João Cruz Oeiras de Portugal adesão a portal.membros@spautores.pt

Nome

Email *

Mensagem *

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Além



O mar batia nas falésias onde as gaivotas em circulos voavam sobre a espuma. O sol afundava-se corando o céu e aquele pedaço de terra onde um pequeno casébre era único sinal da presença humana da Ilha. As luzes apagadas e a chaminé sem fumegar, iludiam quem passasse no mar alto, quanto à possibilidade de se encontrar aqui vida.
Um relógio dava as horas na sala cheia de recordações, nos intervalos do toque quase se ouviam os ecos residuais das vozes de antepassados, talvez imaginados. José , acordava dum transe: levantando-se do cadeirão e dirigindo-se à Janela. Continuava absorto, de olhar vazio trespassando a janela, e o horizonte, onde agora o mar se fundia com o céu.
Era o único habitante .Antes dele, não houvera ninguém. Reflectia sobre a sua herança pesada. Posou o cachimbo e dirigiu-se uma vez mais para uma estrutura tão antiga como a própria existência-
Encontrava-a num anexo ao casebre, numa caverna feita de granito. Lá dentro, o enorme e pesado instrumento, apoiado numa gigantesca caixa de madeira já fossilizada, aguardava-o.
Jose fez um compasso de espera, pela hora de saída para o seu objectivo na Ilha, e sua função primordial, além de faroleiro: Era o guardador da ampulheta Cósmica, o fazedor do TEMPO.

José cumpriu a sua missão, virou a gigante ampulheta mais uma vez. Olhou pelo seu óculo adimensional: E o Universo continuava a existir.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Era Uma Vez...


Há 20 anos caiu um muro. O fim dum regime.
Há cerca um ano caiu a economia, e com ela o principio dum novo sistema, mas qual?
Vinte anos após é assim...o principio do fim... de muitas das ideologias ou de muitos ideais e muitos " Ismos". Quiçá o fim do homem, que talvez não se aguente tanto tempo como o Neandertal, extinto por algum motivo ou mesmo acidental...Este, o Sapiens, até já tem data mediática: 2012...qual Iogurte com prazo de validade. Nem chegamos a sair da adolescencia, e entretanto definhamos e iremos com tenra idade...
O mundo vai girando e ntretanto caiu a Jugoslávia dum lado, ergueu-se Timor-Leste e a Eritreia doutro. Cresceu e aumentou um "grande Tigre", Ganhou duas provincias, e os antigos colonialistas, e com grande desgosto, perdem Hong-Kong e Macau. Dá mais uma volta o Globo, seja para a frente ou para trás, e desaparece o Apartheid, como por oposição e para manter a energia ou quem sabe uma a relação de forças ideológica, surge o neo-nazismo. Os Paises(novos ou com uma nova roupagem) surgem como cogumelos, e outros evaporam-se; a Checoslováquia caí, a Bélgica vacila, aumenta a UE.
Caíram Torres e space-shuttles, nasceu a ovelha Dolly, a nano-tecnologia, a engenharia genética. Um Tsunami invade a Ásia, o Dubai invade o Mar, os emigrantes do Magreb a Europa, os romenos expulsos na Itália, a fome deixa de ser especifica de África, e há quem invente os transgénicos. O Petróleo em extinção, assim como o Bacalhau e o Lince Ibérico, que agora se mudou para Silves. Nomeou-se presidente um Afro-americano, contudo aumentou a intolerância, Invadiu-se o Iraque e o Afeganistão, e sorteou-se entre a Coreia e o Irão.
Surge a esperança duma nova ordem mundial, acabado um inimigo, que vinha do frio, que era vermelho e que se alimentava de criancinhas, cria-se outro; O islamismo. Mas Afinal, e depois de muito se escrever e debitar, de reunir, conferenciar, legislar e argumentar, decidiu-se que não; Não são eles o Inimigo. É o Terrorismo: esse Bicho sem face, uma doença dizem uns, uma diferença dizem outros, essa besta sem nome, que nos cerca e assusta, que nos impede de viver livres, que nos controla, que espreita a cada esquina. Que se assemelha tanto ao controlo dum qualquer estado dito democrático sobre os seus cidadãos.
O mundo dá mais umas voltas ao Sol. E a sociedade avança com ele : Destruíram-se uns conceitos, criaram-se outros preconceitos.A Guerra fria toma-se agora a quente, e o aquecimento global toma-se com um cubo de gelo, caso haja uma outra glaciação... A Guerra é agora servida com outros requintes, bordada a ouro, encapotada de liberdade, e de democracia, mas é uma imposição. Os soldados voluntários, os povos recrutados para a morte. A a NOva democracia vem mascarada de cultura avançada, de economia excelente, de ideologia perfeita e bem consciente. como que oferecendo um rebuçado e é ver a criançada contente. O sol põe-se mais uma vez e: Acaba-se com a guerra de classes, inicia-se uma batalha sem classe, menos humana, mais virada talvez para uma elite que sabe o que a humanidade quer, que pensa por nós, que nos dá o pão, que se confunde com Deus, que protege até, que mais parece uma escatologia, que verseja com cientologia, obscura mas mediática, e tem como denominador comum, a Maçonaria, os Iluminati, O Clube de Bilderberg. Um pequeno clube de "grandes" senhores, uma linhagem nobre, real, mesclada de clerical! E são quem nos rege, comanda, alimenta, e mata. Num gigantesco jogo de xadrez. Perde-se a humanidade mas esses ganham um novo jogo. E o homem e a mulher que habitam no globo, qual Adão e Eva numa nova versão, que se amam e que querem vibrar com a vida, apenas sobrevivem. Aguardando o Maná. Um grão de trigo. Uma migalha. Como os pombos na praça. Uma desprezada raça...
As Ideias escrevem-se em murais, e são tratadas como grafitis, marginais...E os muros caem, mas as passagens e as pontes ficam por fazer...não as físicas mas as mentais...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

os opostos

estou tão calmo...e tanto que por momentos entre os instantes sente-se uma serenidade apaziguante redundante que se deseja ad eternum e a mente extende-se como num deserto plano e de horizonte infinito. Os sentidos apurados falam-me e compõem-me e criam uma imagem:

viajo com um sol de verão de nascente a poente subindo ao zénite e descendo a pique e vejo o leque de todas as cores oiço o silêncio de uma madrugada quente e salgada com um sabor neutro e num olfacto que esteja apurado,sente-se a terra neutra misturada com o sabor, a azul do céu, trazido pelo vento sul.

Esta criação é toldada pela presença humana que vem dos 4 cantos do mundo e ocupa os 5 sentidos, de repente inundados por inumeras sensações. Espectros perturbam agora o ser, e que ensombram a luz e me cega; os ouvidos perturbados com aquela sensação que precede um terremoto; o sabor a azul sai, é inundado pelo acre acutilante da sempre presente realidade; entra o cheiro pestilento da nossa falta de humanidade, um odor sem senso que penetra pelas narinas; sinto na pele dos dedos, espinhos, como que se nas mãos agarrasse um outro universo pleno de caos.

Uma inversão na sensação. tocando-se os extremos. a mente dilui, concentra, mistura, confunde e funde duas díspares realidades: das loucuras insanas às perfeitas harmonias num segundo.

Um vácuo negro e escuro, das entranhas da terra, brota e entram por mim as almas de dezenas ou centenas de corpos moribundos que vagueiam desde que a humanidade foi criada, e enche-me com todas as sensações de dor, mágoa, angustia, rancor, doença e horror.E no Negrume e no bréu, perco-me, porém numa inspiração mais cuidada sente-se o Mundo inteiro, perfeito,sem caos e sem desordem, talvez até sem ordem, mas puro, perfeito e original. Pausa... talvez sonhasse... mas fico como que atravessado com um lado ou uma faceta obscura do mundo e fica connosco essa dor, as vezes finda... e é só um torpor, uma caimbra. Mesmo acordado permanece uma dor e quase que não há recordações,apenas nos faz pensar, em nada, e esquece-se.Por uns segundos só me apetece sorrir e lembrar de não esquecer o momento. talvez não exista. Um pesadelo! éisso! e penso no futuro e que traga uma nova crença, ou algum tipo de fé, que apague aquela visão, esse lado nefasto, essa sensação tão avassaladora que quase rebento, com o excedente de informação e o excesso de emoção! Mas talvez ja seja tarde para esquecer, e fique na memória guardado para sempre. Resta recordar o acordar, e trazer de volta a serenidade, e o breu se apague. nasce o sol...





quarta-feira, 21 de outubro de 2009

paradoxo

Um unico ponto, e na visão turva do nevoeiro cerrado que entrava nos poros. O ar acumulava-se nos pulmões fazendo-o flutuar ao nivel da troposfera, os ventos empurravam-no para as nuvens, as goticulas de água juntavam-se formando numa bolha que o envolvia, a energia era tremenda, soltava-se num relampago embatendo nas particulas de poeira atmosféricas subdividindo-o e espalhando-o por toda o espaço saindo da orbita. Esticando-se ao limite o corpo perde uma dimensão e ganha a totalidade do plano, estende-se numa unica linha recta de comprimento infinito,e a alma outra linha espiralada no eixo da primeira, formando uma helicoidal sem principio nem fim, agora omnipresente e omnisciente. Num instante qualquer e por uma acaso circunstancial, cria a vida, não lhe agrada e extermina-a, O universo é agora silencioso, calmo e tranquilo, no seu caos encontra a paz, é feliz, vira-se na cama, olha pela janela, e continua a chover.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Acorda!

Era um dia como os outros, com uma grande diferença, chovia a cantaros. Ninguém andava nas ruas, estava tudo desaparecido, no local onde havia a cidade, havia agora um grande planalto verdejante. O homem desaparecera e dera lugar a um rebanho. Sem numero de identificação bancária, sem o prazo para o pagamento da electricidade, sem horário, sem indumentária, sem cenário, sem mascaras, sem dramas, tramas, ardis e enredos complexos. A vida corria fácil, o sol erguia-se no meio do mundo, os ruidos mais estridentes são resultado dos berros dos cordeirinhos. A água corre livre sem barragens, os animais circulam sem redes e cercas electricas, a relva cresce em qualquer lado e a par com os silvados, as árvores morrem de pé. Eis que surge um zunido irritante que persiste, que não pertence a este mundo, um barrulho mecânico e monocórdico, algo de artificial que afasta este mundo. Abro os olhos e o despertador toca.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Filosofia barata

A constituição de 1976 traz com ela os principios básicos do que nos compõe como sociedade, das máximas que nos guiam e nos marcam e que contribuem para a nossa evolução como povo, o que nos diferencia ou aproxima das outras sociedades e aquilo que nos transformou politica, cultural e socialmente. Com o 25 de abril, veio a liberdade, e com isso os nossos direitos mais básicos, como o acesso livre à eduçação, à saúde, à habitação, à cultura e à liberdade de expressão, de associação, de manifestação, de contestação até. O Século XX, trouxe ao nosso País, conceitos que já eram conhecidos desde tempos muito anterirores. A revolução francesa e a independencia dos estados unidos da américa abriram portas a uma revolução mais profunda da humanidade e a uma evolução de mentalidades, a uma foram de pensar individual e colocando a humanidade à frente, deitando por terra o teocentrismo na maioria dos casos. Mas dizer-nos completamente livres é demasiado. Vivemos num plano de realidade que nos faz interagir com os demais, e embora sejamos senhores do nosso destino, dependemos sempre de terceiros. Estamos conscientes de que somos livres, e disfrutamo-la, mas é um conceito abstracto e é transcendente, quando esta é divergente para todos e toma uma forma diferente em cada instante, no seu todo é unica embora interpretada de diferente maneira.Fazendo com que a nossa liberdade se adapte e molde ao proximo, tornando-nos escravos de multiplicidades de trilhos que nos intersectam. Assim, nunca somos verdadeiramente livres uma vez que habitamos no mesmo plano com uma infinitude de opiniões, e para se seguir o nosso caminho teremos de inevitávelmente de pisar o trilho do outro, convergem e divergem, andam em paralelo ou concorrentes ao nosso, e assim sendo a liberdade é uma prisão da nossa opção e uma verdadeira servidão humana.
Estamos no fundo como o ratinho que corre na sua rodinha, sem nunca sair do mesmo sitio.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Um Lugar no Cosmos


Segundo dizem,cada pessoa nasce com um Karma.Outros dizem que nascemos já com uma sina.Ainda há quem diga que temos o destino traçado (esta será similar à primeira e à segunda, embora estas ultimas soem mais a sabedoria popular ocidental)
Somos iguais no sentido que todos possuímos os mesmos sentidos, e diferentes uma vez que cada um é único, e tem a sua forma de pensar, ser e estar.
Reagimos diferentemente a situações iguais, consequência das experiências passadas, aos reflexos condicionados, aos impulsos, ao património genético e memético. Uma reacção a uma qualquer acção pode ser motivada de diferente forma segundo a carga hormonal de cada um.
Na Psicologia diz-se que todos temos as seguintes componentes comportamentais e sociais: assertiva, manipuladora, agressiva e passiva.Reduzir o ser humano a estas funções é ser redutor( passo a redundância).
Não seremos mais que isso? Deveremos ser, pois temos uma mente rica cheia de sinapses,neurónios e dendrites nervosas, ligadas de forma aleatória (ou não!). Além dessas componentes há pessoas mais emocionais, mais racionais, etc e etc, e ao tentar explicar uma acção de alguém, com o exemplo de outras pessoas,ou tentar explicar com as nossas próprias convicções é fazer de nós máquinas que reagem roboticamente, que respondem por impulsos binários. e que reagirão sempre de igual forma.
Somos mais que zeros e uns, que sim e que não.Mas estarão as formas de ser relacionadas com o passado de cada um, com a faixa etária, a classe, o sexo, o credo e até a cor? Justificarmo-nos com padrões previamente estudados é simplificar o pensamento humano e reduzi-lo a matrizes matemáticas.
O problema é que a matemática e ou informática é baseada em conceitos antagónicos, por oposição, por contrários e pelas combinações dos mesmos. O ser humano vai mais longe, funciona com o talvez, e trabalha com a imaginação e a criatividade. Que transcende qualquer equação matemática.
Há pessoas que se integram bem na sociedade. Há outras que não se revêem nesta. Há outras ainda que buscam mais que a sociedade e que viviam bem sem ela. Aliás, há mesmo aquelas que não sabem que esta existe.
O problema de viver é complexo, seria simples se nos dedicarmos à caça e à recolecção, mesmo assim suponho que tenham tido as suas crise existencialistas. O problema de se aceitar o que se tem também. AS formas de estar são milhentas, e as justificações para tais atitudes muitas vezes são condenações e julgamentos dum pensamento ou de um sentir diferente, se não diferente pelo menos particular, ou sui generis, ou especial. Cada um vive como sabe, e muitos como querem, outros passarão a vida à procura do que são.
As ambições esgotam-se quando já nada de novo existe.
Tem de se conviver com o que se possui.
Falta-nos sempre tudo, quando não nos lembramos do que possuímos.
Quanto mais se tem, mais frustrados ficamos,e em chegando a um zénite emocional racional ou material, a tendência é para estagnar, ou procurar algo mais que ainda não exista ou que não seja convencional, muitas vezes refugiando-nos no que já transcende a ética e a moral, para que a fasquia seja novamente elevada.
Quando os nossos princípios não nos permitem ultrapassar essa barreira, atingimos um pico, e a essa curva ascensional, que é a vida, e que tendia para o infinito, tende agora para se aproximar do zero. Pois nada mais há nas coordenadas do sentir e do ser.
Leva-nos a questionar o nosso papel aqui, o porquê de continuar, a indagar método de resistir, a procurar nos outros um objectivo que nos falte, a buscar fora de nós um motivo para prosseguir, um apoio externo que anule a nossa fútil condição humana.
A nossa evolução passada, que culmina com este cenário, conduz-nos a uma sensação de servidão humana. Em que nada nos surpreende, nada nos fascina, nada puxa pela nossa inteligência, a função cognitiva torna-se nula, a criatividade inexistente, a visão da beleza universal é enevoada e descabida de fundamento pela nossa situação de termos chegado a um ponto em que já é deja vu. Os sonhos, memórias e recordações de bons momentos são guardados no mais profundo fosso mental, ficando a mente entregue às lembranças de tudo o que é nefasto e desagradável. Um sentimento de espera se apodera do nosso corpo e alma, acções auto-destrutivas preenchem os espaços que antes eram ocupados pelo vibrar do existir, pela felicidade que o tempo inibiu, pela vontade de rumar sem destino. O caminho outrora desconhecido, é agora mais que recalcado, e já não há lugar a continuar por ele, ou prosseguir por se mostrar entediante e monótono.
Chega-se portanto a um abismo forçado, muitas vezes por falta de auto-estima ou insegurança interna, quiçá também sinal dos tempos, em que tudo nos é dado de mão beijada e que a informação é transmitida, absorvida e dissecada a uma velocidade avassaladora, tornando-nos consequentemente mais vazios, e sentindo-nos mais fúteis e banais, numa sociedade que nos torna mais iguais, que nos normaliza, e contudo impõe e mostra as diferenças a outras culturas, mais antigas até,mas que não vivem de acordo aos padrões impostos por esta sociedade que tem como pilares a igualdade e tolerância,e no entanto tende a tornar-se mais adversa à diferença, criando assim estigmas, provocando atritos e conflitos, numa tentativa de absorver e abafar, sufocando, as sociedades culturais antigas que ainda se regem sem a máquina da propaganda e da publicidade por trás.
Assim sendo somos vitimas duma sociedade de consumo imediato que tudo nos impõe. Tem regras até pra nos fazer felizes,com quem estar, com quem casar, como viajar, como passear, com quem dormir, como ser melhor que o outro, como lixar melhor o outro...
E assim vamos andando, cantando e rindo, muitas vezes com excesso de estímulos exteriores e deficit de estímulos interiores, que é como quem diz, um pouco mais de amor e carinho, e um dialogo interpessoal mais construtivo, virado mais para nós, para o nosso intimo em vez de julgamentos de personalidade, e conversas de afirmação pessoal,e de se tentar provar algo a alguém. Pois acho não temos de justificar a nossa forma de ser perante os outros como forma de desculpar as nossas omissões ou falhas.As coisas acontecem por si, não por serem provocadas. E isso era ter o condão e o requinte de prever todo um modus vivendi desde o nascimento. E não seria necessário muito auto-controle e uma capacidade de auto-analise sobre-humana e coerência muito eficaz para viver segundo esses moldes? Na volta não...Infelizmente eu não possuo tais caracteristicas. Sou um ser longe da perfeição, cheio de incongruências e inépcia. Ou talvez toda a minha vida seja uma justificação. OU então toda a justificação seja uma vida. Ou será que devo-me deixar de existencialismos e estar quietinho e ser carneirinho? Deixar de me sensibilizar, de mostrar afecto, de me expôr, de gostar de carinho e amor, de alimentar-me de paixão? Talvez seja melhor mudar. Ser alguém indiferente, rígido, inabalável, curto e grosso, sem expressão, lívido, apóstata, frio e calculista? Seria decerto muito mais feliz!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

dedicado a ti

Tensão por detrás das grades

O tempo passava lentamente, naquele qualquer dia de uma verão em um qualquer lugar campestre. A situação era incontornável e inadiável. Todos estavam reunidos numa pequena parcela daquela que era uma gaiola gigante. Em grande agitação mas num silêncio sepulcral. Esperando um outro elemento que todos desconheciam mas que iria revolucionar as suas vidas. O sol que apesar de se estar a pôr e terminando mais um dia, era quente e tornava a paisagem ainda mais silenciosa, com ondas de calor que irradiavam do solo e que pareciam que abafavam as sonoras, esbatendo as cores e variando o tamanho das Iris. Ninguém tugia nem mugia, os olhares cruzavam-se como que comprometidos, desviando-o logo em seguida e fitando o infinito, simulando todos um ar pensativo e de mentes distantes. Parecia que o mundo tinha parado, nada se mexia naquela tarde soalheira de céu muito azul, tal era a tensão. Embora num quadro quase idilico, pareciam estar todos às portas do Inferno. A comunicação além da visual era inexistente, um esgravatava o chão, outro andava de um lado para o outro, outro ainda subia e descia ao que aparentava ser um poleiro, logo descendo tanto era o desconforto da situação. Um ambiente de cortar à faca, as gargantas secas, as vistas cansadas da poeira que voava no ar provocado pelo movimento dos corpos naquele chão arenoso. De súbito, ao longe, bem perto da linha do horizonte surge uma figura humana que se dirige para eles, vem apressado com algo nas mãos, tentam focá-lo para terem a certeza que era o contacto pretendido, estava distante e a contra-luz apenas podiam supôr quem era pela forma e maneira de andar. A agitação era enorme, andavam agoar dum lado para o outro, presos dentro daquela cerca metálica, todos queriam ver melhor, aproximando-se da rede e atropelando-se uns aos outros, chegavam a degladiar-se para serem os primeiros a obterem algo dele, o que aparentava ser um grupo homogeneo, provou ser um aglomerado caotico de seres, cada um por si não olhando a meios para atingir os seus fins. Magoavam-se tentando voar pela cerca, alguns sangravam mas ninguém desistia.A figura humana longinqua aproximava-se rápidamente, e sem mais demoras abre a cancela, parece dizer algo para os acalmar, calça as botas e entra, todos se afastam à sua passagem dando-lhe espaço. Em poucos segundos chega aos gamelos, despeja o farelo e deixa que todos se aproximem e comecem a alimentar-se. E assim mais um dia termina na capoeira.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A ingovernabilidade,a procriação, o "momento de dizer verdade", os cabo-verdeanos e ucranianos no Aeroporto, e as cabalas pré-fabricadas

Pensamentos confusos Parte I

O dec. Lei 122 de 21 de maio dá competências às conservatórias do Registo Comercial para transmitirem oficiosamente e a nível informático, todos os actos das empresas à DGCI e à Seg. Social, tal como aconteceu com as empresas on-line e empresas na Hora. Assim sendo as Lojas da Empresa criadas, para facilitarem os contribuintes, não carecem da presença de funcionários destas duas entidades. Passará a ser da exclusiva responsabilidade das conservatórias comunicar todos os actos administrativos e burocráticos às outras entidades para a formalização de todo e qualquer inscrição ou alteração das sociedades constituidas, e perde-se um organismo que era invejado por esse mundo fora, a dita cuja Loja da Empresa.

Quer isto dizer que a Empresa X, quando quer alterar a denominação, a sede e a gerência, basta deslocar-se à conservatória dentro ou fora duma Loja da Empresa. E se por ventura os dados que constarem da base de dados das outras entidades não forem coincidentes com as que estão averbadas na Certidão permanente da Empresa, aquando do cruzamento de dados, terão que as outras entidades pedir ao contribuinte todos os dados referentes à empresa X, fazendo com que um processo que virtualmente demoraria meia-hora, passe demorar quase um mês, o que na pratica faz com que sejam sempre necessários os funcionários da DCGI e da SS, para o bom desenvolvimento e seguimento dos procedimentos administrativos, voltando à maneira antiga, e muitas vezes duplicando dados, fazendo crescer o número de papeis e tornando ainda mais kafkiano o sistema.
Serve portanto este diploma para dispensar funcionários desses serviços, e ao invés de se simplificar o processo, simplifica-se o número de colaboradores, e acto contínuo, reduzir a despesa do estado.
Esta Geração de políticos, que agora está e esteve no poder e que na altura do 25 de abril tinham pouco mais de 30 anos, e nacionalizou tudo o que havia para nacionalizar, foi mudando de partido para continuar no poder, para liderar e poder cuidar principalmente de si. Entretanto privatizaram essas mesmas empresas, arrecadando milhões, que foram distribuidos não pelos cofres do estado mas pelas suas bolsas. Anos depois, veio a União europeia que deu mundos e fundos, e as bolsas engordaram. Chegaram perto da idade da reforma, e puseram-se a fazer contas: e nos ultimos 5 anos em actividade contribuíram para a seg social somas exorbitantes, para usufruírem de pensões milionárias. Mas antes de saírem, mudaram as regras do jogo e impuseram que o cálculo da reforma fosse todo período contributivo, ao contrário do que com eles aconteceu, pondo em cheque o futuro de milhões de beneficiá rios que não vão ter nem um décimo das suas reformas nem uma ninharia das suas regalias, esse senhores apregoam que "tem de ser, que o país não está para luxos", mas entretanto tratam de si e dos seus, comprometendo as gerações vindouras.

Os mesmos senhores que através das negociatas, controlam agora as grandes empresas, e detêm o monopólio politico económico e social do país, os mesmos que agora são contra TGV`s Aeroportos, Pontes e outras obras publicas, pois são os mesmos que têm o dinheiro aplicado em off-shores, e os mesmos senhores que quando estão na oposição têm que contrariar as politicas dos seus opositores, sendo quase uma condição axiomática para ser oposição, O ser do contra. Mas tudo vai bem, porque felizmente para eles as reformas são em média de 12000 euros ao contrario da média dos salários em Portugal que não ultrapassa os 700 euros.


Posto isto, e levando em consideração que muitas das empresa na hora, são feitas por motivos obscuros, que as grandes empresas nacionais estão nas mãos de administradores do bloco central, que os interesses das resoluções ministeriais, programas eleitorais e diplomas legais servem essas mesmas pessoas, e não servem o interesse nacional.
Não é preciso ser muito inteligente, e basta estar minimamente formado e devidamente esclarecido, com uma mente aberta para: Chegar-se à conclusão que independentemente da ideologia do governo que esteja no poder, nunca é para servir o povo, mas para servir um reduzido numero de famílias desses mesmo senhores.
Enfim...Votem neles pois vivemos no melhor dos mundos....





sábado, 19 de setembro de 2009

Quando voltar


Quem me dera ser dia.
Sábado ou Domingo.
Um só Dia. Um Verão.
Às sete da manhã por exemplo.
Um dia eterno e porque não?
Acordar dum longo sono e desfrutar. Gozar o calor, o Sol, os horizontes abertos, o espaço infinito num tempo ilimitado.
Sonhar.
Poder ter horas sem horários.
Poder ter caminhos sem indicações.
Partir sem destinos.
Andar fora dos trilhos.
Sair do curso, da rota, sem norte.
Observar tudo e o Todo ver.
Entregue à minha sorte.
Ser um ser diferente a cada instante, moldar-me a cada momento, adaptar-me instantaneamente.
Encontrar-me a cada esquina do mundo.
Descobrir-me numa qualquer praia que banha a Terra.
E talvez chegar lá atravessando o campo de flores amarelas e vermelhas, às centenas.
Deitar-me na areia branca; olhando o céu azul, contemplar-me no mar esmeralda, encandear-me com o sol, percorrer o arco-íris com a mente, esvaziar o corpo, e estar pleno.
Focar o mar, ver as ondas, rebentar de alegria e explodir de êxtase com elas.
Levantar-me com o sol a erguer-se, e com a aurora esquecer a eterna noite, e correr.
Saltar e voar até mergulhar e lá permanecer.
Sem nada escutar. Apenas sentir o oceano a envolver-me, fazer parte dele. Ficar por ali, apenas envolto no fluido e fluir com ele.
Ir ao sabor da maré qual cliché.
Perder o pé.
Nadar, nadar, andar até perder.me de vista.
Perder-me. Achar-me e fazê-lo novamente.
Sozinho entre a terra e o mar.
Acompanhado por tudo o que me é sagrado.
Esquecer os tons pardacentos, pintalgar tudo de verde e prateado.
Retocar os cinzentos e apagar o breu.
Iluminar o negro e brilhar.
Novamente o mar
e tocar da chão o céu
Secar ao sol para outra vez molhar
Criar essa outra rotina até me fartar.
Depois?
Sair da praia e entrar na floresta de cheiro a pinho.
Ver e ser como um pássaro, sem voar nem ter ninho mas desfrutar.
Caminhar pelo mato, os silvados, atravessa-los através dos espinhos
Sim. rasgam-me a pele, já nem sente ardor.
Nada rasga a alma com este recente torpor.
Nada é frio, nada nem ninguém está vazio.
E sim. Está calor e recomeçar, quiçá estar sempre em viagem, sem avião, sem malas, sem culturas e arquitecturas.
Viajar não para ir mas somente estar.
Não parar.
Um sábado que se inicia, um dia que não acaba, um sol que não se põe, uma vida que recomeça sem nunca acabar.
Sem nada findar, tudo está por iniciar.
E quem me dera ser...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Outono/Inverno naif



Com o Verão partem andorinhas

digerem-se sardinhas

há caracóis aos molhos

e alegria nos meus olhos


Em diante épocas estranhas
festividades

e feriados

regressam as castanhas

e há novidades

nos simples resfriados


Cria-se um torpor

no meio do outono frio

e na ausência do calor
fica o ser e a alma clamando pelo estio


Nem tudo é feito de dor

nem tão-pouco de uma dormência ou ardor

não hiberno nem padeço
pois fico com algo que não me esqueço
no entanto vibro e aqueço,

com o meu amor.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Quim

Quim (nome fictício), vivia no Seixal(localidade fictícia), da apanha de bivalves junto às salinas e da pesca de arrasto no Mar da Palha, fazia o seu dia-à-dia com o seu fiel amigo, e sempre em total secretismo, pois quim tinha uma 2ª vivência. Por detrás desta fachada de empresário em nome individual e da solidão do mar, na pacatez da sua casa isolada no sapal e escondida para lá dos canaviais, onde o ruído da cidade não chegava, nem a curiosidade das pessoas autoctones o perturbava, escondia outra profissão. Saia cedo com as redes, metia-se no barco de 3 metros com o seu motor fora de bordo de 15 cv, e rumava a Noroeste. Acostava na doca dos Olivais, e passando despercebido, vestia a sua indumentária e apetrechava-se da sua ferramenta, montando-a minunciosamente sem qualquer ruído, com uma destreza e celeridade capaz de impressionar qualquer profissional da sua área. Na manhã quente, juntava-se à multidão junto do ramal ferroviário e entrava na composição com rumo a santa apolónia, aí chegado consultava o horário e entrava noutro comboio na direcção oposto a que viera, saindo antes do Oriente, mudava rápidamente para o autocarro que o levava ao centro da cidade, procedimento este talvez descabido para o comum dos mortais, mas indicado para quem gostava de saber que não era seguido. A paragem onde saia encontrava-se deserta, podia então regressar ao ponto de origem. Tinha a morada consigo, no nº3 subiria ao 9ºAndar apenas transportando o que aparentava ser uma mochila de estudante. Tocou à campainha, demoraram a abrir, à porta um homem de figura esguia, num fato impecável e imaculado cor de cinza e uma gravata da mesma cor,com um sorriso disseram-lhe para entrar e esperar na sala. Pouca mobilia, uma estante de livros na parede oposta ao sofa onde se sentara, duas janelas do seu lado direito de persianas corridas, criando um ambiente escuro em que os olhos demoravam a adaptar-se, fixou cada pormenor da divisão, olhou para o relógio, e abria a mochila, ao perguntar-se se estaria na hora, outro homem avançou para a sala e disse-lhe para entrar, levantou-se cuidadosamente e seguiu-o para a casa de banho, correram as cortinas e apontaram para a banheira. Quim percebeu logo o que se tratava, sacou da ferramenta e ia iniciar o mais duro dos trabalhos. Quim era Canalizador, e trabalhava a recibos verdes...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sonho


A escuridão abarcou o seu universo, e na monotonia de mais um dia passado, esforçou-se por adormecer. Sonhou que estava rodeado de gente, que era estimado, que amava alguém,, vivia em comunidade, tinha alguém que dividi-se as tarefas, tinha quem o escutasse!...Ouve um trovão, um ruído enorme, as personagens e o cenário definham até se perderem nos meandros da sua mente, transportando-o de novo à realidade. O que escutava não era mais que uma rocha que se desprendia lá fora da sua caverna,e que rebolou com estrondo até ao vale fundo. Acordava mais um dia não abriu os olhos tentando voltar ao seu belo sonho, era tarde. Acorda com a luz da aurora, chega-lhe aos sentidos um cheiro neutro duma paisagem amorfa em mais um dia pardacento. Não se levanta, de costas pra cima suspira, e chora desesperadamente. A tristeza assola-lhe a alma, ataca-o fisicamente retirando-lhe as restantes forças.
Sabe que tem de continuar. Sem uma réstia de esperança sabe que não pode desistir, mas fraqueja, e quase por momentos sente-se tentado a saltar e ir mais longe que a rocha lá ao fundo, no chão cinzento do solo.
Sente a energia a esgotar-se, o seu estado normal é a angustia, a sua expressão pesada, e com os passos arrastados prossegue caminho, sem destino geográfico mas com um objectivo. Está sem força anímica, sem fé, porém a ânsia de encontrar alguém é mais forte que ele. Move-o a solidão, a necessidade do contacto com um seu semelhante. Querendo encontrar a novidade, num mundo já sem surpresa, que sem saber já percorre desde tempos imemoriais, mais que séculos, uma eternidade. Percorre trilhos ainda marcados pelas suas pegadas quase fossilizadas. Caminhos que já esqueceu, paisagens agora recordadas em memórias difusas e gastas. Um eterno dejá vu. Caminha na mesma estéril paisagem indefinidamente. Continua, mesmo assim. No entanto com desalento, sem esperança, e sem descobrir nada que o fascine. Repetem-se as passadas, os gestos, os momentos, instantes infinitos.
Dirige-se para o horizonte, de dias iguais, noites semelhantes, desde o início dos tempos. Não vive para a auto-preservação do seu Eu, sobrevive sim para encontrar um alguém. O objectivo não é ser...Existe com o fito de se encontrar. Não consigo mas com um seu semelhante, alguém para ver, para falar, abraçar e perguntar o porquê de simplesmente estar, questionar o porquê. Onde está e quem é. Viajou por todo o espaço, num tempo infinito, e vive agora esperando o fim. Desiste e fecha os olhos. Esperando que o sangue pare de circular, o coração sem bater, e o cérebro sem impulsos. Cessa o corpo, extingue-se a alma, e o Globo continua a girar sem ele. Eternamente.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

terça-feira, 4 de agosto de 2009

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Abril a gosto



Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra d'uma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade

sábado, 1 de agosto de 2009

sexta-feira, 31 de julho de 2009

genese ilegal

deitada debaixo da areia, fossilizava na eternidade.
as eras passavam, os estratos acumulavam-se
veio a tectonica e formou sinclinais
acimentou-se em metamorfoses sedimentadas

a mãe chamou-a
partiu pra nova criação

quarta-feira, 29 de julho de 2009

um estoria de sebastião


Levado pela nobreza,acordado dum sonho de infancia.

por um rasgo de infamia... é destinado à realeza.

Magoado pela inveja ferido pela ganancia.

Investe na guerra o que nao obteve em criança,

trajando indumentarias azul turquesa.

Do alto do seu cavalo branco nao ve o lado negro da pobreza.

Seja ela do povo, de espirito e da sua natureza.

Morre sem saber quem é, longe do lar,

na ilusao do poder, na desilusao do ser,

distante de terras lusas e do seu mar,

num tabuleiro de xadrez

disposto entre Ceuta e Fez

e assim jaz,

entre mais uma peça

num derradeiro xeque ao rei

que por fim o desfaz.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

no comment

tu


Conheci-te e aturas-me.
Entrei ao de leve no teu mundo.
Entraste profundamente no meu.
Levei,te por becos e ruelas.
Conduzi-te por avenidas coloridas.
Mergulhaste no meu mar azul
afundaste-te comigo no mais profundo do meu breu.
Ascendeste à aboboda verde e esmeralda celeste,
desceste ao inferno de dante.
Dei-te o mais puro e sincero amor
e a provar o mais saboroso mel.
Fiz-te passar pelo sabor do mais amargo fel.
Lembra-te de mim e do que sou,
esquece o que fui e onde jå nao estou...
e amar-te-ei para sempre!

sábado, 25 de julho de 2009

Aqua cultura


num sabado deu-lhe para ir tomar banho à praia...mergulha e toca o verde do fundo do mar, vê a areia doirada e quer-lhe tocar. Retem a respiração e não vem a tona, junto aos corais faz uma fogueira e vê as estrelas através do azul marinho. cores esmeralda e topázios circulam à sua frente, flutua e força a corrente, sente a energia em forma de onda, dum oceano aqui dentro e presente. tocam à campainha está ausente, emigrou numa fossa abissal e com rumo inconsequente continua sem respirar, faz amigos à volta do braseiro, peixes cetáceos e cefalópodes como a unica conhecida gente.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Esfera de quem a espera


o mundo gira como uma bola de papel e o astro semi-reboque leva bolo-rei a uma velocidade estonteante noutros bem devagar. numa rotunda heliocentrica,alguns centram-se. um bobo na corte senta-se e é digital, palpável ao alcance da mão.Virtual tal qual uma página de jornal descreve a criação do cosmos onde obedece a vários formatos, segundo a visão de terceiros, e num quarto desenhado desde a caverna ao vegetal. e uma noticia sideral numa quinta medieval Com uma pitada de sensorial chega a sexta para quem vê e sente. uma tela por pintar ao fundo, no final do poço durante o fim-de-semana Uma bola amorfa, um qualquer corpo, quer se tenha os pés na terra ou a cabeça no ar. faz-se arte rupestre, em mente bucolica dois reis de testa. três magos, 40 ladrões, e já a mente a flutuar sem gravidade para a agarrar uma junta de bois puxado por uma bula papal unido por uma liga metálica em associação cultural Roda e atrai com a força centrifuga. melancolico-mental com gravidade tudo diferente e sem igual, parecido ou banal. quem sabe se sei o que se sonha selando em si um dó e piedade, dum fidalgo e um dom que gira, um feudo que torna quem sinta demais e se deixe levar. num universo um átomoUm bola gigantesca e Mundial, e um gota de água no meio do areal um globo perfeito ideal. conversa desigual ou Um plano limitado e surreal. gente discute sem razão, todos ralham pelo pão, no meio da emoção retiram opinião, levando às alturas toda esta emoção e entretanto um asteroide qualquer no meio da nossa falta de ar, tira notas num caderninho sobre tal movimento popular.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

opinião sem razão( nova edição)

Sou filho de Abril, nascido antes do PREC, criado no após. Não passei pela ditadura, era demasiado imberbe, não a vivi e não posso expor factos na primeira pessoa apenas considerações póstumas com epilogo duma estado de coisas. Considero-me um subproduto duma sociedade em evolução, com as suas devidas limitações(A sociedade bem entendido! E eu também obviamente...) e as suas dificuldades. Sou alguém que padece também de ausência de ideais, e ideologias, num mundo que hoje em dia nada trás de novo a quem viveu, intensamente e em consciência, os ´80 e ´90. Tenho formação em Ciências exactas, e algumas sociais, embora com estudos académicos, não tenho o epiteto de DR. ou ENG., além de ficar mal, soa a heráldica ou a titulo nobiliárquico, e prepotência. Sou de esquerda, embora não me reveja em nenhum partido do vasto leque à disposição, descrente da religião, por deformação académica, entre o ateu e o agnóstico, embora catalogar algo como isto seja redutor, e quiçá remeta também para a prepotência que referi atrás. Sou Impulsivo e emocional, numa incredibilidade constante do sistema, sou também pessimista, realista e existencialista q.b. com as minhas incongruências, incoerências e vitima deste mesmo sistema e acima de tudo de mim e das minhas convicções sejam elas, endógenas e/ou exógenas. vivo devorando os dias, as vezes sem esperar o amanhã, Vibro com o nascer do sol, comovo-me com o abandono de animais que criei desde a infância, com a fruta que comi das árvores, com a vindima de setembro/outubro, com as férias grandes passadas entre miudos da mesma idade e de outras classes, renasço com um mergulho no mar, e contento-me com as poucas ambições que tenho. Sou uma pessoa difícil, talvez mimada pela revolução, sem ter nunca de passar privações e nunca sofrer na pele a ausência de algo inerente ao crescimento ou desenvolvimento, com acesso total às diversões próprias duma criança, e também à cultura, fazendo da minha adolescência um passeio no parque.


Hoje fala-se muito da tal ausência de ideais, em que esta geração está meio perdida no mundo, sem qualquer motivação, por ter tudo ao dispor, ou pelos menos ter acesso à informação e estar consciente dela, embora muitas vezes não esteja informada nem esclarecida.


No "antigamente" dentro do meu referencial, havia senhas de racionamento durante a guerra, as crianças andavam descalças, o único doce era o açúcar, e as brincadeiras eram caseiras, assim como os brinquedos. Falo da população em geral, nomeadamente a maioria, uma população rural, sem rendimentos pecuniários, que vivia de e para a terra, excluindo daqui uma população urbana, uma elite, latifundiários, gente brasonada, herdeiros e gentes com posses. Uma minoria, quer se queira quer não. Basta comparar os censos, de 1970 com os de 2001...Para não recuar até 1900...


Como dizia, a população, maioritariamente analfabeta, vivia sem acesso à educação, saúde e à cultura, desta última tinha apenas, a popular, não de desprezar por ser a nossa raiz etnográfica e antropológica e o que torna um pais numa nação, o que nos define como povo, e que nos distingue dos demais.
Fala-se(alguns) do Salazar como um heroi, , e as gentes instruidas do litoral, os que o relembram, ou padecem de saudosismo, esquecem-se desta imensa "minoria", em que, o lapis azul, não chegava às aldeias nem às pessoas de classe elevada, não tendo por isso influencia na vida do dia-à-dia das pesssoas, por um lado, pela vida estar reduzida a uma cultura de subsistência quase autonoma e muito longe do poder politico, por outro, por uma posição privilegiada com os centros de poder e decisão, onde a politica andava de mãos dadas com estes ultimos( coisa que não mudou muito nos ultimos anos, mas isso é outra estória). Naturalmente também o crime era muito menor, de dois tipos principalmente, passional e territorial, morria-se e matava-se de cacadeira, por causa da traição dentro do casal, ou pela couve plantada no lado errado do terreno. (Como tudo mudou!....)


A informação e a vivência que nos chega hoje em dia, é deveras diferente e bem mais enriquecedora, a população evoluiu, embora ainda haja focos de pobreza de espirito, paises como Brasil e França(p.eg), o emigrante ainda é visto e conotado como um pacóvio, um bimbo, um ignorante. Com a "Maria" e o "Manel", ambos de bigode e vivendo no bairro de lata.


A Intolerância em vez de se diluir e dissipar, aumenta pelo maior contacto ou "contagio" interracial. Sinal da cada vez maior interacção entre povos, da movimentação e migração das pessoas pelo mundo, pela maior eficácia e eficiência das transportadoras mundiais e o seu mais fácil acesso.
Neste País culpa-se os governos pela crise, os imigrantes pelo desemprego, a ineficacia de instituições ou serviços pela inepcia dos seus funcionários, e desculpam-se as frustrações pessoais delegando nos outros a culpa, sem a atribuirem a si proprios.


Neste Pais está tudo mal segundo os empresários e gestores de pequenas médias e grandes empresas. Contudo são os primeiros a fugir aos impostos como e quando podem, a guardar as suas poupanças em off-shores e a investir em negócios duma economia paralela e extremamente poderosa neste pais à beira-mar plantado.


Neste País, os brasileiros, cabo-verdianos, ucranianos e seus derivados são acusados de roubar os empregos, mas nos centros de emprego continuam à disposição lugares que ninguém quer ocupar, como se o português fosse bom demais para isso e como se ainda vivessemos sobre a Alçada de D.Fernando que tinha uma relação privilegiada com os senhores feudais, descurando o povo...


Interesses que se adivinham obscuros, e estamos predestinados a uma vivência no meio duma corja que só cuida de si mesmo, sem preocupações sociais, como entidades empregadoras que são e como força motriz de desenvolvimento.


As negociatas na coincineração, nas empresas de esgotos e águas, nas obras publicas combinadas pelo bloco central para retirar dividendos, nos futebois, nos jobs for the boys, nos lucros milionários dos gestores de todos os quadrantes, nos prédios devolutos em especulação imobiliária, nos "patos bravos", nas empresas fantasma, etc etc.

Lá atrás quando referi a predestinação, não falo dum destino como o diz a tarologa Maya ou o mestre Mamadu, mas sim de um plano preconcebido para assegurar o futuro duns(poucos) em desprimor dos outros(muitos). O simplex implementado pelos dirigentes de topo, que não sabem se as bases, que é quem de facto efectiva e assegura o seu funcionamento, têm capacidades para o seu desempenho, tornando-o bastante complex... Desmotivando e desmoralizando-os.


Fala-se ainda da descolonização com amargura e mágoa. De quem deixou tudo para trás. Só tenho pena de quem foi forçado a guerrear numa terra estranha e por motivos que desconhecia. Os que lá viviam e que possuiam latifundios, apregoam que até tratavam bem os "Pretos", pois claro, mas é uma questão relativa e se recuarmos algumas gerações, os mesmos pretos andavam agrilhoados, e eram mercadoria...Lembra-me na história de D. Manuel( Ou D. JOão V??) que trouxe duas Bestas( Elefante e Rinoceronte) para o terreiro do paço e divertia-se o povo e a nobreza com apostas de quem matava quem. Era uma novidade...não existia o wrestling... Nem mundo virtual, era tudo bem real...


Em suma, a culpa do mal do país, da intolerância, do atraso, do dito sub-desenvolvimento, que é aparente, pois a crise só chegou aos "outros",e tem unica e exclusivamente motivos nos comportamentos desviantes duma classe que olha para o umbigo, e a unica coisa que deveria fazer era culpabilizar-se pela ignorância, ou indiferença, e atribuir os defeitos a si mesma, fazendo uma introspecção, pois a revolução é já passado, foi feita há 30 anos. A evolução; a das mentalidades está em curso, mas infelizmente é marginal, tendo como consequência os problemas que se debatem e as assimetrias que todos conhecem e ninguém quer ver, fecham os olhos, Mas abrem-se de repente, pelo fascinio do marketing, pois saiu o novo Nokia 10225X e o BMW 7ZB e o guito não dá para tudo. Que miséria de facto...

terça-feira, 21 de julho de 2009

Missão


As Flores desabrocham, a selva renasce, os rios correm livres, cardumes renovam-se, bandos esvoaçam.
Os animais saiem da toca, preparam-se para mais um inverno, forrando ninhos, criando defesas naturais, arrecadando alimentos, comendo matéria gorda para resistir ao inverno. Invadem as cidades, cortam o transito, retiram o lixo das ruas, impedem a poluição industrial, destroiem barragens, penalizam a agricultura intensiva, o abate de animais, a caça, a pesca, fecham os zoos, proibem a destruição florestal, decretam recolher obrigatório, controlam os seus habitos , encerram as gentes em suas casas, e por fim enviam os seres humanos restantes para o espaço.
Por fim a Terra é habitável.

in "Diario do amanhã" de 21/06/2010

"Uma estranha Doença invade a humanidade.
Um bizarro caso de uma maleita de proporção inédita.
Especialistas dizem tratar-se da maior catástrofe desde a criação.
Testemunhas afirmaram ter previsto tal fenómeno e sem qualquer cura prevista. A infecção espalha-se a uma velocidade aterradora.
Associações económicas declararam também não perceber porque não foram tomadas medidas mais cedo. Os avisos começaram no principio do século, primeiro em casos isolados, depois em bairros e zonas urbanas inteiras, relatos oficiais dizem que nunca se viu coisa igual.Teme-se que nos primeiros anos, 80% da população mundial esteja afectada. Por todo o lado os casos são gritantes e alarmantes, fontes estatais dizem não poder controlar tal fenómeno. As pessoas começam a mostrar gosto pela leitura, mais tarde pelas artes, para depois então atingirem o conhecimento total. Como consequencia final temos a nossa população a querer estar informada, esclarecida, a não dar juízos de valor e em ultima instancia a ser capaz de acordar a paz e abandonar os conflitos incondicionalmente. Teme-se pela perda de controlo da parte dos parlamentos, há pessoas inclusive a abandonarem os seus bens materiais e a viverem espiritualmente e em harmonia. A paz e a amizade global está à solta, são cada vez mais as consequências: casais a sorrirem, paixões assolapadas, ternura incontrolável, carinho desmedido e demonstrações de afecto ao longo das suas vidas, transformando por fim, o ser humano que todos conhecíamos, num ser apto ao AMOR INCONDICIONAL"

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Exercício #2

Paisagem barrenta. Dificulta o andar paraliza o pensar. Idéias agarradas ao solo peganhento. Os membros desaparecem no chao. O movimento sem locomoçao. Qual peixe sem respiraçao. Falta um caminho uma liçao um conhecimento ou aprendizagem. Descontrola-se o ser, apaga-se a alma. Nascem outros. Que diferentes. Parasitam. Comem-se esgotam tudo. A energia a zero. Sem alternativa. Viajam. Das estrelas voltam a casa. Cansados abrem o frigorifico.

domingo, 19 de julho de 2009

terminou tudo num instante. as gentes falavam na rua, o pessoal conversava no bairro, os vzinhos cumprimentavam-se nas escadas, os amigos inflamavam as escadas. em casa tudo ardia, a mente sumia, os ideais consomiam-se e alguém perseguia-os..
passa o capitulo e passam de nivel...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Visão


cais, e oh levantas-te andas e corres, comandas o mundo tão teu, tens um próprio!!e baralhas, agitas, voltas a dar! É só teu! consomes comes mastigas sofregamente...Hei?! pára regurgita, uma pausa para digerir e provar fazê-lo perfeito, real, e num balão a ver a vida a pairar.


Não passa afinal duma bola que gira segundo kepler e nos atrai como Newton, nos fascina qual darwin, nos perturba como Camus, enfeitiça como um voodoo, nos contempla qual divindade e nos sustenta enquanto Gaia.

é noite vem o dia andam os ponteiros com o relógio, cresce o sol, o céu a lua, a sombra, a criança berra na rua. O carro trava o pneu chia assim como o rato enquanto o gato mia. Tocam os sinos, as mãos batem e aplaudem, a jorna custa a passar e o electrico cruza a cidade, enquanto no campo lavra a junta de bois que nas terras é tempo de tratar de mugir, e antes de orar que é rude e crua esta vida depois!. Enche-se a praça de gente e de luz, esvazia-se a mente, os olhos a foz, faz-se um esforço puxam-se as redes, a faina, no rio, na maré plena, desliza a andorinha, grasna um patinho, foge a corvina por um buraquinho, aqui serve-se enguia há caracois e uma esplanada serena, seguem os fieis na procissão, sejam eles dum credo que não o islão, que este é intolerável para aqueles sem visão. Tolhem-se as mentes e creem na televisão, da-se lugar aos pacientes e aqueles que perfilham qualquer opinião. Detem-se a sapiência escondida na escuridão e ilumina-se a oculta e ciência profetizada pelo cartomante ancião. seja tarot tarado ou atarefado o cidadão, atafulhem-se as cabeças com pouca ou nenhuma razão. O carrossel continua, a menina não paga nada, mais uma volta e outra e que grande cegada!

Postagem#700 Epifania sem %( versão num take)


700 notas deixaram-se aqui

mas nem há tantos meses que se está ai
e quando 700 meses terão passado por si?

haverá sensação sem tormentos vindos dali?
Ou virão momentos encadeados em mim?
trazendo bocados de sentimentos entrelaçados à mão e juntando a amizade o amor e a paixão ligado à terra, nadando no mar, contra a maré,forçando a corrente, incomodando a gente, nem toda alguma até ao sabor do vento e contudo não perdendo o pé? tosquiando lembranças e refazendo estórias lembranças toscas recordadas a gosto gostos aprumados a preceito emoções renovadas entremeadas a jeito recordações em memórias dum passado a torto e a direito direcções tomadas num ideal a eito
principios torneados mas com um sentido num menu moral e ético aceite mas como a água não mistura com azeite permitam-me desviar-me com classe e tirar um q.b de deleite atirar-me num devaneio ou só mesmo sete centos dele e sentimentos com uma certa postura e continuar a travar ou a fazer bons conhecimentos aproveitando algo nele certamente não levada ao extremo nem à loucura, numa mescla de orientação e desnorte orientando o barco mas vogando por centos à sorte sempre tendo tento de não esquecer a corte e a nunca olvidada e sempre presente consorte sempre presente e um verdadeiro achado talvez pareça corrente, até banal e corriqueiro em dizer que assim se sente, assim e assado ou mesmo com o nariz arrebitado "dize-lo e cantando-o a toda a gente" deixando a porta aberta, sem trinco e suave batente. a lenga já longa , a conversa alguma fiada, a vontade de o expressar desajeitada porém não forçada que a esperança e/ou fé vá de vento em popa e de bandeira içada!

Parabéns que vejas o fundo ao horizonte saudações para que estejas sempre na frente
os meus cumprimentos e que consigas enfrentar tudo de fronte salvé e muita acção, energia e emoção nesse teu ente.

frases feitas, clichés, chavões palavras colheitas, lugares comuns e deixar cair a expressões exprimir factos em emoções explicar um vida em 10 lições um livro gasto, usado, ultrapassado e dito a quente de consumo imediato e uso corrente contudo uno, unico porque diferente e entretanto e a páginas tantas que se cuide e trate conscientemente.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

epiléptico


Andando pelo prado cantando e rindo e cruzando e pela praia e sem horario sem tabela sem plano. entretanto, e enquanto isso, pàra e observa o sol, enquanto isso escuta o rio. Vem sem aviso uma nuvem e como sombra cedo parte assim como aparece. O bando e mais umas andorinhas circulam à volta a chilrear. Abalam para sul sem que por isso ninguém esteja dar.

deixar rasto nem:
Avisando que estao ca para ficar, com o fito de viver e multiplicar.

A maré sobe a areia molhada, as toalhas levantadas, a mesa e o sol poem-se. O dia cede a noite pelo tempo acordado e determinhado.

O rapaz deita-se e cobre-se a noite encobre-se. Agitaçoes suaves passam por ele, sonhos em forma de horrores misturam-se com o real. Cobrem-lhe a mente e todo o passado e presente. Quer despertar e sente-se preso, quer sair mas nao ha nenhum lado. Acorda demente e de mente cheia de terror, perguntas extensas, questoes sem resoluçao. Fica preso aquele dia fica preso a toda e qualquer néfasta sensaçao. Sem saber quem é, nem onde esta e vitima dum vazio de pensamento e emoçao.

terça-feira, 7 de julho de 2009

bing

dá-me as estrelas de borla
deixa-me viajar pelo universo e pela sua orla
caminhar pela galáxia,
pela lactea de unica via
deixar-em cair no vácuo
sentir a mente vazia
abraçar o cosmos
e finalmente aterrar
e deitar-me
junto à ria
à beira-mar
e cair com o sol na baia
bing!

pardalituz

quinta-feira, 2 de julho de 2009

apontamentes IV


As ondas de emoçao atravessam o mar chegando ao continente.
A paixao paira.
O amor flui.
As asas da pomba branca trazem sinais de bonança.
As gentes sorriem umas para as outras.
Os povos dao as maos.
A alegria cresce.
A esperança renasce.
A paz aparece.
E com ela e a bomba atomica tudo perece.

pró meu amorzitus

terça-feira, 30 de junho de 2009

Tédio animal II ( inversão)

Por vezes dá-me vontade de nada fazer, então escrevo linhas, quem sabe para fazer um novelo e tricotar um pouco. Um comportamento humano. É aquela sensação que talvez se tenha quando se dá milho aos pombos. Vê-los correr pelos ares e a debicar aqui e ali. É um passatempo sui generis. Noutro dia vi um homem que o fazia, parecia empenhado!Como se a tarefa fosse honrosa e honrada. E é decerto, são conceitos. Há quem dê aos patos nos lagos do parque, ou até ao peixes no rio. Mas estes gostam de se amontoar junto a pequenos riachos de esgoto e ali deglutir pequenos manjares, falo das tainhas que também observei no domingo. Divertiam-se imenso e estavam a atarefadas a galgar-se mutuamente e de quando em vez giravam em torno de si mesmas e dava pra ver o brilho prata do fundo escuro da água. Um efeito bonito. são dias assim de national geographic ao vivo e em directo. Até os cães participam nisso! Quando andam juntos a cheirar os cantos e esquinas obscuras com cheiros nauseabundos, outros mesmo imperceptiveis para nós, mas decerto que levam ou trazem com eles notícias doutros lados. Os actos sociais caninos são interessantes para quem se encontra aborrecido, correm atrás dos gatos, cheiram o rabo uns aos outros, rosnam-se, ladram às gentes, levantam a pata na roda do carro, dormem ao sol,e roem o osso gigante dum fémur de bovideo, que deve ser o correspondente canino ao nosso sudoku. Os pardais são caricatos, quando o sol se põe juntam-se todos na mesma árvore e fazem uma barrulheira descomunal, são tantos que se confundem com as folhas, esvoaçam, e marcam lugar e presença, ocupam um galho para adormeçer mas logo em seguida são incomodados pelo vizinho e dão mais uma voltinha pela copa. De todas as direcções chegam mais, e é dificil imaginar como cabem todos ali naquele espaço. é a teoria do caos em aplicação natural. Uma comunidade alada similar aos peregrinos em meca que rodam e rodam! Engraçados os bichos. Os bichanos(gatos) também, com os seus bizarros afazeres, entre dormidas, perseguem osgas e lagartixas, fazem esperas a passaros incautos e divertem-se arrancando patas a gafanhotos. Crueldade? nahh...Natureza. Será o equivalente ao nosso tricot. Pensando bem o nosso ócio é bem mais futil, conversas infinitas à mesa de café, regadas a alcool e/ou cafeína, visitas a centros comerciais, tardes em que se desdenha o resto do povo mas acabamos sempre por nos juntar todos. Natural também, somos gregários, vive-se assim então.cada macaco no seu galho, o Pombo com o seu grão, a tainha com o seu pedaço personalizado de esterco, o cão espoja-se, o pato pavoneia-se, o gato embeleza-se. os pardalitos poisam por cá, e nós, aqueles que falam, invejam-nos. E passa-se o dia.

Cisma, parte III

O Homem tem um problema, pergunta-se sobre o absurdo da existência, telefona para a linha de apoio, atende a voz mecânica, digita um para outras opções. Desliga. Liga-se à rede, pesquisa e perde-se. Os olhos vazios, a mente cheia e perturbada. É canalizado e desloca-se ao centro de atendimento. Fazem uma triagem. É questionado. Interrogado e catalogado. É reconduzido. É induzido. Chega a sua vez, é levado para o interior do edificio alvo, imaculado, com tectos altos preenchidos por luzes neon continuas.O centro de apoio e indução aos humanos que duvidam do sistema(CISMA). Chega a uma grande porta metálica reluzente, abrem-na. É empurrado lá para dentro, colocado num tapete rolante. Encarneirado.Ouve-se um bip. Fecham-na. Um fila enorme de gente. À primeira pessoa fazem um tratamento, com um eficácia e acuidade precisa, um laser corta-lhe a pele craniana, com a mesma precisão, retiram o cérebro, que é religiosa e sistematicamente colocado numa pequena caixa de metal opaca e azulada. É inserido nas gavetas numeradas de alto a baixo da parede. O corpo é quimicamente tratado e reciclado. É a sua vez, assusta-se, uma luz diz-lhe para a olhar fixamente até ouvir o sinal, uma seringa injecta-lhe sem se aperceber um quimico relaxante, sorri e deixa de reagir a estímulos, de seguida o processo é o mesmo. Já não sente nada, caminha maquinalmente, nem sequer existe. Na manhã o despertador, a cápsula, a barba, veste-se, apanha o eléctrico automático, pica o ponto. Senta-se na secretária 1068 e produz! O mundo é belo novamente!

vim ver


viver tempo em que ninguém é esquecimento Trocar dor por um amor nascer mundo onde se é dono do momento despontar dum enorme torpor ficar feliz apenas por haver contentamento crescer envolto no calor ser livre até ao pensamento vencer na alma e no ente Encontrar toda e qualquer gente cumprimentar na rua no passeio sem palavras e apenas presente dizer tudo no meio do silêncio e escutar tudo atentamente ser são de corpo e mente para além e eternamente






sexta-feira, 26 de junho de 2009

vade metro



estorinhas infantis imberbes para mentecaptos inaptos( retiradas da cartilha de Manel Candeias, 1801)

#1
perdeu-se por uma coxa em alfama
belos momentos de televisivos
e romances de quem esquece tudo quando ama
quase parecia o fátima lopes

a televisionável... não a outra
padecia de várias maleitas
e sonhava ser sardinha




passou-lhe com o tempo,
passou das marcas
e saiu da linha

pela radiação solar,
e uma mutação ao deitar

transmutou-se em fataça.
bem boa...

escamada e tudo,
acamada mais tarde

incapaz de respiração á tona

breves momentos de felicidade

é certo...
contudo, fugaz e intenso
mas enfim tudo passa

o que é certo é que está na Graça,
perto de sapadores,
onde tem um mini-mercado
vende minis aos trabalhadores.

#2

Era uma Vez o Kahmoud

um jovem na altura,
subia aos zigurates
buscando as estrelas
era curioso e fazia uns disparates

foi atirado
sobreviveu

mas tolhido

julgava-se Ciro o grande

cavalgava um carrinho de mão,
envergando uma foice,
dizimando quem passava
morreu como um infiel, o cão.


mas isso é outra estória...

#3

por acaso lembrou-se da Sonia Albacete


moçoila que derivava de terra em terra,
qual nómada com sangue nas mãos
e sangue na guelra,

da parte do pai

andava na apanha de bagas e frutos com os seus comparsas

isto na altura do estio e quase parecia o Dubai
encontrou uma portentosa cerejeira

o sol ia alto e prostrou-se à sombra
o breu caiu de rompante
criando um halo pardacento à sua volta

(à volta dela bem entendido)

no meio de tal denso e pustulento nevoeiro

surgiu um corvo mensageiro

tendo dissertado sobre o taoismo
e as leis da criação
assoberbada com tal experiencia
abraçou a coisa de corpo inteiro



dedicou a vida a arrecadar ideais

ideologias e até uma nova religião
foi para o céu
sem antes ter multiplicado o pão

terça-feira, 23 de junho de 2009

Incongruências (ainda relativamente aos dois posts anteriores)



castração


O dia aparece mais uma vez e até à eternidade. Todos o veem mas ninguém distingue os pormenores. Apontam as cores mas esquecem as formas que elas escondem. As fabricas acordam despejando os idéiais dos homens. As crianças nascem e sao formatadas para a nova ordem mundial. As feiras distraiem o povo. Assim como a tv que esconde a razao. Todos refilam e nao ha revoluçao. Todos opinam sem haver lugar à evoluçao. Ficamo-nos pelo consumo e a ilusao. A culpa? Culpa-se a restante multidao...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

estorinha bucólica( versão2.1)


No monte e nas oliveiras encontravam-se rebanhos tresmalhados. Perguntavam-se sobre questões filosóficas e existêncialistas. Na planície e sobre o calor tórrido a vida não era fácil. Principalmente nos periodos de extrema seca. Manuel Jesus, pastor da zona e por opção, deambulava na recta que cruzava o horizonte. Tinha sempre questões a colocar aos seus animais, sobre o sentido da vida e o objectivo de se organizarem em grupo. Não sabia porque o faziam nem tão-pouco porque lhe obedeciam tão prontamente. Sentia a natureza a invadir-lhe o espaço. Apesar de muitas vezes o seu estado etilico tresandar para lá dos limites do seu mundo conhecido, era capaz de divagações extremamente complexas sobre o seu Universo, onde cada chaparro era um amigo, e um encosto, cada riacho um momento refrescante, onde se mergulhava e renovava os votos de um novo e bom dia.A vida solitária e campestre que fazia provocava a inveja a todos os que ao longe o vislumbravam de relance ao passarem no Ip8. Mas ele, impávido e sereno, invejava apenas a tenra e verde erva que ruminavam seus animais. Trajado com um grande capote e de alforje à tira-colo sempre procurou ser mais. Chegar a um estado de evolução diferente, quiçá até primevo. Apesar de não balir esforçava-se por melhorar a comunicação com o nicho ecológico que se rodeava. Um dia despojou-se de tudo, largou o capote e restante indumentária, desfez-se do alforje, e deixou-se adormecer aquecido junto a lã fertil de seus companheiros. Na madrugada seguinte e com o raiar do sol, pastou. Passou dificuldades nas primeiras semana de digestão, com fortes cólicas e adaptação à celulose. complementava a alimentação com pequenas bagas e frustos silvestres. O discurso oral deixou de ter sentido, as frases e demais pensamentos racionais também. Limitava-se a seguir instintos primários, foi aceite pelos demais, deixando para trás a posição eréctil, e o polegar oponível. Esqueceu-se do seu eu, e da verbalização. Mantinha no grupo uma posiçao subserviente ao macho alfa do seu novo grupo. Cresceu como ser, e evoluiu como ente de um sistema antigo de organização de espécies. Era igual a tantos outros, numa sociedade sem classes, com uma hierarquia primária e uma sabedoria secular. O rebanho ganhou um membro, a humanidade perdeu um elemento. Os primeiros não se importaram, os segundos nem se aperceberam...

domingo, 21 de junho de 2009

Criação


não sabia onde estava e mesmo assim saltou. Não caiu, simplesmente se evaporou, não se eclipsou porém, juntou-se aos milhares de milhões de estrelas que compõem o conhecido, girou até ao infinito, limitado no espaço, mas ilimitado pela imaginação, viajou pelo vácuo, conheceu mundos, as cores, emoções, odores, outras sensações. adaptou-se às novas tendências e voltou a ser deus. SEm nada saber, nem perceber, implodiu para renascer.

sábado, 20 de junho de 2009

Girando à volta da Estrela

O breu dá lugar à aurora pardacenta. Os dias negros, as noites em branco. A espera.Os sonhos definham ao ver o sol nascer. As idéias queiman-se quando os primeiros raios incidem. A brisa agita as folhas no fundo azul. Mergulha-se no silencio e o vento empurra-me. Mudam-me a direcçao, estagnam a criaçao. Embrulham-me num papel de futilidade.retiram-me o arbitrio a expressao e incutem nova impressao na face e na mente. Reciclam-me e atiram-me de novo ao mundo. Conformado ponho a mascara bolorenta. Junto-me à restante multidao. Olhando o vazio. A escuridao. O sorriso maquinal e digo que vivo.

sexta-feira, 19 de junho de 2009