizimados instantaneamente. Desejo-te melhor sorte meu amigo. Quando puder volto-te a escrever.

Saúde e Sorte meu Irmão! Abriga-te e não olhes a meios!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Estética ou tactica?

Acho caricata a indumentária das gentes. A formalidade mistura-se com os gostos. O status com o politicamente correcto. terá a ver com o aspecto visual pessoal ou uma imposição laboral? Será a função exercida avaliada pelos adereços? O fulano do fato será mais apto que sicrano em ganga e t-shirt?dar-se-á mais valor ao colarinho branco que a camisola preta desenhada com Miró? o intelecto medido pelo sapato de crocodilo vs ténis made in China? A educação pela gravata em oposição ao piercing? Talvez seja uma forma de catalogar. O ser humano sempre gostou de criar nichos, de classificar, inserir em grupos. Vivemos num unico mundo mas há quem viva num à parte, especial, aquele do preconceito ou conceito das vestimentas e vivências mediáticas. Muito Fashion decerto. Até será bom haver gente que não vive assim, são os outros, aqueles que vivem para além dos juizos e senso comum. Gente estranha essa. Quase primeva, vive de acordo o funcional, sem preocupações visuais extremas, talvez nem vejam o Dr. Phil, nem a Oprah ou o sexo e a cidade. Séries de alto valor socio-cultural e inseridas perfeitamente na Europa do séc. XXI, correspondem aos nossos principios morais e éticos. Enfim...É só gente Bizarra! Mas também o mundo já é um Cliché e nós( os outros) um Dejá vu....

Tempo livre


Sem tempo pra chegar, nem partir.
Dois dias para mim ou para ti?
Mais um fim de semana perdido
mentes a ti e esqueçes os amigos, sem surpresa.
Sem esperança lutas com tudo o que passa.
A chuva não te limpa
o Sol não te aquece
Desces pela sarjeta, esqueces o sorriso
e largas a paciência,
Trazes a raiva e a angústia
espalhadas pela casa e rebolas-te nelas
sais.
Olhas-te ao espelho e nem tens certeza de quem vês

Na baixa

Chico vivia à margem, quase fora-da-lei. Vivia de biscates aqui e ali. Pedia trocos no Chiado, descia para a mouraria para se orientar. Subia para as escadarias sombrias onde viajava por minutos. O dinheiro foi-se mais uma vez, entrou pela mente e dissipou-se. Altura de o arranjar novamente. Cambaleava pela rua, seguia os carris na rua calçada e humida da madrugada. Passa pelo tasco do Zé, já aberto, pede-lhe os restos da noite anterior, come rápido e sofregamente num vão de escada, os dedos negros e agora gordurosos da comida gasta e fora de prazo. Retoma o caminho com a visão turva e a cabeça tolhida, o processo não pode parar. É cedo para a Baixa, vazia e fria, dirige-se ao rio, os 1ºs barcos trazem um mar de gente, que inunda a cidade, o dia de trabalho recomeça. Encosta-se nas arcadas do Terreiro. Tem de arriscar, segue a sua vítima, não se apercebe que tem alguém no seu encalce, vira a esquina em direcção à paragem. É altura! Corre e passa-lhe ao lado, puxa-lhe a mala, a vítima caí e é arrastada um metro, a mão não se abre, ameaça-a, rapidamente larga-a. Põe-se em fuga que nem louco, não ouve as sirenes que se aproximam, entra num prédio devoluto. sobe os degraus escuros, aqui não será visto, mas é melhor não arriscar. Sobe mais um andar e mais outro! Chega ao fim. Ultimo andar...entra pela porta meio partida. senta-se na sala poeirenta. Abre a mala e seu conteúdo. 5 euros! foda-se tudo isto por 5 euros! Vão para o bolso das calças. fecha os olhos... O barulho cá em baixo acorda-o...luzes, e vozes, rádios a sibilarem...os degraus ultrapassados...Tem de fugir, está preso ali numa casa pombalina decrépita, não pode ser apanhado! Sai luz da Janela, abre as portadas, há andaímes, que sorte! Gritam para ele, mandam-no parar! Desce rápido , a madeira cede, a queda é alta e não se segura, aterra no chão...Nada sente, nada ouve, a visão vermelha, a mente branca, a vida negra...Lentamente vê tudo passar-lhe à frente. Não! E a quarta??? Não pode ser assim, não por uma Milena!!...

claramente

um dia claro.Brilha o sol, ofusca a Terra, de luzes acesas em pontos luminosos e traços iluminados com gente brilhante de reflexos ilimitados numa luz eterna e tremenda claridade. Porque nem tudo é negro...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

"Um ponto sem nó"

Na folha um ponto. Apenas. Somente um ponto negro na folha branca. Uníco, pequeno, estático. Fechado por aquele plano infinito num horizonte delimitado pela dimensões do A4. SEm contacto com o exterior, sem saber da 3ª dimensão...Movimenta-se até ao vértice, percorre-o como se na corda bamba, olha em frente, nem um ponto de fuga. Nada se afigura, permanece eterno, estica-se, expande-se em linha! Cresce! Os horizontes encurtam-se, cria derivadas, paralelas, diverte-se e aumenta! Cresce novamente, a linha fecha-se ele próprio é infinito numa circunferência! Roda pela linha da folha, desliza pelo plano da mesma, já não é o mesmo! Não está em si de contente, e cresce novamente, incrível, em altura, trepassa a folha e a linha da circunferencia transmuta-se em infinitos planos fechando a superfície, é agora uma esfera! só um ponto toca no plano original! Não pode de tanto contentamento, tenta elevar-se..saltita..voa...sai da folha! E perde-se no espaço 3D...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

EH Carnaval!

Carnaval já foi o Natal também.
Os foliões pra casa e os 3 reis pra Belém.
O bilhete comprado numa viagem com volta.
Tanta reviravolta no meio da palavra solta
Gente mascarada uma verdadeira palhaçada
um Frenesim de canções
Um decibel a mais num chinfrim
Os auscultadores em mono
os inspectores a cores.
Intervalos optimos
Espaços com ritmos
dá-se azo a soneiras
e moscateis em turbilhões
assim como mexilhões
leite sem creme
Vinho com verde
Noites brancas
e gatas pardas.
Assim sendo
vamos vendo
Que Venha a Páscoa
que vou aparecendo

um post daqueles pseudo-intelectuais

Era um dia de Inverno estava pensativo à mesa que se espraiava pela brancura de lisboa e debaixo do timido mas quente sol. Perguntava-me o que as pessoas gostam de ler nos blogs. O motivo que leva a escrêve-los é varido, vai desde a exposição pública circunstancial, a um mostruário dos nossos sentimentos e ideais, à exposição de emoções e ideologias ou até a uma autoscopia e/ou confessionário aí de cariz mais pessoal e intimista. Aqui há histórias, estorinhas, contos, desabafos, devaneios, pensamentos sem sentido, construções e desconstruções dramáticas, tramas, ardis, traumas, doenças, psicoses, etc e tal. De repente,e no meio dum bafo dum cigarro, lembrei-me também de questionar sobre o que é que as pessoas gostam de ler nos mesmos blogs. Será isto uma extensão da nossa mente? Expor-nos para lá do alcance das nossas próprias verbalizações orais( passo a redundância)? Chegarmos mais longe? Dispôr a nossa informação que nos vai de sinapse em sinapse, em catálogos pesquisáveis por qualquer um, longe, para lá do nosso horizonte? Para lá do nosso alcance? Esticar o nosso horizonte? Tornar infinita a comunicação? Sem fronteiras nem barreiras físicas ou psiquicas? Sermos incomensuravelmente maiores e eternos? Hum?...Talvez sejam dúvidas existênciais, ou mesmo dejá vu...Quem sabe senão um cliché...Mas também, a partir do momento em que nascemos e crescemos e imaginamos já o somos. Somos reeintrpretações, reinvenções, fazemos por imitação, por experimentação e erro como um rato em laboratório. Será isto redutor? talvez seja. Ou então sejam apenas expressões e impressões literárias de alguém, de mais um. Se melhor? não! se diferente? também não! Se único? certamente!
A escrita seja ela cuneiforme, linear b, mandarim, árabe, latina, ou um qualquer derivado, está gasta mas é rica, são 5 mil anos dela. Agora com esta facilidade de passar os caractéres em números binários e enviá-los para qualquer lado, inclusivé para o espaço como no caso do Voyager que já saiu daqui em 1976, qualquer um é candidato a divulgador e contador de crónicas ou apenas a farol, monstrando que está presente, que existe, que é um ente pensante. E é bonito no fundo, salutar até, aprende-se lições, trocam-se ideias, ou pura e simplesmente se é. E se sente. Despeja-se para aqui o que vai para ali. Pois é. Bem-vindos ao meu Mundo. É pequeno, mas cabe toda a gente.
Entretanto, aquele dia de inverno, e aquela mesa...era só cenário...Um adereço...Eu gostei!

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Mais um dia - director´s cut


Escorria dos tapumes de contraplacado matéria disforme sem forma mas com conteúdo estranho. O solo empestado de térmites acéfalas que sonegavam comunicação distorcida e inaudível por sirenes de entes escondidos por detrás das portas da percepção. Um corpo eleva-se sem peso nem massa nem afectado pela gravidade. Sobe para lá da troposfera. Particulas solares faziam-no brilhar e entrar em incandescência. Empurram-no para lá da Nuvem de Oort. Circulava numa secante ao sistema solar e num angulo recto ao disco galactico. Uma aceleração assustadora, entre as particulas ionizantes e o silêncio surdo do calor a 3º graus kelvin.
Sem poder escapar, deixa-se ir...perde-se. A relatividade transforma-o, a energia expande-se através da luz, e a matéria escasseia. Sem surpresa é chamado e impulsionado ao centro gravitacional dum buraco negro. Nesse momento , toma consciência, abre os olhos e é consumido e transformado num fio ininterrupto de anti-matéria. Vê-se, isola-se e desfaz-se em fotões.
(continua...)

Mais um dia

corria das paredes a forma distorcida dum devaneio. o chão povoado de insectos que transmitiam as informações entrecortadas por assobios agonizantes de seres do outro lado da porta. O corpo eleva-se ao tecto não lhe tocando, como se enchido de hélio e afectado pela gravidade. Desprendido subiu à ionosfera. Particulas solares faziam-no brilhar e entrar em incandescência. Orbitava com uma tangente ao eixo terrestre, a velocidade alucinante, entre o azul e o negro celeste, sem chances de optar. as leis regiam-no. De repente..De repente chamavam-no. Era hora. acordou, levantou-se e tomou banho...Morreu.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

memórias difusas ou recordações confusas

Dias há em que o pensamento se tolhe e a razão se encolhe. Quer isto dizer que se sobrepõe à emoção? Nem por isso. Apenas instintos etilizados e comportamentos desonectados, um torpor no corpo, e acções derivadas de reacções disparatadas, visões que entram na mente porém sem qualquer fito depois de decifradas. São causas que provocam efeitos inesperados e até nunca esperados. São mensagens atiradas para o éter que ficam a pairar, causado a dúvida , temores desprovidos de sentido. Levam-nos a desviar da nossa direcção primordial, os princípios éticos e morais são olvidados, mesclados e alterados por ambientes que ultrapassam o nosso próprio nicho ecológico e até os parametros que nos fazem viver em sociedade.
Discurso complexo? Quiçá... Os momentos e instantes em que se envereda por certas situações causam depois a vergonha, o embaraço, e até disfunção mental. Desculpas? Não, apenas caminhos trilhados muitas vezes. Hábitos que demoram a sair, mesmo que se feche a porta e caminhemos juntos pela estrada. Como tudo na vida e tal como o cântaro que tantas vezes vai à fonte que se parte. É preciso uma cisão, uma fusão da nossa compreensão do mundo, não negar os nosso instintos nem aquilo que nos torna humanos, porém ter os pés assentes na terra embora a cabeça esteja na lua. Bato no peito, em penitência. Trilharei a estrada, seguro de mim, esperando que vejam as pegadas e que as sigam também. Note-se que sigo na peugada de alguém, sempre de atalaia aos sinais. Um mea culpa se por vezes não os vejo. Adapto-me e evoluo. Espero que haja reacção positiva, porque falhas todos as temos, e remorsos também, vejam o farol e sigam-no que também o farei.
Tanto no amor como na amizade a atenção é necessária, apuro os niveís de eficácia e eficiência, bem que tento! Haja fé e esperança, pois estou aqui, pé no chão, cabeça no ar, mas de mão estendida.

2008/02/0? 4:39 Am

é bom estarmos desafogados
e sentir a brisa noutros rios que não os tejos e os sados
viajarmos sobre foguetes prateados
andar em cima e até pelos lados
ver mercedes e ostros carros
viajar desorientados
porém sempre ligados
não haver noites que estejamos apeados
sentir a brisa mesmo atrofiados
questionarmos se estaremos mesmo marados
haver alturas que estamos contrariados
saber sempre e preservar esses novos achados

in João Cruz, Crónicas dos desamparados, 2008