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quinta-feira, 3 de julho de 2008

Constelação


Um desenho nas estrelas formou-se. Veio para o planeta. Imaginou-se e reinventou-se. Um passáro perdeu as asas ao jogo. De ave nada tinha, era rastejante...Desceu. Enterrou-se, criou garras e dentes, escondido caçava insectos. Não os comia. Coleccionava-os. Catalogava-os por género. De quando em vez subia às árvores, olhava o céu. Sonhava que era uma falcão e atirou-se de alto. Caiu. Magoou-se. Um caçador apanhou-o, ficou numa gaiola doirada. O caçador morreu, ficou esquecido num andar perdido. Passaram-se anos, e no meio de transformações, sofreu mutações. Soltou-se. Já não rastejava, nem voava, nadava pelo ar, duma forma indescritível. Saiu e correu para o seu buraco, para a sua colecção. Soltou-os e puseram-se a voar. Mudou-se e alugou um apartamento no centro, saia na noite, procurava os cantos, abrigava-se no subterraneos. Apanhava os homens, um a um. Levava-os para a sua sala, esquartejava-os, retirava partes e congelava. Juntou tudo e coseu partes a si. Olhou-se ao espelho, parecia um deles. Saiu, entrou numa loja, pediu um fato. Ninguém desconfiava. Arranjou emprego numa escritório com administrativo. Nas horas vagas escrevia poemas. Pagava os impostos a horas, apanhava doenças sociais. Enlouquecia ao fins-de-semana. Apanhava overdoses diárias, um dia um avc, noutro um ataque, finalmente o coração pára. Morre. Desfaz-se das partes humanas, pensa nas árvores e no céu, eleva-se. Plana, vai e segue. Não pára no semáforo e sem carta astral fica com a abóbada celestial a seus pés. Estaciona ao longe, sai da terra, e observa-a dali. Sente saudades. Revive tudo com as estrelas. Chora.

2 comentários:

Anónimo disse...

Nunca estamos bem com o que temos e queremos permanentemente o que os outros têm, ou queremos ser como os outros. Assim se passa uma vida inteira, não vivendo a sua própria vida! O segredo: sermos felizes e gratos com o que temos!!

:D

Xi e jitus

Cruztáceo disse...

são os sonhos maiores que nós.

jitu e xi