João Cruz Oeiras de Portugal adesão a portal.membros@spautores.pt

Nome

Email *

Mensagem *

terça-feira, 15 de julho de 2008

Um físico puro


Os alunos esperavam-no.Mordeu os lábios e passou a porta. Nada fazia esperar que houvesse mais surpresas. A sala vazia cheia de imagens dispersas, almas penadas, espectros vagueantes, corpos voláteis. Tudo fabricava à passagem, e tudo reconfigurava. Tudo disforme, rostos sem rasto, num chão sem fundo. A porta passou novamente. Passou em compasso. Uma espera. Risca o quadro. Olhava em volta, suspenso. O tempo dobrava-se, o espaço encurtava-se e estendia-se, as dimensões em paradoxo. Partiu antes de existir, e foi depois de ser. Sentiu durante a dor. A cor desaparecia, a luz atraída, a gravidade sem centro, espirais em elipse conjugavam-se num ponto de fuga. Num instante entendeu. Sem matéria, num marasmo de vazio, colapsou. Fundiu-se. Evaporou. Reapareceu. A aula terminou.

1 comentário:

Porcelain disse...

Porque na sala que está cheia de almas a serem transformadas num qualquer modelo indistinto, só podem estar " almas penadas, espectros vagueantes, corpos voláteis"... que resta ao formatador, face à triste evidância, "num marasmo de vazio", se não colapsar?

:-)