LXXII - Presas na Escuridão
A revolução industrial não passava de um mito longinquo... A Revolução tecnológica uma recordação do Passado. A electrónica esquecida. A electricidade uma lembrança perdida. O petróleo apenas era uma côr a mais na abóbada celeste.
O Sol uma sombra baça sobre o negro céu constantemente carregado. Nuvens baixas quase tocavam o solo que possuia a mesma cor. Quase que não se discernia onde começava um e acabava outro. O mesmo tom, o mesmo breu. O Azul do céu recordado, mas esquecido pela realidade pardacenta. O Mar contaminado, apresentava-se nas cores de lama, como um enorme pântano imundo. Onde tudo ia desaguar. E um cheiro nauseabundo. o Ar respirável com dificuldade. Um cheiro a carvão constante, a corpos queimados, um odor ácido e adocicado de carne em decomposição caia dos céus. Cinzas dos céus cobriam o chão, prendiam-se ao corpo dos vivos. À sua pele encardida, os rostos todos iguais, sem expressão, talvez o receio fosse a emoção única. A profissão legítima era a sobrevivencia. dedicavam-se somente a isso. Ao jogo do rato de do gato....Dias passados em eterna busca de comida e disputa letal por ela. As noites silenciosas. Todos recolhidos nas suas casas no subsolo. Somente o barulho do crepitar das chamas que saiam pelas chaminés que restavam. Que consumindo tudo. Corpos, matéria estéril, e tudo o que ardesse. Algo que aquecesse, que desse luz. Vivia-se em plena Idade Nova. Não era a lei do mais forte, era a lei do mais voraz. Os objectos do quotidiano resumiam-se a armas arcaicas, lanças, facas rombas, calhaus, pedaços de máquinas fragmentadas...Tudo o que matasse, fosse quem fosse que invadisse o espaço de outrem. Os armários queimados, os veículos desmontados, livros consumidos pelo fogo, para o calor. Tudo o que servisse de combustível e se obtivesse calor. As Leis esquecidas, apenas os instintos prevaleciam.
Max vivia só num atarracado buraco, seus parentes mortos há muito. Já tinha consumido todos os seus animais domésticos, chegara a ser considerado nobre. Começara a altura de se aventurar lá fora. caçar os fracos, os incautos. Empunhando o que parecia ser uma base dum ferro de engomar espetado numa trave longa e fina de aço. Era a sua única arma, mas eficaz até ao momento. Além duma fisga manufacturada com peças antigas de um qualquer automatismo industrial, e uma machada artesanal.
Não havia lugar a ideais nesta Era. Não existiam princípios por onde se reger. A moral inexistente. O desejo, o amor, ou a honra, conceitos esquecidos e apagados da mente de todo o ente vivo. Os objectivos eram sobreviver. Era o que bastava. Uma economia de subsistencia baseada no parasitismo, necrofagia, e canibalismo. Uma morte súbita, e uma fuga rápida.
Max era mais um predador. Deambulava agachado na rua, pela noite. Esperando alguém...Degolava a sua presa. Um homem igual a ele. Inferior com certeza. Não passava de uma rés. E o remorso não existia, fora feito para caçar, e resistiria assim. Voltava de madrugada para o seu buraco com um cadáver. A excitação era enorme! Hoje iria comer! Faria um banquete para si! Regojizava-se por viver numa sociedade em que não se passava fome. Brindava a isso!
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
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