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domingo, 3 de agosto de 2008

Spectrum


No prédio da rua que subia, na cidade que se espalhava. Ninguém se conhecia, à porta de entrada só os tradicionais salamaleques. O elevador levava os condóminos para outros níveis de existência. Amiude ouviam-se os gritos de angustia do andar ao lado. As dores eram insuportáveis, consumiam-no. Tudo nele era agonia, todas as partes do corpo definhavam. A alma e o pensamento em decomposição. Mais um urro de dor, seguido dum silêncio surdo, acompanhado duma calma doentia. O cheiro entranhava-se pelas paredes, uma peste amorfa, uma maleita que tudo trespassava e afectava. Chamaram a polícia e a Inspecção sanitária, não obtiveram resposta. Os Gritos estridentes, silvos e assobios de atroz sofrimento percorriam os corpos de todos. O andar e mesmo o piso luzia. Em crescendo aumentava a gritaria. Um tormento indescritível. A manhã subia pelas casas, o sol entrava nas janelas. No prédio algo faltava, o andar do lado! Desaparecera. Tranparente emitia a luz do sol para o outro lado. Deixou de existir enfim. durante o dia a escuridão daquele lado, um fosso, o nada. sumiu-se. Nada se soube , nem explicação houve. Apenas uma cantilena, numa lingua desconhecida, dali saia. Demoliu-se o prédio, e nada mais ali crescera.

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