O inspector Cof andava preocupado com a série de roubos na zona. Nunca antes no bairro se ouvira tal coisa. O povo andava assustado, baralhado e confuso com a habilidade do "artista". Quase entravam em extâse perante tal engenho e audácia na prática de tais actos pérfidos. Trancados em casa, aguardavam alguma resposta, ou estímulo exterior. A comunicação tornava-se complicada, os diálogos impossíveis, a troca de informação inexacta, os movimentos descoordenados e até os pensamentos inúteis. Cof deambulava pelas ruas sem a minina ideia de como agir, por vezes deitava-se no chão em estado vegetativo, catatônico, observando os seus concidadãos olharem o infinito, de olhar vazio, de caras apóstatas e rostos lividos. Chegavam por vezes a babar-se. Incapazes de se questionarem acerca da situação, ou mesmo terem consciência do seu eu.
Apesar de terem cérebro, o sistema nervoso central e as ideias tinham sido roubadas, assim como todas as emoções humanas...Este mundo era uma selva. Restava-lhes esperar e fazer a fotossíntese.
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
Mudança
Era um último planeta num qualquer sistema solar. A estrela expandia-se tornava-se numa gigante vermelha, esgotava as ultimas reservas de hidrogénio. A fusão nuclear terminava aos poucos e a força gravitica que a mantia, dissolvia-se e fazia-a crescer inexoravelmente. O planeta orbitava em helicoidal para a Estrela. As noites já não existiam. Uma queda livre em velocidade centripeta, o céu cada vez mais brilhante. A estrela abarcando quase a totalidade da aboboda celeste. Não havia já salvação possível. O destino traçado. Olhava para cima sem esperança, via toda a sua vida resumir-se a um pequeno ponto no universo. Todas as certezas se esfumavam, as duvidas esbatiam-se, os conceitos deformavam-se, o simplesmente "ser" ou "estar" tornava-se bizarro. Tinha planos para mudar de casa, sair da urbe e assentar na montanha. "Planos"...que palavra estranha neste momento tão particular. Nada a reconsiderar, nenhuma mudança possível, sentava-se observando o relógio. O segundos paravam? O tempo desaparecia? e o espaço? Que seria do espaço em redor. O seu espaço material conquistado com suor, a sua posição social arrancada a ferros...Um passado inexistente, um presente estagnado. Um futuro...perdido. Olhava pela janela, todos olhavam o fim. Fugiam! Mas para onde? A qualquer instante a atmosfera decompunha-se, a respiração tornar-se-ia impossivel. A radiação já incinerava as luas mais próximas. Desintegravam-se em mil pedaços. os próprios fragmentos evaporavam-se. Assim como os oceanos. Em breve tudo seria luz. Tudo seria pó de estrelas. Vácuo. a qualquer instante juntar-se-iam ao silêncio. Pulverizado, seria o próprio Universo! Finalmente...
Reflexões avulsas
Somos surdos para as nossas próprias emoções ou sensações. Fascinamo-nos com pouco, e surpreendemo-nos com muito, dislumbramo-nos com quase nada.... Uma espécie de jogo de dados cósmico. Dependendo dos estimulos exteriores, do passado recente, do modo como nos encaramos, do grau de auto-estima e do tamanho do ego.
Por alguém que estimo ouvi algo que já sabia. Algo que me chocou, que me bateu fundo, que ainda me ecoa, que me perturba q.b. Não porque fosse insultuoso ou falacioso, mas antes porque talvez precisasse da confirmação. Ou melhor, uma apresentação do mesmo retrato mas com uma perspectiva diferente.
Sinto uma facilidade enorme em me deixar ir por situações, momentos ou instantes. Seguir um caminho qualquer, ir com a maré.
O que me torna-me único, invulgar ou ímpar como indíviduo é a impulsividade, a intransigência e a intolerância. No que concerne ao que me é estranho ou exterior. Não que essa diferença faça de mim especial, faz-me diferente, passo a redundância.
Há alturas que surgem na vida, em que a nossa rota precisa de mudar, ou há algo externo que lhe altera o curso. Torna-se necessário tomar decisões, definir objectivos, escolher um caminho. E um objectivo, não se toma num dia, vai-se modificando à medida que nos tornamos mais fortes, e em que nos vamos imunizando num variadissimo número de factores. O Objectivo, ou objectivos, serão então uma luta diária e sempre diferente, em evolução. O crescimento é isso mesmo, é adaptarmos às situações, é sabermos sobreviver num mundo hostil, mesmo que não estejamos preparados para ele.
É fácil deixar-me ir pela urgência em fazer, ou em ser. E essa urgência torna-se um escudo contra a necessidade que temos em observar, em escutar. Essa impaciência torna-se num facilitismo.Com ele surgem as mais variadas formas de escapismos. Alguns piores que outros, uns menos saudáveis e até, quem sabe, uns dão uma dormência tal que fazem da impaciencia uma frustração e ineptidão. Tenho o discernimento para as reconhecer, até para as evitar, e com certeza para as abraçar. São escolhas que fazemos. Às vezes a vida sorri de feição, doutras, não...
Vamos subindo aos poucos nesta enorme escada infinita, mas é melhor um passo de cada vez, pois a queda seria alta, e não queremos de todo, dar um passo maior que a perna. A vida é de extremos, e muitas vezes, esses tocam-se, tais como; A dor, a mágoa, o receio, o medo, a força, a coragem, o prazer e por aí fora.
"O que não te mata torna-te mais forte." Ouvi da minha Mãe, dos Amigos, da Namorada, aquando alturas de adversidades em que contudo me levanto de pele beliscada, mas de corpo intacto. Devo concluir que dever-me-ia sentir mais feliz com o que a vida me dá e que perceba que vale a pena vivê-la de forma intensa. Ultimamente(desde o princípio do ano), não tenho tido tempo para falar, ouvir, brincar e rir com quem me ama, que no seu todo, são a Família. Sim, porque não são só os pais são todos oa que me cercam. E é importante aprender a ouvi-los, alguma coisa será útil, e a intenção, certamente, boa. Por mais agrestes que sejam as suas palavras, serão sempre o meu porto de abrigo. E é assustador saber que um dia, provavelmente, não estarão cá para me ajudar. Daí que não os deva ignorar. São úteis e imprescindiveis no sentido em que fazem com que caiba tudo na minha vida, o trabalho, os tempos livres, as relações.
No trabalho, seja ela qual for, devo ser empenhado e fazê-lo com prazer, o que se faz sem alegria entristece-me a mim e aos outros. Os tempos livres são para disfrutar os momentos de lazer que a vida nos oferece, e cada um tem o seu método ou forma de os aproveitar. Os amigos, as relações sociais ou não, são importantes, mas não o mais importante, pois devem acrescentar, são um complemento, se assim não fôr então algo está errado.
A Vida é pois um marasmo de incongruências. Um sortido de inconsistência. Um amontoado de frases soltas num caderno de escola. Um chorilho de ideias e ideais despejados cá para fora pela boca de um qualquer doutrinador. Como saber vivê-la então? Talvez como um ser humano, com os seus principios eticos e morais. Com os seus valores. As suas crenças. As suas experiências e vivências também. Quais destes critérios dar prioridade? Quais as técnicas para um melhor aproveitamento? Como saber escolher dentro da panóplia de informação que nos inundam? Que fazer com o aconselhamento e criticas a que nos sujeitam? Não sei. Nem ninguém presumo. Apesar da filosofia e a sociologia estarem na ordem do dia, com diferentes ramos e áreas de estudo não solucionam. Ao invés equacionam. E eu? Vivo no meio da multidão. Sectarizado e ostracizado em mim mesmo. Culpabilizando o sistema. Ou então culpando-me por pensar em mim. Pondo em causa o meu egocentrismo ou falta dele.
E pondo tudo isso em consideração, volto à estaca zero... Pois apesar de ter opinião não sou, nem é ninguém, detentor da razão.
Apêndice:
"-o Quim e o Manel tinham uma carrinha com um bar montado e corriam o País para ganhar dinheiro e conhecer pessoas...
-..cruzavam-no de lés a lés com o intuito não de vender mas de se embriagar com o produto da venda...
-qual o produto da venda?..."
Por alguém que estimo ouvi algo que já sabia. Algo que me chocou, que me bateu fundo, que ainda me ecoa, que me perturba q.b. Não porque fosse insultuoso ou falacioso, mas antes porque talvez precisasse da confirmação. Ou melhor, uma apresentação do mesmo retrato mas com uma perspectiva diferente.
Sinto uma facilidade enorme em me deixar ir por situações, momentos ou instantes. Seguir um caminho qualquer, ir com a maré.
O que me torna-me único, invulgar ou ímpar como indíviduo é a impulsividade, a intransigência e a intolerância. No que concerne ao que me é estranho ou exterior. Não que essa diferença faça de mim especial, faz-me diferente, passo a redundância.
Há alturas que surgem na vida, em que a nossa rota precisa de mudar, ou há algo externo que lhe altera o curso. Torna-se necessário tomar decisões, definir objectivos, escolher um caminho. E um objectivo, não se toma num dia, vai-se modificando à medida que nos tornamos mais fortes, e em que nos vamos imunizando num variadissimo número de factores. O Objectivo, ou objectivos, serão então uma luta diária e sempre diferente, em evolução. O crescimento é isso mesmo, é adaptarmos às situações, é sabermos sobreviver num mundo hostil, mesmo que não estejamos preparados para ele.
É fácil deixar-me ir pela urgência em fazer, ou em ser. E essa urgência torna-se um escudo contra a necessidade que temos em observar, em escutar. Essa impaciência torna-se num facilitismo.Com ele surgem as mais variadas formas de escapismos. Alguns piores que outros, uns menos saudáveis e até, quem sabe, uns dão uma dormência tal que fazem da impaciencia uma frustração e ineptidão. Tenho o discernimento para as reconhecer, até para as evitar, e com certeza para as abraçar. São escolhas que fazemos. Às vezes a vida sorri de feição, doutras, não...
Vamos subindo aos poucos nesta enorme escada infinita, mas é melhor um passo de cada vez, pois a queda seria alta, e não queremos de todo, dar um passo maior que a perna. A vida é de extremos, e muitas vezes, esses tocam-se, tais como; A dor, a mágoa, o receio, o medo, a força, a coragem, o prazer e por aí fora.
"O que não te mata torna-te mais forte." Ouvi da minha Mãe, dos Amigos, da Namorada, aquando alturas de adversidades em que contudo me levanto de pele beliscada, mas de corpo intacto. Devo concluir que dever-me-ia sentir mais feliz com o que a vida me dá e que perceba que vale a pena vivê-la de forma intensa. Ultimamente(desde o princípio do ano), não tenho tido tempo para falar, ouvir, brincar e rir com quem me ama, que no seu todo, são a Família. Sim, porque não são só os pais são todos oa que me cercam. E é importante aprender a ouvi-los, alguma coisa será útil, e a intenção, certamente, boa. Por mais agrestes que sejam as suas palavras, serão sempre o meu porto de abrigo. E é assustador saber que um dia, provavelmente, não estarão cá para me ajudar. Daí que não os deva ignorar. São úteis e imprescindiveis no sentido em que fazem com que caiba tudo na minha vida, o trabalho, os tempos livres, as relações.
No trabalho, seja ela qual for, devo ser empenhado e fazê-lo com prazer, o que se faz sem alegria entristece-me a mim e aos outros. Os tempos livres são para disfrutar os momentos de lazer que a vida nos oferece, e cada um tem o seu método ou forma de os aproveitar. Os amigos, as relações sociais ou não, são importantes, mas não o mais importante, pois devem acrescentar, são um complemento, se assim não fôr então algo está errado.
A Vida é pois um marasmo de incongruências. Um sortido de inconsistência. Um amontoado de frases soltas num caderno de escola. Um chorilho de ideias e ideais despejados cá para fora pela boca de um qualquer doutrinador. Como saber vivê-la então? Talvez como um ser humano, com os seus principios eticos e morais. Com os seus valores. As suas crenças. As suas experiências e vivências também. Quais destes critérios dar prioridade? Quais as técnicas para um melhor aproveitamento? Como saber escolher dentro da panóplia de informação que nos inundam? Que fazer com o aconselhamento e criticas a que nos sujeitam? Não sei. Nem ninguém presumo. Apesar da filosofia e a sociologia estarem na ordem do dia, com diferentes ramos e áreas de estudo não solucionam. Ao invés equacionam. E eu? Vivo no meio da multidão. Sectarizado e ostracizado em mim mesmo. Culpabilizando o sistema. Ou então culpando-me por pensar em mim. Pondo em causa o meu egocentrismo ou falta dele.
E pondo tudo isso em consideração, volto à estaca zero... Pois apesar de ter opinião não sou, nem é ninguém, detentor da razão.
Apêndice:
"-o Quim e o Manel tinham uma carrinha com um bar montado e corriam o País para ganhar dinheiro e conhecer pessoas...
-..cruzavam-no de lés a lés com o intuito não de vender mas de se embriagar com o produto da venda...
-qual o produto da venda?..."
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
Saída
Era dia de partir. A mochila pronta, a tenda dobrada e arrumada, todos os bens necessários conferidos.
Abre a porta e sai para a rua. Acende um cigarro, olha para o céu azul. Caminha até à estação suburbana. O comboio chega à tabela. Senta-se num banco de quatro. A viagem começa. Tudo fica para trás. Sai na ultima estação. Fica na plataforma a olhar as pessoas que entram e saiem com horários a cumprir. Senta-se e observa. Puxa mais um cigarro e dirige-se para uma esplanada junto ao rio. O sol está convidativo para um imperial. Espreguiça-se. Para onde irá? Onde vai cear hoje? Onde irá dormir? Algures. Longe. Os dias estão grandes, próprios para vaguear. Sem pressões mentais. Sem ninguém que chame ou convide. Sem nada pra fazer. Poucas emoções. Apenas as que se quiser sentir. O acaso como companhia. A circunstancia como parceira. Acordar noutro sitio. Não saber que fazer. Não ter que estar. Não ter de sentir. Sem nada a demonstrar. Nada a provar. Andar. Ver. Olhar. Ser ninguém. Atravessar o vazio dos rostos desconhecidos. Sorrir. Passar através das ruas indiferentes. Cheiros irreconheciveis. Sons surpreendentes. Curiosidades em forma de tons. Formas novas. Caracteristicas unicas a cruzar o olhar. Ser o centro. Afastado de tudo. Periférico. Longe. Que bom...
Abre a porta e sai para a rua. Acende um cigarro, olha para o céu azul. Caminha até à estação suburbana. O comboio chega à tabela. Senta-se num banco de quatro. A viagem começa. Tudo fica para trás. Sai na ultima estação. Fica na plataforma a olhar as pessoas que entram e saiem com horários a cumprir. Senta-se e observa. Puxa mais um cigarro e dirige-se para uma esplanada junto ao rio. O sol está convidativo para um imperial. Espreguiça-se. Para onde irá? Onde vai cear hoje? Onde irá dormir? Algures. Longe. Os dias estão grandes, próprios para vaguear. Sem pressões mentais. Sem ninguém que chame ou convide. Sem nada pra fazer. Poucas emoções. Apenas as que se quiser sentir. O acaso como companhia. A circunstancia como parceira. Acordar noutro sitio. Não saber que fazer. Não ter que estar. Não ter de sentir. Sem nada a demonstrar. Nada a provar. Andar. Ver. Olhar. Ser ninguém. Atravessar o vazio dos rostos desconhecidos. Sorrir. Passar através das ruas indiferentes. Cheiros irreconheciveis. Sons surpreendentes. Curiosidades em forma de tons. Formas novas. Caracteristicas unicas a cruzar o olhar. Ser o centro. Afastado de tudo. Periférico. Longe. Que bom...
Torre de Babel 04/07/07
XCVI - Torre de Babel
O desentendimento na comunicação surge porquê?
Será próprio do ser humano? Um desejo inato de racionalizar emoções de outrém? A individualidade é permitida? A liberdade perdida?
É um efeito provocado em cada um ? Por haver apenas dois monólogos em uníssono?
Os odios alimentam-se à base da desconfiança?
Por suposições em que o Eu predomina sobre o exógeno?
Viveremos de facto numa torre de babel fabricada e idealizada internamente em que a emoção se sobrepõem à razão?
Será possível vestir as sensações do outro de forma a compreender outro ponto de vista?
Seremos nós capazes de entender posições divergentes?
Estará alguém errado? Ou estaremos todos certos?...
O desentendimento na comunicação surge porquê?
Será próprio do ser humano? Um desejo inato de racionalizar emoções de outrém? A individualidade é permitida? A liberdade perdida?
É um efeito provocado em cada um ? Por haver apenas dois monólogos em uníssono?
Os odios alimentam-se à base da desconfiança?
Por suposições em que o Eu predomina sobre o exógeno?
Viveremos de facto numa torre de babel fabricada e idealizada internamente em que a emoção se sobrepõem à razão?
Será possível vestir as sensações do outro de forma a compreender outro ponto de vista?
Seremos nós capazes de entender posições divergentes?
Estará alguém errado? Ou estaremos todos certos?...
Certo 20/03/07
Tuesday, March 20, 2007
LIV - Certo
Estou certo que sabem ser felizes. Mas sabem estar felizes? Ou não passa de uma ilusão deste nosso século mediático. Da propaganda. Do bombardeamento intensivo e compulsivo da sociedade?
Onde:
"Tu tens de!"
" Faz desta maneira!"
"Não vás por aí!"
"Acredita em mim!"
" Tu pensas que és quem?!"
"Oh! Deixa-te disso"
Não é apenas uma homogeneização do comportamento?
Não será um método de branquear o livre arbítrio?
Queremos nós viver com pessoas que não entendemos porque estão e são de um modo diferente que o nosso? Em que esse "modus vivendi et operandi" é-nos desconhecido logo um coisa a eliminar porque sai fora da nossa esfera de aprendizagem secular? Queremos ser nós um subproduto de alguém ou de uma escola ou ideal preconcebidos? não podemos ser nós o produto duma génese de autocriação ou imaginação? Somos nós preprogamados? Reagir a estimulo a com acção b. Produzir sensação x a emoção y. Afinal somos humanos. Desde o Paleolitico inferior com a capacidade de raciocinar e de seguir o trilho desejado. Desde a Grécia helenística ou antes com a capacidade de passar a escrito os sentimentos mais filosóficos. O saber pelo saber. O pensar pelo pensar. E desde a revolução francesa com liberdade de expressar. Logo livres e capazes de sonhar.
Então que é a felicidade para mim? Que é o amor? A Paixão? O desejo? A Vida? A Morte? A vivência? A existência? Não sei....vou sabendo. Vou especulando sobre isso. Inventando aqui, indo para ali, divagando acolá, errando por aí...Mais não sei.
Daí que se aceitam apostas! (Eu ponho uma tripla). E fazem-se votações!( eu voto nulo). Até podemos fazer estatísticas(eu estou com os 100%). Ou mesmo categorias...( eu não tenho nenhuma). Mas será que alguém se insere de todo em alguma?
Ou quem quer se inserir?Por moda? Porque dá jeito? porque tem de ser?
Porquê?
LIV - Certo
Estou certo que sabem ser felizes. Mas sabem estar felizes? Ou não passa de uma ilusão deste nosso século mediático. Da propaganda. Do bombardeamento intensivo e compulsivo da sociedade?
Onde:
"Tu tens de!"
" Faz desta maneira!"
"Não vás por aí!"
"Acredita em mim!"
" Tu pensas que és quem?!"
"Oh! Deixa-te disso"
Não é apenas uma homogeneização do comportamento?
Não será um método de branquear o livre arbítrio?
Queremos nós viver com pessoas que não entendemos porque estão e são de um modo diferente que o nosso? Em que esse "modus vivendi et operandi" é-nos desconhecido logo um coisa a eliminar porque sai fora da nossa esfera de aprendizagem secular? Queremos ser nós um subproduto de alguém ou de uma escola ou ideal preconcebidos? não podemos ser nós o produto duma génese de autocriação ou imaginação? Somos nós preprogamados? Reagir a estimulo a com acção b. Produzir sensação x a emoção y. Afinal somos humanos. Desde o Paleolitico inferior com a capacidade de raciocinar e de seguir o trilho desejado. Desde a Grécia helenística ou antes com a capacidade de passar a escrito os sentimentos mais filosóficos. O saber pelo saber. O pensar pelo pensar. E desde a revolução francesa com liberdade de expressar. Logo livres e capazes de sonhar.
Então que é a felicidade para mim? Que é o amor? A Paixão? O desejo? A Vida? A Morte? A vivência? A existência? Não sei....vou sabendo. Vou especulando sobre isso. Inventando aqui, indo para ali, divagando acolá, errando por aí...Mais não sei.
Daí que se aceitam apostas! (Eu ponho uma tripla). E fazem-se votações!( eu voto nulo). Até podemos fazer estatísticas(eu estou com os 100%). Ou mesmo categorias...( eu não tenho nenhuma). Mas será que alguém se insere de todo em alguma?
Ou quem quer se inserir?Por moda? Porque dá jeito? porque tem de ser?
Porquê?
Caronte 23/03/07
Friday, March 23, 2007
LVIII - Caronte
Tanátos à minha direita, Morpheu e Hipno no banco de trás. Todos em amena cavaqueira. Conversam sem sentido,de tragédias gregas e bons restaurantes em Paço d´Arcos. Exaltam-se, adormecem, sonham e discutem os novos tempos e as sms´s. O Mar à esquerda, o Sol em cima, os carros rasam o traço contínuo e passam por mim. A sua massa em aceleração aumenta a sua força. A minha companhia aumenta a sonolência. Cerram-se os olhos, a curva aperta, o motor suspira, a cabeça cai, a rota em movimento rectilineo uniforme. O Newton à boleia. A Ceifeira toca-me na alma. Pega no meu ser. Abraça-me com um sorriso. Embala-me. Newton recorda-me as leis. Acorda-me mesmo antes dos sinos. Saiem todos. Menos Ela. Tem um custo pecuniário apenas, 150 Euros. De acordo. Vamos a isso...
LVIII - Caronte
Tanátos à minha direita, Morpheu e Hipno no banco de trás. Todos em amena cavaqueira. Conversam sem sentido,de tragédias gregas e bons restaurantes em Paço d´Arcos. Exaltam-se, adormecem, sonham e discutem os novos tempos e as sms´s. O Mar à esquerda, o Sol em cima, os carros rasam o traço contínuo e passam por mim. A sua massa em aceleração aumenta a sua força. A minha companhia aumenta a sonolência. Cerram-se os olhos, a curva aperta, o motor suspira, a cabeça cai, a rota em movimento rectilineo uniforme. O Newton à boleia. A Ceifeira toca-me na alma. Pega no meu ser. Abraça-me com um sorriso. Embala-me. Newton recorda-me as leis. Acorda-me mesmo antes dos sinos. Saiem todos. Menos Ela. Tem um custo pecuniário apenas, 150 Euros. De acordo. Vamos a isso...
Mundo
Uma sociedade perfeita será uma sociedade sem classes? Talvez...E se além disso for sem religião, ideologias, raças, cores, clubismos, credos, etiquetas, estilos, modas, categorias, patentes, hierarquias, fronteiras, câmbios, linguas, paises, regiões, conversões, medidas, preços, taxas, moedas, traduções, consulados, embaixadas, enclaves, soberanias,estados e nacionalidades? Hum?!
Será que sem diferenças algumas isto resultava? Talvez...
está visto que com elas não resulta. Quem sabe num outro Planeta...Basta encontrá-lo não é? Está longe...muito longe...Anos-luz... Eons... E este aqui? bahh...Pode-se dizer que tentámos!...
"Love, peace, and harmony,
very nice, very nice, very nice,
maybe in the next World"
The Smiths
Será que sem diferenças algumas isto resultava? Talvez...
está visto que com elas não resulta. Quem sabe num outro Planeta...Basta encontrá-lo não é? Está longe...muito longe...Anos-luz... Eons... E este aqui? bahh...Pode-se dizer que tentámos!...
"Love, peace, and harmony,
very nice, very nice, very nice,
maybe in the next World"
The Smiths
quarta-feira, 22 de agosto de 2007
Pomba
A pomba saltou do Rossio para o Restelo. Roçou os céus. Quebrou as nuvens, seguiu as outras e separou-se. Ultrapassou o azul, rompeu os telhados. A Pomba galgou os muros, correu pela auto-estrada, passou o Rio. A favor da maré e mesmo contra o vento. A pomba era alada, voava e voava, não parava! A pomba tinha asas, e planava e planava! Poisava e pausava. A pomba circulava na Praça da Figueira, empoleirava-se na cabeça do D. João e num pulo esgueirava-se para o ombro do D.Pedro. Olhava a cidade, comtemplava os seus feitos, de peito inchado. Um dia a pomba morreu. Noutro, toda a gente se esqueçeu.
terça-feira, 21 de agosto de 2007
Tontura
Vou aí e quando chego parto. espero e reparto. dou e até entrego sempre que recebo. vejo não observo mas leio toco e mexo. escrevo e quebro. colo um carinho não descolo apenas vôo até atinjo. chego ao topo. percebo que entendo e rio! revejo volto ainda ofereço, com apreço agradeço. desço subo peso e amarro. Contudo solto tiro divido e partilho. Invento traço corto mastigo e trinco. fecho e abro. sinto que pressinto ou recordo e lembro? Imagino, gravo, desenho ou pinto e capto. páro. escuto. Sorrio e Vivo!
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
Carrossel
Uma subida a pique. piquenique caseiro. Um passeio altaneiro. Uma Avenida, outra liberdade. Uns mouros, outros touros, um campo pequeno, um passeio grande! Cheiro de incenso, todo o consenso, pouco senso. Da torre à pousada. pleno de gente pausada! Jantarada, na casa entornada. Vinho gravitico, alcool etilico. Tinto, branco não! No chão! Confusão! Paté de carne, picada, triturada, revoltada. tontura helicoidal como um caracol em algés. doiem os pés. Um volta no comboio. Uma Ida de satuo. Caminhada forçada nas terras do Marquês. Uma gata deitada. Uma doce acordada, um prazer adormecido. Uma casa comprada, outra divida saldada, uma espetada ou entremeada? Um choco, um salmão, Um salto de cavalo, uma indisposição. um vizinho cão, sozinho, abandonado à solidão. O vento corre, a praia fica, a gente sai. Corre, anda, salta, vive, sente, roda e roda! Um carrossel, sem parar, sem atrito, nunca restrito, vai e volta, ficas? Vou e venho. Regresso sem demoras....
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
Reunião
Num dia de volta a Lisboa, com uma breve passagem pela sua paisagem Pombalina e seu majestoso estuário. Onde houve uma entrada num 2º comboio com destino a um outro lar. Seguido de troca de caricias, mimos e de amor. Um Jantar atribulado bem regado a tinto e até com cubos de tomate! Um outro casal com uma outra Joana e um Simon. Conversas e tertulias sortidas. Um trivial persuit acelerado, um monopólio em quebra de tensão. Uma Noite bem passada. uma madrugada mal dormida. No entanto um sentimento de missão cumprida, de satisfação e um almoço que espera pela tua chegada.
terça-feira, 14 de agosto de 2007
Diálogos sobre os desamores
*(acho que não há falhanços amorosos )
*(extemporânea esta introspecção!!)
*há falhas nas pessoas
*há faltas no dialogo
*há hiatos nas sensações
*há brancas nas emoções
*há inesperadas decepções
*há pessoas e diversas acções
*há complexas interacções
*há simples aproximações
*mas há sempre
*mas sempre
*ilusões
*ou desilusões
*digo eu
*sinto eu
*penso eu
*as palavras parecem-me sempre muito rígidas
*sabe-se lá
*o que se sente é sempre dificil de exprimir
*talvez tudo seja forçado
*limitado pela moral e ética humana
*são-nos impostas barreiras
*balizas
*formas de ser e de estar
*e não só as palavras são rigidas
*como também o modo como sabemos amar
*ou de nos apaixonar
*ou de nos entregar
*não há razões aqui
*apenas opiniões
*e somos todos opiniáticos como dizia o Pessoa...
*(extemporânea esta introspecção!!)
*há falhas nas pessoas
*há faltas no dialogo
*há hiatos nas sensações
*há brancas nas emoções
*há inesperadas decepções
*há pessoas e diversas acções
*há complexas interacções
*há simples aproximações
*mas há sempre
*mas sempre
*ilusões
*ou desilusões
*digo eu
*sinto eu
*penso eu
*as palavras parecem-me sempre muito rígidas
*sabe-se lá
*o que se sente é sempre dificil de exprimir
*talvez tudo seja forçado
*limitado pela moral e ética humana
*são-nos impostas barreiras
*balizas
*formas de ser e de estar
*e não só as palavras são rigidas
*como também o modo como sabemos amar
*ou de nos apaixonar
*ou de nos entregar
*não há razões aqui
*apenas opiniões
*e somos todos opiniáticos como dizia o Pessoa...
7 maravilhas
As 7 maravilhas são tantas...
poderão ser acordar e saber-te cá
saborear-te e ouvir-te aqui
é sentir em mim...
ouvir-te e dar-me a ti...
Levantar e ir beber um café com o teu cheiro e tua presença.
Desçer até à ribeira com os cães atrás e as pombas à frente
Comer uma francesinha acompanhada com um teu sorriso.
Beber um favaios em tua casa contigo
ouvir as gaivotas e questionarmo-nos sobre elas
saber-te na plataforma da estação
recordar-me do que me dás
pedir mais e mais e achar que é pouco
despedir-me e saber que voltarei
dizeres adeus e cumprimentar-te quase de imediato
Saber-te longe e ter-te perto
um presente lindo mesmo que o futuro seja incerto
um passado apagado e uma vida a teu lado
Uma alegria constante
um sorriso persistente
um dia perdido contigo que é um achado
Uma noite em branco que é colorida
e umas quantas mais maravilhas que me deixam siderado
expectante
e aguardando mais e mais!
poderão ser acordar e saber-te cá
saborear-te e ouvir-te aqui
é sentir em mim...
ouvir-te e dar-me a ti...
Levantar e ir beber um café com o teu cheiro e tua presença.
Desçer até à ribeira com os cães atrás e as pombas à frente
Comer uma francesinha acompanhada com um teu sorriso.
Beber um favaios em tua casa contigo
ouvir as gaivotas e questionarmo-nos sobre elas
saber-te na plataforma da estação
recordar-me do que me dás
pedir mais e mais e achar que é pouco
despedir-me e saber que voltarei
dizeres adeus e cumprimentar-te quase de imediato
Saber-te longe e ter-te perto
um presente lindo mesmo que o futuro seja incerto
um passado apagado e uma vida a teu lado
Uma alegria constante
um sorriso persistente
um dia perdido contigo que é um achado
Uma noite em branco que é colorida
e umas quantas mais maravilhas que me deixam siderado
expectante
e aguardando mais e mais!
Mensagem II
esta é mais uma mensagem, trespassada por imensos olhos, mas focalizada nos teus.
uma mensagem de angustia pela saudade
uma mensagem de torpor por sentir a tua tranquilidade
uma mensagem de alegria por te ter
uma mensagem de amor por te sentir
uma mensagem escrita é certo mas cheia de sensações que te quero dar
uma mensagem sentida de emoções para partilhar
uma mensagem sofrida por te esperar
uma mensagem que será de todo transmitida a ti aquando do teu chegar
uma mensagem que será guardada e segredada ao teu ouvido e no teu ser...
uma mensagem de angustia pela saudade
uma mensagem de torpor por sentir a tua tranquilidade
uma mensagem de alegria por te ter
uma mensagem de amor por te sentir
uma mensagem escrita é certo mas cheia de sensações que te quero dar
uma mensagem sentida de emoções para partilhar
uma mensagem sofrida por te esperar
uma mensagem que será de todo transmitida a ti aquando do teu chegar
uma mensagem que será guardada e segredada ao teu ouvido e no teu ser...
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
Guia
Ida 10/08/2007
CV - Ida
Os carris atrasam-me, arrasto-me pela janela em movimento perpétuo. Rasgo a cidade.As consersas ocupam os lugares com destino, enquanto eu ansejo pelo meu. A partida perdeu-se com a chegada que se alonga, estica-se em paralelo pelo metal e pedras de granito.Corto a Leziria. Estremeço com o chão. Uma paragem, almas que se encontram, outras fundem-se no exterior. Ficam para trás ligando-se às demais.Um rio. Um apito, um recomeço, a seus lugares, Não páro, acelero em movimento rectilineo, pouco uniforme, mas sincopado pela cadência do embalo da carruagem. Espera atroz pelo horário previsto. Desespero pelo tempo e o espaço que me separa. Deslizo suavemente. Ultrapasso as serras. Distraio-me com as vozes, uma baforada de cigarro, um gole de cerveja. Quase, quase lá. Cerro os olhos sem sentir o tempo. Ultrapasso-o. Abro-os e a chegada anunciada. Outro rio! Tudo pára. O comboio, as gentes, as vozes, o movimento, os sons, a paisagem, a estação. Apenas eu avanço, com destino, numa unica direcção com um único sentido, num turbilhão. Desço, percorro, sou guiado. Entro e desfaço-me, desmultiplico-me, esvazio-me, preencho-me. Suspiro. Parti!
Os carris atrasam-me, arrasto-me pela janela em movimento perpétuo. Rasgo a cidade.As consersas ocupam os lugares com destino, enquanto eu ansejo pelo meu. A partida perdeu-se com a chegada que se alonga, estica-se em paralelo pelo metal e pedras de granito.Corto a Leziria. Estremeço com o chão. Uma paragem, almas que se encontram, outras fundem-se no exterior. Ficam para trás ligando-se às demais.Um rio. Um apito, um recomeço, a seus lugares, Não páro, acelero em movimento rectilineo, pouco uniforme, mas sincopado pela cadência do embalo da carruagem. Espera atroz pelo horário previsto. Desespero pelo tempo e o espaço que me separa. Deslizo suavemente. Ultrapasso as serras. Distraio-me com as vozes, uma baforada de cigarro, um gole de cerveja. Quase, quase lá. Cerro os olhos sem sentir o tempo. Ultrapasso-o. Abro-os e a chegada anunciada. Outro rio! Tudo pára. O comboio, as gentes, as vozes, o movimento, os sons, a paisagem, a estação. Apenas eu avanço, com destino, numa unica direcção com um único sentido, num turbilhão. Desço, percorro, sou guiado. Entro e desfaço-me, desmultiplico-me, esvazio-me, preencho-me. Suspiro. Parti!
Dolce vita 02/08/07
CIV - Dolce Vita
Quero fugir.
Perder o comboio das 07.45, e partir...
largando a bussola
Desorientar-me e ficar sem mapa.
Esquecer-me do Irs.
Não preencher o formulário
Rasgar os requerimentos.
Fazer aviões de papel dos certificados e requisições
Comunicar por sinais de fumo
Consumir nas chamas da minha euforia o telemóvel
Dizer bom dia a todos os que passam
Apanhar sol na esplanada e não pagar a imperial
Roubar um cravo da florista e sentir-me livre
Esquecer a cor dos semáforos
Recordar o por-do-sol de ontem
Olhar a Lua dourada de hoje
Caminhar fora do passeio e longe do trilho
Meter os pés desnudados na areia molhada
Saber as horas pela clepsidra
Contemplar a solidão contornando a multidão
Gozar o dia esperando pela noite
Sem tempo, nem espaço, nem horário
Não ver sequer o avião e olhar a andorinha cirandar
Sair do Metro e ouvir:
"Próxima Estação: Verão! Há correspondência com a linha da sensação!"
Quero fugir.
Perder o comboio das 07.45, e partir...
largando a bussola
Desorientar-me e ficar sem mapa.
Esquecer-me do Irs.
Não preencher o formulário
Rasgar os requerimentos.
Fazer aviões de papel dos certificados e requisições
Comunicar por sinais de fumo
Consumir nas chamas da minha euforia o telemóvel
Dizer bom dia a todos os que passam
Apanhar sol na esplanada e não pagar a imperial
Roubar um cravo da florista e sentir-me livre
Esquecer a cor dos semáforos
Recordar o por-do-sol de ontem
Olhar a Lua dourada de hoje
Caminhar fora do passeio e longe do trilho
Meter os pés desnudados na areia molhada
Saber as horas pela clepsidra
Contemplar a solidão contornando a multidão
Gozar o dia esperando pela noite
Sem tempo, nem espaço, nem horário
Não ver sequer o avião e olhar a andorinha cirandar
Sair do Metro e ouvir:
"Próxima Estação: Verão! Há correspondência com a linha da sensação!"
ti 31/07/07
CIII - ti
Em tempos achei-te por um acaso, uma circunstancia, um cruzamento fortuito no mundo virtual, binário. Mais alguém, distante, desconhecida, um entretém num diálogo. Conversas anacrónicas disto e daquilo, sem qualquer sentido, nem tão-pouco direcção.
Depois encontrei-te. Uns minutos de conversa, um trocar de olhares, um toque subtil, ténue, sem objectivo. Um café a contra-relógio, uma vista do Tejo. Uma promessa de um reencontro. Um adeus.
Agora descobri-te. Uma viagem destinada mas sem destino. Uma "flor dos congregados", um polvo, um riso, uma gargalhada em unissono. Um Olhar profundo. Uma sensação de dejá vu, ou antes uma necessidade de sentir. Um contacto à "Prova de Morte" até! Um toque profundo, um exalar extremo, uma emoção fora de controlo. Um sentimento forte, um descontrolo fraco. Uma vontade de ter, ser, estar e dar. Ofertar e sentir mais. cada vez mais. Uam saudade antes de o ser. Uma alegria desmedida.Uma descoberta enorme. Um renascimento....
Em tempos achei-te por um acaso, uma circunstancia, um cruzamento fortuito no mundo virtual, binário. Mais alguém, distante, desconhecida, um entretém num diálogo. Conversas anacrónicas disto e daquilo, sem qualquer sentido, nem tão-pouco direcção.
Depois encontrei-te. Uns minutos de conversa, um trocar de olhares, um toque subtil, ténue, sem objectivo. Um café a contra-relógio, uma vista do Tejo. Uma promessa de um reencontro. Um adeus.
Agora descobri-te. Uma viagem destinada mas sem destino. Uma "flor dos congregados", um polvo, um riso, uma gargalhada em unissono. Um Olhar profundo. Uma sensação de dejá vu, ou antes uma necessidade de sentir. Um contacto à "Prova de Morte" até! Um toque profundo, um exalar extremo, uma emoção fora de controlo. Um sentimento forte, um descontrolo fraco. Uma vontade de ter, ser, estar e dar. Ofertar e sentir mais. cada vez mais. Uam saudade antes de o ser. Uma alegria desmedida.Uma descoberta enorme. Um renascimento....
tu... só tu 20/07/07
CII - tu...só tu
Fiquei sem sentir. com saudade de não o fazer. momentos fugazes de sensações que escapam à minha imaginação.
Emoções que não tive e delas tenho saudades.
Cheiros e sabores desconhecidos que ansejo.
Recordações dum amanhã lindo, vontades de ser quem não consegui.
Tentações de fazer algo proibido, mas não ..mposs..vel
imaginar algo superior a mim.
Um silêncio reconfortante.Um aconchego suave
Um ronronar sereno duma proximidade distante.
uma suav..dade dum toque estranhamente conhecido.
Ser algo. Não só por um dia.
Contudo ter-te para sempre.
Fiquei sem sentir. com saudade de não o fazer. momentos fugazes de sensações que escapam à minha imaginação.
Emoções que não tive e delas tenho saudades.
Cheiros e sabores desconhecidos que ansejo.
Recordações dum amanhã lindo, vontades de ser quem não consegui.
Tentações de fazer algo proibido, mas não ..mposs..vel
imaginar algo superior a mim.
Um silêncio reconfortante.Um aconchego suave
Um ronronar sereno duma proximidade distante.
uma suav..dade dum toque estranhamente conhecido.
Ser algo. Não só por um dia.
Contudo ter-te para sempre.
Dia da Independência 04/07/07
1 http://www.youtube.com/watch?v=5c4yPQ9TBNE
2 http://www.youtube.com/watch?v=oSPqto796Lc
3 http://www.youtube.com/watch?v=9sg_NRC8ozk
4 http://www.youtube.com/watch?v=UxmtpFl_LFM
e são estes gajos que nos dominam...
O Estados Unidos Proclamam a e celebram a Independência!
Entretanto:
-O verdadeiro americano é colocado em reservas. Qual animal a ser visitado num Museu-zoologico.
- A guerra Norte-Sul o principio da segregação racial
- O Japão recebe um ultimato no séc XIX. Obrigando a abrir-se ao comercio
Externo.
- Em duas guerras mundiais espalham o seu monopólio pelo mundo, em defesa da liberdade e contra qualquer outro tipo de regime politico que não o seu.
- 1º país a usar não uma mas duas bombas atómicas que dizimam dezenas de milhares de civis no Japão no momento da explosão e centenas nos anos subsequentes.
- Interferência no Vietname, Camboja e Coreia.
- Guerra Fria.
- Tentativa de Invasão de Cuba
- Caça às bruxas, dando seguimento aos seus ideias de liberdade em que os seus cidadão não são livres de escolher a sua ideologia
- Colocação de misseis virados a Oriente contra o perigo do comunismo, ameaçando a destruição do Mundo
- Invasão da Somália
- Invasão do Afeganistão
- Invasão do Kuwait e Iraque
- Destruição do Iraque
- Assassinato de J. F. Kennedy
- Assassinato de Martin Luther King
- Perseguição aos regimes do Irão, Coreia do Norte e Venezuela
- Poder militar superior a todos os outros paises do mundo juntos
- Maiores vendedores de tecnologia militar
- Maiores poluidores
- Maiores devedores ao FMI
- Repressão policial contra os Estudantes
- K.K Klan
- Conflitos em Los Angeles
- Desenvolvimento de estruturas da Internet capazes de controlar toda a informação do espaço www
- Rede de satélites espiões para observação minunciosa de todo e qualquer canto do Mundo
- Patriot Act: Controle da liberdade cultural, social, ideologica e religiosa dos seus cidadãos( Caça às bruxas - parte II)
2 http://www.youtube.com/watch?v=oSPqto796Lc
3 http://www.youtube.com/watch?v=9sg_NRC8ozk
4 http://www.youtube.com/watch?v=UxmtpFl_LFM
e são estes gajos que nos dominam...
O Estados Unidos Proclamam a e celebram a Independência!
Entretanto:
-O verdadeiro americano é colocado em reservas. Qual animal a ser visitado num Museu-zoologico.
- A guerra Norte-Sul o principio da segregação racial
- O Japão recebe um ultimato no séc XIX. Obrigando a abrir-se ao comercio
Externo.
- Em duas guerras mundiais espalham o seu monopólio pelo mundo, em defesa da liberdade e contra qualquer outro tipo de regime politico que não o seu.
- 1º país a usar não uma mas duas bombas atómicas que dizimam dezenas de milhares de civis no Japão no momento da explosão e centenas nos anos subsequentes.
- Interferência no Vietname, Camboja e Coreia.
- Guerra Fria.
- Tentativa de Invasão de Cuba
- Caça às bruxas, dando seguimento aos seus ideias de liberdade em que os seus cidadão não são livres de escolher a sua ideologia
- Colocação de misseis virados a Oriente contra o perigo do comunismo, ameaçando a destruição do Mundo
- Invasão da Somália
- Invasão do Afeganistão
- Invasão do Kuwait e Iraque
- Destruição do Iraque
- Assassinato de J. F. Kennedy
- Assassinato de Martin Luther King
- Perseguição aos regimes do Irão, Coreia do Norte e Venezuela
- Poder militar superior a todos os outros paises do mundo juntos
- Maiores vendedores de tecnologia militar
- Maiores poluidores
- Maiores devedores ao FMI
- Repressão policial contra os Estudantes
- K.K Klan
- Conflitos em Los Angeles
- Desenvolvimento de estruturas da Internet capazes de controlar toda a informação do espaço www
- Rede de satélites espiões para observação minunciosa de todo e qualquer canto do Mundo
- Patriot Act: Controle da liberdade cultural, social, ideologica e religiosa dos seus cidadãos( Caça às bruxas - parte II)
Descolagem 02/07/07
XCIV - Descolagem
Partira rumo às estrelas. Deixava para trás o planeta azul. O silêncio do vácuo era reconfortante, fazia crescer o vazio da solidão porém. Estava só numa imensidão negra. Os pontos luminosos à sua volta pertenciam ao infinito. Navegava célere, quase à velocidade do próprio Universo. Os pontos passavam a traços luminosos. O sistema solar não passava de mais uma particula na sua visão adimensional, desapareceu e misturou-se nos restantes. Todos eles intocáveis. Longinquos. Adormecia e congelava aos poucos, até restar um minimo de vitalidade. Suficiente para acordar algures. Ali. Numa dessas luzes que pairavam. Iria sonhar? Não sabia.
O tempo passou, o espaço também. O sono quase intemporal, retirava-lhe as memórias e as sensações. Esquecia-se donde vinha e a que espécie pertencia. Os hábitos, as emoções humanas apagavam-se. Faziam parte de recordações vagas e sumidas. Distantes mesmo.
Acordava. Sentia uma força gravitica. Tinha aterrado algures. Os mostradores nada indicavam. espreitou pela escotilha fechada. Boiava num mar gorduroso e amarelo que se espraiava para lá do horizonte. Um céu cinza brilhava. Não sabia se era respirável aquela atmosfera. Encontrava-se fraco. A custo fechou a viseira. Abriu a porta para o exterior. Um bafo denso e quente entrou pelo veiculo. Acto continuo o veiculo afunda-se de subito. O liquido meloso penetra pela capsula invandindo todo o cubiculo. Entra em panico! Não tem tempo de se isolar. Está imerso e descendo a uma velocidade vertiginosa! Parece não ter fundo aquela substancia... Acaba por bater num fundo luminoso de cor alaranjada. Fecha a escotilha a custo e faz a descompressão. O liquido sai, deixando tudo gorduroso por dentro. Espreita para fora. A luz agora vem debaixo e não de cima. Passam pequenas bolas pretas por ele. Parece que o olham e desaparecem. Mas não! Chegam mais!Uma a uma vão observando tudo. A sua cabeça sente-as. Parece que comunicam. Milhares de sensações surgem no seu pensamento. Imagens vindas do exterior entupindo-lhe o cérebro com imensa informação. Sente-o prestes a explodir. Arrepende-se da viagem que fez! Sem volta.... Sozinho num mundo que não compreende. Vê faces humanas nessas imagens. Vozes em linguas estranhas. Risos. Alegrias alheias. Ideias de alguém. Dialogos complexos. Tertulias de gente. Sabores conhecidos. Toques humanos. Memórias. Lembranças de situações. Caras sorridentes. Gritos de extase. Orgasmos em cascata. É-lhe tudo desconhecido mas estranhamente familiar. Tudo demasiado forte. Intenso demais! Não aguenta...Desmaia.
Ao abrir os olhos tudo desaparece. Está fora da capsula...Como? Dentro duma bolha negra que reflecte o seu corpo sem fato nas paredes. Onde está agora?Levanta-se e sente-se como no centro do universo, a cabeça cheia de conhecimento. Sem dúvidas nem nervosismos histéricos. Uma calmaria fisica, uma sensação de alegria tremenda, como se estivesse em harmonia com tudo aquilo que sentiu. Com todas a emoções do mundo dentro dele. Grita chamando por alguém!
Aparece uma mulher nua, com lindas formas, de cor cinza que lhe sorri! Que lhe diz: "Bem-vindo!"
Ela estende-lhe a mão. Ele à cautela retrai-se, a mulher solta uma gargalhada e aproxima-se mais fazendo sinal com a mão. Não sente receio e dá-lhe a sua.
- Quem és tu?
- Sou quem tu quiseres!
-Onde estou?
-Onde queres estar?
-Não entendo, como vim aqui parar?
-Chegaste. És o primeiro!
-E tu quem és?
-Sou um teu desejo"
- Meu?
-Sim...Tua....
-E este lugar?
-É teu!
-Mas...não pertenço aqui...
-Talvez daqui nunca tenhas saído!
-Tudo me é estranho!
- Diz-me, como o queres? Como o desejas?...Diz-me!?
A mulher puxa-lhe pela mão, saiem os dois da bolha. Para lá dela nada existe. Só lhe sente a mão, a alegria transmitida, a paixão, o amor, uma enorme energia, olha e tudo vê. Toca e tudo sente. Aperta-lhe mais a mão e tudo lhe pertence. Desfaz-se em luz e numa gargalhada.
Partira rumo às estrelas. Deixava para trás o planeta azul. O silêncio do vácuo era reconfortante, fazia crescer o vazio da solidão porém. Estava só numa imensidão negra. Os pontos luminosos à sua volta pertenciam ao infinito. Navegava célere, quase à velocidade do próprio Universo. Os pontos passavam a traços luminosos. O sistema solar não passava de mais uma particula na sua visão adimensional, desapareceu e misturou-se nos restantes. Todos eles intocáveis. Longinquos. Adormecia e congelava aos poucos, até restar um minimo de vitalidade. Suficiente para acordar algures. Ali. Numa dessas luzes que pairavam. Iria sonhar? Não sabia.
O tempo passou, o espaço também. O sono quase intemporal, retirava-lhe as memórias e as sensações. Esquecia-se donde vinha e a que espécie pertencia. Os hábitos, as emoções humanas apagavam-se. Faziam parte de recordações vagas e sumidas. Distantes mesmo.
Acordava. Sentia uma força gravitica. Tinha aterrado algures. Os mostradores nada indicavam. espreitou pela escotilha fechada. Boiava num mar gorduroso e amarelo que se espraiava para lá do horizonte. Um céu cinza brilhava. Não sabia se era respirável aquela atmosfera. Encontrava-se fraco. A custo fechou a viseira. Abriu a porta para o exterior. Um bafo denso e quente entrou pelo veiculo. Acto continuo o veiculo afunda-se de subito. O liquido meloso penetra pela capsula invandindo todo o cubiculo. Entra em panico! Não tem tempo de se isolar. Está imerso e descendo a uma velocidade vertiginosa! Parece não ter fundo aquela substancia... Acaba por bater num fundo luminoso de cor alaranjada. Fecha a escotilha a custo e faz a descompressão. O liquido sai, deixando tudo gorduroso por dentro. Espreita para fora. A luz agora vem debaixo e não de cima. Passam pequenas bolas pretas por ele. Parece que o olham e desaparecem. Mas não! Chegam mais!Uma a uma vão observando tudo. A sua cabeça sente-as. Parece que comunicam. Milhares de sensações surgem no seu pensamento. Imagens vindas do exterior entupindo-lhe o cérebro com imensa informação. Sente-o prestes a explodir. Arrepende-se da viagem que fez! Sem volta.... Sozinho num mundo que não compreende. Vê faces humanas nessas imagens. Vozes em linguas estranhas. Risos. Alegrias alheias. Ideias de alguém. Dialogos complexos. Tertulias de gente. Sabores conhecidos. Toques humanos. Memórias. Lembranças de situações. Caras sorridentes. Gritos de extase. Orgasmos em cascata. É-lhe tudo desconhecido mas estranhamente familiar. Tudo demasiado forte. Intenso demais! Não aguenta...Desmaia.
Ao abrir os olhos tudo desaparece. Está fora da capsula...Como? Dentro duma bolha negra que reflecte o seu corpo sem fato nas paredes. Onde está agora?Levanta-se e sente-se como no centro do universo, a cabeça cheia de conhecimento. Sem dúvidas nem nervosismos histéricos. Uma calmaria fisica, uma sensação de alegria tremenda, como se estivesse em harmonia com tudo aquilo que sentiu. Com todas a emoções do mundo dentro dele. Grita chamando por alguém!
Aparece uma mulher nua, com lindas formas, de cor cinza que lhe sorri! Que lhe diz: "Bem-vindo!"
Ela estende-lhe a mão. Ele à cautela retrai-se, a mulher solta uma gargalhada e aproxima-se mais fazendo sinal com a mão. Não sente receio e dá-lhe a sua.
- Quem és tu?
- Sou quem tu quiseres!
-Onde estou?
-Onde queres estar?
-Não entendo, como vim aqui parar?
-Chegaste. És o primeiro!
-E tu quem és?
-Sou um teu desejo"
- Meu?
-Sim...Tua....
-E este lugar?
-É teu!
-Mas...não pertenço aqui...
-Talvez daqui nunca tenhas saído!
-Tudo me é estranho!
- Diz-me, como o queres? Como o desejas?...Diz-me!?
A mulher puxa-lhe pela mão, saiem os dois da bolha. Para lá dela nada existe. Só lhe sente a mão, a alegria transmitida, a paixão, o amor, uma enorme energia, olha e tudo vê. Toca e tudo sente. Aperta-lhe mais a mão e tudo lhe pertence. Desfaz-se em luz e numa gargalhada.
Cores 25/06/07
XCIII - Cores
Dias azuis brincando até ao horizonte
Noites brancas rasgando as ruas
Pensamentos cor-de-rosa a pairar no ar
Mergulhos verdes no oceano:
Correrias loucas vermelhas de felicidade
Dias cinzentos sorrindo prá chuva
Raios e trovões saindo do negro e brilhando na alma
Arco-Iris de emoção brotando do ser.
Cores que iluminam
Tons que fantasiam
Luz com sentido na vida
Reflexos e Sombras que nos acompanham
Os espectros do futuro e do passado
Todos juntos! Aqui, ali e em qualquer lado!
Dias azuis brincando até ao horizonte
Noites brancas rasgando as ruas
Pensamentos cor-de-rosa a pairar no ar
Mergulhos verdes no oceano:
Correrias loucas vermelhas de felicidade
Dias cinzentos sorrindo prá chuva
Raios e trovões saindo do negro e brilhando na alma
Arco-Iris de emoção brotando do ser.
Cores que iluminam
Tons que fantasiam
Luz com sentido na vida
Reflexos e Sombras que nos acompanham
Os espectros do futuro e do passado
Todos juntos! Aqui, ali e em qualquer lado!
Pré solsticio 20/06/07
XCII - Pré solsticio
desperto numa qualquer hora. O Sol no zénite, comigo no nadir. Ando para não parar. Liberto as tormentas. deixo-as pairar. Uma a uma caiem. Eu também. Canso-me de esperar pela partida. Virá noutro dia. Avanço aos solavancos. Sem acreditar em Deus, nem Ele em mim. A fé tem esperança de alcançar-me. Os caminhos não se tocam. Os cruzamentos evitam-se. Um beco. Ou duas saídas. Não importa. Entro. Recomeço. um Deja vu.
desperto numa qualquer hora. O Sol no zénite, comigo no nadir. Ando para não parar. Liberto as tormentas. deixo-as pairar. Uma a uma caiem. Eu também. Canso-me de esperar pela partida. Virá noutro dia. Avanço aos solavancos. Sem acreditar em Deus, nem Ele em mim. A fé tem esperança de alcançar-me. Os caminhos não se tocam. Os cruzamentos evitam-se. Um beco. Ou duas saídas. Não importa. Entro. Recomeço. um Deja vu.
Meio pensamento 19/06/07
XCI - meio pensamento
Sabado caiu-me o jornal à frente. Falava disto e daquilo. Do desconforto e da pobreza dos lobbies e da falta de franqueza. Saí. Chovia tropicalidade em Alcântara. Segui os carris entrei no eléctrico, levou-me à Baixa. Contactos e olhares de rostos lividos passavam-me à frente. Olhei o Rio. Fechei a mente. Abri os olhos.
Tudo estava igual ao ante-ontem. Nada disto era real.
Veio o Domingo, com ele o sentimento monocórdico de estar.
A periodicidade e a cadência de ausência de emoções. A rotina e a cumplicidade das carências. Tudo num só flash. Numa particula de tempo.
Já não sei ser o que era. Nem andar como caminhara outrora.
Talvez perdesse a consciência.
Talvez já nada houvesse a perder.
Talvez tudo se tivesse dissipado.
Sabado caiu-me o jornal à frente. Falava disto e daquilo. Do desconforto e da pobreza dos lobbies e da falta de franqueza. Saí. Chovia tropicalidade em Alcântara. Segui os carris entrei no eléctrico, levou-me à Baixa. Contactos e olhares de rostos lividos passavam-me à frente. Olhei o Rio. Fechei a mente. Abri os olhos.
Tudo estava igual ao ante-ontem. Nada disto era real.
Veio o Domingo, com ele o sentimento monocórdico de estar.
A periodicidade e a cadência de ausência de emoções. A rotina e a cumplicidade das carências. Tudo num só flash. Numa particula de tempo.
Já não sei ser o que era. Nem andar como caminhara outrora.
Talvez perdesse a consciência.
Talvez já nada houvesse a perder.
Talvez tudo se tivesse dissipado.
improve 18/06/07
XC - improve
O horizonte arrasa-me
A verticalidade esmaga-te
O tempo apaga-o
A sombra dissipa-nos
O Breú consome-vos
A Terra oprime-os
Não saber quando voltar
não decidir quando falar
não distinguir em quem acreditar
Não conseguir partir para algum lugar
Ficar calado, quieto. Em sentido
Sem emoção
algum calor ou tranformação
dias de efusão noites de destruição
momentos de composição
todos em decomposição
O horizonte arrasa-me
A verticalidade esmaga-te
O tempo apaga-o
A sombra dissipa-nos
O Breú consome-vos
A Terra oprime-os
Não saber quando voltar
não decidir quando falar
não distinguir em quem acreditar
Não conseguir partir para algum lugar
Ficar calado, quieto. Em sentido
Sem emoção
algum calor ou tranformação
dias de efusão noites de destruição
momentos de composição
todos em decomposição
Gentes 29/05/07
LXXXVI - Gentes
Havia alguém que queria ser Gente. Pertencer a esse grupo particular que é a Gente em geral.
E havia tanta Gente:
Gente que vivia.
Gente que sobrevivia:
Gente que não sabia como viver.
Gente que sabia como viver mas queria viver de forma diferente da gente
Gente que vivia de forma diferente e que se assumia com gente igual.
Gente igual que tentava ser mais alguém
Gente que queria ir mais além
Gente que estava mais além mas que pretendia mais e não passava de gente.
Gente teimosa
Gente Obstinada
Gente Frustrada
Gente Ousada
Gente Vulgar
Gente Futil
Gente Banal
Gente Extraordinária
Gente Fantástica
Gente singular...
Em suma uma miriade de gente que não passam de gentes. E de tanta escolha, e por tanto onde escolher, esse alguém acabava por não ser ninguém. Ou melhor era uma mescla de gente. Mas não sabia como se catalogar. De forma que optou por ser ninguém. Viver o papel das gentes, um genero indistinto, um entre muitos. Mas era apontado pela Gente como alguém. Mas alguém quê? Diferente da gente? Ou alguém que sabia que era ninguém?!
Fazia-lhe confusão tanta definição diferente, mas ao fim ao cabo a Gente não se preocupava. Apenas lhe apontavam caminhos diferentes, cada um ao seu estilo: Cada um de sua forma. cada um com seu feitio. Enveredou por ser indiferente ao que a Gente que lhe dizia. Todos estranharam e a Gente reprovou....Acabou por ser igual.
Porque afinal....há gente muito esquisita.
Havia alguém que queria ser Gente. Pertencer a esse grupo particular que é a Gente em geral.
E havia tanta Gente:
Gente que vivia.
Gente que sobrevivia:
Gente que não sabia como viver.
Gente que sabia como viver mas queria viver de forma diferente da gente
Gente que vivia de forma diferente e que se assumia com gente igual.
Gente igual que tentava ser mais alguém
Gente que queria ir mais além
Gente que estava mais além mas que pretendia mais e não passava de gente.
Gente teimosa
Gente Obstinada
Gente Frustrada
Gente Ousada
Gente Vulgar
Gente Futil
Gente Banal
Gente Extraordinária
Gente Fantástica
Gente singular...
Em suma uma miriade de gente que não passam de gentes. E de tanta escolha, e por tanto onde escolher, esse alguém acabava por não ser ninguém. Ou melhor era uma mescla de gente. Mas não sabia como se catalogar. De forma que optou por ser ninguém. Viver o papel das gentes, um genero indistinto, um entre muitos. Mas era apontado pela Gente como alguém. Mas alguém quê? Diferente da gente? Ou alguém que sabia que era ninguém?!
Fazia-lhe confusão tanta definição diferente, mas ao fim ao cabo a Gente não se preocupava. Apenas lhe apontavam caminhos diferentes, cada um ao seu estilo: Cada um de sua forma. cada um com seu feitio. Enveredou por ser indiferente ao que a Gente que lhe dizia. Todos estranharam e a Gente reprovou....Acabou por ser igual.
Porque afinal....há gente muito esquisita.
Viagem II 24/05/07
LXXXV - Viagem II
O navio está acostado. Pronto para partir. Embarco com o essencial. Um tanto de vontade. outro tanto de fé. um pedaço de Esperança. bastante expectativa. muita curiosidade. Impulsividade demasiada.
Soltam-se as amarras...pelo caminho arranja-se o carácter, procura-se uma nova atitude, busca-se novos principios, e prima-se pela integridade. A viagem será longa rumo ao desconhecido.
O cais já vai longe, o horizonte são 360º de incompreensão. Já nada há a perder. Ficou tudo em terra. Um passado. Mal vivido. As más experiências habitam os esconsos da mente. Memórias e recordações que permanecem. Que nos servem de bússola. Mas o caminho que essa aponta não deverá ser o caminho a seguir. Pois esse já é conhecido. E no meio da bonança desta viagem traz-nos as tempestades e os mares revoltos, com costas de imensos perigos, de rochedos ponteagudos e correntes traiçoieras. Nunca mais este navio quererá se aventurar num desconhecido que se sabe hostil. Que nos afasta da rota. Será preferível seguir os alisios por mais que nos afastem do caminho, transportam-nos em segurança, será preciso descobri-los. Um céu azul, e um mar de prata. O sol e sal queimam. secam! mas não desiludem. dão alento! O Barco continua, o mar é imenso, a viagem não termina, e a procura também não...
O navio está acostado. Pronto para partir. Embarco com o essencial. Um tanto de vontade. outro tanto de fé. um pedaço de Esperança. bastante expectativa. muita curiosidade. Impulsividade demasiada.
Soltam-se as amarras...pelo caminho arranja-se o carácter, procura-se uma nova atitude, busca-se novos principios, e prima-se pela integridade. A viagem será longa rumo ao desconhecido.
O cais já vai longe, o horizonte são 360º de incompreensão. Já nada há a perder. Ficou tudo em terra. Um passado. Mal vivido. As más experiências habitam os esconsos da mente. Memórias e recordações que permanecem. Que nos servem de bússola. Mas o caminho que essa aponta não deverá ser o caminho a seguir. Pois esse já é conhecido. E no meio da bonança desta viagem traz-nos as tempestades e os mares revoltos, com costas de imensos perigos, de rochedos ponteagudos e correntes traiçoieras. Nunca mais este navio quererá se aventurar num desconhecido que se sabe hostil. Que nos afasta da rota. Será preferível seguir os alisios por mais que nos afastem do caminho, transportam-nos em segurança, será preciso descobri-los. Um céu azul, e um mar de prata. O sol e sal queimam. secam! mas não desiludem. dão alento! O Barco continua, o mar é imenso, a viagem não termina, e a procura também não...
Viagem 17/05/07
LXXXIV - Viagem
Numa sala cinzenta sonhava. Olhava para um canto que se abria em multiplas cores. Não para uma rua, nem para o mundo. Uma porta aberta lá de dentro cá para fora. Via-se tudo ou quase tudo. Papoilas e as margaridas a colorirem a passagem. Os carris do comboio atravessavam as estradas acompanhados pelos brilhos azuis e prateados da praia na costa doirada. Tudo familiar, encantador e surpreendente pelo caminho. O calor que transbordava, enchia o cenário de energia. A proximidade dos estranhos. As andorinhas nos fios electricos. O bom dia miado do gato. As espera pela noite e pela incognita das experiências. E sempre o Sol a acompanhar. A sala deixava de ser cinzenta, sem cor, mas com luz. Muita luz. Os sentidos alerta. A esperança eterna. A fé presente, o carinho constante, o amor pairando. Uma paixão assolapada por isto e aquilo. Por dá cá aquela palha. O rio e o vento como amigos. A imperial fresca na esplanada. O mergulho a saber a poente. O zumbido das sensações. A tontura de não ter destino. O frenesim de viver para se secar e vestir. Uma partida e uma chegada inesperada. Trazer tudo consigo de mãos a abanar. A Primavera está aí e o Verão a chegar.
Numa sala cinzenta sonhava. Olhava para um canto que se abria em multiplas cores. Não para uma rua, nem para o mundo. Uma porta aberta lá de dentro cá para fora. Via-se tudo ou quase tudo. Papoilas e as margaridas a colorirem a passagem. Os carris do comboio atravessavam as estradas acompanhados pelos brilhos azuis e prateados da praia na costa doirada. Tudo familiar, encantador e surpreendente pelo caminho. O calor que transbordava, enchia o cenário de energia. A proximidade dos estranhos. As andorinhas nos fios electricos. O bom dia miado do gato. As espera pela noite e pela incognita das experiências. E sempre o Sol a acompanhar. A sala deixava de ser cinzenta, sem cor, mas com luz. Muita luz. Os sentidos alerta. A esperança eterna. A fé presente, o carinho constante, o amor pairando. Uma paixão assolapada por isto e aquilo. Por dá cá aquela palha. O rio e o vento como amigos. A imperial fresca na esplanada. O mergulho a saber a poente. O zumbido das sensações. A tontura de não ter destino. O frenesim de viver para se secar e vestir. Uma partida e uma chegada inesperada. Trazer tudo consigo de mãos a abanar. A Primavera está aí e o Verão a chegar.
Hábitos 16/05/07
LXXXIII - Hábitos
Y. vivia como assombração naquele lugar já há mais de meio século. Uma terra árida aquela, mas com lembranças de vivências antigas. De muita folia, de o bar cheio em noites cálidas. do cinema com histéricas gargalhadas, das palmas e ovações de pé vindas do circo e do lugar dos concertos. De um marasmo imenso de sensações. Nem só de alegrias se vivia ali, ecoavam ao vento a tristeza da mágoa de quem perdia alguém, os golpes de traição, as injurias, a calúnia alheia, o mal-dizer e a inveja. Contudo era a sua terra, e o seu espírito dizia-lhe que era a altura de sair. De deixar aquele lugar, de abandonar. De esqueçer e definhar.
Y. não estava pronto. Sentia dificuldades em aceitar a sua nova condição. Em extinguir-se. As memórias eram demasiado fortes apesar do tempo ser passado. Haviam muitas raizes que o prendiam ali. Muito rotina vivida. Nada mais a descobrir nem a buscar. Tudo sabia. Tudo memorizado, cada traço da rua, cada vidraça partida, cada ruído estranho. Tinha tudo decorado. Era seu. estava dentro dele para sempre. Como podia agora abandonar? Que ambições ou motivações o poderiam fazer partir? Sabia que o teria de fazer, mas deixar de sentir aquele sítio era sofrimento a mais. Um novo começo. Um outro rumo. Novos cheiros. Outras gentes. Algumas adaptações e inovações.
Seria um desalento, uma morte da alma restante, porém necessário.
Y. respirou fundo, fechou os olhos, virou costas e desapareceu. Para sempre.
Y. vivia como assombração naquele lugar já há mais de meio século. Uma terra árida aquela, mas com lembranças de vivências antigas. De muita folia, de o bar cheio em noites cálidas. do cinema com histéricas gargalhadas, das palmas e ovações de pé vindas do circo e do lugar dos concertos. De um marasmo imenso de sensações. Nem só de alegrias se vivia ali, ecoavam ao vento a tristeza da mágoa de quem perdia alguém, os golpes de traição, as injurias, a calúnia alheia, o mal-dizer e a inveja. Contudo era a sua terra, e o seu espírito dizia-lhe que era a altura de sair. De deixar aquele lugar, de abandonar. De esqueçer e definhar.
Y. não estava pronto. Sentia dificuldades em aceitar a sua nova condição. Em extinguir-se. As memórias eram demasiado fortes apesar do tempo ser passado. Haviam muitas raizes que o prendiam ali. Muito rotina vivida. Nada mais a descobrir nem a buscar. Tudo sabia. Tudo memorizado, cada traço da rua, cada vidraça partida, cada ruído estranho. Tinha tudo decorado. Era seu. estava dentro dele para sempre. Como podia agora abandonar? Que ambições ou motivações o poderiam fazer partir? Sabia que o teria de fazer, mas deixar de sentir aquele sítio era sofrimento a mais. Um novo começo. Um outro rumo. Novos cheiros. Outras gentes. Algumas adaptações e inovações.
Seria um desalento, uma morte da alma restante, porém necessário.
Y. respirou fundo, fechou os olhos, virou costas e desapareceu. Para sempre.
Imaginação 11/05/07
LXXXII - Imaginação
Será que o que vejo e sinto será igual ao outros? Será que quando o Sol nasce é mesmo para todos? A cor da areia, a temperatura da água, a embriaguez, a voracidade no comunicar, a vontade de sentir intensamente? O sentimento que tenho pelos outros, o amor que dou, a paixão? As sensações dum dia de férias? A energia de uma saída à noite? Não. Não é... Tudo vem de dentro, das ligações sinapticas, da aprendizagem,( ou da falta dela....) Um acordar de manhã será e estará ligado a um fio continuo que vem detrás. Um despertar, agarrado a momentos passados. Uma recordação a imagens internas. A minha felicidade é diferente de tudo: A minha tristeza, própria A Paixão, pessoal. A Vida, única. As memórias, a filmes passados e presa à imaginação fértil. Porquê? Não sei. Lembrei-me disto. Mas é uma lembrança só minha.
Será que o que vejo e sinto será igual ao outros? Será que quando o Sol nasce é mesmo para todos? A cor da areia, a temperatura da água, a embriaguez, a voracidade no comunicar, a vontade de sentir intensamente? O sentimento que tenho pelos outros, o amor que dou, a paixão? As sensações dum dia de férias? A energia de uma saída à noite? Não. Não é... Tudo vem de dentro, das ligações sinapticas, da aprendizagem,( ou da falta dela....) Um acordar de manhã será e estará ligado a um fio continuo que vem detrás. Um despertar, agarrado a momentos passados. Uma recordação a imagens internas. A minha felicidade é diferente de tudo: A minha tristeza, própria A Paixão, pessoal. A Vida, única. As memórias, a filmes passados e presa à imaginação fértil. Porquê? Não sei. Lembrei-me disto. Mas é uma lembrança só minha.
Tentativa e Erro 10/05/07
LXXXI - Tentativa e Erro
Adiei escalar o monte que era demasiado ingreme.
Um desalento ao misturar-me na multidão acabando por ficar só.
Um acaso ao acender a luz, surgiu a escuridão.
Desci, pois ao subir as escadas rolantes, a electricidade faltou.
Caí ao galgar a escadaria donde tropecei.
Parei ao passar a estrada, o sinal fechou.
Sequei ao mergulhar no mar, içam a bandeira vermelha.
Fui, pois ao telefonar fiquei sem bateria.
Pedi, porque ao querer comprar esqueci-me da carteira.
Resisti a levantar dinheiro pois o saldo indisponível.
Esperei, perdi o comboio e fiquei na plataforma.
Feri-me e ao andar de carro despistei-me.
Andei a pé, o táxi que não parou.
Queimei-me para fumar um cigarro, não tinha isqueiro.
Deitei-me no chão, a sentir a Terra andar à volta do Sol...deixei-me ir...Rodei
Olhei o céu e flutuei.
Adiei escalar o monte que era demasiado ingreme.
Um desalento ao misturar-me na multidão acabando por ficar só.
Um acaso ao acender a luz, surgiu a escuridão.
Desci, pois ao subir as escadas rolantes, a electricidade faltou.
Caí ao galgar a escadaria donde tropecei.
Parei ao passar a estrada, o sinal fechou.
Sequei ao mergulhar no mar, içam a bandeira vermelha.
Fui, pois ao telefonar fiquei sem bateria.
Pedi, porque ao querer comprar esqueci-me da carteira.
Resisti a levantar dinheiro pois o saldo indisponível.
Esperei, perdi o comboio e fiquei na plataforma.
Feri-me e ao andar de carro despistei-me.
Andei a pé, o táxi que não parou.
Queimei-me para fumar um cigarro, não tinha isqueiro.
Deitei-me no chão, a sentir a Terra andar à volta do Sol...deixei-me ir...Rodei
Olhei o céu e flutuei.
Ser 09/05/07
LXXX - Ser
Eu sou a parte brilhante do Sol
Eu sou o azul do céu
Eu sou a frescura do Vento
Eu sou o silêncio da noite escura
Eu sou o vigor do mergulho no Mar
Eu sou a pacatez da dormida na Pradaria
Eu sou a curiosidade da próxima esquina
Eu sou o rosto que transmite a Alegria
Eu sou o sorriso que te faz rir
Eu sou a paixão que te faz amar
Eu sou a vida que te faz Viver
Sou aquele que te faz sonhar
Sou outro que te põe a Vibrar
Sou um mais que te transmite a Emoção
Sou mais um que ferve de Sensação
Sou o ser que te põe a Pensar
Sou aquele que poderás Ignorar
Sou um ser para falar
Sou um ente para apenas recordar
Sou aquele para esquecer
Sou um mais a lembrar
Sou um menos a memorizar
Eu sou a parte brilhante do Sol
Eu sou o azul do céu
Eu sou a frescura do Vento
Eu sou o silêncio da noite escura
Eu sou o vigor do mergulho no Mar
Eu sou a pacatez da dormida na Pradaria
Eu sou a curiosidade da próxima esquina
Eu sou o rosto que transmite a Alegria
Eu sou o sorriso que te faz rir
Eu sou a paixão que te faz amar
Eu sou a vida que te faz Viver
Sou aquele que te faz sonhar
Sou outro que te põe a Vibrar
Sou um mais que te transmite a Emoção
Sou mais um que ferve de Sensação
Sou o ser que te põe a Pensar
Sou aquele que poderás Ignorar
Sou um ser para falar
Sou um ente para apenas recordar
Sou aquele para esquecer
Sou um mais a lembrar
Sou um menos a memorizar
Energia interna 08/05/07
LXXIX - Energia interna
É impressionante a resistência do corpo humano. Em particular a resistência à àgua, ao fogo, ao choque frontal, ao sol, e as inumeras substancias toxicas que que ingerimos, não por incuria mas sim por experimentação. Será que esta resistencia é física, ou não passa da nossa capacidade de nos agarrarmos à Terra? E fundamentalmente não ir pra baixo dela. Será Karma? Será poder de indução? Será algo espiritual? Ou será então algo que nos transcende? Um acaso permanente que nos faz permanecer cá? Um objectivo por cumprir. Um qualquer móbil. Um fito. Que será? Não sei. Talvez seja apenas uma mescla de crenças paganico-religiosas. Uma energia interna, que está intrinseca em nós. Uma força motriz que vem do cerne do nosso corpo. Algo que ultrapassa a fisica e a fisiologia humana. Algo que criamos. Algo que cresce. Não um renascimento qual Fénix. mas sim uma continuação. Um reactor em combustão, até agora inesgotável, não poluente, até mesmo ecológico, uma vez que é criado num mero e banal corpo. Tantas perguntas mas apenas uma resposta. É real, existe aqui algo. Prova-o a propria existência. É empirico. Aqui estou. Razão? Desconhecida. Motivo? Desconhecido. Objectivo? Ainda não encontrado. Porém vá-se lá saber porquê...Talvez nem interesse. A vida é bela. O passado foi lá atrás. Reconstruam-se novos hábitos e rotinas. Cá estaremos, sempre. Pelo menos até morrer. até lá...vou dando noticias. Até já.
É impressionante a resistência do corpo humano. Em particular a resistência à àgua, ao fogo, ao choque frontal, ao sol, e as inumeras substancias toxicas que que ingerimos, não por incuria mas sim por experimentação. Será que esta resistencia é física, ou não passa da nossa capacidade de nos agarrarmos à Terra? E fundamentalmente não ir pra baixo dela. Será Karma? Será poder de indução? Será algo espiritual? Ou será então algo que nos transcende? Um acaso permanente que nos faz permanecer cá? Um objectivo por cumprir. Um qualquer móbil. Um fito. Que será? Não sei. Talvez seja apenas uma mescla de crenças paganico-religiosas. Uma energia interna, que está intrinseca em nós. Uma força motriz que vem do cerne do nosso corpo. Algo que ultrapassa a fisica e a fisiologia humana. Algo que criamos. Algo que cresce. Não um renascimento qual Fénix. mas sim uma continuação. Um reactor em combustão, até agora inesgotável, não poluente, até mesmo ecológico, uma vez que é criado num mero e banal corpo. Tantas perguntas mas apenas uma resposta. É real, existe aqui algo. Prova-o a propria existência. É empirico. Aqui estou. Razão? Desconhecida. Motivo? Desconhecido. Objectivo? Ainda não encontrado. Porém vá-se lá saber porquê...Talvez nem interesse. A vida é bela. O passado foi lá atrás. Reconstruam-se novos hábitos e rotinas. Cá estaremos, sempre. Pelo menos até morrer. até lá...vou dando noticias. Até já.
Dias 07/05/07
LXXVIII - Dias
recomeça devagar esta interacção com o Mundo. O receio de falhar, de recair, de ficar sem forças. O acordar com a recordação estranha de não ser. De não existir. Um pesadelo que não o foi. Uma realidade que é axiomática. Um dia a mais que passa, outro dia que fica para trás. Alguns perdidos. Tantos...Demais! Voltar a ganhá-los.Como? Que desespero, que aflição, que dor tremenda. Amanhã será melhor. Esqueçer. Reter mas nunca mais recordar. Aprender e crescer. Viver apenas. A solidão é boa companhia. A reflexão acompanha-a. O desalento também. Eventualmente ficará pra trás. Mas eu não tenho estes dias. Vou vivê-los bem. Sereno. Sem pensar. Sem fugir. Reconsiderar tudo. Pôr tudo em causa e em nada confiar. Observar, medir e pesquisar o dia antes de avançar nele, antes de embarcar. E abraçar a vida com unhas e dentes.
recomeça devagar esta interacção com o Mundo. O receio de falhar, de recair, de ficar sem forças. O acordar com a recordação estranha de não ser. De não existir. Um pesadelo que não o foi. Uma realidade que é axiomática. Um dia a mais que passa, outro dia que fica para trás. Alguns perdidos. Tantos...Demais! Voltar a ganhá-los.Como? Que desespero, que aflição, que dor tremenda. Amanhã será melhor. Esqueçer. Reter mas nunca mais recordar. Aprender e crescer. Viver apenas. A solidão é boa companhia. A reflexão acompanha-a. O desalento também. Eventualmente ficará pra trás. Mas eu não tenho estes dias. Vou vivê-los bem. Sereno. Sem pensar. Sem fugir. Reconsiderar tudo. Pôr tudo em causa e em nada confiar. Observar, medir e pesquisar o dia antes de avançar nele, antes de embarcar. E abraçar a vida com unhas e dentes.
Acorda! São horas!...30/04/07
LXXVII - Acorda! São horas!...
Um dia Sonhei:
-Que acordava bem disposto, liberto de rancores ou mágoas, feliz apenas! porque sim!
-Que sair, para ir para o trabalho, era uma pequena alegria.
-Que levar o saco-cama para a praia, lá adormecer, e acordar com o nascer do dia quente é um luxo.
- Com o moscatel numa esplanada e dois dias pela frente sem nada fazer, tudo para reinventar.
- O prazer de fazer rir o meu sobrinho!
- O banho frio no oceano nas terras soalheiras do Alentejo!
- A mochila no carro e siga viagem!
- Lavar os dentes e zarpar!
- As noites ébrias de animação com os meus amigos.
- As Noites cheias de emoção com o amor.
- A Presença tranquilizadora, da consciencia leve e serena
- Em que o acordar não era mais que um renascer contente.
- Em que o viver se resumia a viver.
Depois,
depois acordei.
E olhei-me ao espelho.
Um dia Sonhei:
-Que acordava bem disposto, liberto de rancores ou mágoas, feliz apenas! porque sim!
-Que sair, para ir para o trabalho, era uma pequena alegria.
-Que levar o saco-cama para a praia, lá adormecer, e acordar com o nascer do dia quente é um luxo.
- Com o moscatel numa esplanada e dois dias pela frente sem nada fazer, tudo para reinventar.
- O prazer de fazer rir o meu sobrinho!
- O banho frio no oceano nas terras soalheiras do Alentejo!
- A mochila no carro e siga viagem!
- Lavar os dentes e zarpar!
- As noites ébrias de animação com os meus amigos.
- As Noites cheias de emoção com o amor.
- A Presença tranquilizadora, da consciencia leve e serena
- Em que o acordar não era mais que um renascer contente.
- Em que o viver se resumia a viver.
Depois,
depois acordei.
E olhei-me ao espelho.
Our Darkness 18/04/07
LXXIII - "Our Darkness"
"Through the city nightmares you´d walk with me
And We`d talk of it with idealistic assurance
That it wouldn´t tear us apart
We´d keep our heads above the blackened water
But there´s no room for ideals in this mechanical place
And you´re gone now
Through a grimy window that I can´t keep clean
Through billowing smoke that´s swallowed the sun
You´re nowhere to be seen
Do you think our desires still burn
I guess it was desires that tore us apart
There has to be passion
A passion for living, surviving
And that means detachment
Everybody has a weapon to fight you with
To beat you when you are down
There were too many defences between us
Doubting all the time
Fearing all the time
Doubting all the time
Fearing all the time
That like these urban nightmares
We´d blacken each other skies
When we passed the subway we tried to ignore our fate there
Of written threats on endless walls
Unjustified crimes carried on stifled calls
Would you walked with me now through this pouring rain
It used to mingle with our tears then dry with the hopes
that we left behind
It rains even harder now."
Anne Clark
"Through the city nightmares you´d walk with me
And We`d talk of it with idealistic assurance
That it wouldn´t tear us apart
We´d keep our heads above the blackened water
But there´s no room for ideals in this mechanical place
And you´re gone now
Through a grimy window that I can´t keep clean
Through billowing smoke that´s swallowed the sun
You´re nowhere to be seen
Do you think our desires still burn
I guess it was desires that tore us apart
There has to be passion
A passion for living, surviving
And that means detachment
Everybody has a weapon to fight you with
To beat you when you are down
There were too many defences between us
Doubting all the time
Fearing all the time
Doubting all the time
Fearing all the time
That like these urban nightmares
We´d blacken each other skies
When we passed the subway we tried to ignore our fate there
Of written threats on endless walls
Unjustified crimes carried on stifled calls
Would you walked with me now through this pouring rain
It used to mingle with our tears then dry with the hopes
that we left behind
It rains even harder now."
Anne Clark
Presas na escuridão 10/04/07
LXXII - Presas na Escuridão
A revolução industrial não passava de um mito longinquo... A Revolução tecnológica uma recordação do Passado. A electrónica esquecida. A electricidade uma lembrança perdida. O petróleo apenas era uma côr a mais na abóbada celeste.
O Sol uma sombra baça sobre o negro céu constantemente carregado. Nuvens baixas quase tocavam o solo que possuia a mesma cor. Quase que não se discernia onde começava um e acabava outro. O mesmo tom, o mesmo breu. O Azul do céu recordado, mas esquecido pela realidade pardacenta. O Mar contaminado, apresentava-se nas cores de lama, como um enorme pântano imundo. Onde tudo ia desaguar. E um cheiro nauseabundo. o Ar respirável com dificuldade. Um cheiro a carvão constante, a corpos queimados, um odor ácido e adocicado de carne em decomposição caia dos céus. Cinzas dos céus cobriam o chão, prendiam-se ao corpo dos vivos. À sua pele encardida, os rostos todos iguais, sem expressão, talvez o receio fosse a emoção única. A profissão legítima era a sobrevivencia. dedicavam-se somente a isso. Ao jogo do rato de do gato....Dias passados em eterna busca de comida e disputa letal por ela. As noites silenciosas. Todos recolhidos nas suas casas no subsolo. Somente o barulho do crepitar das chamas que saiam pelas chaminés que restavam. Que consumindo tudo. Corpos, matéria estéril, e tudo o que ardesse. Algo que aquecesse, que desse luz. Vivia-se em plena Idade Nova. Não era a lei do mais forte, era a lei do mais voraz. Os objectos do quotidiano resumiam-se a armas arcaicas, lanças, facas rombas, calhaus, pedaços de máquinas fragmentadas...Tudo o que matasse, fosse quem fosse que invadisse o espaço de outrem. Os armários queimados, os veículos desmontados, livros consumidos pelo fogo, para o calor. Tudo o que servisse de combustível e se obtivesse calor. As Leis esquecidas, apenas os instintos prevaleciam.
Max vivia só num atarracado buraco, seus parentes mortos há muito. Já tinha consumido todos os seus animais domésticos, chegara a ser considerado nobre. Começara a altura de se aventurar lá fora. caçar os fracos, os incautos. Empunhando o que parecia ser uma base dum ferro de engomar espetado numa trave longa e fina de aço. Era a sua única arma, mas eficaz até ao momento. Além duma fisga manufacturada com peças antigas de um qualquer automatismo industrial, e uma machada artesanal.
Não havia lugar a ideais nesta Era. Não existiam princípios por onde se reger. A moral inexistente. O desejo, o amor, ou a honra, conceitos esquecidos e apagados da mente de todo o ente vivo. Os objectivos eram sobreviver. Era o que bastava. Uma economia de subsistencia baseada no parasitismo, necrofagia, e canibalismo. Uma morte súbita, e uma fuga rápida.
Max era mais um predador. Deambulava agachado na rua, pela noite. Esperando alguém...Degolava a sua presa. Um homem igual a ele. Inferior com certeza. Não passava de uma rés. E o remorso não existia, fora feito para caçar, e resistiria assim. Voltava de madrugada para o seu buraco com um cadáver. A excitação era enorme! Hoje iria comer! Faria um banquete para si! Regojizava-se por viver numa sociedade em que não se passava fome. Brindava a isso!
A revolução industrial não passava de um mito longinquo... A Revolução tecnológica uma recordação do Passado. A electrónica esquecida. A electricidade uma lembrança perdida. O petróleo apenas era uma côr a mais na abóbada celeste.
O Sol uma sombra baça sobre o negro céu constantemente carregado. Nuvens baixas quase tocavam o solo que possuia a mesma cor. Quase que não se discernia onde começava um e acabava outro. O mesmo tom, o mesmo breu. O Azul do céu recordado, mas esquecido pela realidade pardacenta. O Mar contaminado, apresentava-se nas cores de lama, como um enorme pântano imundo. Onde tudo ia desaguar. E um cheiro nauseabundo. o Ar respirável com dificuldade. Um cheiro a carvão constante, a corpos queimados, um odor ácido e adocicado de carne em decomposição caia dos céus. Cinzas dos céus cobriam o chão, prendiam-se ao corpo dos vivos. À sua pele encardida, os rostos todos iguais, sem expressão, talvez o receio fosse a emoção única. A profissão legítima era a sobrevivencia. dedicavam-se somente a isso. Ao jogo do rato de do gato....Dias passados em eterna busca de comida e disputa letal por ela. As noites silenciosas. Todos recolhidos nas suas casas no subsolo. Somente o barulho do crepitar das chamas que saiam pelas chaminés que restavam. Que consumindo tudo. Corpos, matéria estéril, e tudo o que ardesse. Algo que aquecesse, que desse luz. Vivia-se em plena Idade Nova. Não era a lei do mais forte, era a lei do mais voraz. Os objectos do quotidiano resumiam-se a armas arcaicas, lanças, facas rombas, calhaus, pedaços de máquinas fragmentadas...Tudo o que matasse, fosse quem fosse que invadisse o espaço de outrem. Os armários queimados, os veículos desmontados, livros consumidos pelo fogo, para o calor. Tudo o que servisse de combustível e se obtivesse calor. As Leis esquecidas, apenas os instintos prevaleciam.
Max vivia só num atarracado buraco, seus parentes mortos há muito. Já tinha consumido todos os seus animais domésticos, chegara a ser considerado nobre. Começara a altura de se aventurar lá fora. caçar os fracos, os incautos. Empunhando o que parecia ser uma base dum ferro de engomar espetado numa trave longa e fina de aço. Era a sua única arma, mas eficaz até ao momento. Além duma fisga manufacturada com peças antigas de um qualquer automatismo industrial, e uma machada artesanal.
Não havia lugar a ideais nesta Era. Não existiam princípios por onde se reger. A moral inexistente. O desejo, o amor, ou a honra, conceitos esquecidos e apagados da mente de todo o ente vivo. Os objectivos eram sobreviver. Era o que bastava. Uma economia de subsistencia baseada no parasitismo, necrofagia, e canibalismo. Uma morte súbita, e uma fuga rápida.
Max era mais um predador. Deambulava agachado na rua, pela noite. Esperando alguém...Degolava a sua presa. Um homem igual a ele. Inferior com certeza. Não passava de uma rés. E o remorso não existia, fora feito para caçar, e resistiria assim. Voltava de madrugada para o seu buraco com um cadáver. A excitação era enorme! Hoje iria comer! Faria um banquete para si! Regojizava-se por viver numa sociedade em que não se passava fome. Brindava a isso!
Realidades alternativas 10/04/07
LXXI - Realidades alternativas
Sem abrigo, sem familia, sem esperança, vagueiava pelas ruas. Tinha-se separado de toda a gente que gostava, a sua vida não lhe permitia estar com ninguém. causava vergonha e tristeza a todos. Ninguém queria estar com um sujeito que era contraproducente, sem valor, onde a unica coisa que sabia fazer era imaginar uma outra vida, ficar horas a fio olhando o vazio, fabricando personagens, fazendo historias, recriando cenários. Tudo lindo, onirico, utópico. Já ninguém queria saber, todos tinham os seus problemas, as suas familias, as suas casinhas para cuidar. Abandonavam-no à sua sorte, à sua sina, a um destino que não era o seu, mas sim provocado pelo sistema onde se inseria, segundo as vontades da autoridade, e de seus autoritarismos. Vivia de esmolas, de cantigas de rua, da sorte. Devia dinheiro a todos, pequenas quantidades. Precisava do seu fundo de maneio diário.Em troca fazia favores a todos. Embora todos desdenhassem dele, e das suas funções futéis. Já não o achavam necessário, nem era preciso. Havia a Tv, que divertia mais. Os Jornais e as palavras cruzadas. A rádio e suas playlists. Estava portanto antiquado, desfasado da realidade. No fundo era um animal em vias de extinção. ninguém queria ser visto com ele. A harmonia do sistema dispensava-o. Um dia construiu, um novo mundo. Imaginou de olhos fechados uma outra categoria de gente, aqueles que amavam só por amar, aqueles que não questionavam o outro, aqueles que viviam sintonizados e de mãos dadas. Onde ninguém tinha nada a apontar ao outro. Onde quem chorava era apoiado, quem ria era estimado, quem nada fazia era estimulado. Esse mundo nunca chegou a aparecer. E quando morreu, a ideia morreu com ele. Ninguém mais de recordou dele. Apenas se lembravam que tinha ficado de pagar as suas dividas. e de encantar as suas crianças com suas historias. Deixou toda a gente aborrecida por ter desaparecido assim. " Há gente que não merece a nossa consideração!", diziam.
Sem abrigo, sem familia, sem esperança, vagueiava pelas ruas. Tinha-se separado de toda a gente que gostava, a sua vida não lhe permitia estar com ninguém. causava vergonha e tristeza a todos. Ninguém queria estar com um sujeito que era contraproducente, sem valor, onde a unica coisa que sabia fazer era imaginar uma outra vida, ficar horas a fio olhando o vazio, fabricando personagens, fazendo historias, recriando cenários. Tudo lindo, onirico, utópico. Já ninguém queria saber, todos tinham os seus problemas, as suas familias, as suas casinhas para cuidar. Abandonavam-no à sua sorte, à sua sina, a um destino que não era o seu, mas sim provocado pelo sistema onde se inseria, segundo as vontades da autoridade, e de seus autoritarismos. Vivia de esmolas, de cantigas de rua, da sorte. Devia dinheiro a todos, pequenas quantidades. Precisava do seu fundo de maneio diário.Em troca fazia favores a todos. Embora todos desdenhassem dele, e das suas funções futéis. Já não o achavam necessário, nem era preciso. Havia a Tv, que divertia mais. Os Jornais e as palavras cruzadas. A rádio e suas playlists. Estava portanto antiquado, desfasado da realidade. No fundo era um animal em vias de extinção. ninguém queria ser visto com ele. A harmonia do sistema dispensava-o. Um dia construiu, um novo mundo. Imaginou de olhos fechados uma outra categoria de gente, aqueles que amavam só por amar, aqueles que não questionavam o outro, aqueles que viviam sintonizados e de mãos dadas. Onde ninguém tinha nada a apontar ao outro. Onde quem chorava era apoiado, quem ria era estimado, quem nada fazia era estimulado. Esse mundo nunca chegou a aparecer. E quando morreu, a ideia morreu com ele. Ninguém mais de recordou dele. Apenas se lembravam que tinha ficado de pagar as suas dividas. e de encantar as suas crianças com suas historias. Deixou toda a gente aborrecida por ter desaparecido assim. " Há gente que não merece a nossa consideração!", diziam.
Visão 10/04/07
LXX - Visão
Acordou num espaço exiguo. Confuso, sem memória do seu passado. O Corpo dorido do chão de madeira bolorento, com cheiro a bafio. Levantou-se e olhou em volta. Onde estava? Desconhecia. Um quarto rectangular todo de madeira, com janelas no topo, tentou olhar para fora, mas eram altas demais. A porta fechada, sem puxador, nem fechadura, apenas um prego e uma argola faziam essa função. Olhou pela fresta, um corredor. Com o mesmo tipo de janelas. Tentou abrir a porta, ela cedeu e abriu-se com ruido, tudo rangia. Saiu à cautela. Nesse corredor comprido via a luz de uma porta aberta para o exterior a uns 50 metros. Do seu lado esquerdo várias portas iguais, algumas delas abertas, do outro, janelas pequenas e altas, por onde era impossivel espreitar. Avança aos poucos e em silêncio. Na primeira porta aberta, espreita. Vazio. A segunda também, assim como a terceira. Faltam-lhe meia duzia de portas, até à do lado direito, essa sim com luz, talvez a liberdade.... Noutra, um corpo cinzento deitado, imóvel, abriu mais a porta, tentava perceber o que ali estava, o que era aquele corpo moribundo, de repente mexe-se! Geme! Mas sem se dar conta que estava a ser observado. Assustado, encosta a porta e prossegue... Não pára em mais nenhum cubículo, acelera o passo em direcção ao que pensa ser a saída. A madeira range sobre os seus pés. Os gemidos de várias divisões aumentam. Tam de sair dali rápido. O coração acelera, o medo também. Está junto à porta exterior, antes de sair baixa-se e tenta sentir o que se passa cá fora. O silêncio apenas. Enquanto cá dentro os gemidos continuam, em uníssono, sente que a sua presença foi descoberta. Saí. Cá fora pinheiros altos, repara que estava numa espécie de cadeia ou albergue antigo, com várias divisões internas, cada uma contendo sabe-se lá o quê. À sua frente outro pavilhão igual, do lado direito o pinhal adensa-se, é por aí que segue...corre em direcção ao mato, por baixo dele, o barulho da caruma que pisa, os paus que parte, as pinhas em que tropeça. Treme com receio de alguém o escutar. Baixa-se. Ouve vozes que gritam, por detrás do pavilhão. Passadas em corrida na sua direcção pensa. Não é possível foi cuidadoso. O medo apodera-se. Corre em direcção contrária. A uns 100 metros uma casa de pedra, com umas janelas largas de portadas fechadas e uma chaminé fumegante. Dirige-se para lá. Os passos seguem-no assim como os gritos, nada vê. Entra em panico. Chega à casa, bate à porta com força.. Vêm gritos lá de dentro tenta espreitra pelas portadas. Não! É melhor fugir...contorna a casa e esconde-se por detrás. Já nem percebe a direcção das passadas que o perseguem. Parece que o rodeiam. Corre para longe...Uma clareira ao fundo, segue por aí, corre mais rápido. O mato cerra-se, quase intransponível, apressa-se a custo a passá-lo...Mas alto! Adiante uma rede alta com arame farpado por cima...Meu Deus! Está encurralado!.. Nâo vê ninguém... A barulheira continua, decide voltar para trás, passa a casa em direcção ao pavilhão donde saiu. Vozes e passadas, seguem-no, não sabe donde! Entra para o pavilhão. Continua em frente, e fecha-se no seu cubículo, encostando-se à porta. As vozes param, os passos deixam de se ouvir. A sua respiração ofegante. A transpiração corre-lhe pelo corpo e pinga no chão. A excitação e o pavor fazem-no tremer. Acalma e encosta-se. Abre os olhos e olha para o tecto, de um branco angelical. Do seu lado direito a infermeira injecta-lhe mais morfina pelo soro ligado ao seu braço.Á sua frente pra lá de uma vidraça 2 homens fardados e 3 homens de bata branca olham-no. Suspira. E fecha novamente os olhos encostando a cabeça à almofada. Não passava de um sonho mau, um pesadelo doentio.. Está seguro outra vez!
Acordou num espaço exiguo. Confuso, sem memória do seu passado. O Corpo dorido do chão de madeira bolorento, com cheiro a bafio. Levantou-se e olhou em volta. Onde estava? Desconhecia. Um quarto rectangular todo de madeira, com janelas no topo, tentou olhar para fora, mas eram altas demais. A porta fechada, sem puxador, nem fechadura, apenas um prego e uma argola faziam essa função. Olhou pela fresta, um corredor. Com o mesmo tipo de janelas. Tentou abrir a porta, ela cedeu e abriu-se com ruido, tudo rangia. Saiu à cautela. Nesse corredor comprido via a luz de uma porta aberta para o exterior a uns 50 metros. Do seu lado esquerdo várias portas iguais, algumas delas abertas, do outro, janelas pequenas e altas, por onde era impossivel espreitar. Avança aos poucos e em silêncio. Na primeira porta aberta, espreita. Vazio. A segunda também, assim como a terceira. Faltam-lhe meia duzia de portas, até à do lado direito, essa sim com luz, talvez a liberdade.... Noutra, um corpo cinzento deitado, imóvel, abriu mais a porta, tentava perceber o que ali estava, o que era aquele corpo moribundo, de repente mexe-se! Geme! Mas sem se dar conta que estava a ser observado. Assustado, encosta a porta e prossegue... Não pára em mais nenhum cubículo, acelera o passo em direcção ao que pensa ser a saída. A madeira range sobre os seus pés. Os gemidos de várias divisões aumentam. Tam de sair dali rápido. O coração acelera, o medo também. Está junto à porta exterior, antes de sair baixa-se e tenta sentir o que se passa cá fora. O silêncio apenas. Enquanto cá dentro os gemidos continuam, em uníssono, sente que a sua presença foi descoberta. Saí. Cá fora pinheiros altos, repara que estava numa espécie de cadeia ou albergue antigo, com várias divisões internas, cada uma contendo sabe-se lá o quê. À sua frente outro pavilhão igual, do lado direito o pinhal adensa-se, é por aí que segue...corre em direcção ao mato, por baixo dele, o barulho da caruma que pisa, os paus que parte, as pinhas em que tropeça. Treme com receio de alguém o escutar. Baixa-se. Ouve vozes que gritam, por detrás do pavilhão. Passadas em corrida na sua direcção pensa. Não é possível foi cuidadoso. O medo apodera-se. Corre em direcção contrária. A uns 100 metros uma casa de pedra, com umas janelas largas de portadas fechadas e uma chaminé fumegante. Dirige-se para lá. Os passos seguem-no assim como os gritos, nada vê. Entra em panico. Chega à casa, bate à porta com força.. Vêm gritos lá de dentro tenta espreitra pelas portadas. Não! É melhor fugir...contorna a casa e esconde-se por detrás. Já nem percebe a direcção das passadas que o perseguem. Parece que o rodeiam. Corre para longe...Uma clareira ao fundo, segue por aí, corre mais rápido. O mato cerra-se, quase intransponível, apressa-se a custo a passá-lo...Mas alto! Adiante uma rede alta com arame farpado por cima...Meu Deus! Está encurralado!.. Nâo vê ninguém... A barulheira continua, decide voltar para trás, passa a casa em direcção ao pavilhão donde saiu. Vozes e passadas, seguem-no, não sabe donde! Entra para o pavilhão. Continua em frente, e fecha-se no seu cubículo, encostando-se à porta. As vozes param, os passos deixam de se ouvir. A sua respiração ofegante. A transpiração corre-lhe pelo corpo e pinga no chão. A excitação e o pavor fazem-no tremer. Acalma e encosta-se. Abre os olhos e olha para o tecto, de um branco angelical. Do seu lado direito a infermeira injecta-lhe mais morfina pelo soro ligado ao seu braço.Á sua frente pra lá de uma vidraça 2 homens fardados e 3 homens de bata branca olham-no. Suspira. E fecha novamente os olhos encostando a cabeça à almofada. Não passava de um sonho mau, um pesadelo doentio.. Está seguro outra vez!
Tolos 06/04/07
LVIX - Tolos
O Rapaz era o tolo da aldeia. Um entretem para toda a gente.
Um dia decidiu atirar-se ao rio. Foi ter à foz.
Aí não era conhecido mas continuava tonto. A vantagem é que ninguém sabia disso. Decidiu permanecer, e até que foi bem recebido. Entrava na Casa do Povo, bebia uns copos. Davam-lhe de comer. E de Dormir. Lavavam-lhe a roupa. Tomava banho em casa deste e daquele. Um dia conheceu outro tonto. O saloio. Davam-se bem. Comunicavam apenas balbuciando silabas. Babavam-se de quando em vez e formavam uma boa parelha. Começaram a dar espectáculos. Representações de situações absurdas. Como público tinham os intelectuais da praça. Abriram uma sociedade e tudo. A principio as criticas eram boas. Depois chegaram os primeiros apupos. Subiram até à nascente, Aí eram desconhecidos. Espectáculos de marionetes, fogo posto, assaltos à mão armada. Sempre seguidos de grandes ovações de pé, pelas gentes autoctones. O brio profissional decaiu. As dependencias de substancias estranhas ao corpo e à mente entravam-lhes frequentemente. Os discursos sempre iguais deprimiam os locais. Pela calada da noite, possuiaram os bens emocionais de todos. A aldeia acordou. Ninguém era capaz de sentir, ou de emocionar. O toque era neutro. O sabor incipiente. A cor, incolor. O Raciocionio, redundante. Tinham roubado tudo. As sensações inclusivé. Incapazes de discursar ou ter pontos de vista proprios, as gentes tornaram-se também elas, vazias. Incapazes de tudo. Impotentes para algo. Corriam de um lado para o outro qual galinha acabada de se cortar a cabeça.Veio o inverno. Ninguem acendia as lareiras. Inaptos para se moverem ou tomar qualquer decisão. O intelecto definhou. Os corpos estáticos. As gente imóveis. Não passavam de uma maquete. Eram feitos de gesso. Todos os observavam. Olhavam para cima incapazes de expressar opinião. Os outros que os miravam, davam classificações à perfeição dos pequenos humanos, com seus pequenos carros, casinhas, cães, eiras, quintais, etc. Não passavam de bonecos. Chegava o dia em que a exposição era desmontada. No dia seguinte, nesse mesmo espaço, expunha-se a Nauticampo. Foram desmontados, arrumados em caixotes. Empilhados num armazem longinquo. Os anos passaram. Veio o esquecimento. Os tolos da aldeia circulavam aqui e ali, cantando e rindo. A aldeia, a maquete, destruida. O armazém veio abaixo. Sobre ela, um campo de golfe, 27 apartamentos de luxo e uma piscina de 25 metros. Os tolos nadavam e bebiam margaritas, o sol descia, era hora do jantar. Recolheram a casa. Estava na altura de criar mais uma aldeia. O tempo passou. Mudaram de cenário. Desce o pano. Faz-se a entrevista. Combinam-se estratégias. Mais uma volta.Compram-se recordações. Partem. Pró ano há mais.
O Rapaz era o tolo da aldeia. Um entretem para toda a gente.
Um dia decidiu atirar-se ao rio. Foi ter à foz.
Aí não era conhecido mas continuava tonto. A vantagem é que ninguém sabia disso. Decidiu permanecer, e até que foi bem recebido. Entrava na Casa do Povo, bebia uns copos. Davam-lhe de comer. E de Dormir. Lavavam-lhe a roupa. Tomava banho em casa deste e daquele. Um dia conheceu outro tonto. O saloio. Davam-se bem. Comunicavam apenas balbuciando silabas. Babavam-se de quando em vez e formavam uma boa parelha. Começaram a dar espectáculos. Representações de situações absurdas. Como público tinham os intelectuais da praça. Abriram uma sociedade e tudo. A principio as criticas eram boas. Depois chegaram os primeiros apupos. Subiram até à nascente, Aí eram desconhecidos. Espectáculos de marionetes, fogo posto, assaltos à mão armada. Sempre seguidos de grandes ovações de pé, pelas gentes autoctones. O brio profissional decaiu. As dependencias de substancias estranhas ao corpo e à mente entravam-lhes frequentemente. Os discursos sempre iguais deprimiam os locais. Pela calada da noite, possuiaram os bens emocionais de todos. A aldeia acordou. Ninguém era capaz de sentir, ou de emocionar. O toque era neutro. O sabor incipiente. A cor, incolor. O Raciocionio, redundante. Tinham roubado tudo. As sensações inclusivé. Incapazes de discursar ou ter pontos de vista proprios, as gentes tornaram-se também elas, vazias. Incapazes de tudo. Impotentes para algo. Corriam de um lado para o outro qual galinha acabada de se cortar a cabeça.Veio o inverno. Ninguem acendia as lareiras. Inaptos para se moverem ou tomar qualquer decisão. O intelecto definhou. Os corpos estáticos. As gente imóveis. Não passavam de uma maquete. Eram feitos de gesso. Todos os observavam. Olhavam para cima incapazes de expressar opinião. Os outros que os miravam, davam classificações à perfeição dos pequenos humanos, com seus pequenos carros, casinhas, cães, eiras, quintais, etc. Não passavam de bonecos. Chegava o dia em que a exposição era desmontada. No dia seguinte, nesse mesmo espaço, expunha-se a Nauticampo. Foram desmontados, arrumados em caixotes. Empilhados num armazem longinquo. Os anos passaram. Veio o esquecimento. Os tolos da aldeia circulavam aqui e ali, cantando e rindo. A aldeia, a maquete, destruida. O armazém veio abaixo. Sobre ela, um campo de golfe, 27 apartamentos de luxo e uma piscina de 25 metros. Os tolos nadavam e bebiam margaritas, o sol descia, era hora do jantar. Recolheram a casa. Estava na altura de criar mais uma aldeia. O tempo passou. Mudaram de cenário. Desce o pano. Faz-se a entrevista. Combinam-se estratégias. Mais uma volta.Compram-se recordações. Partem. Pró ano há mais.
Wallies 04/04/07
LXVIII - "Wallies"
"So this is where the future lies
In a beer gut belly
In an open fly
Brilcremed, acrylic, mindless boys
Punching, kicking, making noise
From the cradle to the city streets
They spill out their agression
By punching what they don´t understand
And stopping all forms of expression
Teaching each other to be men
By spewing in the street
Well now I now just what to do
To make my man complete!
Against the power of their misguidance
We must learn to fight
To be just what we want to be
Morning, noon and night
Night is for the hunters
And the hunted are you and me
Hunted for just having
Some form of identity
Night is for the hunters
And hunted are you and me
Hunted for just having
Some individuality"
Anne Clark
"So this is where the future lies
In a beer gut belly
In an open fly
Brilcremed, acrylic, mindless boys
Punching, kicking, making noise
From the cradle to the city streets
They spill out their agression
By punching what they don´t understand
And stopping all forms of expression
Teaching each other to be men
By spewing in the street
Well now I now just what to do
To make my man complete!
Against the power of their misguidance
We must learn to fight
To be just what we want to be
Morning, noon and night
Night is for the hunters
And the hunted are you and me
Hunted for just having
Some form of identity
Night is for the hunters
And hunted are you and me
Hunted for just having
Some individuality"
Anne Clark
Criticas 03/04/07
LXVII - Criticas
É fácil apontar o dedo e dizer mal de alguém ou de algo. Até é saudável quando não se torna uma obcessão ou algo pessoal. Aqui conto histórias, coloco questões, mostro as minhas emoções, exponho os meus medos, falo de vivências, e dos meus pseudo-existêncialismos. Se são ranhosos ou reles, sejam eles melosos, ou em estilo melo-dramático, são no fundo pedaços ou rasgos da minha imaginação ou da condição momentanea que me encontro. As análises psiquicas, psicológicas ou mentais que me fazem são dispensáveis. Um blog não é propriamente um gabinete de estudo da minha mentalidade. Os textos não são um sofá duma ala psiquiatrica. Os devaneios não são a caixa de vidro onde o rato branco rodopia na sua roda vezes sem conta. Em boa verdade os meus momentos depressivos, as euforias, os disparates, a minha estupidez, ou palermice, fazem parte de mim. Embora isto reflicta estados de espirito, não é um espelho da minha alma. São apenas momentos. Fracções. Sou isto sim. Com muito gosto! Se os meus principios são desviantes, se a minha moral é fraudulenta ou minha ética errada então tem de se analisar também toda a sociedade, pois não vivo numa ilha. Rotulos não assentam bem. Apontar por ter a minha individualidade acho injusto, pois são juizos de valor sem conhecimento de causa.
Verdade seja dita que infelizmente não possuo quaisquer dotes artistico-literários como uma Florbela Espanca, um Oscar Wilde, um Pessoa ou um Kafka. Esses estão acima de qualquer juizo. Talvez seja por isso que recaiam sobre mim essas acusações ou reprimendas da minha propria personalidade. Mas o que é facto é que tenho a minha individualidade. E essa basta-me.
É fácil apontar o dedo e dizer mal de alguém ou de algo. Até é saudável quando não se torna uma obcessão ou algo pessoal. Aqui conto histórias, coloco questões, mostro as minhas emoções, exponho os meus medos, falo de vivências, e dos meus pseudo-existêncialismos. Se são ranhosos ou reles, sejam eles melosos, ou em estilo melo-dramático, são no fundo pedaços ou rasgos da minha imaginação ou da condição momentanea que me encontro. As análises psiquicas, psicológicas ou mentais que me fazem são dispensáveis. Um blog não é propriamente um gabinete de estudo da minha mentalidade. Os textos não são um sofá duma ala psiquiatrica. Os devaneios não são a caixa de vidro onde o rato branco rodopia na sua roda vezes sem conta. Em boa verdade os meus momentos depressivos, as euforias, os disparates, a minha estupidez, ou palermice, fazem parte de mim. Embora isto reflicta estados de espirito, não é um espelho da minha alma. São apenas momentos. Fracções. Sou isto sim. Com muito gosto! Se os meus principios são desviantes, se a minha moral é fraudulenta ou minha ética errada então tem de se analisar também toda a sociedade, pois não vivo numa ilha. Rotulos não assentam bem. Apontar por ter a minha individualidade acho injusto, pois são juizos de valor sem conhecimento de causa.
Verdade seja dita que infelizmente não possuo quaisquer dotes artistico-literários como uma Florbela Espanca, um Oscar Wilde, um Pessoa ou um Kafka. Esses estão acima de qualquer juizo. Talvez seja por isso que recaiam sobre mim essas acusações ou reprimendas da minha propria personalidade. Mas o que é facto é que tenho a minha individualidade. E essa basta-me.
Objectivo 02/04/07
LXVI - Objectivo
Resumir a vida a um unico objectivo. Não ter Objectivos. Reorganizar para tê-los. Encarnar personagens, e encetar novos percursos. Possuir alguém, para sentir pertença. Estar com gente para se identificar com ninguém. Enveredar pelos psicotrópicos para esquecer de se recordar. Emborcar alcool para cumprir esse objectivo. Vaguear só para depois se sentir acompanhado. Acompanhar alguém para ressentir-se da solidão. Ajudar outrém para receber mérito. Enganar para sentir-se sujo. Olhar o vazio. Pensar no que foi feito. Resumir-se a ser. Chorar para depois ter gozo em sorrir. Satisfazer-se com tudo. Não se entregar a nada. Decidir fazer para depois mudar de ideia. Ser infeliz pra receber felicidade alheia. Acarinhar para ser retribuido. Acumular para depois gastar. Estragar para ter de compor. Decompor para construir. Baralhar. Confundir. Voltar ao principio e subjectivar.
Resumir a vida a um unico objectivo. Não ter Objectivos. Reorganizar para tê-los. Encarnar personagens, e encetar novos percursos. Possuir alguém, para sentir pertença. Estar com gente para se identificar com ninguém. Enveredar pelos psicotrópicos para esquecer de se recordar. Emborcar alcool para cumprir esse objectivo. Vaguear só para depois se sentir acompanhado. Acompanhar alguém para ressentir-se da solidão. Ajudar outrém para receber mérito. Enganar para sentir-se sujo. Olhar o vazio. Pensar no que foi feito. Resumir-se a ser. Chorar para depois ter gozo em sorrir. Satisfazer-se com tudo. Não se entregar a nada. Decidir fazer para depois mudar de ideia. Ser infeliz pra receber felicidade alheia. Acarinhar para ser retribuido. Acumular para depois gastar. Estragar para ter de compor. Decompor para construir. Baralhar. Confundir. Voltar ao principio e subjectivar.
Caminho 02/04/07
LXV - Caminho
A areia escaldava sobre os pés. Os cardos rasgavam a pele. O sol fritava os miolos. Nem os répteis se vislumbravam. Nenhum ser vivo.Não parecia ter fim este sítio, nem se lembrava do princípio. Mas esse era o caminho a seguir. Não parar. O objectivo era não parar! Continuava a subir duna acima, a descer. O suor secava assim que saia, nem escorria no corpo. A boca de lábios colados. o corpo de pele queimada. Feridas na epiderme surgiam, queimaduras graves. Esfregava-as com areia, tentava tapá-las. o corpo pedia comida e água. o cérebro, açucares. Caminhava mecanicamente. Era este o caminho a seguir...Continuar! Nunca parar! Fraquejava...Interiormente o cérebro falhava...alucinações de uma praia de mar verde surgiam...Corria para lá! Nadava, mergulhava, engolia litros de água salgada! Qual quê?! estava no chão cáído de cara na areia. Levantava-se... Andar! Continuar! Este é o caminho a seguir! Mais rápido, passar esta duna! Olha outra. Vá sobe...escorrega e rebola areia abaixo...Desmaia...acorda com o Sol a queimar-lhe a retina. adormecia de olhos abertos. Fraco...Fraco...Ah! Levanta-te... Sobe...Este é o caminho a seguir! Não se permitia a parar. pedaços de pele soltavam-se qual escamas do corpo. Os lábios gretavam e sangravam. As unhas gastas de gatinhar quando escalava as dunas... Parou. As pernas não obececiam, o sol alto consumia-o, a água do corpo desaparecia. O cérebro morria... O corpo secava. os olhos fechavam...o sangue espesso já não corria...a respiração custava. O Coração pára. Os pulmões pausam. Um ultimo sopro. Pele e osso.
Começam a secar os olhos. Dois orificios apenas.O vento e o sol, secam-lhe os orgãos internos. Surgem os ossos que furam e rasgam a pele...a derme consumida pela areia abrasiva. Uma pilha de ossos aparece...desgastada...enterrada pela movimentada e aquecida areia...Este é o caminho a seguir!
A areia escaldava sobre os pés. Os cardos rasgavam a pele. O sol fritava os miolos. Nem os répteis se vislumbravam. Nenhum ser vivo.Não parecia ter fim este sítio, nem se lembrava do princípio. Mas esse era o caminho a seguir. Não parar. O objectivo era não parar! Continuava a subir duna acima, a descer. O suor secava assim que saia, nem escorria no corpo. A boca de lábios colados. o corpo de pele queimada. Feridas na epiderme surgiam, queimaduras graves. Esfregava-as com areia, tentava tapá-las. o corpo pedia comida e água. o cérebro, açucares. Caminhava mecanicamente. Era este o caminho a seguir...Continuar! Nunca parar! Fraquejava...Interiormente o cérebro falhava...alucinações de uma praia de mar verde surgiam...Corria para lá! Nadava, mergulhava, engolia litros de água salgada! Qual quê?! estava no chão cáído de cara na areia. Levantava-se... Andar! Continuar! Este é o caminho a seguir! Mais rápido, passar esta duna! Olha outra. Vá sobe...escorrega e rebola areia abaixo...Desmaia...acorda com o Sol a queimar-lhe a retina. adormecia de olhos abertos. Fraco...Fraco...Ah! Levanta-te... Sobe...Este é o caminho a seguir! Não se permitia a parar. pedaços de pele soltavam-se qual escamas do corpo. Os lábios gretavam e sangravam. As unhas gastas de gatinhar quando escalava as dunas... Parou. As pernas não obececiam, o sol alto consumia-o, a água do corpo desaparecia. O cérebro morria... O corpo secava. os olhos fechavam...o sangue espesso já não corria...a respiração custava. O Coração pára. Os pulmões pausam. Um ultimo sopro. Pele e osso.
Começam a secar os olhos. Dois orificios apenas.O vento e o sol, secam-lhe os orgãos internos. Surgem os ossos que furam e rasgam a pele...a derme consumida pela areia abrasiva. Uma pilha de ossos aparece...desgastada...enterrada pela movimentada e aquecida areia...Este é o caminho a seguir!
Justiça 02/04/07
LXIV - Justiça
Quim vivia na aldeia fazia já 20 anos. Não trabalhava, vivia de biscates aqui e ali. Pedia esmola à porta da igreja. Aliciava as mulheres a troco de dinheiro. Contava historias longas e aborrecidas na tasca onde perdia o tempo e se endividava para beber mais um litro de vinho. Os vizinhos, já não tinham paciência para tanta efusividade. Tornava-se agressivo verbalmente, e destruia tudo por onde passava quando se encontrava bebedo. A sua violência não tinha limites, era um ser anti-social e execrável.
Numa madrugada quando se preparava para mais um dia de futilidades, uma multidão encontrava-se à sua porta. Sentiu uma primeira pancada na nuca. Dois murros certeiros na cabeça e vai ao chão. O peso das botas, que lhe entram pelas costelas já não lhe causam dor, os paus certeiros no seu corpo, apenas lhe causam um torpor, uma dormência. Quando acorda encontra-se longe. Tanto ele como os seus pertences. Tudo empilhado num campo lavrado. Percebeu que voltar estava fora de causa. Perguntou-se que tinha feito para causar tanta raiva nos seus amigos e vizinhos. Questionava-se agora para onde ir. Custava-lhe andar, o sangue seco ao canto da boca, as nódas negras no corpo, as pernas doridas. Coxo, quase cego, dos iinchaços, confuso e perturbado. As dores agora eram maiores. Pela primeira vez encontrava-se sozinho. Sentia ódio por aquela gente, tinha dado tanto de si e era assim desprezado. Porquê? Perguntava-se vezes a fio. Gritava alto! o Eco chegava a aldeia. As gentes paravam e tremiam. Calafrios surgiam. Um horror surdo. Ninguém acreditava que voltasse. Quim levantou-se a custo novamente. Caia de novo. Tombava. Precisava dum copo. Mas não. Não ia voltar. Seguiu pela estrada. Esperava boleia...sentado...Encostou-se a uma árvore, deixou-se dormir... Acorda já a noite acaba. Tremuras e dores o consomem. Uma raiva cresce, está sozinho e sente-se abandonado e desprezado. pergunta-se porquê? Não tem respostas. Só pensa em vingança e em destruição. Como foram capazes? quem é aquela gente? Que direito têm sobre ele? Não! Vai voltar atrás. Não pode passar impune esta manifestação de ódio. Tem uns trocados no bolso, é tudo o que lhe resta...Pede boleia para trás...chega antes da madrugada com dois cantis de gasolina. Despeja-o sobre a bomba de gasolina sobre a tasca, sobre os carros estacionados..Sobre as casas mais próximas, sobre o estábulo...tudo o que seja combustível!...Acende um cigarro. Mete-se num carro, destrava-o e atira-o ao poço. Deixa cair o fogo e tudo arde! Foge pela mata. Missão cumprida. É de novo um homem completo. A Justiça é cega...
Quim vivia na aldeia fazia já 20 anos. Não trabalhava, vivia de biscates aqui e ali. Pedia esmola à porta da igreja. Aliciava as mulheres a troco de dinheiro. Contava historias longas e aborrecidas na tasca onde perdia o tempo e se endividava para beber mais um litro de vinho. Os vizinhos, já não tinham paciência para tanta efusividade. Tornava-se agressivo verbalmente, e destruia tudo por onde passava quando se encontrava bebedo. A sua violência não tinha limites, era um ser anti-social e execrável.
Numa madrugada quando se preparava para mais um dia de futilidades, uma multidão encontrava-se à sua porta. Sentiu uma primeira pancada na nuca. Dois murros certeiros na cabeça e vai ao chão. O peso das botas, que lhe entram pelas costelas já não lhe causam dor, os paus certeiros no seu corpo, apenas lhe causam um torpor, uma dormência. Quando acorda encontra-se longe. Tanto ele como os seus pertences. Tudo empilhado num campo lavrado. Percebeu que voltar estava fora de causa. Perguntou-se que tinha feito para causar tanta raiva nos seus amigos e vizinhos. Questionava-se agora para onde ir. Custava-lhe andar, o sangue seco ao canto da boca, as nódas negras no corpo, as pernas doridas. Coxo, quase cego, dos iinchaços, confuso e perturbado. As dores agora eram maiores. Pela primeira vez encontrava-se sozinho. Sentia ódio por aquela gente, tinha dado tanto de si e era assim desprezado. Porquê? Perguntava-se vezes a fio. Gritava alto! o Eco chegava a aldeia. As gentes paravam e tremiam. Calafrios surgiam. Um horror surdo. Ninguém acreditava que voltasse. Quim levantou-se a custo novamente. Caia de novo. Tombava. Precisava dum copo. Mas não. Não ia voltar. Seguiu pela estrada. Esperava boleia...sentado...Encostou-se a uma árvore, deixou-se dormir... Acorda já a noite acaba. Tremuras e dores o consomem. Uma raiva cresce, está sozinho e sente-se abandonado e desprezado. pergunta-se porquê? Não tem respostas. Só pensa em vingança e em destruição. Como foram capazes? quem é aquela gente? Que direito têm sobre ele? Não! Vai voltar atrás. Não pode passar impune esta manifestação de ódio. Tem uns trocados no bolso, é tudo o que lhe resta...Pede boleia para trás...chega antes da madrugada com dois cantis de gasolina. Despeja-o sobre a bomba de gasolina sobre a tasca, sobre os carros estacionados..Sobre as casas mais próximas, sobre o estábulo...tudo o que seja combustível!...Acende um cigarro. Mete-se num carro, destrava-o e atira-o ao poço. Deixa cair o fogo e tudo arde! Foge pela mata. Missão cumprida. É de novo um homem completo. A Justiça é cega...
Intolerância 30/03/07
LXIII - Intolerância
Vi hoje na rua um cartaz do PNR, sobre a emigração. em que a "solução é o nacionalismo". Mas qual nacionalismo? Um país que tem meio milhão de imigrantes? Um país que tem 4 milhões de emigrantes? Num país onde toda a gente se queixa que está tudo mal??? Quem quer ser nacionalista? ou será que querem dizer " nacional-socialista"? Queixam-se de quê afinal? Antigamente eram os africanos, agora os de leste, a seguir quem são? os portugueses decerto. São eles que estão mal em Portugal, pois os outros contribuem para a economia nacional.
Na Sic noticias houve um debate sobre os cães perigosos e a morte de uma senhora por 4 cães. Houve um espectador que enviou uma mensagem dizendo que coisas destas só poderiam acontecer num país do 3º Mundo. O que é certo é que meses antes também alguém tinha sido atacado na Alemanha, outro no Reino Unido, etc etc, ou seja, tudo paises do 3º Mundo. Acho piada a quem diz mal de Portugal, quem diz mal é porque se sente mal...Não oiço o Belmiro de Azevedo, ou um Américo Amorim a dizer mal do seu País...Talvez porque não tenham razões para isso.
Também eu tenho razões para odiar o meu país. Fui multado porque ia em excesso de velocidade. Adormeci na Marginal e por sorte nada me aconteceu mas o arranjo do carro custa-me cerca de 200 Euros...Quem vou em acusar? O Governo? Nahhh. é deja vu. O sistema? hummm está demodé...Acuso Portugal, é mais fácil é uma entidade abstracta!
Portugal é culpado de eu não ser feliz no amor Portugal é culpado por eu receber pouco. Portugal é culpado por me sentir deprimido. Portugal é culpado por andar neste estado de ansiedade.
Portugal é culpado por ter nascido aqui.
Portugal é culpado por não sermos Espanhois
Portugal é culpado por termos descoberto o Brasil
Portugal é culpado pelo caminho maritimo para a India
Portugal é culpado pela entrada na União Europeia
Portugal no fundo é culpado por quem cá nasceu ser Português!
Bolas...sou Português e gosto...sou culpado de quê!?
Condenem-me Porra!
Vi hoje na rua um cartaz do PNR, sobre a emigração. em que a "solução é o nacionalismo". Mas qual nacionalismo? Um país que tem meio milhão de imigrantes? Um país que tem 4 milhões de emigrantes? Num país onde toda a gente se queixa que está tudo mal??? Quem quer ser nacionalista? ou será que querem dizer " nacional-socialista"? Queixam-se de quê afinal? Antigamente eram os africanos, agora os de leste, a seguir quem são? os portugueses decerto. São eles que estão mal em Portugal, pois os outros contribuem para a economia nacional.
Na Sic noticias houve um debate sobre os cães perigosos e a morte de uma senhora por 4 cães. Houve um espectador que enviou uma mensagem dizendo que coisas destas só poderiam acontecer num país do 3º Mundo. O que é certo é que meses antes também alguém tinha sido atacado na Alemanha, outro no Reino Unido, etc etc, ou seja, tudo paises do 3º Mundo. Acho piada a quem diz mal de Portugal, quem diz mal é porque se sente mal...Não oiço o Belmiro de Azevedo, ou um Américo Amorim a dizer mal do seu País...Talvez porque não tenham razões para isso.
Também eu tenho razões para odiar o meu país. Fui multado porque ia em excesso de velocidade. Adormeci na Marginal e por sorte nada me aconteceu mas o arranjo do carro custa-me cerca de 200 Euros...Quem vou em acusar? O Governo? Nahhh. é deja vu. O sistema? hummm está demodé...Acuso Portugal, é mais fácil é uma entidade abstracta!
Portugal é culpado de eu não ser feliz no amor Portugal é culpado por eu receber pouco. Portugal é culpado por me sentir deprimido. Portugal é culpado por andar neste estado de ansiedade.
Portugal é culpado por ter nascido aqui.
Portugal é culpado por não sermos Espanhois
Portugal é culpado por termos descoberto o Brasil
Portugal é culpado pelo caminho maritimo para a India
Portugal é culpado pela entrada na União Europeia
Portugal no fundo é culpado por quem cá nasceu ser Português!
Bolas...sou Português e gosto...sou culpado de quê!?
Condenem-me Porra!
Monólogo a dois 29/03/07
LXII - Monologos a dois
Nas leis de Newton, num par acção-reacção, uma força precisa de uma de igual intensidade e de sentido contrário.
Dentro da fisiologia e sensibilidade humana também assim é. Qualquer emoção precisa de encontrar não o seu oposto mas uma interacção. Sem isso há uma inépcia natural para se sentir algo dos estímulos externos.
O sol para se ver tem de nascer.
O peixe de água para nadar.
Um qualquer ser vivo precisa de atrito para avançar.
Um carro de combustível para circular.
O pássaro de asas para se sustentar no ar.
O Homem de imaginação para sonhar.
Quando assim não é, o mundo pára. A vida estagna. O vazio preenche-nos.
O bréu atinge-nos. Tudo em pausa. E a tranquilidade dá lugar ao conflito. Os corpos chocam. Sobrepõem-se. E pelas mesmas leis da física, nenhum objecto pode ocupar o mesmo lugar de outro. Entram em fusão.
Nas leis de Newton, num par acção-reacção, uma força precisa de uma de igual intensidade e de sentido contrário.
Dentro da fisiologia e sensibilidade humana também assim é. Qualquer emoção precisa de encontrar não o seu oposto mas uma interacção. Sem isso há uma inépcia natural para se sentir algo dos estímulos externos.
O sol para se ver tem de nascer.
O peixe de água para nadar.
Um qualquer ser vivo precisa de atrito para avançar.
Um carro de combustível para circular.
O pássaro de asas para se sustentar no ar.
O Homem de imaginação para sonhar.
Quando assim não é, o mundo pára. A vida estagna. O vazio preenche-nos.
O bréu atinge-nos. Tudo em pausa. E a tranquilidade dá lugar ao conflito. Os corpos chocam. Sobrepõem-se. E pelas mesmas leis da física, nenhum objecto pode ocupar o mesmo lugar de outro. Entram em fusão.
Ceia 21/03/07
LVI - Ceia
Sobre a mesa um portentoso Jantar. Os convidados olham-se. Ninguém se mexe. A Comida esfria e o banquete irrequieto. Pego numa coxinha de frango, e vou roendo por baixo da mesa até ao osso. Acotovelam-se, agitados. O vinho é bebido, as travessas passadas, a carne crua. Peixe salta na bandeja, a sufocar. Penas esvoaçam até ao chão, e poisam. O Perú manifesta-se. O queijo suiço. O pão fermenta e a cerveja leveda. Torradas queimam-se. O salmão barra-se. O limão pinga. Vem o café. Sentam-se na esplanada. Ao sol. Que bem que se está. Bom apetite!
Sobre a mesa um portentoso Jantar. Os convidados olham-se. Ninguém se mexe. A Comida esfria e o banquete irrequieto. Pego numa coxinha de frango, e vou roendo por baixo da mesa até ao osso. Acotovelam-se, agitados. O vinho é bebido, as travessas passadas, a carne crua. Peixe salta na bandeja, a sufocar. Penas esvoaçam até ao chão, e poisam. O Perú manifesta-se. O queijo suiço. O pão fermenta e a cerveja leveda. Torradas queimam-se. O salmão barra-se. O limão pinga. Vem o café. Sentam-se na esplanada. Ao sol. Que bem que se está. Bom apetite!
Errado 21/03/07
LV - Errado
Nas palavras de Sócrates, que sabe que nada sabe, eu sei que nada sinto. Pelo menos hoje. e amanhã. Porquê? Não sei. Talvez não me apeteça. Ou não saiba como, ou não queira saber. Egoísmo? Egocentrismo? Cataclisma? Um ismo qualquer. É ao sabor da corrente, seja ela voltaica, ou cinética. Mesmo cinegética. De espécie em extinção. Ou aborígene de um local mental único. De imagens e rostos apóstatas e lívidos respectivamente. Apetências para ser algo, vontades de ser qualquer coisa que não esta. Mania de estar. Fobia de Ser. Felicidades ao desbarato. Amores em saldo. Sentimentos mediocres. Emoções medianas. Sensações impares. Caracteristicas cravadas na pele. categorias inventadas no papel. Agora mesmo. Num instante. Amanhã esquecidas. Uma redundancia. Uma incongruência. Adormece e acorda. Volta a pensar. A idealizar aqui. Pára. Recomeça do inicio. Tudo errado. Parte novamente. Aprende de novo. Apreende isto. Ensinam aquilo. Retém tudo. Não sabe, porque não convém. Não faz, porque é-lhe incutido. Recusa-se por obrigação. Nada é certo e está tudo errado.
Nas palavras de Sócrates, que sabe que nada sabe, eu sei que nada sinto. Pelo menos hoje. e amanhã. Porquê? Não sei. Talvez não me apeteça. Ou não saiba como, ou não queira saber. Egoísmo? Egocentrismo? Cataclisma? Um ismo qualquer. É ao sabor da corrente, seja ela voltaica, ou cinética. Mesmo cinegética. De espécie em extinção. Ou aborígene de um local mental único. De imagens e rostos apóstatas e lívidos respectivamente. Apetências para ser algo, vontades de ser qualquer coisa que não esta. Mania de estar. Fobia de Ser. Felicidades ao desbarato. Amores em saldo. Sentimentos mediocres. Emoções medianas. Sensações impares. Caracteristicas cravadas na pele. categorias inventadas no papel. Agora mesmo. Num instante. Amanhã esquecidas. Uma redundancia. Uma incongruência. Adormece e acorda. Volta a pensar. A idealizar aqui. Pára. Recomeça do inicio. Tudo errado. Parte novamente. Aprende de novo. Apreende isto. Ensinam aquilo. Retém tudo. Não sabe, porque não convém. Não faz, porque é-lhe incutido. Recusa-se por obrigação. Nada é certo e está tudo errado.
Uma vidraça 19/03/07
A primavera vem aí. O Casulo decrépito, todos os anos o mesmo, mas em localizações diferentes.Saio em forma de crisálida, borboleta, mariposa ou traça. Indiferente.
As mudanças surgem mas as metamorfoses saiem similares. Cada vez mais transgénicas. Estudadas, elaboradas e estudadas ao longo do Inverno. Surge o Verão e tudo se tranforma novamente, as mudanças do equinócio não serão as do solsticio. Perda de tempo. Alterações subtis. Porém bem visiveis. Só não vê quem quer, e so cai na teia quem busca a aranha. Um aracnideo alado, insectivoro, confuso, acabou de a tecer. E agora? Espera. por quem? sabe-se lá...sempre os mesmos insectos. com as mesmas mudanças. A Aranha também, para quê esperar se já sabe o que aí vem?
É esperar mais um equinócio, porque a seguir vem o solsticio.
E as mudanças de hoje não serão as de amanhã.
São apenas mudanças, de cor, forma, conteúdo. Ao final de contas é tudo igual.
Mais vale ser a traça e bater incessantemente contra a vidraça e tentar passá-la.
Tarefa impossível é certo... Mas ao menos tem esse objectivo.
As mudanças surgem mas as metamorfoses saiem similares. Cada vez mais transgénicas. Estudadas, elaboradas e estudadas ao longo do Inverno. Surge o Verão e tudo se tranforma novamente, as mudanças do equinócio não serão as do solsticio. Perda de tempo. Alterações subtis. Porém bem visiveis. Só não vê quem quer, e so cai na teia quem busca a aranha. Um aracnideo alado, insectivoro, confuso, acabou de a tecer. E agora? Espera. por quem? sabe-se lá...sempre os mesmos insectos. com as mesmas mudanças. A Aranha também, para quê esperar se já sabe o que aí vem?
É esperar mais um equinócio, porque a seguir vem o solsticio.
E as mudanças de hoje não serão as de amanhã.
São apenas mudanças, de cor, forma, conteúdo. Ao final de contas é tudo igual.
Mais vale ser a traça e bater incessantemente contra a vidraça e tentar passá-la.
Tarefa impossível é certo... Mas ao menos tem esse objectivo.
Incerteza 19/03/07
LII - Incerteza
A Felicidade mostra-se esquisita, quando não é acompanhada pelo contentamento nem pela a alegria. Ou mesmo a boa disposição e o bem-estar.
Se se está feliz estar-se-á contente? Isso implica estar alegre, bem disposto, e estar bem? Se se simula a boa disposição e a alegria, estamos alegres.
Se simulamos contentamento e bem-estar, seremos felizes. Se felizes então contentes e alegres? Tudo não passa de palavras. Que se sente quando se está feliz? Pouca coisa, talvez nenhuma. Não há necessidade de o demonstrar, apenas ser. Quando assim não é, demonstramos algo. Uma alegria breve. Polvilhada por alterações de humor. Ou uma camuflagem de emoções indescritiveis.
Que se sabe sobre a felicidade? É o mesmo que Alegria? Será o mesmo que contentamento? Ou umas são mais intensas que as outras? Serão de igual intensidade? Mas de extensão temporal diferentes?
Será uma instantanea? Outra adquirida? Alguma inata?
Como se obtém? Algum requisito especifico? Haverá necessidade de prestar provas para as possuir?
E se formos tendo umas e não as outras?
se for feliz, mas não alegre?
se estiver contente e não feliz?
se estiver bem mas sem felicidade, alegria ou contentamento?
Mas se estiver mal e for feliz e estiver contente?
Mas aqui coloca-se a questão do ser e do estar.
Quando sou feliz estou contente ou alegre.
Mas se sou alegre não sou contente...questão de distinção linguistica ou sensorial?
Quando estou, não sou?
Quando sou também estou!
Logo não sei quando sou feliz ou estou contente, nem vice-versa.
Alguém me explique.
A Felicidade mostra-se esquisita, quando não é acompanhada pelo contentamento nem pela a alegria. Ou mesmo a boa disposição e o bem-estar.
Se se está feliz estar-se-á contente? Isso implica estar alegre, bem disposto, e estar bem? Se se simula a boa disposição e a alegria, estamos alegres.
Se simulamos contentamento e bem-estar, seremos felizes. Se felizes então contentes e alegres? Tudo não passa de palavras. Que se sente quando se está feliz? Pouca coisa, talvez nenhuma. Não há necessidade de o demonstrar, apenas ser. Quando assim não é, demonstramos algo. Uma alegria breve. Polvilhada por alterações de humor. Ou uma camuflagem de emoções indescritiveis.
Que se sabe sobre a felicidade? É o mesmo que Alegria? Será o mesmo que contentamento? Ou umas são mais intensas que as outras? Serão de igual intensidade? Mas de extensão temporal diferentes?
Será uma instantanea? Outra adquirida? Alguma inata?
Como se obtém? Algum requisito especifico? Haverá necessidade de prestar provas para as possuir?
E se formos tendo umas e não as outras?
se for feliz, mas não alegre?
se estiver contente e não feliz?
se estiver bem mas sem felicidade, alegria ou contentamento?
Mas se estiver mal e for feliz e estiver contente?
Mas aqui coloca-se a questão do ser e do estar.
Quando sou feliz estou contente ou alegre.
Mas se sou alegre não sou contente...questão de distinção linguistica ou sensorial?
Quando estou, não sou?
Quando sou também estou!
Logo não sei quando sou feliz ou estou contente, nem vice-versa.
Alguém me explique.
Huntze 12/03/07
XLVII - Huntze
Huntze vivia no mato. O seu horizonte era curto. Um esverdeado vale de bosque e savana. Circundado por uma serra de altos picos entremeados com neve e cortados no alto por espessas nuvens brancas. Um clima temperado. A noite era escura, com ruídos habituais e os clarões do fogo reflectidos na folhagem. O dia claro e colorido, soalheiro na maior parte das vezes.
As suas sensações maiores resumiam-se ao crepitar da fogueira e à rotina da caça. Colhia bagas e frutos, caçava roedores e insectos e pescava pequenos peixes, a única fauna ao seu redor.
Junto ao riacho, com uma pequena cascata de água gelada, divagava sobre o que se passava do outro lado das montanhas intransponíveis, o seu limite espacial.
Dormia na gruta, passeava no bosque, e não se afastava do seu mundo. Não havia certamente vida melhor. Acordava com a claridade e adormecia ao entardecer. Os dias passavam, e a rotina continuava. Será que o riacho teria um fim? Haveria mais floresta do outro lado do seu mundo? Os únicos ruídos seriam aqueles que escutara? Haveriam sabores diferentes? A textura do chão seria aquela? Não saberia, mas pouco importava. Dava-se bem ali. Não deveria haver mais nada, de quando em vez, novos pássaros apareciam em determinada época. Mais peixes nasciam junto à foz. Pouco ou nada mudava com o passar do tempo. Somente as cores da folhagem variavam dependendo da altura do sol, e do tamanho dos dias. Era mais feliz aquando o degelo, parecia que tudo acordava, fosse a flor que brotava, o chilrear que se acentuava ou mesmo os animais rastejantes que nas rochas se aqueciam. A gruta, essa modificava-se, pequenos esqueletos de animais amarrados em armações de madeira, peles que esticava e conservava para as suas vestes e cobertas de cama, utensílios de osso afiados com que preparava suas armadilhas, e pequenas pedras coloridas que encontrava nas margens prateadas do seu rio. Tudo aí se acumulava. Fosse para seu próprio proveito, ou apenas como objecto de colecção e admiração. Não deixava de mostrar curiosidade pelos pontos de luz, que vinham do alto, quando a noite caia, pareciam-lhe pequenas fogueiras como a sua, quando subia aos montes perto do desfiladeiro e olhava para a sua gruta distante. Causava-lhe pavor o afastamento, faziam-no voltar para trás, o medo do desconhecido, e a estranheza da distância. Havia um misto de encanto e de feitiço por aquele lugar, se por um lado queria afastar-se e conhecer novos lugares, por outro não ia longe nem se aproximava muito das longinquas montanhas. Não era só o receio de se perder, mas também o facto de se encontrar em território hostil, e desconhecer se haveria alimentação, um resguardo, ou mesmo se aguentaria as temperaturas mais baixas durante muito tempo. As incógnitas eram mais que muitas, e de qualquer forma não se sentia preparado nem tinha a curiosidade de se aproximar desse novo mundo e dos que para lá desse se revelariam. Curiosidade tinha mas as perguntas eram mais que as respostas. Deixava-se ficar, avançava contudo cada vez mais nas montanhas, marcando com uma pedra dura o caminho de volta, mas assim que deixava de ver a luz, ou mesmo o fumo da sua familiar fogueira, volta para trás de súbito. Tal como a montanha , também o percurso do rio o fascinava, corria para lá do desfiladeiro, entrando por uma gruta estreita e perdendo-se no meio das rochas altas e cinzentas. Pensava que um dia havia de conseguir superar os seus medos e os receios da separação do seu lar. Para já as suas preocupações prendiam-se em observar a evolução do seu mundo, ou sua diária revolução. Questionava-se donde vinham os pássaros que conseguiam ultrapassar as nuvens e vinham de algum lugar distante. Se assim era, é porque de facto havia algo do outro lado. Tentava métodos diferentes de conservar a carne das suas caçadas, mas nunca resistiam mais de 3 sois. Notava, que era durante a altura que o gelo aparecia nas montanhas, descendo quase até chegar ao seu Vale, que a carne se conservava. Só tinha sucesso quando guardava os frutos de casca dura, esses duravam mais tempo, mas ficava fraco só com esse tipo de alimentação. As vezes apanhava herbivoros e enjaulava-os na sua gruta, conseguia alimenta-los com erva fresca e pequenas bagas ou mesmo com insectos. Eram a sua única companhia. até lhe fazia pena ter de os matar para comer, mas antes assim. Havia dias que a fome apertava, principalmente na altura do gelo. Imaginava que se talvez os conseguisse transportar com ele numa jaula pequena, e mais as pedras de fazer fogo, fosse possível chegar ao cume de uma daqueles montes tenebrosos que tanto o obcecavam. Ou mesmo passá-los e encontrar outra gruta onde habitar, mudando assim de mundo. Seria um empreendimento difícil mas não impossível.
Achava estranho nunca encontrar ninguém igual a si, será que era o único assim? Via tantos animais iguais, uns com pêlo comprido, voadores, outros rastejantes, e mesmo os que viviam debaixo de água. Mas Huntze era diferente de todos, já tinha percebido que todos menos ele tinham medo do fogo, que era uma capacidade só dele; o facto de o fazer e dominar. Ali era o ser dominante ninguém tinha coragem de o enfrentar, todos fugiam. Sentia-se bem por isso, dava-lhe conforto, era tranquilizante.
As experiências com os animais enjaulados iam de vento em popa, conseguia-os manter mais tempo. Só precisava de perceber como armazenar mais bagas e frutos, e começar a juntar peles para aquecer o corpo e outras para cobrir a sola dos pés. No chão do bosque andava bem descalço, mas na subida para a Montanha sangrava, e depois custava-lhe a caminhar. Passou a usar pequenas sacas de pele enfiadas nos pés, e atadas com as tiras de madeira seca que lhe serviam também para as armadilhas.
Decidiu um dia, e depois de contabilizar quantos animais tinha aprisionados e o restante alimento guardado, fazer uma pequena expedição , marcando sempre o caminho, e deixando pequenas reservas alimentares enterradas e assinaladas, caso tivesse algum azar e tivesse de regressar à pressa. Decidiu partir num dia quente quando os primeiros raios de sol incidiam no Vale, foi subindo com calma, conservando as energias. Não queria ir muito longe, só o suficiente para vislumbrar para lá da primeira cordilheira. A subida não se apresentava difícil, ia bem disposto, bem apetrechado, com o seu arco e as setas aguçadas. Carregado é certo, mas fazia as suas pausas. Determinou que a sua inicial paragem deveria ser quando o sol estivesse no ponto mais alto. Parou. Agora não havia água corrente, somente a transportada e essa aquecia, matou um bicho da gaiola, e cozinhou-o ali mesmo. Melhor seria deitar-se um pouco, e fazer a digestão, não sabia quanto mais ia andar, e por onde seria o melhor caminho. Cada vez era mais íngreme e não queria ultrapassar os seus limites nem cair, pois seria o seu fim. Pôs-se novamente a caminho, restavam-lhe 3 animais e uma saca de frutos. Notava que quanto mais subia mais frio ficava e mais rápido se cansava. Seria melhor ter trazido mais uma pele pelas costas, pensou. O topo já não ficava longe, calculou que 2 sois seriam suficientes. A noite caiu e com ela Huntze. E surge o segundo dia, uns golos de água, uma mão cheia de bagas e recomeça a caminhada. A boa disposição acompanha-o, está cheio de confiança, nunca antes tinha estado tão distante, perdeu de vista a sua gruta e a sua fogueira. O cinzento das montanhas, um vento gélido, cheiros desconhecidos, ruídos estranhos, era agora tudo o que sentia, mas nada que não estivesse preparado. Esperava tudo, pois o seu mundo ficava para trás. Subia energicamente, com vontade de bater a sua própria meta. Queria chegar aquele pico antes do outro sol. Consumiu o seu segundo animal, afastou-se da fogueira e prosseguiu, a respiração era mais difícil, a carga tornava-se mais pesada, a passada mais lenta. Olhou para trás já tudo era desconhecido, o percurso uma incógnita. "Só mais um sol, só mais um" decidiu. As suas solas manufacturadas começavam a ceder sobre aquele chão cortante, teria de em breve as substituir, mas não havia tempo a perder, a comida escasseava e o final do percurso tardava. Tanta desolação por aqui, comentou. Se se perdesse estava destinado a morrer, nem um insecto, uma raiz, nenhuma vida, tudo tons pardacentos, e o topo estava ainda longe de surgir. Huntze estava prestes a desistir. Nunca esperou que a fadiga chegasse tão rápido. Só mais um sol, repetiu. Lembrou-se da gruta, da sua cama acolchoada, da erva fresca, do riacho, da terra mole...Aqui, outra textura e composição, dura e agreste. Enquanto caminhava distraía-se procurando formas nas rochas que pisava, custava-lhe assim menos a subir, e sempre recordava algo familiar. A noite aproximava-se novamente e teria de encontar um qualquer buraco que lhe servisse de abrigo. Pelo menos que desse para uma fogueira e não apanhar com esta chuva ou humidade, que estava sempre em cima dele, quase parecia que andava por dentro das nuvens, e estava fatigado, precisava de dormir. Encostado entre duas rochas o sono parecia não chegar, preocupava-o o desfecho da viagem, os animais na gaiola estavam mortos, haviam poucas bagas, e a água já tinha acabado há muito, bebia-a e guardava-a de poças quase geladas. E na saca já não aquecia, congelava. Questinava-se se haveria de continuar, afinal já não deveria faltar muito, e estava próximo do topo. O frio, não deveria ser mais intenso.
A claridade surge e com ela a caminhada. Não sem antes cozinhar os ultimos animais, pois se este é o derradeiro dia que a barriga vá cheia. O caminho já o faz mais facilmente, apesar do cansaço, notou que se andar mais devagar e respirar mais compassadamente, obtém um maior rendimento. O Topo aproxima-se e a excitação de chegar. O ar está humido mas sem nuvens portanto deverá dar para espreitar o outro lado. A pressa de chegar faz com se torne incauto, trepa e salta as rochas quase a correr, escorregando por vezes mas sempre se equilibrando. Eis que está no topo, mais umas passadas e verá o outro lado! Desilusão...Duas ou três colinas à frente tapam-lhe a vista, não desiste. Afinal o objectivo não está cumprido, e prossegue. Começa a ver o outro lado...mais montanhas, alguns lagos, e uma floresta enorme e compacta de grandes árvores muito ao longe. Espectáculo grandioso este! Deixa-se cair para trás, atira a gaiola das costas ao chão e acende o seu cachimbo. Suspira de alívio, missão cumprida! Um dia voltará aqui, mas indo mais longe, para se embrenhar em tão vasta floresta. Certamente rica e habitável. Quem sabe um melhor lugar, com espaçosas cavernas, um variedade enorme de alimento... Nem sabe se assim será, mas decerto será diferente e estimulante. Alto! Põe-se alerta...O que é aquilo? Vê fumo ao longe, no meio dumas árvores. Entre o silêncio e na distância, pareceu-lhe ver seres iguais a ele. Seria possível? Ou será tudo imaginação? Não! São mesmo! Quem serão? Huntze, instintivamente levanta-se e corre para trás. Desce a montanha desvairado, um misto de espanto e de terror o possuem...Só pára quando já não consegue mais....Descansa um pouco, bebe água e prossegue caminhando em direcção ao seu Vale.
Chegou. Que alívio! Entra na sua caverna, tudo na mesma, os seus esqueletos, as suas peles, a sua cama, deita-se consolado. Dorme durante quase um dia.
Acorda noite cerrada. Reacende a sua fogueira. Vai matutando sobre quem seria aquela gente, quem seriam, será que o tinham visto? E que sorte tinham em viver naquela floresta enorme! Invejava-os, mas agora receava pela sua vida, seria seguro encontrar-se com eles? Seriam amistosos? Estariam ali há muito tempo? Na volta ocuparam aquele lugar recentemente e em breve invadiam o seu vale. Mas não, pensou ele, se lhe bastaram duas noites e 3 sois para lá chegar de certeza que já aqui estariam. E afinal, apesar de pequeno, o seu Vale era rico, tinha tudo que poderia pedir, um riacho, um pequeno bosque e um clima ameno. A solidão atormentava-o, quem sabe se não deveria juntar-se aquela gente. Mas aqui era dono e senhor de tudo. Dominava os caminhos, conhecia os melhores lugares de caça, inclusivé sabia onde poderia mergulhar e atirar-se do alto das rochas e penetrar na águas do riacho até quase tocar no fundo. Os animais eram seus, as plantas já reconhecíveis e tudo familiar. Talvez fosse melhor assim. Que lhe interessava aquela gente? Que poderiam trazer de novo? Já conhecia tudo, mesmo na escuridão caminhava sem medo. As luzes no céu suas, o vento nas folhas um aconchego, as árvores altas suas amigas, os animais seus companheiros, a gruta seu refugio, e o riacho seu conselheiro. Aqui tudo corria lentamente, sem surpresas inesperadas, sem receios súbitos,e sem medo do desconhecido. Aqui vivia, aqui prosperava, sozinho é certo, mas acompanhado de tudo que era dele. Agora já conhecia outro mundo, já conhecia outra gente, e ainda mais apreciava o que era seu. Era o seu sem dúvida, e nada mais pretendia. Sorria ao olhar para o alto da montanha, e dizia um longo adeus aos seus vizinhos. Correu em direcção ao riacho, gritou, e entrou nas águas. Contente. Alegre por se encontrar no seu Vale, o seu Mundo.
Huntze vivia no mato. O seu horizonte era curto. Um esverdeado vale de bosque e savana. Circundado por uma serra de altos picos entremeados com neve e cortados no alto por espessas nuvens brancas. Um clima temperado. A noite era escura, com ruídos habituais e os clarões do fogo reflectidos na folhagem. O dia claro e colorido, soalheiro na maior parte das vezes.
As suas sensações maiores resumiam-se ao crepitar da fogueira e à rotina da caça. Colhia bagas e frutos, caçava roedores e insectos e pescava pequenos peixes, a única fauna ao seu redor.
Junto ao riacho, com uma pequena cascata de água gelada, divagava sobre o que se passava do outro lado das montanhas intransponíveis, o seu limite espacial.
Dormia na gruta, passeava no bosque, e não se afastava do seu mundo. Não havia certamente vida melhor. Acordava com a claridade e adormecia ao entardecer. Os dias passavam, e a rotina continuava. Será que o riacho teria um fim? Haveria mais floresta do outro lado do seu mundo? Os únicos ruídos seriam aqueles que escutara? Haveriam sabores diferentes? A textura do chão seria aquela? Não saberia, mas pouco importava. Dava-se bem ali. Não deveria haver mais nada, de quando em vez, novos pássaros apareciam em determinada época. Mais peixes nasciam junto à foz. Pouco ou nada mudava com o passar do tempo. Somente as cores da folhagem variavam dependendo da altura do sol, e do tamanho dos dias. Era mais feliz aquando o degelo, parecia que tudo acordava, fosse a flor que brotava, o chilrear que se acentuava ou mesmo os animais rastejantes que nas rochas se aqueciam. A gruta, essa modificava-se, pequenos esqueletos de animais amarrados em armações de madeira, peles que esticava e conservava para as suas vestes e cobertas de cama, utensílios de osso afiados com que preparava suas armadilhas, e pequenas pedras coloridas que encontrava nas margens prateadas do seu rio. Tudo aí se acumulava. Fosse para seu próprio proveito, ou apenas como objecto de colecção e admiração. Não deixava de mostrar curiosidade pelos pontos de luz, que vinham do alto, quando a noite caia, pareciam-lhe pequenas fogueiras como a sua, quando subia aos montes perto do desfiladeiro e olhava para a sua gruta distante. Causava-lhe pavor o afastamento, faziam-no voltar para trás, o medo do desconhecido, e a estranheza da distância. Havia um misto de encanto e de feitiço por aquele lugar, se por um lado queria afastar-se e conhecer novos lugares, por outro não ia longe nem se aproximava muito das longinquas montanhas. Não era só o receio de se perder, mas também o facto de se encontrar em território hostil, e desconhecer se haveria alimentação, um resguardo, ou mesmo se aguentaria as temperaturas mais baixas durante muito tempo. As incógnitas eram mais que muitas, e de qualquer forma não se sentia preparado nem tinha a curiosidade de se aproximar desse novo mundo e dos que para lá desse se revelariam. Curiosidade tinha mas as perguntas eram mais que as respostas. Deixava-se ficar, avançava contudo cada vez mais nas montanhas, marcando com uma pedra dura o caminho de volta, mas assim que deixava de ver a luz, ou mesmo o fumo da sua familiar fogueira, volta para trás de súbito. Tal como a montanha , também o percurso do rio o fascinava, corria para lá do desfiladeiro, entrando por uma gruta estreita e perdendo-se no meio das rochas altas e cinzentas. Pensava que um dia havia de conseguir superar os seus medos e os receios da separação do seu lar. Para já as suas preocupações prendiam-se em observar a evolução do seu mundo, ou sua diária revolução. Questionava-se donde vinham os pássaros que conseguiam ultrapassar as nuvens e vinham de algum lugar distante. Se assim era, é porque de facto havia algo do outro lado. Tentava métodos diferentes de conservar a carne das suas caçadas, mas nunca resistiam mais de 3 sois. Notava, que era durante a altura que o gelo aparecia nas montanhas, descendo quase até chegar ao seu Vale, que a carne se conservava. Só tinha sucesso quando guardava os frutos de casca dura, esses duravam mais tempo, mas ficava fraco só com esse tipo de alimentação. As vezes apanhava herbivoros e enjaulava-os na sua gruta, conseguia alimenta-los com erva fresca e pequenas bagas ou mesmo com insectos. Eram a sua única companhia. até lhe fazia pena ter de os matar para comer, mas antes assim. Havia dias que a fome apertava, principalmente na altura do gelo. Imaginava que se talvez os conseguisse transportar com ele numa jaula pequena, e mais as pedras de fazer fogo, fosse possível chegar ao cume de uma daqueles montes tenebrosos que tanto o obcecavam. Ou mesmo passá-los e encontrar outra gruta onde habitar, mudando assim de mundo. Seria um empreendimento difícil mas não impossível.
Achava estranho nunca encontrar ninguém igual a si, será que era o único assim? Via tantos animais iguais, uns com pêlo comprido, voadores, outros rastejantes, e mesmo os que viviam debaixo de água. Mas Huntze era diferente de todos, já tinha percebido que todos menos ele tinham medo do fogo, que era uma capacidade só dele; o facto de o fazer e dominar. Ali era o ser dominante ninguém tinha coragem de o enfrentar, todos fugiam. Sentia-se bem por isso, dava-lhe conforto, era tranquilizante.
As experiências com os animais enjaulados iam de vento em popa, conseguia-os manter mais tempo. Só precisava de perceber como armazenar mais bagas e frutos, e começar a juntar peles para aquecer o corpo e outras para cobrir a sola dos pés. No chão do bosque andava bem descalço, mas na subida para a Montanha sangrava, e depois custava-lhe a caminhar. Passou a usar pequenas sacas de pele enfiadas nos pés, e atadas com as tiras de madeira seca que lhe serviam também para as armadilhas.
Decidiu um dia, e depois de contabilizar quantos animais tinha aprisionados e o restante alimento guardado, fazer uma pequena expedição , marcando sempre o caminho, e deixando pequenas reservas alimentares enterradas e assinaladas, caso tivesse algum azar e tivesse de regressar à pressa. Decidiu partir num dia quente quando os primeiros raios de sol incidiam no Vale, foi subindo com calma, conservando as energias. Não queria ir muito longe, só o suficiente para vislumbrar para lá da primeira cordilheira. A subida não se apresentava difícil, ia bem disposto, bem apetrechado, com o seu arco e as setas aguçadas. Carregado é certo, mas fazia as suas pausas. Determinou que a sua inicial paragem deveria ser quando o sol estivesse no ponto mais alto. Parou. Agora não havia água corrente, somente a transportada e essa aquecia, matou um bicho da gaiola, e cozinhou-o ali mesmo. Melhor seria deitar-se um pouco, e fazer a digestão, não sabia quanto mais ia andar, e por onde seria o melhor caminho. Cada vez era mais íngreme e não queria ultrapassar os seus limites nem cair, pois seria o seu fim. Pôs-se novamente a caminho, restavam-lhe 3 animais e uma saca de frutos. Notava que quanto mais subia mais frio ficava e mais rápido se cansava. Seria melhor ter trazido mais uma pele pelas costas, pensou. O topo já não ficava longe, calculou que 2 sois seriam suficientes. A noite caiu e com ela Huntze. E surge o segundo dia, uns golos de água, uma mão cheia de bagas e recomeça a caminhada. A boa disposição acompanha-o, está cheio de confiança, nunca antes tinha estado tão distante, perdeu de vista a sua gruta e a sua fogueira. O cinzento das montanhas, um vento gélido, cheiros desconhecidos, ruídos estranhos, era agora tudo o que sentia, mas nada que não estivesse preparado. Esperava tudo, pois o seu mundo ficava para trás. Subia energicamente, com vontade de bater a sua própria meta. Queria chegar aquele pico antes do outro sol. Consumiu o seu segundo animal, afastou-se da fogueira e prosseguiu, a respiração era mais difícil, a carga tornava-se mais pesada, a passada mais lenta. Olhou para trás já tudo era desconhecido, o percurso uma incógnita. "Só mais um sol, só mais um" decidiu. As suas solas manufacturadas começavam a ceder sobre aquele chão cortante, teria de em breve as substituir, mas não havia tempo a perder, a comida escasseava e o final do percurso tardava. Tanta desolação por aqui, comentou. Se se perdesse estava destinado a morrer, nem um insecto, uma raiz, nenhuma vida, tudo tons pardacentos, e o topo estava ainda longe de surgir. Huntze estava prestes a desistir. Nunca esperou que a fadiga chegasse tão rápido. Só mais um sol, repetiu. Lembrou-se da gruta, da sua cama acolchoada, da erva fresca, do riacho, da terra mole...Aqui, outra textura e composição, dura e agreste. Enquanto caminhava distraía-se procurando formas nas rochas que pisava, custava-lhe assim menos a subir, e sempre recordava algo familiar. A noite aproximava-se novamente e teria de encontar um qualquer buraco que lhe servisse de abrigo. Pelo menos que desse para uma fogueira e não apanhar com esta chuva ou humidade, que estava sempre em cima dele, quase parecia que andava por dentro das nuvens, e estava fatigado, precisava de dormir. Encostado entre duas rochas o sono parecia não chegar, preocupava-o o desfecho da viagem, os animais na gaiola estavam mortos, haviam poucas bagas, e a água já tinha acabado há muito, bebia-a e guardava-a de poças quase geladas. E na saca já não aquecia, congelava. Questinava-se se haveria de continuar, afinal já não deveria faltar muito, e estava próximo do topo. O frio, não deveria ser mais intenso.
A claridade surge e com ela a caminhada. Não sem antes cozinhar os ultimos animais, pois se este é o derradeiro dia que a barriga vá cheia. O caminho já o faz mais facilmente, apesar do cansaço, notou que se andar mais devagar e respirar mais compassadamente, obtém um maior rendimento. O Topo aproxima-se e a excitação de chegar. O ar está humido mas sem nuvens portanto deverá dar para espreitar o outro lado. A pressa de chegar faz com se torne incauto, trepa e salta as rochas quase a correr, escorregando por vezes mas sempre se equilibrando. Eis que está no topo, mais umas passadas e verá o outro lado! Desilusão...Duas ou três colinas à frente tapam-lhe a vista, não desiste. Afinal o objectivo não está cumprido, e prossegue. Começa a ver o outro lado...mais montanhas, alguns lagos, e uma floresta enorme e compacta de grandes árvores muito ao longe. Espectáculo grandioso este! Deixa-se cair para trás, atira a gaiola das costas ao chão e acende o seu cachimbo. Suspira de alívio, missão cumprida! Um dia voltará aqui, mas indo mais longe, para se embrenhar em tão vasta floresta. Certamente rica e habitável. Quem sabe um melhor lugar, com espaçosas cavernas, um variedade enorme de alimento... Nem sabe se assim será, mas decerto será diferente e estimulante. Alto! Põe-se alerta...O que é aquilo? Vê fumo ao longe, no meio dumas árvores. Entre o silêncio e na distância, pareceu-lhe ver seres iguais a ele. Seria possível? Ou será tudo imaginação? Não! São mesmo! Quem serão? Huntze, instintivamente levanta-se e corre para trás. Desce a montanha desvairado, um misto de espanto e de terror o possuem...Só pára quando já não consegue mais....Descansa um pouco, bebe água e prossegue caminhando em direcção ao seu Vale.
Chegou. Que alívio! Entra na sua caverna, tudo na mesma, os seus esqueletos, as suas peles, a sua cama, deita-se consolado. Dorme durante quase um dia.
Acorda noite cerrada. Reacende a sua fogueira. Vai matutando sobre quem seria aquela gente, quem seriam, será que o tinham visto? E que sorte tinham em viver naquela floresta enorme! Invejava-os, mas agora receava pela sua vida, seria seguro encontrar-se com eles? Seriam amistosos? Estariam ali há muito tempo? Na volta ocuparam aquele lugar recentemente e em breve invadiam o seu vale. Mas não, pensou ele, se lhe bastaram duas noites e 3 sois para lá chegar de certeza que já aqui estariam. E afinal, apesar de pequeno, o seu Vale era rico, tinha tudo que poderia pedir, um riacho, um pequeno bosque e um clima ameno. A solidão atormentava-o, quem sabe se não deveria juntar-se aquela gente. Mas aqui era dono e senhor de tudo. Dominava os caminhos, conhecia os melhores lugares de caça, inclusivé sabia onde poderia mergulhar e atirar-se do alto das rochas e penetrar na águas do riacho até quase tocar no fundo. Os animais eram seus, as plantas já reconhecíveis e tudo familiar. Talvez fosse melhor assim. Que lhe interessava aquela gente? Que poderiam trazer de novo? Já conhecia tudo, mesmo na escuridão caminhava sem medo. As luzes no céu suas, o vento nas folhas um aconchego, as árvores altas suas amigas, os animais seus companheiros, a gruta seu refugio, e o riacho seu conselheiro. Aqui tudo corria lentamente, sem surpresas inesperadas, sem receios súbitos,e sem medo do desconhecido. Aqui vivia, aqui prosperava, sozinho é certo, mas acompanhado de tudo que era dele. Agora já conhecia outro mundo, já conhecia outra gente, e ainda mais apreciava o que era seu. Era o seu sem dúvida, e nada mais pretendia. Sorria ao olhar para o alto da montanha, e dizia um longo adeus aos seus vizinhos. Correu em direcção ao riacho, gritou, e entrou nas águas. Contente. Alegre por se encontrar no seu Vale, o seu Mundo.
O tabaco mata 11/03/07
XLV - O Tabaco Mata
Rita e Mário, descansavam agora na cama. Mário puxou dum cigarro, deu um bafo, passou-o a Rita. Perguntou:
"Vais hoje trabalhar?..."
"Não sei, tu vais?" Questionou Rita
"Tem de ser..." Levantando-se com um só movimento e abrindo o chuveiro.
"Amanhã podes ver-me?"
"Não sei ainda" Gritou Mário debaixo da água corrente.
"Queres um café?"
"Não Rita. Não tenho tempo, isto assim não dá"
"Pois temos de arranjar uma solução"
"Sim mas qual?" Disse vestindo-se
"Não sei, não sei mesmo"
Mário caminhou para a porta, atirou-lhe um beijo e saiu.
Rita deixou-se cair para trás acabando o cigarro.
Mário na rua puxou doutro. Na estação um comboio parava noutra plataforma.Consultou o relógio..."mais 3 minutos!" pensou, esbafejou o cigarro irrequieto e viu o rápido a aproximar-se, atirou-se.
Rita deixou-se dormir.
Rita e Mário, descansavam agora na cama. Mário puxou dum cigarro, deu um bafo, passou-o a Rita. Perguntou:
"Vais hoje trabalhar?..."
"Não sei, tu vais?" Questionou Rita
"Tem de ser..." Levantando-se com um só movimento e abrindo o chuveiro.
"Amanhã podes ver-me?"
"Não sei ainda" Gritou Mário debaixo da água corrente.
"Queres um café?"
"Não Rita. Não tenho tempo, isto assim não dá"
"Pois temos de arranjar uma solução"
"Sim mas qual?" Disse vestindo-se
"Não sei, não sei mesmo"
Mário caminhou para a porta, atirou-lhe um beijo e saiu.
Rita deixou-se cair para trás acabando o cigarro.
Mário na rua puxou doutro. Na estação um comboio parava noutra plataforma.Consultou o relógio..."mais 3 minutos!" pensou, esbafejou o cigarro irrequieto e viu o rápido a aproximar-se, atirou-se.
Rita deixou-se dormir.
Galinha da vizinha 11/03/07
XLIV - Galinha da vizinha
Há qualquer coisa de repulsivo nas conversas de café. Mas nas dos outros, as nossas são sempre perfeitas, dialogantes, interessantes, até filosóficas. O jogo de futebol e o jogador que tem potencial, a vizinha que saiu com o Mário e só voltou lá prás 4, a saúde dos outros, o Tempo de ontem, o carro e os cavalos do mesmo, etc, etc. O que é um facto e quando estamos sentados sozinhos, prestamos atenção a todas, não porque nos faça falta, talvez por nos ocuparmos, ou simplesmente as ondas sonoras chegam até nós. Temos este hábito macabro de dizer mal do outro, dos outros, dum grupo, de alguém, não interessa quem. Dá-nos gozo, será questão de ego? Ou porque não temos vida própria? Haverá de facto algo nessas conversas que não haja nas nossas? Acho que não. No fundo são todas iguais, o problema é que nos chegam de desconhecidos, e a chacota torna-se fácil, o alvo legítimo. No entanto ponho-me a pensar, será que de facto gostamos de criticar as conversas dos outros por prazer? Será que as escutamos por ruindade? Ou será porque conversas todos as temos, e essas sejam mais umas que talvez já tenhamos tido? Não será que as ouvimos e julgamos, não pelo prazer de criticar, mas porque nos inserimos num colectivo, num grande grupo onde os temas e assuntos a puxar não podem variar muito? Na volta isso faz parte de nós, escutar os outros é saber do resto da humanidade. É inserirmo-nos, integrarmo-nos, é querermos fazer parte. Pois como dizia Sitting Bull: "Por fim talvez sejamos Irmãos"
Há qualquer coisa de repulsivo nas conversas de café. Mas nas dos outros, as nossas são sempre perfeitas, dialogantes, interessantes, até filosóficas. O jogo de futebol e o jogador que tem potencial, a vizinha que saiu com o Mário e só voltou lá prás 4, a saúde dos outros, o Tempo de ontem, o carro e os cavalos do mesmo, etc, etc. O que é um facto e quando estamos sentados sozinhos, prestamos atenção a todas, não porque nos faça falta, talvez por nos ocuparmos, ou simplesmente as ondas sonoras chegam até nós. Temos este hábito macabro de dizer mal do outro, dos outros, dum grupo, de alguém, não interessa quem. Dá-nos gozo, será questão de ego? Ou porque não temos vida própria? Haverá de facto algo nessas conversas que não haja nas nossas? Acho que não. No fundo são todas iguais, o problema é que nos chegam de desconhecidos, e a chacota torna-se fácil, o alvo legítimo. No entanto ponho-me a pensar, será que de facto gostamos de criticar as conversas dos outros por prazer? Será que as escutamos por ruindade? Ou será porque conversas todos as temos, e essas sejam mais umas que talvez já tenhamos tido? Não será que as ouvimos e julgamos, não pelo prazer de criticar, mas porque nos inserimos num colectivo, num grande grupo onde os temas e assuntos a puxar não podem variar muito? Na volta isso faz parte de nós, escutar os outros é saber do resto da humanidade. É inserirmo-nos, integrarmo-nos, é querermos fazer parte. Pois como dizia Sitting Bull: "Por fim talvez sejamos Irmãos"
The power game 07/02/2007
XLIII - The Power Game
I´ve been sitting here all day
Trying to understand
why people want to rule each other
when the problem´s close at hand
a little less of what you want
and more of what you´ve got
is enough to keep you struggling
without hatching other plots
But justify yourself!
Don´t satisfy yourself!
You should be out there voting
say the power mongers gloating
The Left Wing rich
trying to shed their guilt
go knocking down dreams
before they´re even built
Don´t tell me how to live my life
Don´t tell me what to do
Repression is always brought about
by people with politics
and attitudes like you
Anne Clark
I´ve been sitting here all day
Trying to understand
why people want to rule each other
when the problem´s close at hand
a little less of what you want
and more of what you´ve got
is enough to keep you struggling
without hatching other plots
But justify yourself!
Don´t satisfy yourself!
You should be out there voting
say the power mongers gloating
The Left Wing rich
trying to shed their guilt
go knocking down dreams
before they´re even built
Don´t tell me how to live my life
Don´t tell me what to do
Repression is always brought about
by people with politics
and attitudes like you
Anne Clark
Peixito( variações no mesmo tema) 06/03/07
XLII - Peixito( variações no mesmo tema)
era uma vez um peixe
nadava e nadava
não parava
via o anzol
não o mordia
evitava a enguia
que bem que voava
era até esguia
no buraco comia
do polvo fugia
via a rede
a net não
mas nadava
nadava
sem parar
nada o incomodava
a maré subia
era doirado
ou um pargo
não! prateado!
seria um Sargo?...
Um qualquer
ele crescia
crescia
Crescia!
acabou por rebentar
de Alegria!
Fim
era uma vez um peixe
nadava e nadava
não parava
via o anzol
não o mordia
evitava a enguia
que bem que voava
era até esguia
no buraco comia
do polvo fugia
via a rede
a net não
mas nadava
nadava
sem parar
nada o incomodava
a maré subia
era doirado
ou um pargo
não! prateado!
seria um Sargo?...
Um qualquer
ele crescia
crescia
Crescia!
acabou por rebentar
de Alegria!
Fim
Bolhinha 06/03/07
XLI - Bolhinha
uma bolha cresce. Aumenta, muda de cor, de sabor, de forma, de prazer! sai dali, e vai para aqui. vê e observa as outras, e esconde-se. Chama-as e foge! Diverte-se, sorri, desliza, cai e sobe em extase. Nota que está longe, e aproxima-se e diatancia-se. Tanta velocidade, uma lua crescente, um sol poente! o vento leva-a, para a ionosfera, uma aurora boreal, mudava! Austral, particulas particulares a atingiram! Brrr! Que tontura! que impacto, que radiação, tanta emoçao e demasiado fotão! Um átomo entra, um neutrino sai. A bolha fica e nunca mais cai!
uma bolha cresce. Aumenta, muda de cor, de sabor, de forma, de prazer! sai dali, e vai para aqui. vê e observa as outras, e esconde-se. Chama-as e foge! Diverte-se, sorri, desliza, cai e sobe em extase. Nota que está longe, e aproxima-se e diatancia-se. Tanta velocidade, uma lua crescente, um sol poente! o vento leva-a, para a ionosfera, uma aurora boreal, mudava! Austral, particulas particulares a atingiram! Brrr! Que tontura! que impacto, que radiação, tanta emoçao e demasiado fotão! Um átomo entra, um neutrino sai. A bolha fica e nunca mais cai!
Poema parafraseado 05/03/2007
XL - Poema parafraseado
As a sleeper in metropolis
You are insignificance
Dreams become entangled in the system
Environment moves over the sleeper:
Conditioned air
Conditions sedated breathing
The sensation of viscose sheets on naked flesh
Soft and warm
But lonesome in the blackened ocean of night
Confined in the helpless safety of desires and dreams
We fight our insignificance
The harder we fight
The higher the wall
Outside the cancer of city spreads
Like a illness
Its symptoms
In cars that cruise to inevitable destinations
Tailed by the silent spotlights
Of society created paranoia
No alternative could grow
Where love cannot take root
No shadows will replace
The warmth of your contact
Love is dead in metropolis
All contact through glove or partition
What a waste
The City
A wasting disease
Anne Clark
As a sleeper in metropolis
You are insignificance
Dreams become entangled in the system
Environment moves over the sleeper:
Conditioned air
Conditions sedated breathing
The sensation of viscose sheets on naked flesh
Soft and warm
But lonesome in the blackened ocean of night
Confined in the helpless safety of desires and dreams
We fight our insignificance
The harder we fight
The higher the wall
Outside the cancer of city spreads
Like a illness
Its symptoms
In cars that cruise to inevitable destinations
Tailed by the silent spotlights
Of society created paranoia
No alternative could grow
Where love cannot take root
No shadows will replace
The warmth of your contact
Love is dead in metropolis
All contact through glove or partition
What a waste
The City
A wasting disease
Anne Clark
Jogo 28/02/2007
XXXVII - Jogo
Um rato num buraco encontrava-se pacato.
Saiu da toca, mordeu o isco, saltou-lhe a tampa.
Procurou o sentido, perdeu-se na rota.
Achou um amigo, cantou de galo, cacarejou, empinou a cauda, voou.
Em 3 dimensões perdeu a horizontalidade, achou o vertical, uma vertigem, um vórtice, um abismo negro, uma luz branca, acelerou, sem parar, curvou, cenfrifugado, rotativo, mesmo endiabrado.
Um fogo ardeu, consumiu-se, atestou, descansado. Partiu, em dois, dividiu em quatro, multiplicou, subtraiu-se, contraído, constrangido, a 4 dimensões humilhado, pequeno grande defeito, de fabrico, maquinal e manual o pedestre, aterrou.
Tantas cores, decorou, descolorou, branco e o preto, mudou de canal, e o rio. A barragem o atrasou. Adiantado o relógio, encurtado o espaço, plano e pleno nas planicies, rasante, rasgou o céu, coseu a abobada, recortou a via, lactea, sem calcio, de calcário, calou-se. Ouviu um sino e sem sina sumiu-se.
Um rato num buraco encontrava-se pacato.
Saiu da toca, mordeu o isco, saltou-lhe a tampa.
Procurou o sentido, perdeu-se na rota.
Achou um amigo, cantou de galo, cacarejou, empinou a cauda, voou.
Em 3 dimensões perdeu a horizontalidade, achou o vertical, uma vertigem, um vórtice, um abismo negro, uma luz branca, acelerou, sem parar, curvou, cenfrifugado, rotativo, mesmo endiabrado.
Um fogo ardeu, consumiu-se, atestou, descansado. Partiu, em dois, dividiu em quatro, multiplicou, subtraiu-se, contraído, constrangido, a 4 dimensões humilhado, pequeno grande defeito, de fabrico, maquinal e manual o pedestre, aterrou.
Tantas cores, decorou, descolorou, branco e o preto, mudou de canal, e o rio. A barragem o atrasou. Adiantado o relógio, encurtado o espaço, plano e pleno nas planicies, rasante, rasgou o céu, coseu a abobada, recortou a via, lactea, sem calcio, de calcário, calou-se. Ouviu um sino e sem sina sumiu-se.
O Cisne e a andorinha 27/02/2007
XXXVI - Viagens
O Cisne vivia feliz e anafado na sua Lagoa, petiscava aqui e ali, dormia a sesta pacatamente, acoitava-se onde lhe mais era aprazível, e crescia sem nunca ter de ir muito longe, pois tudo ali lhe era providenciado. E de nada mais precisava, fosse no Inverno, como na Primavera ou no Verão...
Encontrava-se com a Andorinha na época quente. Esta, vinda do Sul, procurava ali, paisagens e locais mais agradáveis para passar essa temporada. Sempre a voar pelo céu em busca de alimento, nunca parava! Recolhia-se somente ao seu ninho quando o Sol se punha.
Via o Cisne cá em baixo pastar a erva fresca junto à margem, ano após ano. Chegou o dia que lhe Perguntou:
"Cisne?! Tu que tens umas asas tão belas e essa linda plumagem, porque te ficas sempre aqui e nunca vais conhecer outros sitios? Porque só te interessas por esta Lagoa pequena e sempre monótona?"
"Oh Andorinha...Para quê viajar se está tudo aqui dentro?"
Conto baseado em Lao-Tse
O Cisne vivia feliz e anafado na sua Lagoa, petiscava aqui e ali, dormia a sesta pacatamente, acoitava-se onde lhe mais era aprazível, e crescia sem nunca ter de ir muito longe, pois tudo ali lhe era providenciado. E de nada mais precisava, fosse no Inverno, como na Primavera ou no Verão...
Encontrava-se com a Andorinha na época quente. Esta, vinda do Sul, procurava ali, paisagens e locais mais agradáveis para passar essa temporada. Sempre a voar pelo céu em busca de alimento, nunca parava! Recolhia-se somente ao seu ninho quando o Sol se punha.
Via o Cisne cá em baixo pastar a erva fresca junto à margem, ano após ano. Chegou o dia que lhe Perguntou:
"Cisne?! Tu que tens umas asas tão belas e essa linda plumagem, porque te ficas sempre aqui e nunca vais conhecer outros sitios? Porque só te interessas por esta Lagoa pequena e sempre monótona?"
"Oh Andorinha...Para quê viajar se está tudo aqui dentro?"
Conto baseado em Lao-Tse
Bom dia 23/02/2007
XXXIV - Bom dia
Que vá entrando o azul no cinzento, abra-se o verde no pardacento. Venha o vermelho, doirado e amarelo no horizonte. Cantem e voem as arvores e no meio dos rebentos,saia o réptil da escuridão, nasça a ave, a lebre e a codorniz. Inunde-se de brilho a montanha. Desçam as águas dos rios! Aqueçam as rochas e ofusque-se a floresta. Desponte a claridade do nadir ao zénite. Torne-se o Mar plano, e belo o Oceano, de tons rosáceos a laranja. Seja o dia superior à noite. Traga o Equinócio a criação, desde o mato ao pinhal. Abram-se portas e janelas, os sorrisos e os olhos! Tire-se o chapéu, descalçem-se os sapatos. Faça-se Luz!
Que vá entrando o azul no cinzento, abra-se o verde no pardacento. Venha o vermelho, doirado e amarelo no horizonte. Cantem e voem as arvores e no meio dos rebentos,saia o réptil da escuridão, nasça a ave, a lebre e a codorniz. Inunde-se de brilho a montanha. Desçam as águas dos rios! Aqueçam as rochas e ofusque-se a floresta. Desponte a claridade do nadir ao zénite. Torne-se o Mar plano, e belo o Oceano, de tons rosáceos a laranja. Seja o dia superior à noite. Traga o Equinócio a criação, desde o mato ao pinhal. Abram-se portas e janelas, os sorrisos e os olhos! Tire-se o chapéu, descalçem-se os sapatos. Faça-se Luz!
Deja vú sensorial 22/02/2007
XXXIII - Dejá vu sensorial
Tenho um modo de ser particular. Acabo por colidir com as pessoas por não querer o conflito, por evitá-lo. Acho que não é comodismo, quem sabe se é um escapismo. Às vezes quero provar às pessoas que sou capaz de fazer as coisas por mim, embora vá sempre pelo lado mais complicado. Talvez por querer ser diferente, ou não gostar de ser igual...Gosto de me sentir útil, preenche-me. Apenas quando é necessária a minha presença, não por auto-realização. Talvez por uma palmadinha nas costas de apreço. Sabe bem. Acho que me contento com pouco. Uma viagem daqui até as dunas desertas da costa alentejana no verão, acampar sozinho uns dias e sinto-me bem. Mesmo sem dinheiro. Algum. Uns tostões para tabaco, uma fruta, um pacote de leite, um livro e a felicidade encontra-se ao sol na areia. Não invejo quem vive à grande, não pretendo um casarão com piscina, nem o Jipe topo de gama. Quer dizer, sonho com isso é um facto, mas depois o dia-a-dia mostra-nos como se pode viver bem e ser feliz com tão pouco. Exige-se demais hoje. No emprego o colega do lado se nos vê fazer 10 quer fazer quinze. Numa escadas públicas ao subi-las, queremos fazê-lo mais rápido que o sujeito ao lado. Na Auto-Estrada, se somos ultrapassados pisamos no acelerador. Se comentamos sobre o facto de fazermos isto ou aquilo, somos sempre quem o faz mais. O nosso telemóvel é sempre o melhor, se não fôr, estamos prestes a comprar um melhor com certeza! O hábito de comparar. De aumentar, de sobrepôr, de empolar, de subestimar. Sim, padeço destes males, são exigências da vida em sociedade. Se porventura evitamos tais acontecimentos, somos fenómenos sociológicos bizarros. Sim, dou-me mal com isso. Lamento. Contento-me com coisa pouca, sonho com muitas ao invés. Imagino, crio, invento também. Para quê? Não sei, escapismos. Sou diferente, mas a quem? Acabo por aqui cair num esterótipo, ao classificar-me. Sou igual então. Mas a quê?! Sou único, mas vulgar. Especial, mas particular. Um indivíduo no geral, uma engrenagem no colectivo. A sociedade já não é simbiótica, não vivemos como a formiga especializada. Somos o que queremos? Ou queremos parecer ou que não somos? Deixámos de ser binários, não nos chega. É preciso sempre mais. Temos mais necessidades que precisamos. Somos dependentes de tudo, não vivemos sem nada. O valor de um sorriso é insignificante, a preciosidade duma alegria partilhada é menosprezada, a entrega dum prazer a alguém é desdenhada. Não sei viver então. E tanto já foi dito e escrito acerca deste mesmo assunto ao longo dos tempos... Quando se é altruísta acaba-se por ser egoísta. Não há volta a dar. Resta a certeza de saber que o Sol nasce novamente amanhã. E aquando da morte dizer que vivi.
Tenho um modo de ser particular. Acabo por colidir com as pessoas por não querer o conflito, por evitá-lo. Acho que não é comodismo, quem sabe se é um escapismo. Às vezes quero provar às pessoas que sou capaz de fazer as coisas por mim, embora vá sempre pelo lado mais complicado. Talvez por querer ser diferente, ou não gostar de ser igual...Gosto de me sentir útil, preenche-me. Apenas quando é necessária a minha presença, não por auto-realização. Talvez por uma palmadinha nas costas de apreço. Sabe bem. Acho que me contento com pouco. Uma viagem daqui até as dunas desertas da costa alentejana no verão, acampar sozinho uns dias e sinto-me bem. Mesmo sem dinheiro. Algum. Uns tostões para tabaco, uma fruta, um pacote de leite, um livro e a felicidade encontra-se ao sol na areia. Não invejo quem vive à grande, não pretendo um casarão com piscina, nem o Jipe topo de gama. Quer dizer, sonho com isso é um facto, mas depois o dia-a-dia mostra-nos como se pode viver bem e ser feliz com tão pouco. Exige-se demais hoje. No emprego o colega do lado se nos vê fazer 10 quer fazer quinze. Numa escadas públicas ao subi-las, queremos fazê-lo mais rápido que o sujeito ao lado. Na Auto-Estrada, se somos ultrapassados pisamos no acelerador. Se comentamos sobre o facto de fazermos isto ou aquilo, somos sempre quem o faz mais. O nosso telemóvel é sempre o melhor, se não fôr, estamos prestes a comprar um melhor com certeza! O hábito de comparar. De aumentar, de sobrepôr, de empolar, de subestimar. Sim, padeço destes males, são exigências da vida em sociedade. Se porventura evitamos tais acontecimentos, somos fenómenos sociológicos bizarros. Sim, dou-me mal com isso. Lamento. Contento-me com coisa pouca, sonho com muitas ao invés. Imagino, crio, invento também. Para quê? Não sei, escapismos. Sou diferente, mas a quem? Acabo por aqui cair num esterótipo, ao classificar-me. Sou igual então. Mas a quê?! Sou único, mas vulgar. Especial, mas particular. Um indivíduo no geral, uma engrenagem no colectivo. A sociedade já não é simbiótica, não vivemos como a formiga especializada. Somos o que queremos? Ou queremos parecer ou que não somos? Deixámos de ser binários, não nos chega. É preciso sempre mais. Temos mais necessidades que precisamos. Somos dependentes de tudo, não vivemos sem nada. O valor de um sorriso é insignificante, a preciosidade duma alegria partilhada é menosprezada, a entrega dum prazer a alguém é desdenhada. Não sei viver então. E tanto já foi dito e escrito acerca deste mesmo assunto ao longo dos tempos... Quando se é altruísta acaba-se por ser egoísta. Não há volta a dar. Resta a certeza de saber que o Sol nasce novamente amanhã. E aquando da morte dizer que vivi.
Caminho 21/02/07
XXXII - Caminho
P-Boa tarde! dizia-me o caminho para a estrada da esperança?
R- hmmm. não tenho a certeza mas segue em frente... e pergunta lá pois desconheço...
P- Pergunto ali? em frente? e a quem?
R- ahhh...boa pergunta..não prefere saber o caminho da felicidade?
P- Agradecia mas já lá estive e perdi-me...
R- Pois...atão..não sei...Deixe ver...sente-se aqui no banco da amizade! e deixe-se ficar!
P- oh pah...não me dá jeito...era mesmo aquela rota que pretendia...
R- E o bêco do amor?...
P- Vim de lá agora, tem piada...
R- E a Travessa da Fé?! é que é já ali! oh! tá a ver?!
P- Está fechada para obras...
R- tá bom...e já é tarde?
P- bem..não é cedo...mas escurece...
R- Siga pela azinhaga da liberdade e corte na rotunda da alegria!
P- Nahhh..ficava tonto e não ia lá dar...
R- Chame um táxi?!
P- não tenho dinheiro...
R- peça boleia!
P- receio pela minha vida...
R- Vá divagando...
P-oh! tenho medo de errar!
R- olhe! fique aqui...
P- ora essa! é monótono..
R- Então..deixe cá ver...alucine!
P- É melhor não...Escute, eu vou pela via da imaginação...
R- poça! não sei se dá!
P- Não há problema... Vou magicando algo!
R- Boa Viagem!
P- Adeus, obrigado igualmente!
P-Boa tarde! dizia-me o caminho para a estrada da esperança?
R- hmmm. não tenho a certeza mas segue em frente... e pergunta lá pois desconheço...
P- Pergunto ali? em frente? e a quem?
R- ahhh...boa pergunta..não prefere saber o caminho da felicidade?
P- Agradecia mas já lá estive e perdi-me...
R- Pois...atão..não sei...Deixe ver...sente-se aqui no banco da amizade! e deixe-se ficar!
P- oh pah...não me dá jeito...era mesmo aquela rota que pretendia...
R- E o bêco do amor?...
P- Vim de lá agora, tem piada...
R- E a Travessa da Fé?! é que é já ali! oh! tá a ver?!
P- Está fechada para obras...
R- tá bom...e já é tarde?
P- bem..não é cedo...mas escurece...
R- Siga pela azinhaga da liberdade e corte na rotunda da alegria!
P- Nahhh..ficava tonto e não ia lá dar...
R- Chame um táxi?!
P- não tenho dinheiro...
R- peça boleia!
P- receio pela minha vida...
R- Vá divagando...
P-oh! tenho medo de errar!
R- olhe! fique aqui...
P- ora essa! é monótono..
R- Então..deixe cá ver...alucine!
P- É melhor não...Escute, eu vou pela via da imaginação...
R- poça! não sei se dá!
P- Não há problema... Vou magicando algo!
R- Boa Viagem!
P- Adeus, obrigado igualmente!
O Sapo e a Centopeia 21/02/2007
XXXI - O Sapo e a Centopeia
O sapo estava quedo e mudo no seu nenúfar. Apreciando a quietude do lago, os círculos aéreos das libelinhas, o vôo rasante dos demais insectos, quando se apercebe do caminhar célere duma centopeia, com as suas miriades de patas. Andar bizarro tinha, mesmo com aquela quantidade de patas andava certinha, não punha os pés em falso, nem se trocava, e sempre direitinha. Admirado, viu-a passar para lá na beira do lago. Voltou a vê-la para cá e sempre num passo certo e constante. Passou novamente para cá do mesmo modo. O sapo, não resistindo à curiosidade perguntou-lhe:
S- Ó centopeia!? como consegues caminhar assim? Com tantas patitas, sem colocar nenhuma em falso, sempre direitinha, nunca tropeçando e nem te confundindo?
A centopeia parou, estática. Pensou e disse :
C - Não sei!...
Quando está para retomar o passo, fica imóvel, tropeça, confunde-se, baralha-se e cai....
(Conto baseado numa história de Jose Florido)
in "Conversas inacabadas com Alberto Caeiro"
O sapo estava quedo e mudo no seu nenúfar. Apreciando a quietude do lago, os círculos aéreos das libelinhas, o vôo rasante dos demais insectos, quando se apercebe do caminhar célere duma centopeia, com as suas miriades de patas. Andar bizarro tinha, mesmo com aquela quantidade de patas andava certinha, não punha os pés em falso, nem se trocava, e sempre direitinha. Admirado, viu-a passar para lá na beira do lago. Voltou a vê-la para cá e sempre num passo certo e constante. Passou novamente para cá do mesmo modo. O sapo, não resistindo à curiosidade perguntou-lhe:
S- Ó centopeia!? como consegues caminhar assim? Com tantas patitas, sem colocar nenhuma em falso, sempre direitinha, nunca tropeçando e nem te confundindo?
A centopeia parou, estática. Pensou e disse :
C - Não sei!...
Quando está para retomar o passo, fica imóvel, tropeça, confunde-se, baralha-se e cai....
(Conto baseado numa história de Jose Florido)
in "Conversas inacabadas com Alberto Caeiro"
A menina 15/02/07
XXVII - A menina
Era uma vez um menino que vivia triste numa pequena aldeia
aldeia essa que estava deserta
ia sendo abandonada aos poucos
todos procuravam novas paragens
pois nada de novo havia ali.
o sino da igreja quebrou-se,a charrua partiu-se , o poço secava
e as arvores de fruto apodreciam
nada parecia ali crescer o desenvolver-se.
o menino inconformado, resistia
lutava contra a desertificação
pretendia que a aldeia voltasse a brilhar como nos tempos áureos
onde os melros cantavam
onde o burro forte zurrava e teimava contra a carga
e os pastos eram verdes
mas a agrura do inverno
e a secura do verão
eram implacáveis
tudo consumiam
até mesmo o sol parecia diminuir de intensidade
o menino envelhecia só, já sem esperança
agora com o peso da responsabilidade de
ser o homem dos 7 ofícios
ou melhor dos milhentos ofícios
pois estava incumbido de tudo fazer e a tudo falhar
lutava contra a própria natureza
uma luta perdida
mesmo assim decidiu cavar um novo poço
comprar uma nova charrua
e dali criar não uma aldeia mas uma pequena quinta
onde houvesse algo produtivo
precisou uma vez de ir à cidade comprar ferragens para construção de alfaias agrícolas
pois estava determinado
andou quilómetros a pé
chegando a uma loja onde encontrou uma menina
sentada estava à porta
perguntou-lhe que queria
ao que respondeu
preciso de pregos porcas e parafusos e demais ferragens para criação da minha quinta
a menina admirou-se
pois bem meu caro
lamento informar-te mas já aqui não há ninguém
apenas eu fiquei
pois não se vende nada há anos
e a cidade tal como a loja são fantasmas
o menino insistiu
mas pq não me podes vender tu isso??
pq n é esse o meu oficio
apenas aqui estou pra contar como foi
não me compete a mim
mas estará fechada?!
não...entra e serve-te à vontade
e como não há preços estipulados são gratuitos
o menino incrédulo entrou e serviu-se
havia de tudo e mais alguma coisa embora o tempo criasse
ferrugem
pegou num carrinho de mão e encheu-o do bom e do melhor
ao sair a menina perguntou-lhe
e tu?
pq ficas? pq não partes também?
não sei...talvez pq seja este o meu mundo
o que conheço e o queira reconstruir
-mas que há ali de novo?
-nada...eu recrio o espaço
- mas viverás para q?
- para a reconstrução apenas
é melhor do que ficar apenas a olhar o espaço a definhar
-mas nessa tua quinta que haverá?
tudo o que criar
haverá fruta
animais
pastos
campos sem fim
agua a transbordar
um burro a zurrar
uma charrua a chiar
uma vida. a minha
mas...pergunta a menina...se ninguém a vê pq a constrois? não
terá sentido
par mim mesmo
mas se tens tanta curiosidade vem vê-la e ajudar-me -ás a
divulgá-la
e assim não contarás a história de uma cidade fantasma mas
sim da criação de uma linda quinta ajardinada
assim já terá sentido
pois tu a verás
e o meu trabalho será recompensado com a tua história!
a menina pôs-se a pensar...saltou do banco que rangia
e disse pois bem...nada me prende aqui
partamos.
The end
Era uma vez um menino que vivia triste numa pequena aldeia
aldeia essa que estava deserta
ia sendo abandonada aos poucos
todos procuravam novas paragens
pois nada de novo havia ali.
o sino da igreja quebrou-se,a charrua partiu-se , o poço secava
e as arvores de fruto apodreciam
nada parecia ali crescer o desenvolver-se.
o menino inconformado, resistia
lutava contra a desertificação
pretendia que a aldeia voltasse a brilhar como nos tempos áureos
onde os melros cantavam
onde o burro forte zurrava e teimava contra a carga
e os pastos eram verdes
mas a agrura do inverno
e a secura do verão
eram implacáveis
tudo consumiam
até mesmo o sol parecia diminuir de intensidade
o menino envelhecia só, já sem esperança
agora com o peso da responsabilidade de
ser o homem dos 7 ofícios
ou melhor dos milhentos ofícios
pois estava incumbido de tudo fazer e a tudo falhar
lutava contra a própria natureza
uma luta perdida
mesmo assim decidiu cavar um novo poço
comprar uma nova charrua
e dali criar não uma aldeia mas uma pequena quinta
onde houvesse algo produtivo
precisou uma vez de ir à cidade comprar ferragens para construção de alfaias agrícolas
pois estava determinado
andou quilómetros a pé
chegando a uma loja onde encontrou uma menina
sentada estava à porta
perguntou-lhe que queria
ao que respondeu
preciso de pregos porcas e parafusos e demais ferragens para criação da minha quinta
a menina admirou-se
pois bem meu caro
lamento informar-te mas já aqui não há ninguém
apenas eu fiquei
pois não se vende nada há anos
e a cidade tal como a loja são fantasmas
o menino insistiu
mas pq não me podes vender tu isso??
pq n é esse o meu oficio
apenas aqui estou pra contar como foi
não me compete a mim
mas estará fechada?!
não...entra e serve-te à vontade
e como não há preços estipulados são gratuitos
o menino incrédulo entrou e serviu-se
havia de tudo e mais alguma coisa embora o tempo criasse
ferrugem
pegou num carrinho de mão e encheu-o do bom e do melhor
ao sair a menina perguntou-lhe
e tu?
pq ficas? pq não partes também?
não sei...talvez pq seja este o meu mundo
o que conheço e o queira reconstruir
-mas que há ali de novo?
-nada...eu recrio o espaço
- mas viverás para q?
- para a reconstrução apenas
é melhor do que ficar apenas a olhar o espaço a definhar
-mas nessa tua quinta que haverá?
tudo o que criar
haverá fruta
animais
pastos
campos sem fim
agua a transbordar
um burro a zurrar
uma charrua a chiar
uma vida. a minha
mas...pergunta a menina...se ninguém a vê pq a constrois? não
terá sentido
par mim mesmo
mas se tens tanta curiosidade vem vê-la e ajudar-me -ás a
divulgá-la
e assim não contarás a história de uma cidade fantasma mas
sim da criação de uma linda quinta ajardinada
assim já terá sentido
pois tu a verás
e o meu trabalho será recompensado com a tua história!
a menina pôs-se a pensar...saltou do banco que rangia
e disse pois bem...nada me prende aqui
partamos.
The end
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