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quinta-feira, 3 de julho de 2008

uma crónica então


As noites são mais curtas, e o sono mais comprido. Acorda-se atrasado e tenta-se apanhar o transporte que já passou. Lá dentro escutam-se as conversas monocórdicas, entre estações muda-se o tema. Sempre o mesmo tom, e por fim, fala-se mal do governo, no tempo e na saúde. Despedem-se e amanhã há mais. Desço ao subterrâneo, os phones são necessários, Julian Cope, Suns of Arqa, Björk e Leftfield chegam a calhar, o ritmo marca o passo, sobe-se as escadarias. O Dia sem sol dá desânimo. vou sem vontade rumo ao local de trabalho. Os bons dias mecanizados em as vozes metálicas e sincopadas. Abrem-se as portas, viro à direita, entro no escritório. As paredes correm visco, o chão balança e treme em cada passada, o silêncio sufocante, a nossa presença esquecida. Ligo o computador, desligo-me a mim. Os Olhos nada captam, os ouvidos um zumbido, o corpo num torpor. Tolhem-se os movimentos, quase faço a fotossíntese, pergunto o porquê de aqui estar? O porquê de ser? Espero. Resisto. Persisto. Sem estímulos exteriores aguardo, olho pela Janela e vejo o meu mundo, que passa todo através da avenida.

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