Os alunos esperavam-no.Mordeu os lábios e passou a porta. Nada fazia esperar que houvesse mais surpresas. A sala vazia cheia de imagens dispersas, almas penadas, espectros vagueantes, corpos voláteis. Tudo fabricava à passagem, e tudo reconfigurava. Tudo disforme, rostos sem rasto, num chão sem fundo. A porta passou novamente. Passou em compasso. Uma espera. Risca o quadro. Olhava em volta, suspenso. O tempo dobrava-se, o espaço encurtava-se e estendia-se, as dimensões em paradoxo. Partiu antes de existir, e foi depois de ser. Sentiu durante a dor. A cor desaparecia, a luz atraída, a gravidade sem centro, espirais em elipse conjugavam-se num ponto de fuga. Num instante entendeu. Sem matéria, num marasmo de vazio, colapsou. Fundiu-se. Evaporou. Reapareceu. A aula terminou.
terça-feira, 15 de julho de 2008
Um físico puro
Os alunos esperavam-no.Mordeu os lábios e passou a porta. Nada fazia esperar que houvesse mais surpresas. A sala vazia cheia de imagens dispersas, almas penadas, espectros vagueantes, corpos voláteis. Tudo fabricava à passagem, e tudo reconfigurava. Tudo disforme, rostos sem rasto, num chão sem fundo. A porta passou novamente. Passou em compasso. Uma espera. Risca o quadro. Olhava em volta, suspenso. O tempo dobrava-se, o espaço encurtava-se e estendia-se, as dimensões em paradoxo. Partiu antes de existir, e foi depois de ser. Sentiu durante a dor. A cor desaparecia, a luz atraída, a gravidade sem centro, espirais em elipse conjugavam-se num ponto de fuga. Num instante entendeu. Sem matéria, num marasmo de vazio, colapsou. Fundiu-se. Evaporou. Reapareceu. A aula terminou.
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1 comentário:
Porque na sala que está cheia de almas a serem transformadas num qualquer modelo indistinto, só podem estar " almas penadas, espectros vagueantes, corpos voláteis"... que resta ao formatador, face à triste evidância, "num marasmo de vazio", se não colapsar?
:-)
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