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terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Divagar ao longe

Um pranto de ausencia
um riso de presença
um torpor na alegria
um frémito na harmonia
um esgar de agonia
um sentir no advento da sintonia
um breve ferimento
um despertar em contentamento
um desejo de reencontro
numa realidade sem qualquer tormento
um sonho belo
e um permanente sentimento

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Espirito Natalicio



Há gente que vê sempre o mundo de cor cinzenta. Para esses, os outros são: gentalha, que se deve rotular e que é inferior.Que veste mal, que não tem a sua moral, que nem se comporta em conformidade.
Para essa gente(os cinzentos) o mundo é igual, envolto em nevoeiro, sem ideais, sem propósito, e que cá caminham com o único objectivo de julgar o próximo com aquela atitude cristã, que mais se aproxima dum juízo final do que o amor ao próximo ou ao seu semelhante. Mostrar a essa gente que o mundo é extraordinário, colorido, e que ao virar de cada esquina é surpreendente, demonstra ser uma tarefa hercúlea. daí que as vezes é fácil baixar os braços ou desistir. Não digo isto para ninguém em particular, nem para a humanidade em geral, apenas o faço pois sinto necessidade de o expressar hoje. É uma segunda-feira como outra qualquer, e o frio entorpece-me os movimentos, mas felizmente não me tolhe a mente. Contudo ao passar pelas gentes na rua, apenas vejo figuras apóstatas, e rostos lívidos. Se tiver de os catalogar num sentimento, vejo indiferença e talvez desprezo pelo seu semelhante. Calha esta crónica ser no Natal, talvez ainda mais indicativo seja, ver a solidariedade a pairar, a distanciar-se, sentir o amor a fugir em extinção. O Natal é mais um dia, assim como é o dia do animal. E não é por isso que as gentes os acolhem em seus braços e os afagam...

domingo, 16 de dezembro de 2007

divagações

passos trocados em Palavras incertas cheias de Jogos de azar numa Personalidade bifida com linguagem incompreensivel sem Maneiras de ser no estar. aponta-se pela sexta, não se acerta uma. parte-se a segunda, deitam-se fora pedaços de história. Uma semana vegetal um fim de semana anormal. Que se não tem? Que é esta força que falta? que Energia se dissipa? Que bruxedo atormenta? Porque demora a passagem? Porque se força a paisagem? Quem conta o segredo? quem diz o ditado? quem aponta o norte? quem espera pela hibernação? Quem nos adormece? Quem me conta uma história? e me encanta? e me recorda? lembras-me? Memorizaste?...

#5


Acaba a estrada;
o trilho dissipa-se
e um penhasco abruto em seu lugar.
A Nuvem negra cai
como uma asa tremenda dum corvo negro.
Assola a escuridão.
Cai o pano.
O silêncio
sem aplauso nem vida
Um deserto
uma morte.
Canta o cisne.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Um breve contentamento( Historinha infantil)

O esquilo guardava nozes para o Inverno. Tinha uma caverna só para ele. Totalmente equipada com tudo do bom e do melhor que se arranjava naquela floresta e nas restantes! Andava sempre atarefado com a organização das nozes por tamanho, forma e data de apanha, cumprindo as normas internacionais. à noite saia com os amigos e desciam à baixa, maravilhavam-se com uma árvore a que chamavam de natal. Faziam bicha para vê-la. Juntavam-se ali todos os animaizinhos da floresta. Havia animações, momentos de tertúlia, espaços dedicados à literatura e mesmo pequenos teatrinhos de marionetes. Quando o sol nascia de novo era altura de se passearem à beira-rio enquanto os raios de sol ainda aqueciam as suas peles. Os banhos eram uma grande diversão, quase todos participavam, fazendo até concursos de natação. Faziam piqueniques e assavam pequenas delicias encontradas na terra ou nos ramos ainda verdes. Uma alegria sentia-se naquele mato! Quase 5000 anos de vivência conjunta. DE equilibrio. De verdadeira ecologia! Houve um dia porém que o deserto invadiu aquele lugar, a solidão abraçou aquela gente, e a tristeza apoderou-se de todos. Foi o dia em que inventaram o centro comercial.

Bom ano novo!

Viva! Uma guerra acabou! O terrorismo já tem nome. O eixo do mal é reconhecido. As armas de destruição maciça nas mãos dos bons e as injustiças combatem-se no papel, em pequenos desenhos A4 nas mãos de um qualquer miudo da primária.Vendo bem as coisas, parece que nada se vislumbra.Analisando as equações da sociedade, não se encontra solução.Compondo métodos para realização de estruturas na civilização, há uma luz ao fundo do túnel. Se bem que tem tendência para apagar-se. De candeia em punho o homem saí das trevas, entra porém na escuridão. Não será bem de um negro profundo ,talvez mais algo baço, translucido e não transparente. Os Finais do Mundo passam e permaneçemos, tal como mais um final de ano. Sempre aquela esperança anunciada contudo futil e fatalmente morta à partida. Mas é de esperanças que vive o povo, como de pão para a boca. fazem-se Tratados e ninguém vê melhorias. Há Cimeiras e no entanto poucos avanços. Vai-se dando rebuçados e estendem a mão. O mundo esse continua a girar, indiferente a reuniões e decisões futeís. O sol nascerá na mesma, depois do último de nós perecer. Bom ano novo!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Visão distorcida ligeiramente utópica demasiadamente poética

eu hoje acordei e saí, vi a minha gata espreguiçar
olhei para o ar
vi céu de branco a azul passar
Entrei no comboio e vi
o rio correr para o mar
Vi o verde e o cinzento a correr
desci o tunel e num metro via escuridão aparecer
subi as escadas a correr
a luz a aparecer
e cá fora o sol a brilhar
voltei para casa
e antes de adormecer hei-de ainda ver as estrelas nascer
e a noite reaparecer.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Desconto de Natal - Versão 2.1


No monte e nas oliveiras encontravam-se rebanhos tresmalhados. Perguntavam-se sobre questões filosóficas e existêncialistas. Na planície e sobre o calor tórrido a vida não era fácil. Principalmente nos periodos de extrema seca. Manuel Jesus, pastor da zona e por opção, deambulava na recta que cruzava o horizonte. Tinha sempre questões a colocar aos seus animais, sobre o sentido da vida e o objectivo de se organizarem em grupo. Não sabia porque o faziam nem tão-pouco porque lhe obedeciam tão prontamente. Sentia a natureza a invadir-lhe o espaço. Apesar de muitas vezes o seu estado etilico tresandar para lá dos limites do seu mundo conhecido, era capaz de divagações extremamente complexas sobre o seu Universo, onde cada chaparro era um amigo, e um encosto, cada riacho um momento refrescante, onde se mergulhava e renovava os votos de um novo e bom dia.
A vida solitária e campestre que fazia provocava a inveja a todos os que ao longe o vislumbravam de relance ao passarem no Ip8. Mas ele, impávido e sereno, invejava apenas a tenra e verde erva que ruminavam seus animais. Trajado com um grande capote e de alforje à tira-colo sempre procurou ser mais. Chegar a um estado de evolução diferente, quiçá até primevo. Apesar de não balir esforçava-se por melhorar a comunicação com o nicho ecológico que se rodeava. Um dia despojou-se de tudo, largou o capote e restante indumentária, desfez-se do alforje, e deixou-se adormecer aquecido junto a lã fertil de seus companheiros. Na madrugada seguinte e com o raiar do sol, pastou. Passou dificuldades nas primeiras semana de digestão, com fortes cólicas e adaptação à celulose. complementava a alimentação com pequenas bagas e frustos silvestres. O discurso oral deixou de ter sentido, as frases e demais pensamentos racionais também. Limitava-se a seguir instintos primários, foi aceite pelos demais, deixando para trás a posição eréctil, e o polegar oponível. Esqueceu-se do seu eu, e da verbalização. Mantinha no grupo uma posiçao subserviente ao macho alfa do seu novo grupo. Cresceu como ser, e evoluiu como ente de um sistema antigo de organização de espécies. Era igual a tantos outros, numa sociedade sem classes, com uma hierarquia primária e uma sabedoria secular. O rebanho ganhou um membro, a humanidade perdeu um elemento. Os primeiros não se importaram, os segundos nem se aperceberam...

Desconto de Natal

os coelhinhos de chocolate roiam os fios electricos, ávidos do curto circuito na árvore. As renas lançam-se pelos penhascos dos fiordes descontentes com a desclimatizazão global. Estrelas rodeiam as lareiras e gentes vê a 3D. Os palhaços ingerem o Lsd enquanto os leões mastigam pequeninas passas de grandes potes na sala de estar. A lareira crepita falando aos mais novos do tempo em que o aquecimento era nuclear. Soldadinhos de chumbo afogavam-se na calda de açucar. Cerejas afundam-se no caldeirão a ferver. A ebulição engole a batalha naval. Os jogos derretem-se junto à radiação. A família à ceia, fossiliza e mantêm o espírito natalicio por mais de dois séculos. O comboio de brincar apita, todos entram. A sala vazia e a glória aleluia.

Causas

desmorona-se o edifício mental
emaranha-se o fio condutor
constroi-se um novo ideal
cria-se um outro torpor

As janelas interiores escancaradas
AS portas da liberdade abertas
os olhos semicerram
os sonhos encerram

A aurora renasce
a esperança cresce
o fulgor reaparece
enquanto o fio do tempo a aranha tece

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Curta lenga longa

No principio era o Verbo, um fotão num mundo deserto. Um átomo e pouco depois uma molecula. Num ápice e sem qualquer ordem, a gazela foge e a chita corre. O abutre aproveita-se. O elefante invade o charco. O crocodilo espera. Os búfalos desesperam pelas pastagens que não chegam. Os répteis aguardam. Os insectos reagem a impulsos binários da sobrevivência e propagando-se de súbito.
No ar viajam partículas que servirão de nicho ecológico. No solo espalham-se as espécies que havemos de extinguir. No mar floresce a vida que haverá de estar na base da cadeia alimentar. Um instante após, chega o pensamento e a consciência de existir. Reclama-se o espaço todo, até o próprio universo de seguida. alguém configura. outro reconstroi e adapta. aquele transforma e divide. alguns reinam e idealizam. Chega à Terra quem sente. Arrepende-se porém e repete o erro antigo. Domina mas é ultrapassado por Gaia, que está um passo à frente da decisão e do protocolo. Predisposta a reformular o formulável. Configurando o ideal, ultrapassado no momento em que surge. Num momento extingue quem lhe aprouver. Sem contemplações. Sem dó nem piedade. Sem misericórdia no vocabulário. A destruição de quem chega. A criação doutra coisa inimaginável. Sem dono, nem denominação. Pertença dela própria Um fim e um inicio. faz um balanço e de repente o equilíbrio. Vira-se a página. e faz-se luz pela primeira vez.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Noticia alarmante

Num relatório recente, elaborado por uma equipa de Investigadores Privados Europeus, concluiu-se não haver noticias de Jesus Cristo. No momennto do alegado desaparecimento e aparição em Fátima. Tal facto tem sido escondido da opinião pública, sendo apenas conhecido das empresas de Comunicação que asseguram a boa imagem pública da religião...Com efeito, tendo ficado demonstrado nos processo de investigação que José não é o seu pai biológico, existem fortes indícios de que as amostras de ADN não sejam de qualquer criança, mas apenas de sua mãe.Tal situação explica, segundo os investigadores, a correspondencia do sangue encontrado no Monte das oliveiras, alugado 21 dias depois do forjado "desaparecimento", com o da pretensa "mãe" de Jesus.Por outro lado, e segundo revela o relatório, não há qualquer indício de que o casal tenha entrado em Jerusálem com a criança, nem foi até agora descoberto qualquer registo de nascimento de alguma criança com o nome de Jesus, filho do casal.Esta convicção dos investigadores assenta ainda em informações prestadas por amigos pessoais que saudando o Papa quando este circulava a pé, junto do público que semanalmente enche a referida Praça quando das audiências publicas.As autoridades policiais estão a analisar com a máxima descrição este relatório, procurando encontrar conexões entre os doadores dos fundos com redes internacionais ligadas ao tráfico de armas e de estupefacientes e bem assim, a investidores imobiliários de Israel e do Sul da Babilónia

Bloqueio

Um belo bloqueio deixou boquiabertos todos os que caiam no barranco. O batelão bateu na boca. Estava na berlinda e debandou ao ver a bronca que criou. Bastas vezes tentou sair em vão. No vão de escada caiam as vigas, as traves vigorosas murchavam. A Planta viçosa estava rancorosa. Rasgos de ternura atentavam a fotossintese. A luz murchava criando um breu brilhante. Cloroplastos incineravam a atmosfera composta de ácido carbónico. Uma primitiva terra avançava ao sabor de um antigo saber. Criações espontaneas de existencias inatas surgiam num cosmos caotico que acabava de começar. As plantas erguem-se, os barrancos formam-se, o batelão esfuma-se e a espuma do mar cria-se num ambiente do bar, pelo meio de escoamento liminar e turbulento que se formava no tecto bolorento e saia da boca de alguém que fantasiava a imaginação como se debutasse, de branco trajado e de fato fardado com o sapato encardido.
E assim foi que saiu pelo caminho, caiu e esmagou-se, afundando-se na argila margosa e desaparecendo....

Entidade espectral


Estando no final dos tempos somos assoberbados pela grandeza medíocre da nossa tecnologia enfadonha! O hamburguer pré-concebido, o bebé geneticamente alterado, a comunicação instantânea em qualquer lugar. O credito por telefone, os sms, o mail em cadeia, a cadeia alimentar adulterada, a extinção diária e a extensão da humanidade na aldeia global.
O Quim que qual quimera questiona-se pelo sentido da vida. Avança na vida sem qualquer objectivo senão a sobrevivência mesquinha juntamente com os milhares que não se questionam e que absorvem a informação mediática tele visionada, cheia de contradições, contra-informação, e contraproducente. Vive com o Gps, localizando-se mas não sabendo onde se situa social e culturalmente. Sabe as horas pelo relógio digital mas ignora o tempo que tem. Sabe a previsão do tempo, com temperaturas, pressão atmosférica, direcção e intensidade do vento, grau de humidade relativa, altitude. longitude e latitude mas nunca sabe onde está nem para onde vai.
Vida preenchida por noticias de calamidades à distância e mortes em directo. Brinda a mais um dia com mais um bagaço e pastel de bacalhau. E entretanto...
Confunde-se, Ilude-se, concretiza-se, subjectiva, abstraciona, sonha, idealiza, sente, pressente, fantasia, realiza, virtualiza, materializa, constroi, acrescenta, projecta, destroi, transcende, pensa, paraliza, sintetiza, desfragmenta-se, funde-se, consome-se e decompõe-se...Contudo não existe nem é!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Bah!


O homem tem um problema, pergunta-se sobre o absurdo da existência, desloca-se ao centro de atendimento. Fazem uma triagem. É questionado. Interrogado e catalogado. É reconduzido. Chega a sua vez, é levado pelo interior do edificio alvo, imaculado, com tectos altos preenchidos por luzes neon continuas. Chega a uma grande porta, abrem-na. É empurrado lá para dentro. Fecham-na. Lá dentro uma fila enorme de gente onde ocupa agora o ultimo lugar. Da primeira pessoa retiram o cérebro, que religiosa e sistematicamente é colocado numa pequena caixa de metal reluzente e azulada. É inserido na parede, cheia de gavetas numeradas de alto a baixo. O corpo é quimicamente tratado e reciclado. Novamente a sua vez, o processo é o mesmo. Já não sente nada, nem existe. Contudo na manhã seguinte acorda com o despertador, faz a barba, veste-se, apanha o eléctrico, pica o ponto e produz! O mundo é belo novamente!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

O passeio pela vida


Corpos transpirados dentro dum escritório urbano. Os prédios em volta cresciam, inundavam-nos de pó que entorpecia os movimentos. Obrigavam-se a trabalhar maquinalmente. O objectivo cumprido. Os números batiam certo. A alegria contagiante de mais um dia de imensa produtividade ineficaz e insuficiente.
À saída todos se dirigiam para os sinais indicadores. Atropelando-se. Conduziam-nos aos destinos diversos. Sempre fugazes. As plataformas cresciam de gente. Amontoavam-se os percursos. Aumentava a velocidade da partida. Enquanto outros havia que procuravam a chegada, Movimentos constantes e freneticamente desconjuntados. Os tais percursos conhecidos feitos de aglomerados desconhecidos. Gente adormecida circula pelas ruas. Outros acordam e gritam, falam da chegada do absurdo da vontade própria. Em vão. São esquecidos. passa-se por eles e o semáforo muda para verde, as portas abrem e os carris seguem o seu caminho pelo tubo negro e vazio de sentimento. Pára mais uma vez e sobem as escadas. A multidão expectante observa os painéis. O tempo continua e o comboio arranca-os do espaço. Para longe. Num lar por instantes. Saiem novamente esperando pela buzina. Trocam olhares a medo. Estranha-se o lugar vagamente conhecido. seguem em frente. As pálpebras fecham-se. Os carris em linha recta, comunicações em todos os sentidos e diálogos por todos os lados. Pensamentos cruzados. Inúmeras vidas juntas pulsam com a energia eléctrica que os alimenta e consome. Vivem viciados na rotina do amanhã que chega hoje. Mentes pesadas transportam a carruagem, nas paragens à frente sente-se a dor e o riso. Misturam-se numa mescla explosiva de demência prestes a acontecer. Rasgos de sanidade entremeados por loucura calculada e à distância de um banco ou de mais um lugar vago. E uma mente vazia. Passou-se o dia. O indicador luminoso aponta e a sirene assinala.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

#4

Para se estar sempre em maioria basta ser um

#3

O primeiro passo para a queda é levantar o pé

#2

Tudo é simples quando numa discussão só há uma pessoa...

#1

Para criar um conflito basta disparar uma bala para o ar

terça-feira, 6 de novembro de 2007

tédio animal

Por vezes dá-me vontade de nada fazer, então escrevo linhas, quem sabe para fazer um novelo e tricotar um pouco. Um comportamento humano. É aquela sensação que talvez se tenha quando se dá milho aos pombos. Vê-los correr pelos ares e a debicar aqui e ali. É um passatempo sui generis. Noutro dia vi um homem que o fazia, parecia empenhado!Como se a tarefa fosse honrosa e honrada. E é decerto, são conceitos. Há quem dê aos patos nos lagos do parque, ou até ao peixes no rio. Mas estes gostam de se amontoar junto a pequenos riachos de esgoto e ali deglutir pequenos manjares, falo das tainhas que também observei no domingo. Divertiam-se imenso e estavam a atarefadas a galgar-se mutuamente e de quando em vez giravam em torno de si mesmas e dava pra ver o brilho prata do fundo escuro da água. Um efeito bonito. são dias assim de national geographic ao vivo e em directo. Até os cães participam nisso! Quando andam juntos a cheirar os cantos e esquinas obscuras com cheiros nauseabundos, outros mesmo imperceptiveis para nós, mas decerto que levam ou trazem com eles notícias doutros lados. Os actos sociais caninos são interessantes para quem se encontra aborrecido, correm atrás dos gatos, cheiram o rabo uns aos outros, rosnam-se, ladram às gentes, levantam a pata na roda do carro, dormem ao sol,e roem o osso gigante dum fémur de bovideo, que deve ser o correspondente canino ao nosso sudoku. Os pardais são caricatos, quando o sol se põe juntam-se todos na mesma árvore e fazem uma barrulheira descomunal, são tantos que se confundem com as folhas, esvoaçam, e marcam lugar e presença, ocupam um galho para adormeçer mas logo em seguida são incomodados pelo vizinho e dão mais uma voltinha pela copa. De todas as direcções chegam mais, e é dificil imaginar como cabem todos ali naquele espaço. é a teoria do caos em aplicação natural. Uma comunidade alada similar aos peregrinos em meca que rodam e rodam! Engraçados os bichos. Os bichanos(gatos) também, com os seus bizarros afazeres, entre dormidas, perseguem osgas e lagartixas, fazem esperas a passaros incautos e divertem-se arrancando patas a gafanhotos. Crueldade? nahh...Natureza. Será o equivalente ao nosso tricot. Pensando bem o nosso ócio é bem mais futil, conversas infinitas à mesa de café, regadas a alcool e/ou cafeína, visitas a centros comerciais, tardes em que se desdenha o resto do povo mas acabamos sempre por nos juntar todos. Natural também, somos gregários, vive-se assim então.
cada macaco no seu galho, o Pombo com o seu grão, a tainha com o seu pedaço personalizado de esterco, o cão espoja-se, o pato pavoneia-se, o gato embeleza-se. os pardalitos poisam por cá, e nós, aqueles que falam, invejam-nos. E passa-se o dia.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Percepção galactica

o ceú encontrava-se nublado assim como a mente, tentava-se a aterragem, os sensores não respondiam. as informações sobre as condicões exteriores não chegavam ao painel de controlo, navegava-se às cegas, as respostas externas eram ignoradas. Era como uma concha, sectarizado e ostracizado em si. só se via para dentro, a luz era enorme e queria escapar-se mas não conseguia. Nenhum comando dado era cumprido, nenhuma informação coerente, o solo aproximava-se vertiginosamente a aterragem forçada e a queda abrubta, a força era gigantesca devido à aceleração da massa. Chocara na superficie, respirava apesar de tudo e finalmente sentia a gravidade. só isso era capaz de sentir. Abrira os olhos levantara-se.
Saia pelas ruas ignorando toda a gente, não era autismo, não era falta de compreensão apenas alienação. Continuava assim até ao final do horizonte e adiante.
Um ser bizarro numa civilização incompreensível. A adaptação era impossível, a comunicação fragilizada, o seu estado além de sólido encontrava-se sobre pressão. Uma sociedade de dificil acesso, uma ideologia de imperceptivel moral. Liga-se à base e transmite: "conseguimos contacto, no entanto os sentidos encontram-se avariados. As emoções sem bateria. os sentimentos queimaram-se aquando da reentrada na atmosfera. Possuímos apenas os comportamentos inatos, a razão básica e o senso comum"

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Joaninha ( Poesia Naif)


Uma Joaninha voa
Uma flor na alma brota
e uma sirene cá dentro soa
um força imensa me tenta

um festival de emoções
uma acaso e muita sorte
Um corropio de sensações
Ai que nunca mais chego ao norte

Oh tempo passa rápido!
oh espaço encurta!
não aguento mais
ja tenho a mala pronta

Os caminhos que nos separam
mas estradas que nos juntam
e nos trilhos que se preparam
as viagens que me encantam

Segundos de prazer
Instantes distantes a sofrer
Minutos de amor
e momentos sempre a manter

a distancia causa a saudade
e tanto desejo a arder
aumenta ansiedade
de tanto mas tanto que fica por dizer!

Um fim de linha e uma estação terminal

(Principio da situação)
Num breu branco e no buraco daquele barranco, Bruno alvo e calvo decide descer a pique pela picada, cai do cavalo, mas ergue-se do céu. Distancia-se de poente enquanto passa pela ponte, larga o lastro e embarca no embaraço do novelo de lã das ovelhas tresmalhadas e trituradas pelo tractor a motor, sem dó mas com piedade, e no pico distante cresce, não em tamanho nem em valor acrescentado, quase evita a Iva, que parecida com a Eva, evade-se, partindo a melhor parte e partilhando a dor e distribuindo a cor, avança pelo corredor estreito no Magalhães, e alonga-se pela longitude dilatando-se na latitude e na quietude da manhã, queda-se por ali, encanta-se maravilhado pelas 7 do mundo e por um quarto com vista para o meio da cidade, que num terço do tempo, reza, e preza por dias melhores. No mesmo instante em que pensa, perde-se no espaço e cobre o tempo, numa velocidade estonteante, rodeia o planeta e órbita em volta das paisagens mentais, e passagens para peões que dum xeque ao rei, depositam sem cobertura, nem sequer com rede artesanal ou de um qualquer artesão com problemas sentimentais, recorrendo a tratamento social e procurando um ideal de dimensão irreal. Enquanto vagueia pelo campo virtual pouco vulgar e nada normal fica transtornado com tanta mensagem subliminar, e deformado com a distorção particular da razão pura, sem corantes, nem conservas em lata, e soldadinhos de chumbo que o cercam, a pouca altura e em qualquer momento. Explode sem rebentar, foge sem pagar o preço da sua condição.Uma má conduta decerto e um bom passageiro por perto, contudo ao longe, vê o horizonte à boleia e põe-se como um ovo a poente, cacarejando numa constante irritação da pele. E pelo pouco passeio em balão num domingo onde adormece, sem eira nem beira alta, que lhe causa uma vertigem vergonhosa, para quem de elevada estatura se reduz ao vácuo e preenche de luz, tendo a visão da cruz como bússola e um compasso de espera, desespera na solidão da ira da multidão que o morde mais que o simples mortal, salta com uma pirueta invertida, donde sai com pontos luminosos e excelente pontuação. Fechando para balanço e saltando dum baloiço.
( fim de citação)

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

momentos


há dias em que sou atingido por um raio fulminante de lucidez
o mundo foge como areia entre os dedos.
sinto que sou o único aqui
um estrangeiro numa terra desolada
entro em corrosão pela tristeza
em que nada tem sentido
em que o acto de levantar é absurdo
as pessoas são espectros
os sítios desconhecidos
a direcção a tomar confunde-me
o caminho é infinito
e caminhar queima-me os pés
falar cansa-me a alma
e olhar fatiga-me o cérebro
sou castigado por existir
Fustigado com informação banal
sofro com todas as maleitas
assoberbado por conteúdos fúteis
todos os acasos se concentram em mim
sou esmagado pela pequenez
e reduzido a ser quem fui

Reparticão ( Semelhanças com a ficção é pura ficção...)

Manuel entra na repartição, a porta automática encontra-se fora de serviço e lê-se na mesma: "Utilize a entrada pelo 4 B CV- Dir do edificio ao lado". Desloca-se até lá.
Um portão de madeira de pinho com uma tranca de metal ferrugenta. "Para abrir toque no 1º Esq". Procura a campainha desejada, encontra-se avariada. Bate no portão, 5 minutos depois abre-se o postigo:
"Bons dias. Que deseja?"
"Procuro a repartição.."
"Já tirou senha?"
"Não..."
"Tem então de se dirigir ao nº6, no segundo andar"
"Mas não a tiro aqui?"
"Claro que não, é preciso fazer uma triagem dos utentes, sabe-se lá se é para aqui! Pode ser no terceiro andar!"
"Mas onde me posso informar sobre a senha a tirar?"
"Deveria ter pensado nisso não é?! Tem de ir ao fundo da rua, ao edificio que se encontra em obras, e pergunta pelo Senhor Costa da Repartição"
Fecha-se o postigo. Manuel desce a rua e entra no prédio. Encontra-se um homem a colocar cimento nas paredes, e outros dois a instalar a canalização.
" Bom dia, sabem-me dizer onde se encontra o Senhor Costa por favor?"
" Não está, saiu em serviço"
" Mas disseram-me que o encontrava aqui..."
" Vem por causa do alvará?"
" Não! é para a repartição!"
" Isso é ao cimo da rua no nº4!"
" Mas onde se tira a senha?"
" Ah! O senhor Costa da repartição?!"
" Sim..."
" Podia ter dito pah! é aqui no prédio ao lado!"
" Obrigado"
Sai e anda até à rua, vendo que há outro prédio igual. Entra. Lá dentro, na escuridão, ouve um rádio tocar, vai em direcção ao som. Noutra porta vê uma luz pergunta por alguém, não há resposta. Avança e no fundo de um corredor em tijolo, vê uma secretária iluminada por uma vela, com um homem afundado numa cadeira, fumando um cigarro e colocando carimbos, em papéis.
" Senhor Costa da repartição?"
" Sim que deseja?"
" Uma senha para a repartição..."
" Muito bem! Aproxime-se homem! Para que dia pretende?"
" Para hoje certamente"
" Humm..já não há, sabe que isto às segundas e sextas tem muita saída. Pode ser para um outro dia?"
" Não! Não pode! preciso de ir à repartição já!"
" Caramba homem, não se irrite! Tem urgência é?"
" Pois com certeza"
" Senhas de urgência tem de vir de manhazinha...Essas ainda é pior!"
" Não posso acreditar! quero o livro de reclamações!"
" Bom, aqui não tenho, e com isto em obras...Mas pode-me dizer a mim que eu depois transmito!"
" Isto é inadmissivel"
" Ora agora é que falou bem! Vê-se que é um tipo porreiro, olhe tome lá uma senha d`hoje mas diga que a arranjou ante-ontem!"
Depois de carimbada, sai. E entra no nº6. a senha tem o nº20-D. Num quadro a giz, está desenhado o seu nº...dirige-se ao balcão com 3 funcionários cujas cabeças tocam o tecto. Apesar do seu metro e oitenta quase não chega ao guichet.
" Sou eu" diz suspirando.
" é o quê?"
" sou o nº20-D"
" A senha de informações portanto"
" Sim! não me vai atender?"
" Não! terá de aguardar a sua vez, tem várias pessoas à sua frente"
" Mas eu tenho a senha 20-D"
" Todas possuem o mesmo nº! 20-D. a senha de informações"
" Não posso acreditar! Desejo o livro de reclamações se faz favor!"
" Muito bem dirija-se ao guichet #2 e aguarde a sua vez."
" Mas há gente à espera?"
" Não, mas o senhor tem a senha 20-D terá de aguardar a sua vez e para a próxima venha mais cedo pois já não é atendido hoje, venha segunda-feira e retire a senha"
" a 20-D?"
" Claro que não! Segunda será a 05-F! Antes de voltar faça mas é o favor de ler as instruções antes"
" Quais instruções?"
" Não vai para a secção?"
" Não! venho para a repartição!"
" Ah! Já podia ter dito! A repartição fechou, as novas instalações são no centro da cidade! Isto aqui andava uma confusão e mudaram-na! Agora é tudo muito melhor!"

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

O que verão de São Martinho

São Martinho saiu de madrugada, tinha de chegar cedo ao mercado. O metro ainda não tinha aberto, apanhou o eléctrico até ao Cais do Sodré. Antes tinha de ir ao Multibanco, toma o pequeno almoço junto ao tejo, um chá de tília e meia torrada, andava nervoso com os negócios, a competição cada vez mais feroz, e os preços nada apetecíveis. Antes de entrar no mercado da ribeira, fuma um cigarro e toma uma bica com um bagaço no largo de São Paulo, conversa um pouco, os tempos estão mudados é certo, e já nada era como dantes. Despede-se e agradece a companhia. Os comerciantes já andam num rebuliço, dirige-se à banca do Sr. Manel, " Seja bem aparecido" diz este, " há que tempos que não o via! Não se preocupe que para o Sr. há sempre! tenho aqui guardado! oh pra isto!? maravilha não! vai o mesmo de sempre? Ora aqui tem, até pro ano!". "E traga o verão, ha ha ha!" graceja. Martinho sai carregado, pensa em ir a pé pela rua do alecrim, mas desiste da ideia, tem que se despachar, entra na Gare do metro, já é hora de ponta, um mar de gente para entrar com ele, apressa-se a ir para as portas da dianteira para guardar lugar. chega ao Rossio e saí, o seu carrito já se encontra junto à fonte. Traz consigo as acendalhas e as brasas. Ateia o fogo, o fumo com cheiro a carvão sai pela pequena chaminé. Apregoa por elas " Quentes e boas!É a 3, uma dúzia!" A praça cheia de gente que passa, ignoram o chamamento. Debaixo da capa tira o garrafão, enche a caneca e bebe tudo dum gole. O vasilhame cheio arrefece, come-as sincopadamente, saca da caneca novamente, a visão fica turva, a voz rouca e trémula. Apregoa novamente, aparece um primeiro cliente, leva 2 duzias, chega outro e outro! O saco esvazia-se. O garrafão quase. Enche-se com um sorriso. Já tem o dia feito, coloca a ultima fornada, que rápidamente entrega a outro freguês. Por hoje já chega, conta os trocados e dirige-se à caixa, com as notas no bolso, senta-se no Nicola e pede outra bica e mais um bagaço. Acende um cigarro. Aproxima-se dele alguém que pede esmola e tem frio. Martinho torce o nariz mas é incapaz de dizer que não. Abre a carteira e dá-lhe uma nota de 50. Levanta-se, rasga a sua capa e divide-a com o pedinte. Despede-se e entra no 12. Chega à meia-laranja pelo meio-dia, orienta-se de duas quartas e dilui-se na multidão. Amanhã há mais.

O dia

Pardais voaram espantados e avisando-me em surdina que o dia tinha começado.a um palmo do chão, salto cá para fora e o azul abarca-me a visão. O cão que ladra à caravana conversa com as árvores do território, conta-lhes as novidades do sol que nasce lá atrás. As folhas caem na minha direcção, evito-as correndo para cima e para os lados, os ramos que crescem até ao caos, vão-se ordenando na natureza que se estende e alarga, tentando agarrar o mundo inteiro. Descanso no ninho à sombra, sou conduzido pela toca da raposa que sábia, prepara-se para o Inverno. Sigo em direcção à luz reluzente dos brilhos de mar, envolvem-me e arrefecem-me. A superficie flutua e leva-me à foz. A água esconde-se na gruta, aquecida pela fogueira dum ancião contador de histórias antigas. O bardo transporta-me pela aldeia, avisando ao mundo que cheguei, um arauto da existência, que distribui e espalha a mensagem. Conta como a vida chegou, começou e conquista tudo e todos! Conta o frenesim das moléculas que se formam, a agitação dos átomos que se juntam, a alegria das células que se multiplicam, a felicidade dos genes que se transmitem, o contentamento da amiba que aparece, e a explosão de energia vibrante da criação! O dia começou! E com ele vem os sons, as imagens, as cores, as emoções, e a harmonia do Ser!

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Dois funcionários numa fabrica de inventos. Um igual, outro diferente. O Igual trabalhava de forma diferente, o diferente de forma igual. Quando era necessário fazer algo diferente ninguém fazia igual. Quando todos faziam de forma diferente, ninguém trabalhava igual. Chegava uma nova remessa de matéria prima, o diferente diferenciava, o igual fazia como o nome indicava. O diferente não sabia como começar, mas sabia como acabar. O igual começava e terminava da mesma maneira. O diferente inventava formas e géneros, pensava conteúdos, imaginava séries, falava em fazer, elaborava mentalmente. O igual fez. O diferente olhou. Um deu em louco, outro ficou indiferente. A fábrica já não inventava, os inventos já não saiam. Não fechou as portas, mudou de ramo, e tornou-se uma feira de variedades e de atrocidades. Mas diferente claro está.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Outro Cartaz!?!?!?

Lá vêem os radicais novamente com mariquices: " os assassinos, os violadores e os pedófilos cá fora e nós os nazis lá dentro"

Até tem piada.... E lembra-me umaa musica dos Delfins numa versão masterizada e remisturada com melodia do calimero praí....

Qualquer coisa como isto:

"Ai!Soltem os prisioneiros!
que matarão os paneleiros!
OH Pah! Libertem os skins
coitadinhos!
é boa gente, é de cascais e muito In...
Desamarrem o lider
que a gente só mata pela surra e quem puder.

Se dá na coca,
não é drogado
está é cansado de estar na toca.

Se esteve no Brasil emigrado,
foi por querer saber o que era ser explorado.

Se nos 80`s andava no Bairro com tacos de baseball
é porque não teve chances neste pais de singrar no paintball

Se mataram gente do Psr
pois não dava jeito fazê-lo aos Gnr

Refrão:

liberdade pro companheiro
O gajo nem é paneleiro
soltem o Fulano
o gajo é um bacano
Morte a quem não nos grama
e a ver se prá proxima ninguém nos trama!"


Aqui fica a minha homenagem a gente tão nobre gentil e justa!

Obrigado por existirem e preencherem o nosso vazio xenófobo!

Allekum Sallam & Shalom pra todos vós

E um rezem uma Avé Maria que amanhã é o 13 de outubro!

Palhacitos...

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Demolição

Faz a malas, retira os quadros, guarda as fotografias, acondiciona os armários e transporta tudo para a rua. Entra para ver as paredes vazias, o esqueleto da estrutura. O silêncio absurdo, a falta de movimento. A ausência de vida. Não só o lugar se extingue, mas também são os momentos, os instantes fotograficos, as emoções impregnadas em cada fresta, os cheiros instalados em cada canto, as sensações vividas em cada divisão. Tudo implode. Será cremado. Esmagado. Desfragmentado. Recriado para outro alguém. Uma imitação, um ser apóstata. Acabou. Terminou tudo. Há que continuar. Sim começa uma nova vida, sempre lá esteve, mas este vazio permanece. Paira no ar. Persegue-o. Vira costas e segue o seu novo caminho. Escuro, incognito, estranho, bizarro, kafkiano... O horizonte não se mostra, as expectativas crescem, o desconhecido aproxima-se. Olha mais uma vez para trás, recorda e memoriza. Sorri e manda tudo às urtigas. Despe-se, põe um máscara e corre sem direcção mas com um destino.

Mais uma volta!

Vamos seguir! Apita a sirene! Gente a sair! Povo a entrar! Sempre a Rodar! Troca o dinheiro por fichas, armas, mulheres e crianças! Saldos de ocasião! liquidação total! Segregação social! A economia global! Desemprego aqui, riqueza por aí. Compra e vende! A bolsa a descer! A toalha estende. O sol a crescer. O mundo a girar! Uns a comer, outros a definhar! Um foguete a caminho da Lua, outros na rua a dormir! A invenção dum novo engenho, a Criação duma tecnologia no Ocidente, a propagação duma epidemia a Oriente. O equilibrio! A ajuda humanitária. A crise identitária. A anorexia. a ausencia de profilaxia. O desiquilibrio! Mais uma volta! Dietas para a linha! A fome e a morte como moda. A Guerra de outono/inverno a Sul. uma nova consciencia. A paz a Norte. As promessas eleitorais, o fraco raciocinio. As farsas socias. Um novo exterminio! Opulência Mundial, pobreza espiritual! e Mais uma volta! A farra Universal e o mundo gira! Mais uma volta!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Visão II


Encontrava-me em Fátima. A nossa senhora sinalizava as barraquinhas de "comes-e-bebes", pedi um coirato e uma mini. Serviu-me com profissionalismo e com uma aura mística que não sei explicar. Parecia que caminhava pairando sobre o chão, com uma pequena nuvem a cobrir-lhe os pés e um manto dourado que parecia divino, um canto celestial saia-lhe por detrás, pela frente, por todo o lado como se omnipresente. Paguei e agradeci. Nada disse. 3 pastorinhos observavam a cena, embasbacados, descrentes, ou melhor crentes noutra coisa que não esta. Ao passar por eles, pedi-lhes lume, ajoelharam-se pouco depois. Segredavam-me. Revelavam-me um quarto...desconfiei. parti de cigarro apagado. Entrei no carro estacionado. Deixei-me dormir. Um arrumador bate no vidro, e acorda-me em sobressalto, dou às chaves, sigo. Já não sei onde estou. O nevoeiro em tons celestiais adensava-se. Ao longe ouvia-se o sibilar do comboio. Uma multidão na estrada impedia-me de largar este lugar. Segui por um caminho de cabras. Os faróis de pouco serviam. Havia luz que parecia brotar do chão. Atravessa-se um cavalo branco na minha frente. Um grito de comando à minha frente. Salta um rapaz de armadura reluzente, de espada na bainha com outro grito e um relincho. Páro e abro o vidro. Pergunto onde vai dar o caminho.
Aponta-me o Mar. O céu abre e a paisagem muda. Afasta-se rápidamente a galope. A areia impede-me agora de prosseguir. Continuo a pé em direcção à costa. O calor aumenta. Um Arbusto em chamas tenta-me. Uma visão de sereias impele-me a correr para lá. Um labirinto e umas asas de cera. Vôo pra cima, livre! Em direcção ao Sol, nada oiço, apenas flutuo e caio. Alto! Tombo rápido. Desisto. Acordo. É hora de arrancar. Dou às chaves e continuo a Auto-estrada.

A sala

Sentavam-se esperando que alguém começasse o diálogo. Alguém gritou um bom dia! Mexeram-se nas cadeiras, em silêncio com movimentos frenéticos. Alguns levantaram-se e mudaram de lugar. A mesa estremecia, os papéis arrumados, voavam pelo ar. Ninguém se olhava, apenas corriam em redor, evitando o contacto. cada um no seu canto, todos em rebuliço, uns gemiam de pavor, outros tremiam de horror, tocavam-se por vezes causando arrepios e gritos que mais pareciam uivos. Um barulho ensurdecedor. O torpor aumentava a cada momento, a correria tornava-se compulsiva, o medo instalava-se. Atiravam as cadeiras às paredes. Rosnavam-se. O caos reinava. Só a mesa continuava de pé. Penduravam-se nos candeeiros, arrancavam as estantes e puxavam os armários, pegavam fogo aos livros. O Presidente da assembleia sentou-se. os outros seguiram-no. Encerrava-se a reunião. Os objectivos atingidos, o consenso alcançado. Abraçavam-se e riam-se em êxtase. Aplausos. De pé. As luzes apagam-se. Corre o pano.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Outono

Partem em bando as aves, voando alto e para longe. No seu conjunto fazem descer as nuvens negras sedentas de se abaterem no solo. Quebram-se as folhas das árvores desnudas, e esvaiem-se as cores dos céus. Os animais em terra escondem-se, fogem da escuridão que se apodera das flores, os cheiros tornam-se rudes e agrestes. O mar revolta-se e cresce para as margens, a água inunda e conquista novos espaços. A luz esconde-se. As gentes carregam o semblante. Já é certo e definitivo, o outono chegou.

Corpo são em mente vazia

O individuo encontrava-se ciente aquando da sua entrada no bar. Os clientes olhavam-no curiosos. Sentou-se. Pediu uma cerveja e amendoins. O empregado negou-se a servi-lo. Apresentava sinais notórios de consciência, de lucidez e de percepção clara da realidade. Sem mais demoras a gerência chama a policia mental. O Cliente debate-se e discute com quem o prende. É levado à esquadra. Amarrado a uma cadeira, com uma venda nos olhos, e de boca tapada. Fazem-se os preparativos, o material esterilzado, o psicóloo a postos, os visores em espera. Entubado, electrocutado e perturbado. Era este o seu estado. As mensagens subliminares, as emoções controladas, os estados de consciência induzidos por imagens e sons. Estava pronto. Calmo. De olhar vazio, sem expressão... Pronto para sair para o Mundo. Iniciar uma nova vida. Um homem novo. Não mais criticaria. Nunca mais poria em causa o sistema, jamais veria as injustiças e crueldades. Incapacitado de ter qualquer ética ou moral que não a imposta. Um homem novo! E o mundo continuaria seguro.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Dúvida

* cumé? tás fixe?
* ah...aborrecido!
* Xiii! e que vais fazer?
* não sei
* Mas tens ideia?
* tá fraco isto...
* e agora?
* tou ca neura
* inova pah!
* Hmm. aborrece-me
* Quem? eu?
* Não
* atão?
* Já viste?
* onde?
* o poço é fundo
* ya..
* vais-te atirar?
* não sei. tu vais?
* se tu fores eu vou..
* é alto...
* oh!
* vens?
* vou, mas vai tu primeiro
* ok, ciao
* eh! também vieste?!
* Pois...não queria ficar sozinho
* curtiste?
* nem por isso
* vou bazar..
* atão?
* só vim pq tu vinhas,
* pfff!
* e tu?
* Eu vou atirar-me outra vez
* para quê?
* para ver como é
* outra vez?!
* oh! a primeira foi por imitação...
* tá bem.
* e tu?
* eu fico
* gostas disto?
* Não, mas é diferente

A emissão segue dentro de momentos

Grato ao fantástico por criar novas situações
ao fabuloso por inventar novas personagens
e ao surreal por trazerem a novidade ao Mundo
Obrigado pela oportunidade de viver com muita mágica
e alguma fantasia que me vai ofertando
Felicitações pela imaginação prodigiosa
pelo Sonho visionado diariamente
Agradecimentos aos demais rituais que servem de suporte e me fazem levantar!

Paixão

Ali fui eu a caminho de Viseu. tu e eu. nós, castanhas e avelãs! Rotundas cortadas, tracejadas a tinto ou branco. Açorda, marisco, e picada, um pitéu. Flores e cores. Já cheira a lareira, com a serra por perto. Um sono relaxado, um prazer demasiado, um deleite, um torpor tremendo. Uma vontade de parar o tempo, uma ansia de criar mais espaço, uma esperança do reencontro ser imediato. Expludo por dentro, grito por fora, agarro o ar e chamo por ti!

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

interlúdio



um porco agrilhoado pairava no matadouro. Fugiu, escondeu-se, desceu o rio. Mascarou-se passou a Javali, disfarçado entre a multidão sentou-se num café, pediu uma cerveja, desconfiaram. Escapuliu-se entre as vielas, transformou-se e ergueu-se. tentou voar em vão. Pegou na bicicleta fez todo-o-terreno de lisboa a Dakar, estava safo, entre a bruma, perdeu-se. Não em alcácer quibir, mas em alcácer do sal.Longe da civilização e perto do Sado. arriscou e foi a nado, passa a fronteira do real. Paga a portagem, negam-lhe a passagem. Está ilegal. Pensa e reflecte o sol. Queima-se, cheira a coirato, é servido com batatinhas. O estabelecimento fecha, a empregada limpa a cozinha. Ninguém sabe que se passa. Joga-se às cartas na praça. Pede-se mais um copo. Acaba-se o tinto.

o homem pré-histórico

o homem pré-histórico era ecológico, o homem pré-histórico provavelmente não gostava de touradas. o homem pré-histórico nunca viu um toiro. o homem pré-histórico não via tv. O homem pré-histórico talvez fosse a favor da energia nuclear. O homem pré-histórico talvez ouvisse o "jogo da mala" e o "antónio sala". O homem pré-histórico era existencialista. O homem pré-histórico não lia romances cor-de-rosa. O homem pré-histórico gostava de arte pictórica. O homem pré-historico seria a favor da liberalização das drogas. O homem pré-histórico era pró-aborto. O homem pré-histórico era comunista. O homem pré-histórico seria a favor da politica agricola comum. O homem pré-histórico seria contra o tratado da constituição. O homem pré-histórico gostaria de cinema mudo. O homem pré-historico não gostaria de take-away. O homem pré-histórico seria pacifista. O homem pré-histórico seria territorial. O homem pré-histórico não apreciava campismo, o homem pré-histórico era filosofo, o homem pré-histórico era humanista, e o homem pré-histórico era anti-globalização.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Adimensionais


Abandonavam a esfera em direcção às grandes extensões. Ficava para trás. Chegaram ao seu fim. O rectangulo estendia-se a todo o comprimento. Saltam e aterram no quadriculado. Caminham paralelos às linhas, um plano fecha-se sobre si. Perdem a altura, formam-se linhas.Perdem a verticalidade,desaparecem quando o plano se dobra em aresta. Pertencem agora a uma linha, infinitos, comprime-se na sua extensão e torna-se um ponto. Perderam o espaço e existem no Tempo.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Cedo

É cedo e é frio,
cedo para decidir
tarda a chegar a vontade de partir.

É cedo para ver o horizonte,
daqui de baixo não se vê,
nem mesmo o Poente.

É cedo, para desencontros.
Tarde para o animo
enfrentando todos os monstros.

É cedo para desistir,
custa a largar,
e não tardo a perseguir.

É cedo para acordar,
custa a despertar
Falta pouco para acreditar.
E não tardou pra falhar...

É cedo.

Sentido único

vive enquanto livre acorda e recorda a vida, puxa-a e estica! Embucha e espreguiça, estende o mundo encolhe a mente,estreita a consciência alarga a visão.
Imagina, sente as imagens. Levanta-te anda e cai.Veste o teste, a peste, negra e escura.Um poço lamacento, escorrega num baloiço, gira noite e dia, floresce na floresta verde do mar profundo, e afunda o submundo. Na caverna hiberna e resiste.Renasce triste, reformula, esquece, refresca a casca da semente.No principio do caos, ordena o cosmos, joga aos dados,calha o acaso da sorte, o ocaso e a morte, o sol a nascer, o brilho a crescer, e sorri de prazer.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Sentido

Estamos cá é um facto, para evoluírmos, para pensarmos, atingirmos maior conhecimento. O problema que se põe é esse mesmo. E depois? Qual o sentido da vida? Questão inumeras vezes debatida. Mas tudo não passa de um absurdo. Como o mito de sisifo, em que o homem é condenado a empurrar a pedra montanha acima e deixa-la rolar cá pra baixo e voltar a repetir até ao infinito. Será isto que queremos? Será isto que se deseja? A solução está no suicídio quando nos apercebemos desse absurdo dessa condição humana? Ou viver sabendo isso? Não será tudo uma grande contradição?
Existimos sim, teremos é de ter um propósito. E esse objecto não será a simples existência? Chegará? sim, para alguns. Mas ambicionamos sempre mais. É essa a questão. Não materialmente, mas espiritualmente. Talvez por isso se acredite na vida para além da morte. A desmaterialização do corpo e a perpetuação da alma. Mas isso é o amanhã e é demasiado espesso e obscuro.Enquanto isso há o Hoje. O presente. E nesse teremos sempre as nossas duvidas e frustrações quanto ao motivo que aqui nos traz.

Talvez por isso crie os meus absurdos, viva as inquetações, absorva a vida, entre em fase 4. é um método. Ilegítimo? Quem disse?!! Não trago respostas, nem soluções, apenas as incertezas.


Um livro que serve de inspiração, para quem padece dos mesmos males:

O mito de Sísifo, A. Camus

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Essências


qual o objectivo da humanidade?
Quais os motivos que o fazem continuar?
Na aurora da mesma quando descemos das árvores era a sobrevivência e perpetuação da espécie. Nada mais havia para fazer e pouco nos diferenciavamos dos animais, apenas pelo cérebro e primeiras crenças, pois a imaginação e pensamento voavam e tudo nos era desconhecido.As religiões seriam básicas. haveria o deus sol, a lua, o mar, a árvore, o veado, o predador, o vento, etc.
Nos egipcios tornaram-se as divindades mais sofisticadas, nos gregos e romanos, a tecnologia aumentava a olhos vistos e havia já tempo para o ócio, para uns, à custa doutros,e os principios da ciência ainda eram rudimentares. E as divindade eram humanizadas, ou pelo menos antropomórficas.
Os homens que habitavam o planeta ainda meia-dúzia e o cruzamento de informação pouco vasto.
A técnica vai evoluindo... e na idade média surge a unificação das religiões no mundo ocidental. Havia um único Deus, belo, bondoso e perfeito(nÃO fossemos nos feitos à sua imagem). Se as desigualdade e assimetrias já se verificavam na época clássica, nesta altura agudizaram-se, haviam os nobres, o clero e o povo. Este último um fantoche na mão dos outros, a nivel laboral, cultural, social e económico.Nada se questionava, tudo o que era diferente seria eliminado, um facilitismo necessario, se não era explicado por Deus não tinha explicação logo mais valia nem se pensar nisso, o homem criou a heresia, seja lá o que isso for.
O tempo avançou e no prioncipio da idade moderna as 1ª interrogações...afinal a terra anda mesmo à volta do sol. O mundo não tinha 6 mil anos, pensou-se a concepção de um universo sem deus e uma evolucão bem terrestre das especies que vivem neste ecossistema global.
Chegou-se aos dias de hoje, a medicina avançou, um epiléctico já não era um ser possuido, um cometa já não seria um sinal divino de destruição, as doenças como causas naturais e não castigos dos céus.
Hoje em dia como no paleolitico trabalha-se para viver, para ter a casa e o carro, para procriar e estagna-se. Há demasiada informação tem-se acesso a tudo( Mundo Ocidental). A invenção da bomba atómica e com a ida às estrelas dos primeiros veículos,o homem igualava-se a deus. A descrença tomou conta deles, a certa altura nos estados unidos, já se viam ovnis por todo o lado, as seitas proliferaram. O mundo tornou-se pequeno e a informação instantanea. Já tudo está tudo feito e inventado, reformulado e repensado, cultivado e enlatado. Que sobrou? Nada que fazer, de "american way of life" propagou-se; o "dolce fare niente", os centros comerciais, a tv, a net, a comida levada a casa, o excedente monetário e o alcance de qualquer um a tudo o que é possivel e imaginário! Que procurar mais? Quando tudo já é dado de mão beijada? Criam-se tensões e assimetrias, uns adaptam-se outros não. Uns vêem o Mundo como ele é, outros vêem-no como na tv: lindo utópico e cor-de-rosa. que há mais? Nada. Há depressões, há demências, há sociopatias, psicopatias. Gente que se torna sem abrigo, gente que se torna alcoolica, toxicodependente, uns alienados, outros obcecados com o trabalho e em acumular mais riqueza, e as hipóteses expandem-se, entrecruzam-se e baralham-se. O Homem que já está no topo da cadeia alimentar, chega ao topo da curva exponêcial da evolução socio-cultural que já quase rasa o gráfico. Uns estão no Spa, no court de ténis, no jogo de bridge, no golfe, no casino, nas orgias, ocupados no algarve a esconder meninas irrequietas, outros acercam-se destes, pedem, exigem, gritam, enxovalham, fazem juizos de valor, prontos para os crucificar. Todos diferentes, todos iguais apregoa-se nas ruas! Todos esperando algo! O maná dos céus, o dia de amanhã! O ordenado na conta, o euromilhões? A decadência do ser e o acidente na auto-estrada que todos param para ver o sangue no alcatrão. a morbidez da morte ao vivo e a cores! As torres gemeas vistas a cairem vezes sem conta em camera lenta! O tsunami a consumir e a varrer milhões! Os F-16 precisos no ataque e na chacina de outros tanto no iraque! Enforcamento em directo! A morte no ecran, a vida futil de gente desconhecida e pequena que passa mal em Darfur! O big Brother, a humilhação. O tiroteio ao vivo na TVI, a destruição no Afeganistão, e os pontapés no vádio do cão! Então o homem vira-se para outros lados, já não tem alternativas neste mundo, uns para as florestas de Africa, outros para as culturas ideologicas da Asia, outros ainda embarcam em viagens, o turismo torna-se massificado, as culturas uma mescla, e há uma ausência de valores donde esta sociedade saiu, depois da revolução francesa, esbate-se e esvai-se no meio de tanta informação. A moda, a musica, a arte a filosofia estagna no final do séc XX, reinterpreta-se tudo. E que fazer? Para onde fugir? Que procurar. Sente-se perdido, o Branco ataca o Preto, O católico o muçulmano, O rico vinga-se no pobre e vice-versa. Chega-se aos extremo de quem tem tudo querer experimentar mais!Coisas novas, diferentes, perversas ou mórbidas! já não faz diferença...A pedófilia, a necrofilia, as drogas legais e ilegais, a fuga a este estilo de vida,o abraçar outras religiões, que têm como base comum praticar o bem, mas quem o faz? as nossas já não serviam, não davam alento. Então que fazer? Qual o nosso Objectivo? Viver? apenas? trabalhar para morrer? Como condenar o outro se nós próprios estamos condenados? como viver sabendo que não há mais nada? Os assassinios, os rebarbardos, os outsiders, alcoolicos, doidos, freaks, proliferam! Estarão eles mal? Quem tem consciência no mundo em que vive e se refugia em si, é culpado de quê? E aquele que durante 50 anos vive para o trabalho e morre tal qual como nasceu? Qual será o modo mais correcto? Poderemos nós criticar? Poderemos nós apontar o dedo? Nesta sociedade com classes, que classe temos nós? E numa sem classes? Que há pra classificar? Para igualar? O outro é pior que nós? A nossa vida é melhor que a deles? Quem tem razão num mundo sem ela? Não serão todos caminhos que vão dar ao mesmo fim? O mundo está perdido e nós também...Quem pode dizer que vive bem? Como se faz isso? Não se pensa? Não se sente? não se emociona? racionaliza-se tudo? O quê? Caminhamos então para a auto-destruição? Não obrigado...eu estou perdido também? Talvez. Mas quem é que me vai indicar a " salvação"?!!! Deus? Qual deles? E será que os nossos motivos e objectivos são diferentes das outras espécies?

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Saudade

Que dia preenchido e rico musicalmente que tive. Um concerto do Jorge Palma na Estação de Metro do cais do Sodré, para "relembrar os velhos tempos". Um espaço enorme, mas pequeno para conter a quantidade de gente que já o esperava, e os curiosos que iam passando e por ali ficavam. Uma duzia e meia de músicas, explorando o último album e os "hits" de outrora. É raro ir a um concerto gratuito e num espaço público, onde a audiência esteja toda em sintonia, com um sorriso de satisfação e trauteando as canções em uníssono. É nessas alturas que a pouca fé que temos na humanidade ressurge e nos dá esperança. Pena é que seja apenas nestas alturas que as gentes se unam.
Após o concerto encontrei uma amiga e fomos beber uma cerveja a um tasco ali perto. Lá, estavam outros amigos recentes,com um amigo que me esperava. Comiam algo no intervalo de um ensaio, e em breve nos abandonaram, sendo rápidamente substituidos por um acaso, por outro grupo de amigos, estes que se dedicam à musica. Foi nostálgico ouvir dum telemóvel certas músicas há muito esquecidas e em conversa recordar bandas como Peste & Sida, Censurados, Ocaso Épico, Mler If Dada, Pop Dell´arte, Madredeus, Herois do Mar, Sétima Legião etc...Foi também curioso relembrar a quantidade de espaços que havia para concertos em Lisboa, o Rock Rendez Vous, O Johnny Guitar, As palmeiras na rua da palma, entre outros. Comparando com o panorama musical destes nossos novos tempos fica-se com a impressão que falta algo, a música estagnou, não evolui muito mais, e parámos no tempo, salvaguardadas as devidas excepções. Dali seguimos para a Crew Hassan, onde iria ser o espectáculo duma daquelas novas bandas de valor acrescentado que serão os Projecto Atma ( www.myspace.com/projectoatma ), uma revelação neste planeta audiovisual moribundo. aqui fica a minha homenagem a todos eles e um semblante carregado de melancolia...

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Estrada

É sinuosa e escura, a chuva caí, a ravina perto. As curvas apertadas, a visibilidade reduzida, a velocidade vertiginosa, os solavancos, as lombas, os buracos enormes que fazem estremecer o veiculo. mas segue.Sempre em frente, por vezes rápido demais, outras vezes pára. Mas segue. Sempre! E a estrada não tem fim...Estamos nela e é fascinante a viagem!

Do Silêncio a Santa Apolónia

Orgulho desprezo chantagem,
vontade amor e desdém
palavras será que sentidas?
emoções que caiem sempre tão bem...

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Atirem uma segunda pedra


LXXXVII - Atirem uma segunda pedra


Faz hoje uns meses que quase perdi a vida num estupido acidente de viação.
Por incúria e excesso de confiança. Dizem que nos passa toda a vida à nossa frente nesses segundos. Nada mais longe da verdade. Agarrei-me de unhas e dentes a ela apenas. Mas a única coisa a que me prendi foi a um cinto e ao alcatrão que me consomia.
Um desalento tremendo para a minha famila, incapaz de crer num tamanho disparate. Uma preocupação para todos. Uma dor de vermos aí quem nos tem amor, quem nos quer bem. E nos observa com reservas. Talvez sem fé. Saber que falhámos, com todos. Familia, amigos , namorada e com nós próprios. Uma desilusão no fundo.
Nos dias seguintes sim, passei em revista a minha existência. Conclusões?
Nenhumas. Continuo igual a mim proprio. A fugir da realidade. A evitar os conselhos amigos e alheios. A combater a razão.
Que aprendi? Nada. Os meus hábitos são os mesmos. As vivências iguais. A realidade não aceite. Preferivél escapar. Escalar a uma montanha que sei que escorregar. Atravessar um rio demasiado caudaloso. Esticar-me para alcançar as estrelas que sempre me fugirão. Tão mais fácil. Viver a nossa criação. Deturpada e distorcida. Inviável e impraticável.
Quem disse que escolho o caminho fácil? Apenas o meu. Caminho sui generis este. Helicoidal. Nada profundo. Plano. Branco. Neutro. Absurdo, e sem saída.
É-me difícil o outro. O Normal. Mas o normal não é o vulgar. É o certo. É o das Gentes. Movo-me com dificuldade. Cheio de fantasmas. Um temor de assumir. Um medo constante de falhar. DE fracassar nele. Daí que vá falhando no meu. É bem provável que prestarei contas mais tarde.E de certeza queo razoável e o sensato vai-me alcançar. Tarde demais.

Intervalo

Espera-se a chegada de quem não prometeu vir
Aguarda-se o tempo que nunca chegará
Procura-se quem não chegou a existir
Trocam-se confidências com a nossa imaginação
Conversa-se com o amigo desaparecido
Chora-se pelo que nunca foi feito
Sorrimos das lembranças passadas
Vivemos com os sentimentos de outrém
E definhamos interrogando-nos pelo Além

July 10, 2007 - Tuesday

XCVII - Intervalo

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Brincadeiras celestiais

Escondia-se por debaixo do mar, sem respirar, gozava e fugia das ondas, saltava por cima da Terra. Dava a volta ao Sol com um sorriso rasgado, tapava a lua e os olhos. Corria para cima, e cantava com o Universo! Gargalhava! Tocava em Jupiter, Neptuno e Plutão. Empurrava-os para longe,via-os rodar e girava com eles! Tornava à cintura de asteróides e atirava-os uns contra os outros. Corria para Marte e esperava vê-los quebrar. Explosões e cores de meteoros a chocar..."Lindo" dizia para ele. Ouvia-se uma voz do centro da galáxia a chamar, e desanimado tinha de regressar. Era sempre tão bom jogar aos berlindes...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Criação

um traço numa folha de papel e um nó num cordel, juntam-se e transformam-se num papagaio, voam e poisam num galho. Fundem-se, formam uma árvore, que cresce, floresce e desaparece. No seu lugar a raiz diverge para o rio e cria-se num barco, desce a corrente. Fica eléctrica, segue pelo fio, entra pelas casas, sai pelo radio, ouve-se em qualquer lugar. Propaga-se pelo ar, encontra-se com o mar, abracam-se, e sobe aos céus. Dá lugar a uma nuvem que se desfaz e desliza pelos ares da montanha alta, congela. Faz-se um boneco de neve, esquia no glaciar. Derrete-se. emociona-se. E renasce, imagina, cria e desenha um traço com um cordel num braço.

ARco-iris


final de semana e princípio duma aproximação. Um dia audio-visual, outro sensorial. Uma tristeza seguida duma entrega. Uma viagem dentro doutra, qual delas a prioritária ou primordial... Não serão todas? Um futuro certo de incertezas, com uma passado cheio de amarguras. As primeiras esquecem-se, as segundas ultrapassam-se... Da escuridão aos poucos brilharão as cores, tal como faz o Prisma ao Branco da Luz do sol, decompondo-a em inumeras facetas coloridas

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Um dia...para sempre

Quinta 13 um dia um acaso uma coincidência e um azar de sorte e estarmos aqui até à morte, e esperar que o dia não acabe antes do outro não começar, para a partida ser simultanea com a chegada. A vinda tem de ir com a ida e chegarmos ambos a um climax no zénite e descer até o nadir com uma vertigem num vertice dum vortice sem volta na aresta que se arrasta num triangulo rectangulo e em qualquer forma que a nossa soma toma e continuo a ser sonambulo para não acordar antes do sonho nem despertar depois duma visão linda bela e magnifica que serás tu e eu fundidos a mais de 1000 graus unidos numa liga não metálica mas orgânica que te sinta e que se senta descansado á sombra dum sol em fusão, que faz uma confusão à volta da terra e roda e roda, e uma tontura que flui, cresce e uma ebriedade aparece em mim em ti em qualquer um ser e até parecer outro folego para recomeçar pelo principio sem parar e não estagnar mas sempre florir, crescer, sorrir, gemer e sentir sem nunca largar e sempre a reter, a manter, amante demente sem loucura adjacente e apenas uma lucidez pura de te saber o sabor, e provar o cheiro o tom a textura e ver-te a rir, e então presos em nós adormecer, sem desatar e acatar, um desejo, um torpor, um fremito, e mais um beijo...

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Um conto infantil com final feliz

Era uma vez uma princesa adormecida que acordou! Dum sono longo e prolongado. dormia fazia séculos! Não! Milénios! Porquê? Para ser mais dramático e poético. Adormeceu porque havia uma bruxa má que lhe deu uma poção... E um rei soube disso, mas não a beijou, antes deu-lhe um antídoto. Porém não viveram felizes para sempre! isso é outra estória...aqui, nesta, o rei tinha problemas com o fisco e teve de fugir. Adiante.Acordando assim a princesa sozinha numa floresta linda linda linda! Cheia de Sequoias, Abetos, Plátanos e outras árvores de grande porte. Encontrou 3 porquinhos que ali viviam em 3 lindas casinhas, uma feita de palha, outra de madeira e ainda outra de betão armado, pois este último era construtor civil. Havia um lobo que costumava rondar as casas, era da autarquia e sabia de irregularidades na construção, contudo permanecia em silêncio pois não lhe convinha dar com a lingua nos dentes, pois além de se aleijar seria mau para a sua vida amorosa, uma vez que estava enamorado pela netinha da presidente da camara. Havia ainda nessa floresta uma menino chamado Pedro, que adorava gritar: " Lobo!" e já ninguém lhe ligava. Costumava parar junto ao adro da igreja a pedir trocos. A Princesa não tinha qualquer sustento, mas era uma moçoila trabalhadora, decidiu trabalhar como servente nas construções do Porquinho. Era mal paga e estava ilegal, mas a vida prega-nos destas partidas. Como colegas tinha os 7 anões, trabalhavam ali pois vinham da situação de despedimento colectivo por causa duma entidade principesca que não é chamada para aqui. Ela e os sete anôes tinham uma relação laboral excelente, mas aquilo não lhe era suficiente, sabia que era capaz de mais...Inscreveu-se na faculdade das aptidões e oficios da fada Madrinha, uma universidade de renome na zona. Presidida pelo marido desta ultima, o Padrinho. Calzone de seu nome. Para entrar teria de fazer uma série de favores ao dito cujo, não desses que estão a pensar, mas parecidos. Entrou na organização e trabalhava como agiota-estudante. tirou o curso em apenas 3 meses e subiu rápidamente tornado-se o braço direito do Patrão. Fazia cobranças e outros trabalhinhos internos. Nunca recorria à violência mas sim ao seu bastão. Os anos passavam e a Princesa continuava sozinha, não se queria relacionar com o Padrinho pois para ela uma relação não era só sexo. Ela subia na vida até ao dia em que o Padrinho morreu, ficando ela herdeira directa da organização. Requesitou os serviços dos 7 anões como sua segurança privada e para favores sexuais e contratou o Lobo como seu gerente. Encontrou Pedro numas das suas deslocações à baixa e logo se apaixonou, a forma como ele gritava lobo, desmanchava-a e causava-lhe um torpor cego e surdo no corpo, não o sabia descrever, mas era com ele que quereria ter filhos. Não directamente dele, pois desagradava-lhe fisicamente, mas sim dos 3 porquinhos,um de cada vez pois claro, dado que já tinha tentado da outra forma e era-lhe fisicamente impossivel. Os anos passam e a organização cresce, passa as fronteiras do reino e de Padrinho, passa a Senhora do Mundo. Os 7 anões estavam reduzidos a 3 e os porquinhos a nenhum, daí ter-lhes mudado o nome. E era bem caricato ver 3 anões serem tratados como bacorinhos. estavam no final da cadeia laboral, e de nada se podiam queixar. Pedro deixou de gritar Lobo, passando a gaguejar bastas vezes, não teve meias medidas e mandou-o abater. No entanto, esperto e ágil, fugiu para o pais da maravilhas e viveu feliz para sempre com o coelhinho! A princesa montou uma emboscada mas apenas apanhava perdizes, dedicou-se à pesca e esperou pacientemente pela Moby Dick. Não a encontrou, adormeceu nos braços de Morfeu e viveu feliz para sempre...( não percam o próximo episódio, porque nós também não!)

Dever cumprido

Tocavam as 7 da manhã e o despertador. Esperava-o para o levantar e ninguém acordar. O trajecto para o barbear e o banho cronometrado, o escovar dos dentes planeado. O pequeno almoço sem tempo e o horario dum comboio perdido. A chegada sem objectivo com o ponto picado tardiamente.Senta-se em frente do computador, olha o monitor escuro e assim se sente.A gravata aperta, a vida também. No seu cubículo as fotos das férias nas maldivas a crédito atrasado e o débito adiantado.O sorriso que ficou capturado na foto. Os colegas com as anedotas maçadoras.o avolumar de papel na secretaria.A aguardada hora para o almoço! A correria!O escritório em silêncio.
A sopa ao balcão a bica dum gole e o bagaço noutro. O retorno. Olhar de volta para o monitor, as teclas fogem-lhe, o teclado rodopia juntamente com a cadeira. Uma tontura. Levanta-se num ápice. Saí do lugar, larga tudo. Desce para a rua e queima o ponto. Apanha um táx, larga a rotina. "Para onde?" Longe é a resposta. não paga e corre, entra no banco e levanta o restante. rasga a roupa e veste uns calçoes de banho. Entra na água e nada. Nada em frente, nada em redor, nada que fazer, nada a cumprir. E segue a corrente, deixa-se ir! Largou. Sumiu. O despertador não tocou...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

O Novo Mundo

Acordava da hibernação artificial passadas décadas talvez. Zonzo, confuso, fraco e desorientado. Ninguém à sua volta. Garganta seca e sabor quimico na boca. Retirou as agulhas que o alimentavam e controlavam intravenosamente, descolou os sensores do peito e das temporas. Saiu da maca, levantou-se a custo, nenhum ruído, nenhum cheiro, ninguém. saiu da sala branca. O corredor estendia-se por quase meio quilometro. Custava-lhe a caminhar, encontrou uma cadeira de rodas e sentou-se. Funcionava! Alavanca para frente e avançava, para trás parava e recuava, e para os lados andava aos circulos, achou divertido. Um objectivo imediato: encontrar água. Dirigiu-se para o wc. as torneiras sem o liquido precioso. Olhou em volta, ao fundo uma balde preto com um liquido, cheirou-o observou-lhe a cor e textura. Seria água? arriscou. pegou nele provou, acto continuo e emborcou sofregamente tudo até à ultima gota. Nada lhe soube, apenas aquele sabor acre continuava no goto. Saciado procurou a saída...Ups...Pela janela olhou para baixo..estava alto...Elevadores? não funcionavam. Humm... escadas...Larga a cadeira e a custo desce agarrado ao corrimão. Chega ao átrio, o silêncio continua, o vazio permanece. Sai para a rua. Tudo lhe era desconhecido, onde estaria? Senta-se ao fundo da escadaria olhando os prédios e as ruas desertas. Ouve sirenes, aproxima-se um pequeno veiculo aereo parecido com uma torradeira com asas.Paraliza-o instantaneamente. Pergunta-lhe quem é, que faz ali, donde veio e porque está fora da zona humana. Bloqueia não sabe que dizer. Chega mais um veículo a uma velocidade alucinante que paira sobre ele. Sente-se puxado como que por um gigantesco iman para o seu interior. Uma pancada seca sem ninguém lhe tocar. Adormece. Um choque electrico e acorda numa sala espelhada. vê-se repetidamente. Pergunta onde está. Está ilegal ali, não tem identificação, não está registado, está numa zona proibida. Interrogam-no, mas sem vozes, recebe informação e questões directamente na cabeça.
"Há apenas dois homens e 30 mulheres por zona humana espalhados por 50 centros no mundo. Os homens têm a função de dar a semente, as mulheres de a fertilizar. Os produtos resultantes são encubados até aos 2 anos. E até aos 15 são alimentados e tratados num centro de regeneração da espécie. Depois disso tornam-se reprodutores até à sua extinção. 2 deles são seleccionados e enviados para as estrelas com o intuito de colonizar a galaxia. Quando uma zona humana atinge mais dos 100 individuos são exterminados. São substituidos pelos recém nascidos que ali habitam até se tornarem suficientemente autonomos para serem colocados numa zona humana de colonização sideral. Os inaptos são retirados para experiencias de resistencia e durabilidade humana. São postos em areas de teste de mortalidade. Exercicios com fogo, adaptação a condições de calor e frio extremo, camaras de vácuo, condições de gravidade zero e aceleração e desacelaração critica. Os que resistem, transportam-se para laboratórios e analisam-se os resultados. Esses dados são remetidos para as areas de regeneraçao da especie. E o processo é repetido e ciclico. Todos os humanos são substituidos passada uma geração. Exterminados num prazo de 5 anos até terminarem a sua função. Nenhum ser pode passar dos 25. Altura em que são considerados inuteis ao ecossistema."
Ele pergunta: " e eu que faço aqui?"
" Um erro, um esquecimento, um calculo indeterminado, uma incognita"
Questiona: " e que pretendem de mim?"
" Absolutamente nada, ser inviável, o mundo não precisa de mais ninguém. O mundo está diferente..."

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Perspectivas

Não era capaz de estar sem voar. Era um objectivo, um divertimento e uma obrigação. daqui para ali, e dali para acolá. Pairava olhando o céu, acelerava. Parava e poisava olhando o chão à distância. A gravidade não fazia parte da física, ignorava-a. Por isso continuava sempre a dar à asa! Um dia passou por um seu semelhante que sorria e dengoso numa planta esperava.
- Que esperas? perguntou.
- Uma variação no meu campo de visão.
- Mas se não te moves como a vês.
- Não sei mas tenho esperança.
- E achas que é aqui que a encontras?
- O quê? a esperança?
- Talvez, se é isso que procuras.
- Não, não foi isso que respondi, nem é isso que procuro.
- Mas porque estás aqui então?
- Porque de todos os lados se vê o mesmo.
- E não é maçador?
- Quem sabe...mas e tu? não te maças a voar?
- Pelo menos vejo sitios diferentes!
- E não acabam por parecer todos iguais?
- Alguns sim, outros não.
- E porque não ficas por lá?
- Onde? nos que são diferentes?
- Sim...
- porque gosto de voar para outro sítios!
- mas quais? Os que são iguais?
- Não ! Não ! os que são iguais ou diferentes não interessa!
- então porque te interessa que eu esteja aqui no mesmo sítio
- Porque é diferente do que eu faço.
- Mas ambos não olhamos as diferenças?
- Bom, em certa parte sim...
- Então fazemos assim, tu voas e eu fico aqui.
Um voou, outro não. A vida não mudou mas nada igual ficou.

Moral da história: Todos são iguais. ( Dentro da diferença)

Apêndices....

o Quim e o Manel tinham uma carrinha com um bar montado e corriam o País para ganhar dinheiro e conhecer pessoas,cruzavam-no de lés-a-lés com o intuito não de vender mas de se embriagar com o produto da venda. O Quim encarregava-se da produção enquanto Manel se dedicava à venda. Duas distintas personagens o Quim mais reservado, percebia-se que ja tinha feito das suas, contudo e apesar de experiente era receoso com medo de não alcançar os objectivos produtivos. Manel era diferente, mais exuberante, excelente vendedor , contudo reconhecia que por vezes perdesse clientes. No fundo eram duas pessoas iguais, embora tivessem um modo de ser muito parecido, o modo de estar era divergente por vezes.
O negócio parecia de vento em popa. Havia mais procura que oferta e não havia mãos a medir. Manel por vezes tinha dias que conversava mais com os clientes do que escoava os produtos, pondo Quim numa posição incómoda, desconhecendo qual o ratio da produção que havia de implementar. Outra vezes, Manel, vendia tudo a uma velocidade alucinante, ficando Quim a braços com escassez produtiva. Pareciam por vezes dois perfeitos desconhecidos e muitas vezes, no fecho das contas ao final do dia, as discussões prolongavam-se noite dentro. Quim gostava da produção, empenhava-se nisso, dava-lhe gozo o facto de estar sozinho e de ter tempo para si. Manel preferia as longas noites cálidas de conversa, junto à multidão, as recordações da vida boémia, exerecitava-lhe a mente inventar novas estórias, conseguindo a atenção dos clientes, apenas para vender mais.
Por vezes o espaço entre o local de venda e a produção tornavam-se longinquos. Provocando longos periodos de afastamento entre os dois. Era notório quando o produto produzido não correspondia à necessidade da venda. Trabalhavam como duas entidades diferentes. Uma não tendo noção do que a outra necessitava ou pretendia. Era nessas alturas que retiravam a carrinha do seu lugar e iam apenas vender gelados junto à praia. única altura de concordia pois eram os dois a produzir e a vender.
Quim começava a ficar cansado de produzir sempre a mesma coisa. E Manel parecia aborrecido na venda. Decidiram trocar de função. Nos primeiros dias tudo correra bem, mas passado algumas semanas pareceu-lhes que algo estava errado. Como se não pertencessem ali. Decidiram tirar umas férias. Cada um paar seu lado. Passados dias surgia-lhes a sensação de vazio novamente, se por um lado a produção e venda, os aborrecia, a separação era insuportável pelos longos anos habituados aquela rotina. Porém, os dois na carrinha pareciam não funcionar a 100%. Quim precisava dos seus periodos de reclusão e Manel das suas conversas intermináveis e imaginativas com o desconhecido. Teriam de conceber uma solução. Verificaram então que com o lucro acumulado até agora poderiam perfeitamente comprar outra carrinha. E aí cada um teria a dupla função não havendo especialização e até fariam entre eles uma concorrência saudável, e até havendo entreajuda nos periodos de maior aperto.
Parecendo que não, os lucros aumentaram. Tinha dado frutos esta nova divisão de tarefas. No final do dia os relatórios de contas eram terminados no meio de sorrisos e brindes a uma nova visão comercial! Em breve tinham uma 3ª e uma 4ª carrinha, e os clientes fidelizados. E a partir daqui o objectivo era uma cadeia, era o Mundo!

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Maddie vs Tsunami

O povo é influenciável pelos média, de memoria curta e mesquinho.
As gentes tristes pelo desaparecimento de uma rapariga no "Allgarve" em maio. è grave? naturalmente que sim, mas tudo é relativo.
O povo viu a tragédia que se abateu no Indico, um Tsunami depois do dia de natal em 2004. Mais de 250000 pessoas mortas, e cerca de 3000000 sem casa. Mas foi longe, do outro lado do mundo, imagens fantasticas! Centenas de "pretos" a sofrerem! Um drama digno de hollywood! Mas onde é que foi mesmo? Nao eram loirinhos pois não? Seriam médicos, engenheiros ou arquitectos? hum? não se sabe? e que interessa? Eles são tantos!...
E o Katrina? não eram as pombinhas...mas sim americanos de segunda, na sua grande maioria afro-americanos! Who cares?

Alternativa

A encosta dificil, um passo em falso e uma queda verdadeira. Observava o cimo com fé, com ganas de lá chegar. Fumava o seu último cachimbo antes da partida. Montou o cavalo. sorriu embriagado e gritou para os céus. A trote ia subindo, a respiração da sua montada ofegante e pesada. Quanto mais alto, mais lento se tornava a passada. Ria para si enquanto afagava o cavalo que subia aleatóriamente, desconhecia o trajecto e pouco se importava! Uma calmaria invadia-lhe os poros, assim como o frio cortante da montanha. Quanto faltava? Não importava, havia de chegar. Deixa-se cair para a frente, agarra-se à sela e ao dorso do cavalo. O frio aumentava, e o ar mais leve. O cavalo a tudo resistia, Subiu até não conseguir mais, à sua frente , uma pastagem verde. Por ali parou, devorando a erva fresca, quase no limiar da congelação! Por cima dele, o cavaleiro adormeceu. Sem a roupa adequada em breve sucumbiria e entraria em hipotermia. O cavalo avançou mais uns metros, olhou o horizonte, reconheceu o rancho e o relinchar de seus companheiros, cavalgou rápido até à cerca. Relinchava também em unissono! O tratador saiu da cabana, retirou o homem da montada. Levou-o para dentro. colocando-o gentilmente junto à lareira. retirou-lhe a roupa impregnada de gelo, abafou-o com as suas mantas. Tinha chegado finalmente a casa, seria um eremita agora. Longe da sociedade! Dos conceitos e dos preconceitos, das linguagens, das gentes e dos olhares. Iria substituir o tratador e viver uma hibernação social. Seria feliz, abraçaram-se e brindaram à sua nova existência.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

O sentido da vida

A encosta era ingreme, e a queda a pique. Olhava o topo com desconfiança, mas com uma vontade de ser o primeiro. Bebia a sua ultima caneca de café no planalto observando as condições atmosféricas. desmontou a tenda arrumou a mochila. Antes de arrancar, fez uma pequena prece. Benzeu-se e levantou-se respirando fundo. O passo decidido, a respiração acentuada, o trajecto mais que estudado. Quanto mais alto, mais rápido se tornava o ritmo. Já não podia mais de tanto contentamento, de tanat excitação! Os nervos à flor da pele, já faltava pouco! deixa a mochila para trás, tem de escalar agora, os metros passam rápido, o tempo também. O frio apoderava-se das articulações, a respiração afectada pelo oxigenio escasso: A tudo resistia, iria conseguir, ultrapassar os seus medos e as suas metas. Subiu até não conseguir mais, queria descansar mas não podia, subiu mais uma rocha, olhou em volta e encontrava-se cá em cima! Tinha alcançado! Era o primeiro, o único, todos os objectivos, todos os fins alcançados! Uma vida plena apesar de jovem, uma alegria tremenda. Saltava de contente e gritava ao mundo! Escorregou...e caiu cá baixo.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Aviões - Dissertações

Um rio com 12 aviões a passar 2 pontes a ver nos 10 Ecrans as 600 mil pessoas. Um sol escaldante com um bebé red bull.Um ciclista caido e uma mercearia aberta com uma sirene a pairar abaixo dos caças no ar. Em cima do lixo a abarrotar, e perto a cerveja a jorrar, ao lado uma francesinha a acabar,e de frente uma italiana a sair com uma sandes de manteiga esgotada. Os miudos a trepar um sino a tocar e um telhado a aguentar. Outros uma rede a vergar e mais gente a passar a ver outros delirar. Uns gritos numa excitação, nas estruturas a vibrar. A olhar o ar, as bocas abertas e com os olhos semi-cerrados, numas mentes abertas, outras encerradas... Um périplo pela ribeira, um calor abrasador, uma procura por comida e uma busca por sombra. No meio de tanta gente, o meu amor.

Desejo

Que a tua vida corra sobre carris, sem atrito, suave e sempre na expectativa do destino não ser um fim, mas um meio.
Que as coincidências ciclicas não passem disso, também o sol aparece todos os dias, e é sempre diferente.
Que a força imensa que emerge de ti não se dilua em água corrente, mas que seja aproveitada para criar energia.
Que o amor não se extinga e que o possas sentir sempre
Que o carinho não esmoreça e que saiba retribuir
Que a Energia infinita que te compõe te faça brilhar como o centro de uma galáxia
Que o teu ânimo continue
Que a esperança não se atenue
Que a fé não te abandone
Continua a ouvir as gaivotas
Sorri com o cantar do Galo
Bebe o café com um pão fofo
Ouve musica com os aliados
Deixa as más vibrações descerem ao cais
Molha os pés na água fria do aterro
Deita-te para sentires o calor
Imagina as nuvens carregadas da Petrogal
E ri, de mim e comigo...
Mais não digo, só sinto contigo.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Mistério no Bairro Cinza

O inspector Cof andava preocupado com a série de roubos na zona. Nunca antes no bairro se ouvira tal coisa. O povo andava assustado, baralhado e confuso com a habilidade do "artista". Quase entravam em extâse perante tal engenho e audácia na prática de tais actos pérfidos. Trancados em casa, aguardavam alguma resposta, ou estímulo exterior. A comunicação tornava-se complicada, os diálogos impossíveis, a troca de informação inexacta, os movimentos descoordenados e até os pensamentos inúteis. Cof deambulava pelas ruas sem a minina ideia de como agir, por vezes deitava-se no chão em estado vegetativo, catatônico, observando os seus concidadãos olharem o infinito, de olhar vazio, de caras apóstatas e rostos lividos. Chegavam por vezes a babar-se. Incapazes de se questionarem acerca da situação, ou mesmo terem consciência do seu eu.
Apesar de terem cérebro, o sistema nervoso central e as ideias tinham sido roubadas, assim como todas as emoções humanas...Este mundo era uma selva. Restava-lhes esperar e fazer a fotossíntese.

Mudança

Era um último planeta num qualquer sistema solar. A estrela expandia-se tornava-se numa gigante vermelha, esgotava as ultimas reservas de hidrogénio. A fusão nuclear terminava aos poucos e a força gravitica que a mantia, dissolvia-se e fazia-a crescer inexoravelmente. O planeta orbitava em helicoidal para a Estrela. As noites já não existiam. Uma queda livre em velocidade centripeta, o céu cada vez mais brilhante. A estrela abarcando quase a totalidade da aboboda celeste. Não havia já salvação possível. O destino traçado. Olhava para cima sem esperança, via toda a sua vida resumir-se a um pequeno ponto no universo. Todas as certezas se esfumavam, as duvidas esbatiam-se, os conceitos deformavam-se, o simplesmente "ser" ou "estar" tornava-se bizarro. Tinha planos para mudar de casa, sair da urbe e assentar na montanha. "Planos"...que palavra estranha neste momento tão particular. Nada a reconsiderar, nenhuma mudança possível, sentava-se observando o relógio. O segundos paravam? O tempo desaparecia? e o espaço? Que seria do espaço em redor. O seu espaço material conquistado com suor, a sua posição social arrancada a ferros...Um passado inexistente, um presente estagnado. Um futuro...perdido. Olhava pela janela, todos olhavam o fim. Fugiam! Mas para onde? A qualquer instante a atmosfera decompunha-se, a respiração tornar-se-ia impossivel. A radiação já incinerava as luas mais próximas. Desintegravam-se em mil pedaços. os próprios fragmentos evaporavam-se. Assim como os oceanos. Em breve tudo seria luz. Tudo seria pó de estrelas. Vácuo. a qualquer instante juntar-se-iam ao silêncio. Pulverizado, seria o próprio Universo! Finalmente...

Reflexões avulsas

Somos surdos para as nossas próprias emoções ou sensações. Fascinamo-nos com pouco, e surpreendemo-nos com muito, dislumbramo-nos com quase nada.... Uma espécie de jogo de dados cósmico. Dependendo dos estimulos exteriores, do passado recente, do modo como nos encaramos, do grau de auto-estima e do tamanho do ego.
Por alguém que estimo ouvi algo que já sabia. Algo que me chocou, que me bateu fundo, que ainda me ecoa, que me perturba q.b. Não porque fosse insultuoso ou falacioso, mas antes porque talvez precisasse da confirmação. Ou melhor, uma apresentação do mesmo retrato mas com uma perspectiva diferente.
Sinto uma facilidade enorme em me deixar ir por situações, momentos ou instantes. Seguir um caminho qualquer, ir com a maré.
O que me torna-me único, invulgar ou ímpar como indíviduo é a impulsividade, a intransigência e a intolerância. No que concerne ao que me é estranho ou exterior. Não que essa diferença faça de mim especial, faz-me diferente, passo a redundância.
Há alturas que surgem na vida, em que a nossa rota precisa de mudar, ou há algo externo que lhe altera o curso. Torna-se necessário tomar decisões, definir objectivos, escolher um caminho. E um objectivo, não se toma num dia, vai-se modificando à medida que nos tornamos mais fortes, e em que nos vamos imunizando num variadissimo número de factores. O Objectivo, ou objectivos, serão então uma luta diária e sempre diferente, em evolução. O crescimento é isso mesmo, é adaptarmos às situações, é sabermos sobreviver num mundo hostil, mesmo que não estejamos preparados para ele.
É fácil deixar-me ir pela urgência em fazer, ou em ser. E essa urgência torna-se um escudo contra a necessidade que temos em observar, em escutar. Essa impaciência torna-se num facilitismo.Com ele surgem as mais variadas formas de escapismos. Alguns piores que outros, uns menos saudáveis e até, quem sabe, uns dão uma dormência tal que fazem da impaciencia uma frustração e ineptidão. Tenho o discernimento para as reconhecer, até para as evitar, e com certeza para as abraçar. São escolhas que fazemos. Às vezes a vida sorri de feição, doutras, não...
Vamos subindo aos poucos nesta enorme escada infinita, mas é melhor um passo de cada vez, pois a queda seria alta, e não queremos de todo, dar um passo maior que a perna. A vida é de extremos, e muitas vezes, esses tocam-se, tais como; A dor, a mágoa, o receio, o medo, a força, a coragem, o prazer e por aí fora.
"O que não te mata torna-te mais forte." Ouvi da minha Mãe, dos Amigos, da Namorada, aquando alturas de adversidades em que contudo me levanto de pele beliscada, mas de corpo intacto. Devo concluir que dever-me-ia sentir mais feliz com o que a vida me dá e que perceba que vale a pena vivê-la de forma intensa. Ultimamente(desde o princípio do ano), não tenho tido tempo para falar, ouvir, brincar e rir com quem me ama, que no seu todo, são a Família. Sim, porque não são só os pais são todos oa que me cercam. E é importante aprender a ouvi-los, alguma coisa será útil, e a intenção, certamente, boa. Por mais agrestes que sejam as suas palavras, serão sempre o meu porto de abrigo. E é assustador saber que um dia, provavelmente, não estarão cá para me ajudar. Daí que não os deva ignorar. São úteis e imprescindiveis no sentido em que fazem com que caiba tudo na minha vida, o trabalho, os tempos livres, as relações.
No trabalho, seja ela qual for, devo ser empenhado e fazê-lo com prazer, o que se faz sem alegria entristece-me a mim e aos outros. Os tempos livres são para disfrutar os momentos de lazer que a vida nos oferece, e cada um tem o seu método ou forma de os aproveitar. Os amigos, as relações sociais ou não, são importantes, mas não o mais importante, pois devem acrescentar, são um complemento, se assim não fôr então algo está errado.
A Vida é pois um marasmo de incongruências. Um sortido de inconsistência. Um amontoado de frases soltas num caderno de escola. Um chorilho de ideias e ideais despejados cá para fora pela boca de um qualquer doutrinador. Como saber vivê-la então? Talvez como um ser humano, com os seus principios eticos e morais. Com os seus valores. As suas crenças. As suas experiências e vivências também. Quais destes critérios dar prioridade? Quais as técnicas para um melhor aproveitamento? Como saber escolher dentro da panóplia de informação que nos inundam? Que fazer com o aconselhamento e criticas a que nos sujeitam? Não sei. Nem ninguém presumo. Apesar da filosofia e a sociologia estarem na ordem do dia, com diferentes ramos e áreas de estudo não solucionam. Ao invés equacionam. E eu? Vivo no meio da multidão. Sectarizado e ostracizado em mim mesmo. Culpabilizando o sistema. Ou então culpando-me por pensar em mim. Pondo em causa o meu egocentrismo ou falta dele.
E pondo tudo isso em consideração, volto à estaca zero... Pois apesar de ter opinião não sou, nem é ninguém, detentor da razão.

Apêndice:
"-o Quim e o Manel tinham uma carrinha com um bar montado e corriam o País para ganhar dinheiro e conhecer pessoas...
-..cruzavam-no de lés a lés com o intuito não de vender mas de se embriagar com o produto da venda...
-qual o produto da venda?..."

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Saída

Era dia de partir. A mochila pronta, a tenda dobrada e arrumada, todos os bens necessários conferidos.
Abre a porta e sai para a rua. Acende um cigarro, olha para o céu azul. Caminha até à estação suburbana. O comboio chega à tabela. Senta-se num banco de quatro. A viagem começa. Tudo fica para trás. Sai na ultima estação. Fica na plataforma a olhar as pessoas que entram e saiem com horários a cumprir. Senta-se e observa. Puxa mais um cigarro e dirige-se para uma esplanada junto ao rio. O sol está convidativo para um imperial. Espreguiça-se. Para onde irá? Onde vai cear hoje? Onde irá dormir? Algures. Longe. Os dias estão grandes, próprios para vaguear. Sem pressões mentais. Sem ninguém que chame ou convide. Sem nada pra fazer. Poucas emoções. Apenas as que se quiser sentir. O acaso como companhia. A circunstancia como parceira. Acordar noutro sitio. Não saber que fazer. Não ter que estar. Não ter de sentir. Sem nada a demonstrar. Nada a provar. Andar. Ver. Olhar. Ser ninguém. Atravessar o vazio dos rostos desconhecidos. Sorrir. Passar através das ruas indiferentes. Cheiros irreconheciveis. Sons surpreendentes. Curiosidades em forma de tons. Formas novas. Caracteristicas unicas a cruzar o olhar. Ser o centro. Afastado de tudo. Periférico. Longe. Que bom...

Torre de Babel 04/07/07


XCVI - Torre de Babel


O desentendimento na comunicação surge porquê?
Será próprio do ser humano? Um desejo inato de racionalizar emoções de outrém? A individualidade é permitida? A liberdade perdida?
É um efeito provocado em cada um ? Por haver apenas dois monólogos em uníssono?
Os odios alimentam-se à base da desconfiança?
Por suposições em que o Eu predomina sobre o exógeno?
Viveremos de facto numa torre de babel fabricada e idealizada internamente em que a emoção se sobrepõem à razão?
Será possível vestir as sensações do outro de forma a compreender outro ponto de vista?
Seremos nós capazes de entender posições divergentes?
Estará alguém errado? Ou estaremos todos certos?...

Certo 20/03/07

Tuesday, March 20, 2007

LIV - Certo


Estou certo que sabem ser felizes. Mas sabem estar felizes? Ou não passa de uma ilusão deste nosso século mediático. Da propaganda. Do bombardeamento intensivo e compulsivo da sociedade?

Onde:
"Tu tens de!"
" Faz desta maneira!"
"Não vás por aí!"
"Acredita em mim!"
" Tu pensas que és quem?!"
"Oh! Deixa-te disso"

Não é apenas uma homogeneização do comportamento?
Não será um método de branquear o livre arbítrio?
Queremos nós viver com pessoas que não entendemos porque estão e são de um modo diferente que o nosso? Em que esse "modus vivendi et operandi" é-nos desconhecido logo um coisa a eliminar porque sai fora da nossa esfera de aprendizagem secular? Queremos ser nós um subproduto de alguém ou de uma escola ou ideal preconcebidos? não podemos ser nós o produto duma génese de autocriação ou imaginação? Somos nós preprogamados? Reagir a estimulo a com acção b. Produzir sensação x a emoção y. Afinal somos humanos. Desde o Paleolitico inferior com a capacidade de raciocinar e de seguir o trilho desejado. Desde a Grécia helenística ou antes com a capacidade de passar a escrito os sentimentos mais filosóficos. O saber pelo saber. O pensar pelo pensar. E desde a revolução francesa com liberdade de expressar. Logo livres e capazes de sonhar.
Então que é a felicidade para mim? Que é o amor? A Paixão? O desejo? A Vida? A Morte? A vivência? A existência? Não sei....vou sabendo. Vou especulando sobre isso. Inventando aqui, indo para ali, divagando acolá, errando por aí...Mais não sei.

Daí que se aceitam apostas! (Eu ponho uma tripla). E fazem-se votações!( eu voto nulo). Até podemos fazer estatísticas(eu estou com os 100%). Ou mesmo categorias...( eu não tenho nenhuma). Mas será que alguém se insere de todo em alguma?
Ou quem quer se inserir?Por moda? Porque dá jeito? porque tem de ser?

Porquê?

Caronte 23/03/07

Friday, March 23, 2007

LVIII - Caronte

Tanátos à minha direita, Morpheu e Hipno no banco de trás. Todos em amena cavaqueira. Conversam sem sentido,de tragédias gregas e bons restaurantes em Paço d´Arcos. Exaltam-se, adormecem, sonham e discutem os novos tempos e as sms´s. O Mar à esquerda, o Sol em cima, os carros rasam o traço contínuo e passam por mim. A sua massa em aceleração aumenta a sua força. A minha companhia aumenta a sonolência. Cerram-se os olhos, a curva aperta, o motor suspira, a cabeça cai, a rota em movimento rectilineo uniforme. O Newton à boleia. A Ceifeira toca-me na alma. Pega no meu ser. Abraça-me com um sorriso. Embala-me. Newton recorda-me as leis. Acorda-me mesmo antes dos sinos. Saiem todos. Menos Ela. Tem um custo pecuniário apenas, 150 Euros. De acordo. Vamos a isso...

Mundo

Uma sociedade perfeita será uma sociedade sem classes? Talvez...E se além disso for sem religião, ideologias, raças, cores, clubismos, credos, etiquetas, estilos, modas, categorias, patentes, hierarquias, fronteiras, câmbios, linguas, paises, regiões, conversões, medidas, preços, taxas, moedas, traduções, consulados, embaixadas, enclaves, soberanias,estados e nacionalidades? Hum?!
Será que sem diferenças algumas isto resultava? Talvez...
está visto que com elas não resulta. Quem sabe num outro Planeta...Basta encontrá-lo não é? Está longe...muito longe...Anos-luz... Eons... E este aqui? bahh...Pode-se dizer que tentámos!...

"Love, peace, and harmony,
very nice, very nice, very nice,
maybe in the next World"

The Smiths