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quinta-feira, 31 de julho de 2008

advinha a adivinha


Levava avanço, uma alavanca no bolso, o mundo na sacola. atrasou-se e num solavanco caiu. quedou-se por ali. Repetia-se em eco, caçava insectos, na caverna irrompeu. A gruta cedeu, não fugiu, esperou que o tempo acabasse. não terminou. Escorregou. Continuava, sentiu-se alado, rompeu as convenções, aterrou no prado. assustou-se o gado. Apavorado e tudo espantado.Nem agradeceu, bateu com porta, pediu um café, forçou-se a ingerir, obrigado. Sacou do espantalho, num laço, içou-o, já depauperado.
No ar avistava a terra, rumo à montanha, de caminho ardeu-se-lhe a serra. Na mata caminhava de pé, sentou-se e acabou por parar. Levava avanço, ultrapassou. "Que era mesmo?" esqueceu-se e tudo passou.

Interrompe férias

Numa decisão inédita, o Presidente da República, vai interromper as férias para fazer uma comunicação ao país na abertura dos telejornais da noite, avança esta quinta-feira o jornal. preocupado com a falta de médicos, de dinheiro, de bom senso, e de coerência democrática. O projecto para melhorar e dotar de novas instalações implica um investimento de cerca de 50 milhões de euros, dinheiro esse que não sairá dos cofres do estado mas do bolso de todos. No fim-de-semana no Entroncamento vão ficar em prisão preventiva todos aqueles que criticam as decisões.Começou num prédio devoluto, mas rapidamente se alastrou a outros edifícios. Passaram a palavra rápidamente, a revolução silenciosa, apagada à partida. O trabalho dos bombeiros, num combate em três frentes, evitou o pior. O País volta à normalidade, os preços baixos no modelo, os empréstimos no Bes, e a baixa do colestrol com danacol. Portugueses felizes com frizes.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

terça-feira, 29 de julho de 2008

A nova tese de maddie - a aparição

fontes da imprensa estrangeira divulgaram um comunicado.



a maddie foi vitima de abdução.

doutro mundo, interno.

profundo

sem perdão

dissecada


esquartejada até mais não

mas sempre acarinhada

e apreciada com um bom vinho

e uma cesta de pão

radiação


As microondas levaram-me com a maré. Já no meio da ondulação, sem fundo e sem pé, deixei-me guiar pela luz poente. Chegavam notícias em forma de uv. Tanta informação sem tv, a droga da nação e uma falha de comunicação. Chega mais radiação. Rodopios sem cerimónia e já fora de mim esbracejava à toa. Dei comigo no princípio da rua, no final da esquina. Um mar de gente deixava-se ir com a corrente. Seguiram-me com o olhar. Deitei-me para trás. Acordei na areia, com a silica prateada do luar, e os sonhos compilados no meio da imaginação e a cabeça a rolar.

domingo, 27 de julho de 2008

Pardalitu


Uma volta ao sol

que viagem
e nada saberia

que tontura
nunca imaginaria

obrigado!

sábado, 26 de julho de 2008

Fechado para Balanço



Segui. E Subi.


Cantando e rindo.


Hei-de descer.


Quando?


Suspirando


Por enquanto?


vou indo...


Indo...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Prémio



Recebi com honra e distinção o prémio supra da Su.

Não sabendo a quem dar este prémio, decidi criar um outro denominado Duplo-Coelho doirado da bienal cunicultura oeirense 2008.
Atribui-se este prémio a todos os que sentirem que são merecedores dele.
Obrigado!

breves


Cheguei do Sul parto para Norte.

Sem tempo e espaço,

partilho convosco

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Diz-se


Depois da inexplicabilidade da imagem, da impossibilidade da mensagem da guerrilha, dum conceito de comunicação em fluxo laminar. Dum escoamento subliminar. De mentalidade bipolar.
  • A hipótese do nuclear.
  • A canonização de estaline e/ou lenine
  • Beatificação de carlos queiroz
  • Prédios a arder.
  • A quinta da fonte um bairro etnográfico. Uma espécie de castro de leceia dos tempos modernos.
  • Beirute com o novo turismo de religião.
  • Troca de mortos, intercâmbio de culturas
  • O bio-diesel, O carro a hidrogénio
  • Os low cost voam, o Pib arrasta-se
  • O défice reduz, as assimetrias aumentam.
  • Investimentos em Angola, o plano tecnológico na escola.
  • A ingrid libertada, Guantanamo recomendada.
  • A Nereida com uns patins
  • Paulo Sousa 5 meses sem ver a prole
  • A outra que faz uma cena de fertilização
  • O Ronaldo que gasta 12 mil em copos
  • A condoleeza visita a Georgia
  • Saramago na casa dos Bicos
  • Soares no Oriente em Alcantara
  • A Cocaina transportada como Alhos
  • Os imigrantes que morrem a caminho de Espanha
  • O novo míssil Iraniano
  • Um novo acordo para exterminio no Curdistão
  • Tentativa de Homicidio no Paquistão

    "E Por fim talvez sejamos Irmãos"







quinta-feira, 17 de julho de 2008

Pax



Esta é a cronica do guerrilheiro.
Acordava misturado na vegetação cerrada, encerrado no território. Enclausurado na solidão da selva. Selvagem a personagem, que na mata anda, e quem não mata, morre. No morro disparava pela mira telescópica. Os mosquitos ferravam, as silvas rasgavam, as minas decepavam. Uma arma escondida na serra. Um alma perdida na Terra. As horas passavam pelos aviões que bombardeavam. Em zigue-zague esquivava-se das bombas. Uma gincana marcial. Um jogo mortal. A Fuga para a cidade como sonho. Deixar de viver escondido. A liberdade. Não andar fugido. Juntar-se aos seus. Quem eram? Mais um estampido. Um zumbido. Junto ao ouvido. Que sorte é escapar à morte e à bala que achou e andava perdida. Tinha fome. Tinha medo. De ser cozinhado no gás mostarda ou assado em napalm. Destruído. O Sol nasceu e subiu. uma salva desceu. uma rajada cresceu, a raiva não contida.um granada caída. O ódio destilado, pingavam os morteiros. Escapou. Não foram certeiros. Cava a trincheira, agacha-se e recarrega. Aguarda ordens. Quem lá vem? Um animal, um vegetal, misturava-se e fundia-se no verde, camuflado, condenado. Mais um carregador disparado.

pensamentos


Noutro dia, na rua, o dia estava belo. A vida era linda e a natureza perfeita. AS cores excelentes, a luz incrível, os sons e os tons adaptavam-se perfeitamente. O cão que bocejava e encostava o focinho às patas e cerrava novamente os olhos. A senhora de sorriso rasgado que sacudia a toalha, a andorinha que orbitava o céu azul, o gato que a observava, o tilintar do eléctrico na rua quase vazia, o sibilar do vento nas folhas altas das frondosas árvores, o chão de calçada harmonioso que escorria até ao fim da rua, os carros que deslizavam no alcatrão quente, o Sol mostrando-se com os seus raios poderosos, a brisa que acariciava, o portentoso fluir do rio ao longe, o velho à janela olhava, as pessoas cumprimentando-se, a musicalidade de tudo, o ritmo da visão, o delicado entrelaçar dos momentos e instantes do acaso que proporcionavam estas quasi-miragens. De repente, comecei a pensar....Quase que me esquecia que ali estava.

Sem comentários ( parte x)

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Uma vivência edificada sob os escombros


A vida como um edifício em ruínas. Tens estórias antigas. Aguardas um alvará.
Uma escritura rasgada. Parágrafo.
Trazes-te a ti e os teus outros. Ponto.
Levas meia-dúzia em vez de uma. Queres ser em vez de ver. Queres arrancar em vez de ter. Não passas o tempo, ultrapassa-lo. Não sabes, conheces. Não amas, possuis. Não tens arranjas. Não usas, gastas. Não partes, segues. Não constrois, montas. Não vestes, tapas. Não comes, metes à boca. Não falas nem dizes, dás a cara. Nem dás a face, reages. Não ages, evitas. Não segues, desvias. Nem travas, mudas de sentido. Não obedeces, foges. Vives à margem,seja à esquerda ou pela direita. Os ideias são instantâneos. Os princípios um fim. Os teus meios, são divididos e torneados. As Tuas certezas, a verdade. Os teus instintos a razão. A razão opinião. Uma canção. Velha. De ocasião. A fé, amanhã. A esperança ontem. A saudade presente. A raiva ausente. O medo é recente. A tristeza fica na cave. A Tua essência no topo. A existência numa subida dos degraus. reticências. Renitente.
Tu tocas ao rés-do-chão não está ninguém. Três pontos e uma interrogação.
A porta fechada.
E tu?
Tudo em ruínas.

O Apocalipse versão 7.9


Todo o mundo espera. A sirene toca, ultima chamada, fecham a entrada. Toda a gente embarca. Dá-se a partida em direcção à outra margem. Os passageiros sentam-se em expectativa. Entram numa nova fase de turismo. O cruzeiro leva-os ao fundo. O barqueiro ri. Experienciam a morte e a agonia à medida que descem os vários degraus. Na sala do fundo começa o show erótico, compram-se pipocas e balões coloridos. A Sala do casino enche-se com o seu jogo da roleta da morte, onde a vida ou outra sorte é o que está a dar. Paga-se com a vida, mas vende-se o corpo e derrete-se a mente. Vão descendo a toda a velocidade. Na sala do baile toda a gente dança, a sala cheia, o vinho jorra, a comida abunda. No andar mais a baixo, fazem-se experiências, ver a luz e voltar. Alguns não voltam. batem-se palmas, uns riem. Outros ficam sem almas. A viagem chega ao fim, ninguém sai. Um fumo branco penetra-lhe nos poros, a consciência leve, a cabeça pesada, fecham os olhos. extinguem. Descansam, talvez em paz. O Silêncio é total. Um sossego. Tudo Jaz. Ninguém.Vivalma. A acalmia.O barco toca o fundo, enche-se de areia, os corais decoram-no, a flora avança, a fauna tem um abrigo. A bonança. Transforma-se num rochedo. A vida floresce, a memória desaparece.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Um físico puro


Os alunos esperavam-no.Mordeu os lábios e passou a porta. Nada fazia esperar que houvesse mais surpresas. A sala vazia cheia de imagens dispersas, almas penadas, espectros vagueantes, corpos voláteis. Tudo fabricava à passagem, e tudo reconfigurava. Tudo disforme, rostos sem rasto, num chão sem fundo. A porta passou novamente. Passou em compasso. Uma espera. Risca o quadro. Olhava em volta, suspenso. O tempo dobrava-se, o espaço encurtava-se e estendia-se, as dimensões em paradoxo. Partiu antes de existir, e foi depois de ser. Sentiu durante a dor. A cor desaparecia, a luz atraída, a gravidade sem centro, espirais em elipse conjugavam-se num ponto de fuga. Num instante entendeu. Sem matéria, num marasmo de vazio, colapsou. Fundiu-se. Evaporou. Reapareceu. A aula terminou.

Lomek parte II - O desafio


A mãe sempre o achou estranho. O olhar vazio, o comportamento autista, as alterações explosivas de humor e a ausência de amor, faziam dele um temível discípulo na escola de recuperação de crianças vítimas de desvios sensoriais. Lomek de seu nome, criou um universo paralelo: espaço e tempo fundiam-se, deslocava-se nele como quem desliza numa pista de gelo. Transformava pensamentos e sensações de terceiros em paisagens transcendentes. Criava matéria a partir de uma ideia do vizinho, construía cenários físicos apenas com a carga emocional dos restantes membros da família. Alimentava-se de instantes emocionais dos que o rodeavam. Sorvia-lhes a sapiência, usava-lhes a consciência. Armazenava todos os estados emocionais do bairro.Um dia e à mesa, durante a ceia, ao acabar as tostas de queijo, foi avisado de que era horas de dormir, via TV, passavam a colecção outono-inverno de um estilista búlgaro de renome internacional. Não satisfeita com a reacção do filho, e numa atitude de privação do seu entretém, fechou-o no quarto. Lomek pensou no bairro:

Sacou das mentes a energia das gentes locais.

Apagou a memória, extinguiu a recordação e destruiu os laços afectivos. Apoderou-se de tudo e recriou a seu bel-prazer.
Aa rua não tinha sentido, os passeios não levavam a lado nenhum, as árvores estéreis, os vizinhos e familiares estancavam estáticos, isentos de vida, em suspensão. Acabou tudo em poucos segundos, a vida extinguiu-se, os corpos pulverizados.

Saiu à rua e ninguém. Construiu um circo de pulgas, todos como marionetas, manejava os seres, eliminava a vida. Como um estilista coseu uma nova vida no bairro, uma outra dimensão. A dor e o sofrimento abarcava tudo e todos, inclusive o alcatrão e os calhaus da calçada. Consumiu o ADN, remisturou os cromossomas, como cromos, colava as vidas na sua caderneta, virou a página e fechou o livro contemplando a sua recente e nova obra-prima...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

as time goes by ( bah um anglicismo...) refraseando e parafraseando: "Oh tempo volta para trás"


Mais uma badalada, e com esta balada me vou!Lanço-me daqui, para a terra rodopiante!mais uma volta mais um sol mais uma viagem e um bonito rol vais sem destino,mas vais de bússola não perdes o tino,
mas salivas!O sino! Xi! Nem paras no sinal! sem direcção mas com governo, nesta outra translacção, segues as estrelas,sem tempo e do teu espaço, fazes o teu céu.
Obrigado, desce, assenta, sem acentuação. não! Escreve antes! mas mexe-te! deixa a tocar! E sai.

sábado, 12 de julho de 2008

Cut ups de Bollywwod e Hollywood


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sem comentários

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Neo-humanismo de fachada (dissertação de rajada)



Injustiçado, vítima da diferença. Culpado por intolerância. Julgado em indiferença. Encerrado por ignorância. Jaz numa cela.
Noutro mundo talvez!
Pergunta-se porque criaram os deuses. As regras intemporais. As normas inventadas. Os conceitos humanos estruturados e estanques.
Duvida das leis feitas em nome de alguém superior desconhecido. Denota que o comportamento destes, não segue os objectivos do senso comum, e não se coaduna com o espírito e pensamento livre. Não perfilham das suas morais. De princípios que não são regras, mas sempre excepções. Vê com desdém como os tais pecados capitais são quase como um ideal de vida daqueles que o privam da liberdade. O que é capital no fundo? Sente que ser livre, e agir desse modo é um comportamento condenável. Seguir os seus instintos, viver o instante, apreciar o momento, vibrar com as cores e sabores instantâneos é anacrónico.
A existência torna-se banal, os comportamentos são antecipadamente estudados e vulgares, O riso calculado, os contactos sociais programados e ordinários, a alegria é um luxo, a tristeza um sentimento reprimido, o amor uma doença, a paixão uma qualquer maleita, o prazer publico ridicularizado, e o privado divulgado.Os actos de qualquer expressão artística ou cultural Tem de constar do rol das actividades aceites e aprovada em conselho. Qualquer outro acto não descrito é punido por lei. Os humanos são deificados e separados de todos os outros seres vivos.
Um mundo que não conhecia, o mundo que espreita a cada esquina e em cada olhar.

A Revolução espiritual





O casco de madeira secular mergulha no oceano.As velas içadas. Ardem a toda a pressa e a nave vai. Sobe ondas e corta marés. O azul preenche todo o espaço, o cima e o baixo. Os mapas e cartas marítimas perdem a validade, em frente o desconhecido e o mistério absorvem tudo e todos. O fascínio e o frémito de ver a novidade. Um mundo novo e uma nova experiência que se perspectiva. Terra à vista! Os botes tocam o areal. Areal virgem, branco, prateado e dourado! quase angelical, divinal. Dizem uns! Na costa, ao longe,e escondidos na estranha vegetação, homens e mulheres semi-nus de tez queimada, timidamente aproximam-se. O andar demonstra a curiosidade e a desconfiança. Os marinheiros saúdam e perguntam se há comida que possam tirar e que se possam abastecer. Os aborígenes acedem ao gesto continuando o passo. Juntam-se. Sai o Padre, com a cruz, os índios com frutas e flores em dádiva. Começa a evangelização, obrigam-nos a ajoelhar-se e a baixar-se beijando aquela cruz de madeira bolorenta. A liberdade de amar a natureza, e de amar o Pai Sol e a Mãe Oceano é posta em causa. A vivência em plena harmonia com a natureza é destroçada. Uma existência milenar de simbiose com Gaia estilhaçada. Seres heréticos estes que fogem e com flechas e lanças atingem os nobres cristãos. Desaparecem, o areal fica vazio. Ficam as mãos cortadas segurando flores. A cor do chão muda para o vermelho. O amor como coisa inata e universal, passa a um ódio visceral, destila das armaduras, das velas, das baionetas. Nasce raiva e aparece a ruindade na caras dos homens que apelidam de bárbaros os sujos e desnudados pagãos, e que tomam de assalto aquela terra longe e afastada de Deus. Voltam ao barco, oram aos céus, e tudo está em Paz... A Ordem restaurada. Mais um novo território abençoado e finalmente limpo. Asséptico! Puro e virginal. Que comece a colonização. Que avance a evolução. O mundo já não é novo. É antigo, velho e gasto. Depois da limpeza étnica, o avanço da cultura Católica-apostólica- romana. Tudo renova, tudo purifica, e a todos traz a nova ordem.


Os séculos passam, as vidas mudam, e na praia paradisíaca, aparece o Time-sharing, o turismo sexual mesclado de pedofilia, o tráfico de mulheres, e as drogas exportadas, a bem do estado, a bem da nação.


Lá em cima, dizem eles, Deus finalmente descansa.


(continua!)

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Não!


Viajo em movimento continuo pelo carril. Desviam-no. Cortam-no. Os Ratos chiam! Páro numa aceleração estonteante! Parte de mim avança, esborracha-se! Tento sair, puxam-me, empurram-me, agarram-me, debicam-me. Fujo! As paredes cercam-me, fecham-me. A escuridão abarca tudo! No talho, despedaçam-me. Cortam-me a retalho, os cães salivam, e roem-me os ossos. Partem-me a alma, desfiguram-me o ser, deixo de estar. Já não sinto! Doem-me as pessoas! um sufoco! Derretem-me os ouvidos! Não acordo, arranco os olhos e vejo-me recordar, longe estou em paz. Num aperto contra a multidão surda estou incapaz...

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Breve


Alcanço-te!

terça-feira, 8 de julho de 2008

Ostracismo




Quero sair. Não partir mas chegar. O nascer do sol seguir. Pisar o horizonte,cruzar o nascente, subir o rio e beber da fonte. Chegar la atrás. Onde o homem nasceu. Na terra tocar. E o céu rasgar. Ver. Ler o que escreveram. Saber tudo o que pensaram. Possuir. Chegar ao longe. Ter à mão o perto. Perder o pé. Trocar tudo pelo incerto. E ser. Chegar. Às profundezas da alma. E sentir. Regurgitar. Outro caminho seguir. Chegar e partir. Esquecer tudo. Dividir e partilhar. No areal ultimo parar. Ver. Mergulhar. Suster-me. A boca abrir. Engolir. Descer! Fechar-me na concha. E ficar!

Torre de Papel




Uma conversa de café, muita falta de chá. Uma ligação à net, numa rede de pesca artesanal. Já passou o natal, até o carnaval, vem as férias, um periodo fatal. Uma torre de papel se ergue no meio de uma carga hormonal.


"Subindo ao zigurate, um semi-deus, ou um rei que vai nú! Transmite matéria excepcional tudo e mais alguma coisa a cru! Coisas ancestrais, relembram o bezerro, cenas teatrais sacrificam o cordeiro. A discórdia e o caos, avançam, a paródia os cães e a caravana passa. Troca de mensagens por pombo correio, informação que chega por sinais de fumo, palavras a vulso e a metro, medidas e calibradas com um fio de prumo. A torre erguida, os azimutes tirados, o zénite em cima, e os outros queimados. Falam mas o plasma ardente, consome-lhes a lingua. Gritam bem alto em agonia, e no entanto, o som é abafado, e consumido, pelo fervor exacerbado da propaganda cantada pelos altifalantes distribuidos no meio da multidão adormecida. Aborrecida e irritada pela autocracia destilada."




A revolução avança, o povo de lança, a evolução é precisa, e nem toda a gente dança.

(extracto de A revolta na bloguilunda, relatada por Perdigão Cardozo Ramos, cronista e feiticeiro-mor do reino, Lumbi, séc. XXI)

Uma visão( Poesia naif #3) - edição revista e aumentada


Desejo-te aqui

e vejo-te ao redor.
não estás ali bela menina!


passo a esquina,o vão, a escada.


Um suspiro e nada!

Espera! és tu naquele Jardim?

naquela rua?

Ali?
poisada numa Flor?


ou não?..


Estarei na lua?

Olho o Céu,

(Dá-me a mão!...)

o seu azul e no Bréu

nem a sul, nem o cheiro teu.

Imagino-te, fantasio,


observo-te e fascinas-me.

Alucino-me..





Parte 2

E sinto o teu sabor e o teu olhar em mim.
a tua voz doce de jasmim, o teu suave adormecer.
A tua presença serena ao café. o teu odor a cereja.
O teu abraço reconfortante, a tua doçura refrescante.
A Candura de te ver aparecer, a brancura da tua alma a transparecer.
Fulmina tudo à volta, põe-me a cabeça em reviravolta
Prendes-me a ti em cada carinho.
Sinto-me um pássaro confortável no teu ninho!
Vôo e caio nos teus braços
sempre esperando os teus abraços


Não há necessidade de pedir um desejo

está feito! és tu e com um só beijo!



Dominas-me e pões-me pasmado!
Uma emoção tua e sou siderado.


Uma sensação e fico em brasa estilhaçado!


Junto os cacos e volto para o teu lado!

Lisboa - Cidade da tolerancia zero?



Fica o Desafio...

segunda-feira, 7 de julho de 2008

A Descoloração do arco-íris e amalgama sentimental polvilhada de emoçôes a vulso


  • Talvez as minhas lentes sejam cinza.
    E com um filtro interno, inato, instintivo ou estático, suprimo a côr.

    A Rosa não deixa de ser uma rosa.
    A laranja sabe a isso mesmo.
    A areia macia e sedosa.
    O mar um aconchego

  • Um riso de dentro. Um choro pra fora. Em unissono.



  • Como explicar o sofrimento a um protozoário?
    Como mostrar a uma Hiena a cobiça?
    Quem sabe explicar a uma pomba a solidão?
    Como vê o nosso mundo uma flôr?

  • Expresso-me aqui e vou imprimindo os sentidos. Não os de hoje nem de amanhã, mas os que vão sendo. Exprimo-me aqui no virtual. Oprimido pela realidade, deprimido pela dor e sofrimento.


  • Limito o mundo, ponho uma cerca à volta, pinto-o como o vejo. Não passo para lá do Muro. Nem do meu canto, ponho-me à esquina e observo relatando-o.
    É-me estranho e bizarro.Sem cor , mas com formato, sem tom mas ritmado.


  • A Terra tem um sentido e rotação. Estou nela parado, mas gira na mesma.


  • No virtual aproximo-me de todos, mostro-me. As redes juntam o Mundo na aldeia global, mas afastam as pessoas no meio social e transformam e disformam. Tornam-me surreal. Somos estranhos numa terra estranha.


  • Os satelites rodeiam o planeta como Parasitas.
    Os gráficos de economia, o petróleo e os cambios bolsistas, são como pão para a boca da nobreza.
    O Povo sofre, mas o campeonato da Europa, alimenta. O jogo Olimpicos. e a Tv aumenta a estima, colmata as lacunas! Combate os hiatos...



  • O carinho e amor são transmitidos via fax.
    A Solidariedade e a compreensão por E-mail.

  • As Imagens do mundo viajaram para fora do sistema solar, na forma do Voyager que sai da nuvem de Oort.
    Quando o homem desaparecer, ficara esse satélite só e moribundo. O Universo vai ver a riqueza e beleza do mundo e dos seres em simbioss. A glória e a UNIÃO DOS POVOS, TODOS EM COMUNHÃO!Pois outra coisa não saberá interpretar.

Enquanto isso eu viajo num túnel, que a candeia há-de alumiar.



Descendo




Fui desalmado.
O meu corpo entornado
E de tudo despojado.
sabe bem, sou livre, leve, e flutuo.
Mas a tristeza preenche-me este vazio.
A depressão atira-me ao poço
A subida é difícil, as paredes cheias de asco de mim
O chão com nojo de sentir-me.
Atiro-me, rasgo o resto.
Caiem as paredes, um cenário?! tudo é preto! Vácuo! Nada!
Não respiro!
Vejos os outros olharem-me
Não me acodem
Grito!

Vai-te!




Hoje morri e vens bater à minha porta.
não quero abrir.
não quero saber quem és nem donde vens.


não gastes as palavras que não quero ouvir nem quero nada teu


não quero saber para onde vais nem o que planeias fazer.
Sou a luz e a escuridão


há alturas para tudo menos para o perdão


Vou renascer e não te quero ver


Hei-de sofrer e arder


mas não és tu que me vais ter.

sábado, 5 de julho de 2008

texto #1


As palavras gastas. As musicas cantadas. Todos os desenhos pintados e todas as fotos tiradas. As frases rebuscadas. As ideias retocadas. As vidas imitadas, as ideologias repetidas. O mundo num cliché. Os sonhos dejá vu. A moda mediana. A morte assistida.

Variações noutro tema



"Desde que é pequeno que deseja este momento. Maravilha da tecnologia. Maravilha do mundo! Criou! Esboçou, e os planos traçou. No exterior um bocejo. Vai subir ao Olimpo, chegar ao mundo espectral. Acender a tocha bem alto! Ia ter o seu primeiro bezerro d´oiro virtual! Colocá-lo num pedestal! Deificado! Qual falso profeta qual quê? Pode declamar, ser rei, até como midas! Alguém a reclamar? É falso, é certo, tem de haver um ritual, um sacrificio, uma moral! ...Mas quer ser adorado, falado, comentado! Qual quê? Outra vez???? Um profeta?! De resto é treta! É impar, invulgar, bizarro até extraordinário! Na caixa mágica - tem uma igual à de Pandora-os números crescem, as estatísticas aumentam. Vive na caixa fechado. Num mundo infinitamente pequeno de tão grande! Vibra nesta faixa do teclado! Que chega e sobeja! As cores lindas, os pergaminhos de fazer inveja! As intrigas, dramas, comentários, os maus cenários, a trama, o ardil e a doce chama. Arde! Para si, para eles, só para nós!"
Olha-se o espelho, vê a gloria, e os louros!


Não quer ver rancores ou guerilhas!


No final?


O Coelho descendo para as maravilhas...

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Uma dormência Crónica, e então?




Acordo e gelatina nos olhos. A Face colada à parede. A almofada, encostada e ri. O pânico dormente.Levanto-me os membros não respondem. A cama abre a janela devagar. Entra o ar e não respiro oxigênio, mas o fumo acre e castanho da madrugada enxugada e rasgada em pedaços. Gélido. Fragmentos que gemem para lá. Refresco-me. Ruídos que chegam do outro lado. Recordo tudo. Arrasto-me pelo quarto, metade de mim fica. A outra parte discorda. Parto-me em caminhos separados. Personagens tripartidas, ideias paridas. Penso que vejo. Relembro o ontem. Despego-me de mim. caiem os Glóbulos oculares, e vermelhos para o chão. A nódoa fica negra. Viajo dali. Fujo. Não consigo esconder-me. Persigo-me aos poucos. No chuveiro as gotas ardem por cima. Derretem o visco, juntam-se os pés. Grudam-se. Contorço-me com ardor. Receio a falta do prazer. Continuo sem ver.Esfrego-me. sem resultados. Acordo de novo. O pesadelo renasce. Volto a rebolar. Junto-me finalmente. Chego ao fim. Pergunto onde estou. As frases são soltas e escuras. Sem ouvir deito-me de lado. Adormeço, a emissão prossegue dentro de momentos.

Ir


A ânsia de partir, o desgosto de ficar. Separam-me o Mondego o Douro, as pontes e carris, o apitar, a próxima estação, que seja já no Verão! Que esteja lá, que seja cá, contigo! E tu comigo! Um fim de semana, um principio duma espera, uma expectativa, sem ti. Sem dó! Piedade peço às alturas, misericórdia também. Volta, está aqui, que sem ti não sei estar bem. Vem, passa o rio e ultrapassa-me a dor. Toca-me cria-me esta sensação, este ardor. 7 dias, tanta hora, igual desespero, que ainda não pode ir embora.
Aguardo, aguento, agoiro um rápido encontro.
é isso! Pronto!

Jantar 1 Ceia 0




A saída do Campo Santana onde na realidade se misturava o estacionamento. A entrada surreal num mini-mercado de bairro. Antes, o jardim do Torel,com um cão, as hormonas, a guerra, num verdadeiro pincel! Um bonito quadro ao pôr-do-Sol, pintado a pastel. A cebola cortada, a cozedura da pizza que congelada estava, mas não fria para quem a tirava. Os convidados, mais eu que ja estava ausente. O jantar estava um portento, novamente as cebolas salteadas, a alface misturada, e acompanhando, o Arminho, à minha esquerda e ao saxofone. A salada mistica de sabor etéreo e a massa cozida, misturada com conversas entremeadas. O Vinho servido, tinto para uns. Porém, vinha branco para outros. Legumes frescos sem nada mais de animal, ovos cortados apenas com oleo vegetal. Segue-se uma tertúlia, que puxa dum cigarro. Empurra umacadeira. Deglute-se tudo, degusta-se e decompõem-se frases. A refeição tomada, a hora da partida, num segundo a chegada, e em terceiro uma auto-estrada. No meio de tudo, a chegada ao fim.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

uma crónica então


As noites são mais curtas, e o sono mais comprido. Acorda-se atrasado e tenta-se apanhar o transporte que já passou. Lá dentro escutam-se as conversas monocórdicas, entre estações muda-se o tema. Sempre o mesmo tom, e por fim, fala-se mal do governo, no tempo e na saúde. Despedem-se e amanhã há mais. Desço ao subterrâneo, os phones são necessários, Julian Cope, Suns of Arqa, Björk e Leftfield chegam a calhar, o ritmo marca o passo, sobe-se as escadarias. O Dia sem sol dá desânimo. vou sem vontade rumo ao local de trabalho. Os bons dias mecanizados em as vozes metálicas e sincopadas. Abrem-se as portas, viro à direita, entro no escritório. As paredes correm visco, o chão balança e treme em cada passada, o silêncio sufocante, a nossa presença esquecida. Ligo o computador, desligo-me a mim. Os Olhos nada captam, os ouvidos um zumbido, o corpo num torpor. Tolhem-se os movimentos, quase faço a fotossíntese, pergunto o porquê de aqui estar? O porquê de ser? Espero. Resisto. Persisto. Sem estímulos exteriores aguardo, olho pela Janela e vejo o meu mundo, que passa todo através da avenida.

Constelação


Um desenho nas estrelas formou-se. Veio para o planeta. Imaginou-se e reinventou-se. Um passáro perdeu as asas ao jogo. De ave nada tinha, era rastejante...Desceu. Enterrou-se, criou garras e dentes, escondido caçava insectos. Não os comia. Coleccionava-os. Catalogava-os por género. De quando em vez subia às árvores, olhava o céu. Sonhava que era uma falcão e atirou-se de alto. Caiu. Magoou-se. Um caçador apanhou-o, ficou numa gaiola doirada. O caçador morreu, ficou esquecido num andar perdido. Passaram-se anos, e no meio de transformações, sofreu mutações. Soltou-se. Já não rastejava, nem voava, nadava pelo ar, duma forma indescritível. Saiu e correu para o seu buraco, para a sua colecção. Soltou-os e puseram-se a voar. Mudou-se e alugou um apartamento no centro, saia na noite, procurava os cantos, abrigava-se no subterraneos. Apanhava os homens, um a um. Levava-os para a sua sala, esquartejava-os, retirava partes e congelava. Juntou tudo e coseu partes a si. Olhou-se ao espelho, parecia um deles. Saiu, entrou numa loja, pediu um fato. Ninguém desconfiava. Arranjou emprego numa escritório com administrativo. Nas horas vagas escrevia poemas. Pagava os impostos a horas, apanhava doenças sociais. Enlouquecia ao fins-de-semana. Apanhava overdoses diárias, um dia um avc, noutro um ataque, finalmente o coração pára. Morre. Desfaz-se das partes humanas, pensa nas árvores e no céu, eleva-se. Plana, vai e segue. Não pára no semáforo e sem carta astral fica com a abóbada celestial a seus pés. Estaciona ao longe, sai da terra, e observa-a dali. Sente saudades. Revive tudo com as estrelas. Chora.

História


Na escuridão brilham as estrelas antigas, a luz ténue passa entre folhagem da floresta. Felizmente que os dias já estão a crescer e as flores nascem. Na terra um novo ser apareceu. Amedrontado desconfia do escuro, não reconhece a paisagem. Ao longe, rugidos desconhecidos. Cheiros novos e fortes. Tem medo, junta-se em grupos, e ainda agora descobriu o fogo. Enquanto uns dormem outros ficam de vigilia. O sol nasce, o dia abre-se assim como os rostos. A visão é-lhes preciosa, dedicam-se à caça e recolecção, engordam e dedicam festins aos deuses. Fazem a digestão, o dia correu bem, ninguém morreu na caça, parece que em conjunto causam medo aos outros animais. A noite chega novamente, adormecem descansados. O Futuro é-lhes risonho.
Num museu, a criança olha para as figuras de cera do paleolítico, fixa o olhar nos olhos de cera dum primitivo, reconhece-o e recorda-se de algo, o ambiente é-lhe familiar, que será que lhe escapou? Quem é? O telemóvel toca, está atrasada, os colegas esperam-na na Pizzaria...

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Crer para ver


Cai a noite em cima da cidade. Com violência. Destroi lares, desfaz familias, destroça vidas. Ninguém a esperava, sempre brilhou o Sol. Viviam na luz, fugiram para o templo, abundava as trevas, convertem-se, provam o sangue, tentam sacrificios, arriscam as heresias. Deitam abaixo a Igreja, erguem uma grande antena, transmitem para todo o mundo. Conquistam audiências. Ao vivo e a cores

Cão


Um cão descia pela rua. Procurava um dono, não encontrou, puseram-lhe uma trela, e forçado a andar para trás, vivia preso a um ferro. Perto do matadouro comia restos de grandes animais em putrefacção. E enquanto os dentes apodreciam, o pêlo caia, o cão padecia. Sobrou a corrente, e uma trela. Nessa noite choveu. O ferro tombou, o cão ao longe uivou, todos aplaudiram.