LXV - Caminho
A areia escaldava sobre os pés. Os cardos rasgavam a pele. O sol fritava os miolos. Nem os répteis se vislumbravam. Nenhum ser vivo.Não parecia ter fim este sítio, nem se lembrava do princípio. Mas esse era o caminho a seguir. Não parar. O objectivo era não parar! Continuava a subir duna acima, a descer. O suor secava assim que saia, nem escorria no corpo. A boca de lábios colados. o corpo de pele queimada. Feridas na epiderme surgiam, queimaduras graves. Esfregava-as com areia, tentava tapá-las. o corpo pedia comida e água. o cérebro, açucares. Caminhava mecanicamente. Era este o caminho a seguir...Continuar! Nunca parar! Fraquejava...Interiormente o cérebro falhava...alucinações de uma praia de mar verde surgiam...Corria para lá! Nadava, mergulhava, engolia litros de água salgada! Qual quê?! estava no chão cáído de cara na areia. Levantava-se... Andar! Continuar! Este é o caminho a seguir! Mais rápido, passar esta duna! Olha outra. Vá sobe...escorrega e rebola areia abaixo...Desmaia...acorda com o Sol a queimar-lhe a retina. adormecia de olhos abertos. Fraco...Fraco...Ah! Levanta-te... Sobe...Este é o caminho a seguir! Não se permitia a parar. pedaços de pele soltavam-se qual escamas do corpo. Os lábios gretavam e sangravam. As unhas gastas de gatinhar quando escalava as dunas... Parou. As pernas não obececiam, o sol alto consumia-o, a água do corpo desaparecia. O cérebro morria... O corpo secava. os olhos fechavam...o sangue espesso já não corria...a respiração custava. O Coração pára. Os pulmões pausam. Um ultimo sopro. Pele e osso.
Começam a secar os olhos. Dois orificios apenas.O vento e o sol, secam-lhe os orgãos internos. Surgem os ossos que furam e rasgam a pele...a derme consumida pela areia abrasiva. Uma pilha de ossos aparece...desgastada...enterrada pela movimentada e aquecida areia...Este é o caminho a seguir!
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
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