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24 março 2025

Impersonavelmente perdendo Ego

 

    
            Jung desenvolveu esse conceito onde Persona seria essa máscara social que se forma através de uma relação do indivíduo com a coletividade. O EGO vai se identificando com algumas características e vai integrando esses comportamentos na persona, com o
               objetivo de se adaptar ao mundo (STEIN, 2020).

A estória aqui descrita é baseada em factos reais, porém não tem semelhança com qualquer imagem, sensação ou paisagem que exista no Mundo real, existe apenas no espaço quantico mental e difere da física newtoniana, não fazendo do seu relato menos real, do que no que se passa no dito Mundo Real. É tão e somente fruto do Espaço interno das percepções para além das quatro dimensões e vive no Universo que abarca toda e qualquer impossibilidade, improbabilidade e infinitude de sensos comuns ou além.

Era uma vez um dia, ou uma noite, nunca poderei saber pois é irrelevante. Só o "Aqui e agora" são sensação, e há detalhes inconsequentes para tal descrição! Interessa referir que não dormi, só sonhei! Portanto, talvez fosse  noite ou madrugada... e assim começa:

Encontrava-me cá fora, de casa, do meu meio ambiente, de tudo o que me era familiar, e ( com isto tudo a passar-se dentro de mim),  num areal sem mar. Eu não andava, corria, procurava ou procurava-me. Não me achava e nem sei se me encontrei! E os meus pés enterravam-se, na areia fina, e não avançava, nas dunas enormes com altos cumes, numa paisagem com um perfil ondulado - tal como num cérebro com ondas:"! Alfa, Beta, Theta e Delta" -percorrendo todas, especialmente as primeiras e terceiras, mas nada de água, só  areia e dunas, e do cimo duma, olhei em volta. Estranhei o cenário, desconheço o  motivo para ali estar, em tal sitio e neste momento ou naquele instante. Talvez a expressão " Travessia do deserto" fizesse sentido nesse contexto. Apesar de estranhar tal sítio, era como se fosse uma recordação, abstracção, sem ser ideal para ali se estar fisicamente, mas idílico no ser, mentalmente. Estando eu a dormir a princípio nada seria real, e de tudo duvidei, de qualquer forma,  "o seguro morreu de velho", e deixei ir, e estar assim - Para quê raciocinar face a algo  onirico, onde tudo seria possível? Embora podendo ser virtual, não era irreal, porém decerto surreal. 

Estando sozinho, num espaço deserto, e nada no horizonte para além de mim, seria ou era improvável, encontrar alguém o algo a quem pedir boleia, buscar informações, ou aproveitar, estando só e num amplo e vasto campo vazio de imagens, perguntar( as minhas questões existenciais, nihilistas,  metafísicas, parasensorias)

 "Qual o meu rumo?

"Que devo fazer?

Como proceder?

que Caminho ou Quais atitudes tomar?"

Que princípios, sejam etica e moralmente carecem buscar ou assimilar?"

Questões pendentes do meu ser, absortas cá dentro, interrogações ad nauseam presentes na mente de quem não pretende viver sem o ente demente...

Mas estou a exigir demais, não de mim mas do lugar, que embora adequado a questionar, é notório que nada irá me ofertar, contudo estou a ser pessimista, pois é na escuridão que a mais pequena luz brilha forte, e perante a solidão é que daremos com a nossa imensidão. Embora sejam questões pertinentes, o que seria de valor era dali sair e poder ao status quo voltar, pese embora seja uma oportunidade de louvar e de certeza será única e irrepetível para rever, repensar e sanar, erros, defeitos e imperfeições que há a retirar. E perante o impensável, continuei  a perscrutar  sem sentido ou direcção, perdido que estava, geográfica, física e mentalmente. O tédio e a monotonia se instalou, e como sempre desisti de andar, de mim, e de aqui estar e mesmo de ser. 

Como  nada tinha a perder,  decidi, invocar cá dentro a semente que germina se a estimular e, cogitei, usei a mente, na forma de apelar ao imaginário, ao fantástico, ao ilusório e tudo que cá fora não se encontra, e daí supliquei, a tudo: às ninfas, musas e divindades, para obter o que quer que fosse...

Aguardei e esperei sentado e meio enterrado e após nada e no meio do vazio e do vácuo algo surgiu... e a princípio, não quis crer, não vi sequer, julgando ser miragem causada pela areia e apenas uma ilusão acima do horizonte, mas não, era de facto uma forma, disforme, pois apareceu não visualmente mas em formato duma criação mental- e uma entidade surgiu, em forma deificada, o Morfeus, como não poderia deixar de ser! E que me veio mostrar que era de facto uma qualquer forma de sonho em que me encontrava. E a principio duvidei e   questionei-me se seria um teste, um questionário divinal! E algo mais substancial consequentemente espiritual o interroguei em como sair dali? Daqui ou de se estaria só em mim?

Retorquiu: 

-"Porque não Questionas o teu Deus? Se em mim não crês será Ele, melhor, maior e supremo em sapiência e potencial?" 

Ele estava aqui dentro logo sabia a resposta, pois Eu sendo pouco religioso, não tanto em algo transcendental mas mais nas igrejas ou em seus ritos, mitos e rituais, sei que terão um cariz  mais profundo entre os demais, do que a mim, acreditando no pragmatico e concreto, mais do que nas suas praticas, se bem que transcendental ou espiritual, nunca fecho portas a nada ou ninguém, e num espírito de "nunca digas desta água não beberei" e "nunca dizendo nunca", ou mesmo de " Quem tem cu, tem medo!" perguntei:

-"Quem Eu? M-mas A Qual, se sou a-ateu?"

Continuando:

-"ou melhor, bem Eu, haa, humm. Talvez não ateu, hein? quiçá agnóstico,  vá!"

Disse enfadado:

-"Sim você, nada mais ninguém aqui está! Se e agnóstico haverá algo dentro de si! E crê então em algo!  Busque em Si, use a mente para não se enterrar,ou ficará aqui! Pra sempre!"


E apesar de resposta irracional havia razão no seu afirmar. E sem saber que responder tão depressa desapareceu, e entretanto o tempo urge, e relativamente ao deserto e areias movediças,qual ampulheta, a areia, cedia ao meu peso e poderia como factualidade das suas profecias, aqui para sempre ficar; enterrado, morto e mumificado! Esquecido, por ninguém procurado e nunca mais recordado, seria como algo fisico no deserto, com o tempo, tapado, erodido e sem fado. Neste deserto de areia amarela, SEM nada no horizonte à vista, e os grãos entravam-me por todo o lado! NO CORPO, NÃO NA MENTE! E DESCIA A PIQUE! Sentia a memória a desaparecer, os pensamentos a definhar, a cognição a findar e os sentimentos a acabar. E não podia ser! Ficaria aqui para sempre desaparecido num oceano terreno esquecido, apagado pela terra comido:"alguém aqui comigo?!"

Recordando as minhas emoções em contradição, com a minha idealista e racional visão, pensei que mais do que um ser que trabalha para viver, poderia trabalhar o viver e ter sido asceta, encontrar-me espiritualmente se somente fosse crente ou alguém decente!

 E AGORA!? tentei acordar, recordar que teria acontecido antes disto! Seria isto um sonho, ou uma prova de que ainda poderia escapar? se tivesse a resposta, ou os actos correctos e factos que me ocorrer e livrar de tal fatal provação? Terei de negar o meu ser, a minha ciência, a minha posição, para me prestar a algo que requer somente fé e negar a razão para safar-me de tal privação?

Porque se houver algo acima do universo, que trancende a evolução, que É mais que a físico-química a biologia e a matemática? Isso não existirá no plano quântico, em que ninguém consegue explicar? E se terei de duvidar da minha essência e crer no universo quântico, estou pronto a tudo duvidar, desde que não me tenha de prostar perante nenhuma terrena sumidade, sabendo que a ciência nem tudo pode explicar e há factos transcendentes que são algo de concreto e a considerar! Então sim sou pelo deificar o Universo até prova em contrário, sem privação ou prostração. Enfim terei de tudo por em causa, sem nada ter de apoiar sem provas haver...


Enquanto isso na Areia (IMAGINAVA): "ter tido vida de eremita!" e procurado o meu ser para além desta terra, desta vida, e fiquei aquém aqui preso, indo ao fundo, em breve sem nada ter feito de profundo! Com sentido numa vida estéril triste e banal!...

Rezei, orei, preguei e supliquei! Esperei, aguardei, à volta olhei!

Nada, ninguém, nem som,cheiro, ou sensação de esperança, apenas desespero e ansiedade em minha essência. Nem vento, brisa suave ou corrente de ar ou alento. 

E eu desatento do meu fado, tendo ficado enterrado cá dentro, buscando- me e tentando acordar. E apesar  das horas passarem, e com a cabeça e braços de fora, parecia ter parado esta força descendente, que me puxava desde sempre, olhei o sol e este naquele tempo não se mover no espaço,  ne. parecia andar no céu, fosse do seu zénite para Nadir, de Levante para Ocaso, desconhecia assim onde era O Norte ou Poente o que era estranho, já que se o tempo não passava, e o espaço era diferente daquele que conhecia na vida que tinha no passado. Recordei que com Morfeus conversei, mas seria real, também poderia ser Zeus, ou o Bíblico Deus que nunca saberia pois nunca o distinguiria por ignorância e intolerância nessa crença, de repente, subitamente, qual revelação momentaneamente! Notei que não havia cores, e os cheiros ausentes, a paisagem alterada constantemente! Era isso estava num sonho, ou inconsciente numa alucinação, ou morto o que seria interessante. E será isto fazer-se luz? Ter uma visão transcendente? Não nao pode ser pois ultrapassa barreiras do que é conhecido cientificamente! Eis que surge uma serpente, não aquela da Eva e uma maçã, antes uma situação em que um pomo da discórdia seria mais fácil de crer, e neste cenário traumatico mais atraente! Era apenas uma serpente e com ela trazia uma corda, a que agarrei de unhas e dentes! Tendo me puxado para fora da minha cova que me ia levando para dentro da areia, da terra para sempre. Saí, sacodi a areia e agradeci ao ser ali de fronte, mas de serpente tranformou-se noutra forma, e mudando de formato, vim-me a mim contemplando o firmamento! Mas era noite, dia ou onde eu estava com tanta descrição se passava, estava onde e quando realmente? Não sei se acordei, pois sentia algo deveras estranho, distante e uma energia e força presente! Nada fazia sentido, pois a paisagem alterada, o Sol, o Deserto , e a solidão era a única companhia ali presente! Qual cobra qual quê? e qual deserto e tanto outro aparato? Duvidava da minha mente, desconfiava das emoções, concentrando-me nas sensações e sentidos, mas dos cinco, nenhum me fez crer no que se passava e onde ou quando era? Mas tentei balbuciar algo e as palavras não saiam, mexer os membros e estes não obedeciam! Dum cenário traumatico criava-se uma cena dramática por não haver nada que poderia sentir-se como real e ia questionando-me sobre que seria?

Água gelada começou por encharcar-me os pés, as pernas, o rabo e as costas! Brrr! E Como estava a dormir, deitado de costas, com água da maré,  a percorrer-me o corpo, levantei a cabeça e ergui o peito, e olhei a onda , levantando-me de repernte, pois quase que me alcançava na totalidade! Estava na Praia?!E havia vento, humidade e o som das ondas cheiro a sal, e da água gélida a passar por mim, que me encharcou com a força da maré e me fez levantar de repente! Olhei o relógio e eram 3 da manhã!Mas não tenho relógio e era dia e encontrava-me vestido, numa praia com corpos em volta em trajes de verão de ir ao banho! Todos me olhavam! Corei por destoar das gentes! Pessoas curiosas comentavam a figura triste que deitada, completamente vestida, engolida por uma onda, e só agora se punha de pé, sem saber qual lugar se encontrava e corria para longe da Costa em direcção contrária, fugindo das pessoas, evitando comentários, afastando-se da vergonha, receando chacota, o gozo com ele, retirando-se do centro das atenções! De que sonho se tratava? De mim, de tudo ou Alegoria da Caverna? Subo para a luz...

Um braço tocou-me e virei-me para o lado, na cama, e vi-a, beijou-me e disse: estavas a sonhar?  EU Sorri e voltei-me e abracei-a trocando juras de amor, apaguei.

Quando acordei com o despertador, às 6.40 am, estava na minha cama, só,  e suado.

Era segunda-feira, tomei banho vesti-me e fui trabalhar 




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